segunda-feira, 8 de março de 2010

Guiné 63/74 - P5948: Blogoterapia (147): A notícia da minha morte foi um exagero: vão ter que continuar a aturar-me... (José Brás)

1. Na 6ª feira passada, dia 6, fomos surpreendidos pela notícia da queda de uma aeronave perto de  Montremor-O-Novo. O nosso camarada José Brás mora no concelho e é piloto. Alguns camaradas nossos (Miguel Pessoa, Francisco Godinho, Carlos Vinhal, José Belo, eu próprio) tiveram o estranho pressentimento de que ele podia estar entre as vítimas... O Miguel Pessoa, com os contactos que lhe dei, conseguiu finalmente falar com ele... Na aldeia global, as más notícias (e os piores boatos) correm mais céleres que o vento. Num ápice chegaram à Tabanca da Lapónia e outras Tabancas da Tabanca Grande...  Inbclusive já chegaram vários mails a desejar as melhoras do José Brás...

Há agora que repor a verdade e tranquilizar os amigos e camaradas da Guiné: infelizmente morreram dois portugueses, um deles da Força Aérea, e capitão de Abril, o Cor Pilav Ref Costa Martins, e outro, o Sousa Monteiro, comandante da TAP, reformado,  sindicalista, juntamente com o José Brás, nos difíceis tempos de antes do 25 de Abril (*)...

O José Brás não ia a bordo, embora seja amigo do Sousa Monteiro.  Ele próprio nos dá uma pequena explicação, a seguir. Não obstante o sincero pesar que manifestamos à família e amigos do Costa Martins e do Sousa Monteiro, e sem querer fazer humor negro, é caso para dizer, em relação ao nosso muito estimado camarada e querido amigo José Brás, que "a notícia da sua morte foi um exagero"... Ou como ele próprio o diz: "Vão ter que continuar a aturar-me"...

1. Mensagerm do nosso co-editor Carlos Vinhal, com data de ontem:

Caros camaradas e amigos tertulianos: Por julgar que esta mensagem não é de conhecimento público, é com imensa alegria que a vos reenvio.

Ao nosso camarigo Zé Brás,  a melhor sorte sempre suba aos céus de Montemor e de todo o planeta. Para susto já nos chegou.

Vinhal

2. Mensagem do José Brás, com data de ontem:

Ok, caros amigos:  Não fui eu. Muitas vezes tenho aterrado e descolado naquela pista mas sempre a recusei como base de escola.

Dos mortos, um era meu amigo, o Sousa Monteiro, comandante da TAP e na reforma,  que trabalhou comigo no sindicato antes do 25 de Abril, e o outro apenas conhecido de dois ou três encontros,  desfasados,  em Luanda, o Costa Martins.

Portanto...continuarão a ter de me aturar.

Abraços

José Brás

___________

Nota de L.G.:

(*) Notícia do Correio da Manhã, de 7 de Março de 2010 (excerto):

A queda da avioneta monomotor que vitimou o Capitão de Abril - e coronel reformado da Força Aérea - Costa Martins e o ex-piloto da TAP Sousa Monteiro, no sábado no Ciborro, Montemor-o-Novo, está a ser investigada pelas autoridades.


As dúvidas persistem em relação à legalidade da pista particular de onde os dois experimentados pilotos descolaram e onde deveriam regressar, junto à Herdade da Atabueira, onde acabaram por falecer por força do acidente.

Segundo fonte das autoridades, os dois ocupantes da aeronave terão levantado voo por volta das 16h30 de ontem e o passeio não deveria ter demorado mais de uma hora. Foi o dono da pista que alertou as autoridades para a demora no regresso.

A GNR montou então um perímetro de segurança e acabou por detectar os restos do aparelho, onde estavam os dois corpos, cerca das 21h00 de ontem, a cerca de 250 metros do local onde supostamente iriam aterrar. (...)

Ao que o CM apurou, a pista alcatroada e onde se encontra um hangar onde estava estacionada a aeronave do ex-piloto Sousa Monteiro não está legalizada para fim comerciais ou turísticos, mas pode ser utilizada para fins domésticos. (...).

As duas vítimas conheciam bem a zona e tinham milhares de horas de voo de experiência. Ao que tudo indica a queda terá sido motivada por uma falha técnica ou por motivos meteorológicos adversos. À partida estará afastada a hipótese de colisão com os cabos eléctricos existentes próximos do local de embate no solo. (...)

