Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Fajonquito [, mapa de Colina do Norte] > Dois furriéis, o Alcino (da CART 2742, morto em 2/4/1972) e o Bebiano, de Informações & Operações, que esteve com o José Cortes ainda uns meses em Fajonquito. A CART 2742 pertencia ao BART 2920 (Bafatá, 1970/72).
Foto: © José Bebiano (2010). Direitos reservados
1. Mensagem, com data de hoje, do José Cortes, ex-Fur Mil At Inf da CCAÇ 3549/BCAÇ 3884, Fajonquito, 1972/74:
Luís, esta foi a resposta do José Bebiano (*). Na foto que ele me envia, o camarada de bigode era o furriel Alcino que morreu na tragédia (**).
2. Texto do José Bebiano, com data de 5 do corrente
Assunto: Fajonquito
Boa noite.
José Cortes: O tempo passa e a tua imagem passou? Pouco tempo estive convosco [ CCAÇ 3549]. Lembro-me bem do Cap Patrocínio.
A história do soldado Almeida, ex-comando, e que com uma granada na mão matou-se e matou 1 cap + 1 alferes + 1 furriel... Eu, na altura do acidente estava em Lisboa.
Qual a razão para tal atitude? Pelo que me disseram, queria permanecer na Guiné e com uma granada na mão foi pedir para que não o enviassem para a Metrópole (?!)... Passou-se completamente.
Vou enviar uma foto com o falecido Alcino e com o Bebiano. A foto foi tirada em 26 Out 1971. Ainda por lá fiquei mais um ano.
Cumprimentos
Cumprimentos
P.S. - Estou reformado/aposentado desde 30 de Novembro. Ex-professor de Educação Física em Moura.
José Bebiano
José Bebiano
3. Comentário de L.G.:
Aproveito o ensejo para agradecer a colaboração do José Bebiano e convidá-lo a integrar a nossa Tabanca Grande. Já agora, gostava de saber se ele vive em Mourta, onde trabalhou como professor. No dia 10 de Abril de 2010, vai realizar-se em Moura uma pequena homenagem aos camaradas do concelho que morreram, no total de 29, durante a guerra colonial.
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Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 7 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5942: Fajonquito do meu tempo (José Cortes, CCAÇ 3549, 1972/74) (1): Ao José Bebiano, ex-Fur Mil Pel Rec Inf
(**) Vd. poste de 6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5938: A tragédia de Fajonquito ou as amêndoas, vermelhas de sangue, do domingo de Páscoa de 2 de Abril de 1972 (José Cortes / Luís Graça)
(...) Mortos, em 2/4/1972, [da CART 2742, Fajonquito, 1970/72], por acidente (sic), constam os seguintes nomes, na lista dos Mortos do Ultramar da Liga dos Combatentes:
- Alcino Franco Jorge da Silva, Fur
- Carlos Borges de Figueiredo, Cap
- José Fernando Rodrigues Félix, Alf
- Pedro José Aleixo de Almeida, Sold (...)
5 comentários:
José Cortes: O Sold Almeida, que em princípio terá provocvado a tragédia, era operacional ? Ou era um simples soldado básico, afecto em princípio aos serviços de apoio da CART 2749 ?
No portal sobre a guerra colonial, do nosso amigo António Pires, é a essa informação que vem, na lista dos mortos do Ultramar, por concelho (neste caso, Portel):
http://ultramar.terraweb.biz/03Mortos%20na%20Guerra%20do%20Ultramar/LetraP/MEC_207n.pdf
Luís,
No poste diz que era "ex-comando". É uma coisa estranha esta. Que quererá dizer ex-comando? Teria estado numa CCMDS e depois passou para a CART 2749? Era possível, como castigo, retirar a alguém a especialidade de Comando e passá-lo a básico?
No CIC não me lembro de ter ouvido falar nesta possibilidade. Mas já se passou tanto tempo.
Os Comandos aqui do blogue podem dar uma ajuda.
Abraço,
Carlos Cordeiro
...Corrijo-me. Lembro-me da cerimónia de expulsão de militares do Centro de Instrução de Comandos em Luanda. Formavam as companhias, e depois havia uma cerimónia (ou melhor, anti-cerimónia) em que se pegava na espingarda do militar e se atirava para o chão (armas já estragadas, naturalmente), se fosse o caso, arrancava-se as divisas, etc. Nunca quis ver nada disso. Só não sei se isto acontecia com os que já eram Comando. Julgo que sim e arrancavam o crachá, lançavam-no ao chão. Mas não tenho qualquer certeza.
Lembro-me, sim, que as instâncias superiores protestaram contra o rigor disciplinar do Comandante do CIC (Major Gilberto Santos e Castro) pois, por dá-cá-aquela-palha os prevaricadores apanhavam logo com 20 dias de prisão disciplinar agravada, que era para serem despromovidos e transferidos do CIC.
Abraço,
Carlos Cordei
Soldado básico era aquele que não tinha especialidade. Fazia a recruta, o Juramento de Bandeira e depois, por qualquer motivo, não fazia a especialidade. Julgo que era isto. Pelo menos quando digo soldado básico é nesta perspectiva. E é esta a minha questão: era possível retirar a especialidade a um militar, mesmo que fosse castigado? Se sim, passava a "básico" ou seja, sem qualquer especialidade?
Carlos Cordeiro
O Bebiano (olá malandro!) era dos meus, isto é, do grupo de especialistas do S.I.M. espalhados pelo TO. Fez a recruta e a especialidade comigo, para além de me acompanhar no "Ana Mafalda" a caminho de Bissau. Depois de estagiarmos em unidades diversas, ainda nos juntamos no Comando-Chefe para formação durante umas semanas;em seguida, cada um seguiu o seu destino (nunca mais nos vimos nem falámos).
Associo-me ao Luís Graça no convite que é feito ao Bebiano (é uma sensação fantástica, ao fim de tantos anos, depararmo-nos assim, sem contar, com a imagem de um camarada que nos foi tão próximo!...) para integrar a nossa Tabanca Grande.
Mário Migueis
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