1. O nosso Camarada António Paulo Bastos, que foi 1º Cabo do PEL CAÇ 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66), recebemos a seguinte mensagem, em 16JUN2009:
Companheiros da tabanca grande,
Li o que o companheiro Armandino Alves, escreveu sobre o helicóptero do P.A.I.G.C. no poste P4485 e eu venho junto de vós, por este meio, confirmar que o inimigo tinha esse dito transporte.
O meu nome é António Paulo S. Bastos e fui o 1º Cabo nº 371/64, do Pelotão de Caçadores Independente nº 953, que esteve na zona de Cacheu de 21JUL64 a 09MAR65, aquando da nossa permanência na zona também vimos por várias vezes o mencionado helicóptero.
A 1ª vez foi no dia 13-10-64, eram 02h30 da manhã, estava eu de ronda quando uma sentinela, que nós tínhamos no telhado de uma das nossas instalações, me chamou para ver uma luz que se deslocava do lado do Senegal, para os lados de Jolmete.
Logo de seguida fui chamar o Tenente Pombeiro e lá fomos todos para o telhado ver o caminho que a luz levava. De imediato o Tenente comunicou via rádio para o Comando da Companhia 527 e para o Comando do Batalhão 507. No dia seguinte recebemos uma resposta: “Nós temos conhecimento e Bissau está informado”.
No dia 18-10-64, pela 01h00 da manhã, tornou-se a ver novamente a tal luz seguindo o mesmo percurso. Vinha do lado do Senegal, passava por cima do pequeno rio de S. Domingos, depois seguia o curso do Rio Cacheu, encaminhava-se para Coboiana e tomava o rumo de Jolmete, até que, finalmente, o perdíamos de vista.
No dia 30-10-64, eram 23h00 horas, voltamos a ver a luz mais uma vez, seguindo o mesmo percurso para a zona de Jolmete. Como nessa noite estava uma lancha de fiscalização encostada ao cais (salvo erro a Orion), o Tenente correu para lá e ainda viram o tal “objecto” no radar.
Escusado será dizer que mais uma vez, no outro dia, lá foram duas secções com os guias (o Aléu e o Claudino) comandadas pelo nosso tenente, falar com o régulo de Coboiana - o João -, e ele voltou a repetir que na zona dele não haviam “bandidos”.
Os companheiros que estão a ler isto agora pensam: “Então estes gajos iam a Coboiana com duas secções? É verdade, “mais valia prevenir que remediar” e sempre que íamos para a zona, também passávamos pelas tabancas de Jópa e Caguépe, sempre a nível de duas secções (uma de negros e outra de brancos).
Continuamos a ver o helicóptero e deixamos de nos preocupar, pois parece que também não havia ordem para o abater.
Texto e fotos: © António P. S. Bastos (2009). Direitos reservados
Um abraço,
António Paulo
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Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
5 comentários:
Camarada tenho uma foto do helicóptero,da Bristow_helicopter,e
na altura servia de transporte de meios pró PAIGC.Assim como do Antonov matricula 3X-GW03,estaci-
onado em Bissalanca,que dizia-se que fez uma aterragem numa das nossas pistas por engano,e que ao darem pelo erro se prepravam pra levantar mas um Camarada condutor atravessou uma GMC ou outra viatura e tiveram que abortar,a
captura de diverso material e propaganda,assim como os ocupantes.
Jose Nunes
Mec-Elect
Beng 447
Estes meios aéreos estavam ao serviço do PAIGC mas não pertenceriam à força Aérea do Senegal, ou da Guiné Conacry?
Os pilotos eram do PAIGC?
Sabemos que só em 1973/74 os russos estavam dispostos a treinar pilotos do PAIGC e a fornecer-lhes aviões, o que não teve concretização.
Hoje a Guiné-Bissau tem uma Força Aérea?
Camaradas
Não quero de modo nenhum desmentir o camarada António Bastos. Só que partilho das mesmas dúvidas do Camarada Graça de Abreu. Se os meios aéreos fossem tripulados por gente conhecedora dos locais e da guerra da Guiné, aterravam numa pista por engano, como refere o José Nunes? Que estariam ao serviço do PAIGC posso admitir, mas mesmo assim esporadicamente. Da parte do Senegal o apoio era manifestamente reduzido e a Guiné Conacri não tinha assim tanto equipamento voador para pôr ao serviço do PAIGC.
Vinhal
Parecem-me lógicas as considerações tanto do Graça de Abreu como do Carlos Vinhal.
Aliás seria de estranhar que, sendo o helicóptero do PAIGC e não dos "países amigos", o PAIGC não continuasse a incrementar uma "Força Aérea" que sabemos não existiu e apenas estava nos planos e projectos.
Abraço camarigo
Camarada António Bastos
Não venho comentar o caso do helicóptero, facto que já me tinha despertado a curiosidade quando li o que está publicado, julgo que por ti, no blogue do Carlos Silva.
O que pretendia de ti era umas recordações sobre a Ponte Alf Nunes, que cruzaste várias vezes naturalmente. No teu tempo já existia o Fortim? A ponte de madeira estava intacta ou foi destruida ainda contigo por lá? Tiveste conhecimento duma ponte de cimento construida em seco, relativamente perto da de madeira e que nunca chegou a funcionar?
Nunca ouviste falar dela?
Se leres estes comentários gostaria que me desses algumas respostas.
O facto de vocês nesses anos irem do Cacheu para a Coboiana apenas com 2 secções demonstra como a situação se agravou com o decorrer dos anos. E já agora, como iam para Jópa e Caguépe? Directamente por Ponta Costa, Barme, Banhinda, ou vinham dar a volta pelo Pelundo Changalana?
Abraços
Jorge Picado
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