O antigo Capitão de Abril, Costa Martins, 72 anos e coronel da Força Aérea nasceu em Messines, Silves. Participou no comando das forças que tomaram de assalto o Aeroporto da Portela (Lisboa) e o Aeródromo Base nº 1 de Lisboa. António Spínola convidou-o, a 31 de Maio de 1974, a desempenhar as funções de membro do Conselho de Estado, tendo mesmo chegado a Ministro do Trabalho nos governos seguintes. Por outro lado, José Alberto Sousa Monteiro era um piloto reformado da TAP onde esteve vários anos e deu aulas em várias universidades. (...)

7 comentários:

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Lamento as mortes e os mortos!
Congratulo-me pelo vivo!

Espero, de facto, continuar a 'aturar' o Zé Brás, o que aliás faço-o com gosto.

Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

Caro Zé,

Fico satisfeito em saber que estás bem.

Quando ouvi a notícia, tentei saber o que se passava, e incomodei toda a gente desde o António Monteiro, Fitas Ganchinho (capitão Gancho) até ao Helder.

Um apagão no meu tlm. deixou-me descalço.

Infelizmente, o amigo Sousa Monteiro foi embora, colaborava muito com ele nas suas análises económicas.
Também tinhamos os nossos (problemas politicos) mas era bom homem.
Paz à sua Alma.

Como tenho responsabilidades perante ti, por andares pela nossa bela tabanca, espero que nunca largues este cantinho, apesar das (guerrinhas) de tropa macaca que vamos tendo por cá, pois isto faz parte também da nossa guerra e vida.

Um abraço do tamanho do nosso Cumbijã,

Mário Fitas

Anónimo disse...

É claro que a fama de um escritor,para mais, conhecido como o José Brás já é,depois de "morto" sobe como um...foguete! Mas espero sinceramente que ele nao esteja "ainda" tao interessado nesse pormenor de caminho! As vítimas do acidente sao sempre duas vítimas a mais. De Costa Martins,Amigo e Camarada do M.F.A.para além das importantes funcoes governamentais que desempenhou,há que recordar ter sido ele (e por curtos/longos momentos)com pouca ajuda,quem,na madrugada do 25 de Abril/74 ocupou o Aeroporto de Lisboa,com todo o significado e importancia do mesmo.Espero que "algures" existam memórias escritas,pois estas poderiam ajudar a clarificar algumas das grandes interrogacoes quanto a factos importantes sucedidos nos anos de 74/75. Às Famílias de ambos as minhas condolências.

Anónimo disse...

Óh meu caro camarada Mário Fitas
Obrigado a ti e a todos os camaradas
Devo é dizer-te que não tenho guerras nem guerrinhas no blogue, porque sei que entrar nelas é fácil, sair é muito mais difícil, as razões são em regra subjectivas e os resultados são sempre desastrosos para os dois lados.
Um abraço
José Brás

Jorge Narciso disse...

Caro José Brás

Também eu associei imediatemente a pista de Montemor ao teu nome.

Lamento profundamente este infausto acontecimento que vitimou dois "homens do ar".

Quanto a ti, felizmente, vamos para além de gostosamente continuar a "aturar-te" saber que vais manter o prazer de desafiar a lei da gravidade.

Um Abraço

Jorge Narciso

Anónimo disse...

Zé Brás,

Um abraço.

Foi através desta gente que aqui temos que fiquei a saber da tragédia ocorrida.

Só os amigos se aturam, vamos por isso esperar que seja por muitos e bons anos ainda. Vamos continuar a reunir-nos neste e outros pontos de encontro.

O juízo final que espere. Será mesmo final?

Bom, o que interessa é que vamos mesmo continuar a aturar-te, sim senhor.

Um redobrado abraço,
BSardinha

Anónimo disse...

Zé Brás,
Paz e eterno descanso para aqueles que deste mundo partiram.
Digo-o com convição. Sou católico.

Por isso mesmo rrefiro celebrar a vida, deixando a morte para as recordações.

No dia em que entenderes que não vale a pena a tortura de te aturararmos .... deixa-nos saber com atecendência. Poupas o trabalho ao Luís e ao Vinhal, e não sentas todos os teus camaradas em frente da TV. Falo por mim pois foi o que fiz deste lado do Atlântico.

No teu e nosso caso, ainda bem que só encontraram o capim.

Cumprimentos,
José Câmara