1. Mensagem de José Martins (*), ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 19 de Junho de 2009:
Bom dia
Fiel ao princípio de NÃO COMENTAR, MAS DIVULGAR, segue um texto sobre no livro "CAMBANÇA" do nosso camarada Alberto Branquinho (**).
Um abraço e - até amanhã camaradas
José Martins
"CAMBANÇA - Morte e vida em maré baixa"
É a passagem para outro lado
Por vezes uma fuga ou uma mudança
Pode ser uma partida ou uma chegada
Quase sempre com a vida em maré baixa
(Pequeno intróito do livro de Alberto Branquinho)
O autor, Alberto Branquinho e o anfitrião José Paulo Sousa
A uma distância de trinta e cinco anos do final (?) da Guerra Colonial, já se devia poder fazer uma análise serena sobre o que nela se passou.
Na realidade, e considerando que se mantém um período de carência de 25 anos, para se transformar um facto passado em história, no nosso caso e concretamente em relação à guerra, parece que ainda é cedo, diria mesmo, ainda é muito cedo.
Há feridas que ainda não fecharam e há feridas que, inútil e desnecessariamente, vão sendo abertas!
- É passagem para outro lado – uma corrida num vai e vem da terra para o quartel e, de novo, do quartel para a terra, com a própria terra a despovoar-se, faltando braços que a trabalhem.
- Por vezes uma fuga ou uma mudança – que entre fugas (algumas) e mudanças (muitas), provocou alteração profunda na forma de pensar e estar que, irremediavelmente, mudou a face deste país.
- Pode ser uma partida ou um regresso – partida foi para todos, mas nem todos regressaram! Há aqueles que não voltaram, como nós os qualificamos, mas muitos voltaram na altura própria, mas ...
- Quase sempre com a vida em maré baixa!
O autor, no uso da palavra
Mas, voltando a "Cambança", diz o autor que “as aldeias, rios e lugares constantes do texto não existem na realidade geográfica da Guiné”.
Mas os lugares reais estão lá e recordaremos a cada página: Bafatá, Bambadinca, Canquelifá, Cobumba, Dunane, e, os rios, continuam a serpentear no seu leito.
As histórias em tempo de guerra relembram os factos que, apesar da época em que se passaram, são sempre transversais a todos os combatentes, recordando as operações, penosas quase sempre, nos patrulhamentos pela mata e/ou bolanha [Cambança I e II, Navegações]; no assalto a objectivos, com desfecho sempre imprevisível [Abençoados? Jogo de Damas]; nos ataques sofridos no aquartelamento, flagelados sempre de local diferente, mas sempre fora do alcance das nossas armas e da retaliação possível [O aniversário do Cabo Tomé, (Des)temor]; a chegada do correio, com o encanto e o desencanto das noticias [Quatro actos para um ponto de vista – Acto 2 – Passeios]; a vida, sempre no limite, e a morte, sempre presente [Despojos]; o padre e o médico que, à sua maneira, que também queriam alterar o curso da guerra e o mundo[O Padre Aurélio, Mesinha? Cá tem!]; as populações, e sobretudo as crianças (o elo mais fraco), quase sempre os mais frágeis na cadeia de intervenientes [Babby Setter, Parto], além de outros casos [e histórias].
É um conjunto de pequenas histórias, mas que nos transportam para locais daquela terra que, se os homens quisessem, podia ser um local paradisíaco, mas onde, ainda hoje, o poder das armas fala mais forte.
Até quando?
Aspecto da assistência à conferência
Batalhão de Artilharia n.º 1913
Formada sob a divisa “Por Portugal – um por todos e todos por um”. No Regimento de Artilharia Pesada n.º 2, aquartelada na Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, foi comandada pelo Tenente-coronel de Artilharia Abílio Santiago Cardoso, tendo como 2.º comandante o Major de Artilharia Luís Teixeira Fernandes e, sucessivamente, como Oficial de Informações e Operações, os Capitães de Artilharia Ernesto Chaves Alves de Sousa e Luís Alfino Castel-Branco Alves da Silva.
