1. Mais umas notas do caderno de um velho colon (*):
Escreveu Amílcar Cabral, que Salazar nunca daria a independência às colónias, porque não tinha poder de manter o neocolonialismo, como faziam as outras potências.
E Salazar não deu mesmo essas independências. Caiu da cadeira em 1968.
A exemplo de Amílcar Cabral, todos os outros portugueses ultramarinos desde os auto-intitulados brancos de 2ª (penso que era assim que o Otelo Saraiva de Carvalho se referia a ele próprio), até aos atletas que vinham para cá (por ex., Rui Mingas e Coluna, Bonga e outros artistas como o Ouro Negro), até ao contínuo bailundo da minha repartição em Luanda, que fez a 4ª classe de adulto, eram todos politizados, assim como o ponta esquerda que veio para o Belenenses e deixou uma vaga para mim.(Algumas vezes repito-me, apenas para localizar e datar factos).
Estas constatações são antes de 1961, sem guerra, sem PIDE, com um à vontade que existia só em África, sem fome, sem frio, também, e principalmente nas sanzalas em ambiente absolutamente tribal (notava-se abastança aos olhos de quem ia das nossas aldeias), a pouca tropa com as balas contadas e os canos da arma cheios de massa contra a ferrugem.
Porque lá, desde a presença de empresas estrangeiras, os vários portos frequentadíssimos, as missões católicas e protestantes, alemãs, italianas e americanas, e uma natural fome de informação dos africanos, que na Europa não existe essa fome, é a explicação que eu posso dar para tanta politização.
Mas entre Angola e Guiné há muita diferença na politização do povo das tabancas que vivia e vive tradicionalmente dentro do ambiente puramente étnico.
Enquanto em Angola as etnias são territorialmente muito fechadas e de "costas viradas umas para as outras", na Guiné estão muito em comunicação umas com as outras, e, devido à religião muçulmana e àquele comércio à maneira árabe, toda a Guiné fica aberta interiormente e também com todos os vizinhos desde a Mauritânia até à Serra Leoa.
Quando se fala da carta de Amílcar Cabral para Salazar, essa carta seria totalmente desnecessária, pois que diariamente, no caso em Angola, todos os angolanos dos meios urbanos eram de opinião que, havendo tanta riqueza nas colónias, Portugal só dificultava a exploração e o desenvolvimento.
Falava-se em ouro, diamantes, petróleo, etc. e "que lhe dessem a independência", que eles sabiam governar melhor.
Isto eram discussões por exemplo na minha recruta, malta com 19/20 anos, em 1959, em Nova Lisboa, onde éramos 1000, e que no CSM [, Curso de Sargentos Milicianos,], éramos 3 pelotões de infantaria e 1 pelotão de artilharia. Portanto não era conversa em voz baixa.
Mas enquanto que na ignorância devido à idade e desconhecimento do que era África, de quem recentemente tinha chegado àquelas paragens, ficávamos entre calados sem saber se discordar ou concordar, ou até incrédulos se falavam a sério no que diziam "aqueles independentistas". Até tomavam a iniciativa de jogos de futebol Metrópole x Angola, em que só faltava o hino nacional.
Alguns, penso que sonhavam à maneira sulafricana, mas com o tal "lusotropicalismo", em vez do apartheid.
Às vezes ouvia-se falar em novos Brasis, e notava-se urgência nessas intenções. E não misturavam colonialismo com salazarismo nem com comunismo, como cá as pessoas, estudantes principalmente, faziam. Eles eram mais pragmáticos.
Mais tarde, na Guiné, verificava-se que tinha sido conversa de todos os movimentos, aquela conversa da abundância do ouro, diamantes e petróleo, pela Europa, Rússia e Américas.
E, notava-se que foi uma propaganda bem montada, no caso da Guiné, que ajudou o PAIGC a "vender a sua luta" interior e exteriormente, tal entusiasmo internacional, na "cooperação", tanto em gente como financeiramente, principalmente durante o governo de Luís Cabral.
Cheguei a conhecer pessoalmente, na pensão da Dª Berta, já no tempo de Nino Vieira, gente que foi de propósito daqui, com indicações "fidedignas" obtidas no Rossio, em Lisboa, que havia algures no Sul da Guiné um lugar onde se viam diamantes a olho nu. Mas isto são outras estórias.
É muito célebre a exploração selvagem de diamantes em Angola, durante a guerra de 27 anos que se seguiu à independência, onde havia garimpeiros e negociantes semiclandestinos desde a Rússia, Checoslováquia, portugueses e africanos de países vizinhos, tudo por causa dessa propaganda das riquezas.
Aquilo foi mais uma invasão do que cooperação, tal a quantidade e variedade de gente, muitas vezes a sobreporem-se. Assistia-se, por exemplo em Bissau, ver aplicar cabos para telecomunicações, por uma cooperação sueca, e passados uns tempos, a Visabeira portuguesa estava a substituir esses cabos por outros da Telecom.
Mas, como é que Amílcar Cabral sabendo da disposição de Salazar de não dar a independência às colónias, como é que se lembrou de lutar ele próprio por duas colónias simultaneamente?
