1. O nosso Camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil At Inf, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), enviou-nos, com data de 12 de Abril de 2010, a seguinte mensagem:
Queridos amigos, Trata-se de histórias contadas por alguém que privou directamente com Spínola.
Acho que vale a pena conhecê-las:
Spínola na Guiné:
Histórias que se contam
“Em dada altura de um briefing, Firmino Miguel assinalou uma emboscada sofrida pelas nossas tropas em determinado local. O general interrompeu, fez uma cara de dúvida, franziu o nariz e pediu a repetição do que ouvira. Firmino Miguel, que era extremamente escrupuloso, no final da intervenção foi ao seu gabinete para se certificar do que tinha dito, e constatou que, de facto, a localização que indicara para a emboscada não estava correcta. Voltou à sala de operações e rectificou o lapso. Este facto veio confirmar mais uma vez o perfeito conhecimento que o general tinha do terreno”. Spínola começava a trabalhar cerca das 5 da manhã, ainda na cama e com auxílio de uma prancheta escrevia os seus despachos a lápis e só mais tarde a tinta. Observado pelo coronel Carlos Morais, justificou-se que de que assim tinha a vantagem adicional de só despachar a tinta depois de fazer a sua higiene, assim tinha tempo para avaliar da justeza das suas decisões. Era destemido e exibicionista, conta-se a história de que assistiu à instrução de milícias na área de Bafatá, iriam depois para aldeamentos em auto-defesa na região. Na presença de jornalistas, e perante as hesitações dos milícias em provas de tiro a alvos colocados a pouca distância, Spínola dirigiu-se aos alvos que eram o objecto do fogo, colocando-se a cerca de um metro destes, e começou a dar em voz alta indicações de correcção de tiro. O coronel Carlos Morais relata igualmente outros episódios: o que envolveu o massacre de três majores, um alferes e dois guias em 20 de Abril de 1970, na região de Jolmete. Logo no regresso da deslocação local, Spínola encarregou o coronel Carlos Morais de organizar os processos de condecoração para os três majores; as reuniões, por vezes tumultuosas com os comandantes dos três ramos das Forças Armadas, a visita de um grupo de deputados da Assembleia Nacional em que num acidente de helicóptero morreram vários deputados e em que Spínola, depois de patentear consternação, não deixou de fazer o briefing, numa atitude que deu confiança aos seus subordinados. Estas são algumas das histórias mencionadas por um coronel que não chegou a ver publicado o trabalho que dedicou ao seu amigo e superior. Algumas dessas histórias aparecem agora reproduzidas na biografia de Spínola de autoria do historiador Luís Nuno Rodrigues, a que em breve nos referiremos.
Um abraço,
Mário Santos Alf Mil At Inf Cmdt do Pel Caç Nat 52
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Nota de M.R.: Vd. último poste desta série em:
12 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6144: O Spínola que eu conheci (6): Depoimentos de Paulo Raposo e Luís Graça
1 comentário:
1. A psico do Spínola era mais do que conhecida. Conversa fiada.Pelo menos para alguns de nós. Exemplos ?
2. Essa de se colocar na posição de alvo e corrigir a pontaria de quem não sabia fazer tiro, é de morrer a rir. Como diria o outro, só contaram para você...
3. Não li mais nada porque as estórias devem ser reais ou então contadas como anedotas.
4. O Beja Santos não tem culpa. Mas o que é ceto é que preenche o blogue com tudo e mais alguma coisa que lhe aparece.
Mas há malta que já não entende porque os seus emails não são publicados e o B.S. aparece quási todos os dias. Censura dos editores ? Ou falta de tempo ?
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