Teve como subunidades orgânicas a Companhia de Comando e Serviços (comandada pelo Capitão do Serviço Geral do Exército Rodrigo Botelho da Costa) e as companhias operacionais a 1687 (Capitão Miliciano de Artilharia Vicente João Cardoso de Macedo de Meneses), a 1688 (Capitão de Artilharia Damasceno Maurício Loureiro Borges) e a 1689 (Capitão de Artilharia Manuel de Azevedo Moreira Maia, Capitão de infantaria Martinho de Sousa Pereira e Capitão de Artilharia Rui Manuel de Andrade Cardoso)
Embarcaram em Lisboa em 26 de Abril de 1967, tendo desembarcado em Bissau no dia 1 de Maio. No dia seguinte – 2 de Maio – o batalhão assume a responsabilidade do Sector S3, sedeado em Catió, e que abrangia os subsectores de Bedanda, Cufar, Catió, Cachil (extinto em 18Jul68) e Cabedú (também este extinto em 30Jul68 e a sua área integrada no subsector de Catió).
Desenvolveu a sua actividade operacional, de forma a garantir a circulação nos itinerários, promover a recuperação e protecção das populações ali sedeada e criar instabilidade aos IN, de forma a não facilitar a sua movimentação no terreno.
Para tal foram efectuaram as operações “Penetrante”, “Sttela”, “Pleno” e “Futuro Próximo”, entre outras, tendo sido capturado um lança granadas foguete, duas pistolas-metralhadoras, quatro espingardas, trinta e quatro minas, cento e dezassete granadas de armas pesadas e seiscentos e cinco cartuchos de armas ligeiras.
Foi rendido pelo Batalhão de Caçadores n.º 2865, recolhendo a Bissau.
Companhia de Artilharia n.º 1687
Integrada no dispositivo do seu batalhão, assumiu em 2 de Maio de 1967 a responsabilidade do subsector de Cachil. Em 9 de Julho de 1967 assume a responsabilidade do subsector de Cufar, onde se manteve até ser rendida pela Companhia de Caçadores n.º 2477, tendo recolhido a Bissau em 18 de Fevereiro de 1969.
Companhia de Artilharia n.º 1688
Fica sedeada em Bissau, integrada no dispositivo do Batalhão de Artilharia n.º 1904, tendo efectuado um treino operacional de adaptação em Bula e, posteriormente, tomou parte em operações na região de Ponate, Choquemone, Manga e Late, entre outras.
Desloca-se, por fracções, entre 31 de Maio e 7 de Junho de 1967, afim de assumir o subsector de Biambe, destacando um pelotão para Encheia, entre 04 de Junho e 15 de Outubro de 1967, ficando integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores n.º 1876 e, depois, do Batalhão de Cavalaria n.º 1915.
Em 19 de Fevereiro de 1969, substituída pela Companhia de Caçadores n.º 2464, recolheu a Bissau.
O autor localizando no mapa a região sul onde, durante algum tempo, a sua subunidade, a CART 1689, actuou.
Companhia de Artilharia n.º 1689
Depois de efectuar um treino operacional em Fá Mandinga, até 24 de Maio de 1967, substitui a Companhia de Caçadores nº 1439, integrada no Batalhão de Caçadores n.º 1888, como unidade de intervenção e reforço, tendo cedido um pelotão para reforço de Bambadinca, até 18 de Julho de 1967.
A 19 de Julho de 1967 foi colocada em Catió, como unidade de intervenção e reserva do Agrupamento n.º 1975, para actuar em operações realizadas no sul, nas zonas de Cobumba, Afiá, Nhai, Cabolol Balanta, entre outras, e atribuída ao Batalhão de Artilharia n.º 1914, entre 25 de Novembro e 13 de Dezembro, como unidade de reforço. Ainda foi colocada, temporariamente, entre 5 e 11 de Janeiro de 1968, no subsector de Cabedu. Substituindo a Companhia de Artilharia n.º 1614, até à chegada da Companhia de Caçadores n.º 1788.
Foi atribuída ao Batalhão de Artilharia n.º 1896, de 24 de Março a 15 de Maio de 1968, ficando instalada em Buba e, a partir de 8 de Abril de 1968 deslocou-se para Gandembel, em reforço da guarnição local e para construção do aquartelamento.
Troca com a Companhia de Caçadores n.º 1788, assumindo o subsector de Cabedú até a sua extinção em 30 de Julho de 1968.
Assume o subsector de Canquelifá, substituindo a Companhia de Caçadores n.º 1623, em 6 de Agosto de 1968, destacando um pelotão para Dunane. Fica, assim, integrada no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores n.º 2835, sedeado em Nova Lamego.
É substituída em 1 de Dezembro de 1968 pela Companhia de Artilharia n.º 2436, partindo para Bissau em 5 de Dezembro, onde foi integrada no dispositivo do Batalhão de Caçadores n.º 1911, efectuando a segurança e protecção da área.
O autor, no uso da palavra.
A unidade sofreu várias baixas, quer dos seus elementos das suas subunidades ou de outras forças integradas no seu dispositivo.
Foram agraciados os seguintes militares:
* Alferes Miliciano de Artilharia HENRIQUE FERREIRA DE ALMEIDA, condecorado, a título póstumo, com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe, conforme Ordem do Exército 2/IIª/70;
* Soldado Apontador de LGFoguete COL QUESSANGUE, do recrutamento da província, condecorado com a Cruz de Guerra 3.ª Classe, conforme Ordem do Exército 4/IIIª/70.
O Batalhão de Artilharia n.º 1913, e as suas subunidades orgânicas, dá por terminada a sua comissão de serviço e regressam à metrópole em 2 de Março de 1969.
A escritora Joana Ruas, autora de A pele dos Séculos, quando tentava trazer à discussão aspectos do inicio da retracção das nossas tropas e, sobretudo, a “instabilidade” que os nossos Comandos Africanos teriam provocado em Bissau. Tema que, ainda que prontamente rebatido com factos, não se inseria no contexto daquela conferência.
José Martins
Fur Mil Trms Inf
C Caç 5
Gatos Pretos
CTIGuiné/Nova Lamego e Canjadude
02/06/1968 a 02/06/1970
josésmmartins@sapo.pt
16 de Junho de 2009
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4500: Controvérsias (16): Deixem que sejam os ex-Combatentes a cantar o Hino Nacional (José Martins)
(**) Vd. último poste da série de 1 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4448: Agenda Cultural (15): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, em 4 de Junho (Alberto Branquinho)
Vd. último poste da série de 26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4586: Bibliografia de uma guerra (50): Os Comunistas e a Guerra Colonial (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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3 comentários:
José Martins
Venho agradecer o texto aqui publicado.
Poderia fazer este agradecimento pessoalmente, mas aproveito a oportunidade de ter que fazer uma correcção. O alferes Ferreira de Almeida não era miliciano. Tinha acabado o curso na Academia Militar e estava a fazer o "tirocínio" de alguns meses com a CART. 1689. Comandou a Companhia depois de o Capitão Maia ter sido ferido em Gandembel e veio a morrer em Cabedu durante um ataque, quando, de novo, comandava a Companhia há 24 horas, pelo facto de o Cap. Maia ter sido chamado para o curso do Estado Maior.
Alberto Branquinho
José Martins
Venho agradecer o texto aqui publicado.
Poderia fazer este agradecimento pessoalmente, mas aproveito a oportunidade de ter que fazer uma correcção. O alferes Ferreira de Almeida não era miliciano. Tinha acabado o curso na Academia Militar e estava a fazer o "tirocínio" de alguns meses com a CART. 1689. Comandou a Companhia depois de o Capitão Maia ter sido ferido em Gandembel e veio a morrer em Cabedu durante um ataque, quando, de novo, comandava a Companhia há 24 horas, pelo facto de o Cap. Maia ter sido chamado para o curso do Estado Maior.
Alberto Branquinho
Caro Branquinho
Agora sou eu que agradeço a correcção feita no comentário.
No entanto, rezam as crónicas, e estas são os livros da CECA, que indicam este nosso malogrado camarada, como sendo Miliciano.
Já fiz a anotação respectiva para, num futuro em que venha a referir este camarada, faça a ressalva competente.
Um abraço e até 5ª Feira ?
José Martins
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