É que é uma atitude tão ambígua, que até aos caboverdeanos, embora admirassem o conterrâneo (ou descendente de caboverdeano), não cabia na cabeça da maioria aquela ideia. Não eram só uns tantos guineenses que duvidaram do PAIGC, e alguns pagaram com o fuzilamento; em Caboverde já se sabe, alguns caboverdeanos tiveram menos azar, foram reabrir o Tarrafal, quando já fechado, após o 25 de Abril. (Falta comprovar se essa reabertura foi feita pelos governantes portugueses, se pelo PAIGC, ou pelos dois).
Agora, só para nós, que já há muita gente que nos lê, era normal ouvir na nossa praça que, se "Angola, que era o bom e já vai embora, para que devemos ficar com aquelas ilhas desérticas"?
Igualmente ideias com o mesmo sentido eram emitidas a respeito da Guiné.
É que havia uma explicação do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros daquele tempo, quando lhe perguntavam da urgência da entrega das colónias, que era a seguinte (frase mais ou menos textual, ouvida na rádio): «Em democracia é assim, se o próprio Algarve diz que quer a independência, temos que lha conceder».
Será que o PAIGC/PAICV arranja alibi para a reabertura do Tarrafal? Eu quero ser imparcial, mas têm que ser eles a escrever também, se não sujeitam-se eles a ouvir.
Enquanto os fundadores do PAIGC/PAICV não escreverem toda a história, que só eles conhecem, podem-se fazer mil conjecturas, as mais imaginativas.
Por exemplo, se alguém disser que o pouco e mal que Portugal colonizou na Guiné em 500 anos, (por falar em 500 anos, no Zimbabué e na Zâmbia, só se pode atribuir 400) foi exponencialmente agravado em prejuízo dos guineenses, por aquele grupo de caboverdeanos do PAICV, de 1963 a 1980 (17 anos).
Com consequências posteriores que se agravam com o tempo.
Podem-se imaginar coisas muito negativas, se não explicarem como foi, desde o julgamento dos assassinos de Cabral, até ao abandono do projecto deste.
Se explicassem se foram eles que usaram a ajuda de Che Guevara e Fidel, ou se foram estes que usaram o PAIGC, para atingir alvos mais importantes, e que os guineenses não passavam de carne para canhão.
Por nunca os dirigentes do PAIGC/PAICV terem explicado as verdades e as mentiras em que basearam a sua luta, é que o povo da Guiné reagiu de braços caídos aos anos de governação de Luis Cabral, até este ser derrubado por velhos combatentes que também não se sentiam enquadrados naquela independência.
Havia uma verdade repetida antes, durante a luta e após a independência, que era a incapacidade de Portugal desenvolver e enriquecer aquela terra, nem fazer universidades, e não fazer o que outras potências importantes faziam nas suas colónias.
Havia uma mentira dita antes, durante a luta e após a independência, que os guineenses logo que fossem independentes não precisavam nada do colon, porque iam fazer tudo "à nossa maneira"... e "os nossos amigos vão-nos ajudar".
Como, depois, tudo estava a ser feito à maneira alheia ao povo e aos velhos combatentes, e a ajuda dos amigos era dirigida ao Partido e não ao povo, este baixou os braços, e a reação dos velhos combatentes manifestou-se da maneira mais desorientada que se reflete até aos dias de hoje.
Havia também verdades difusas, como por exemplo a tal justiça colonial do Chefe de Posto desumano, com reguadas e cipaios, e que acabariam com a saída do colon, mas ninguém compreendeu qual foi a alternativa que Luís Cabral e aqueles dirigentes preconizavam.
Evidentemente que, com dirigentes como aqueles em que até alguns eram advogados, a justiça seria com advogados, juízes de toga e prisões de grades de ferro nas janelas, aí ficaria muito caro sustentar à sombra por exemplo um ladrão de vaca ou ladrão de bajuda ou um desordeiro de tabanca ou bairro.
E, como não aparecia alternativa, enchiam-se as esquadras de Bissau com multidões numa desordem insuportável para qualquer autoridade.
E como Luis Cabral e ministros eram realmente dinâmicos, e julgavam-se intocáveis, mandavam prender sem contemplações de uma maneira que seria inimaginável por um chefe de posto. Rusgas em Bissau caçando indocumentados e sem trabalho, testemunhadas por inúmeros estrangeiros da ONU, soviéticos, suecos..., não podiam acabar bem.
Talvez estas incongruências, tão visíveis, ajudaram a que houvesse pouca reacção ao golpe de Nino Vieira e àqueles comandantes que se foram suicidando até hoje.
Nunca se devem condenar os africanos de qualquer país, que violentamente têm governado os seus paises, sem atribuir a responsabilidade a quem voluntária ou involuntariamente os levou a tomar o poder.
Muitas vezes foi a própria ONU, a ter essa responsabilidade.
Em suma, há bandeiras conquistadas, há bandeiras impostas e há bandeiras escolhidas democraticamente. Caboverde já tem uma bandeira escolhida democraticamente.
Cumprimentos,
Antº Rosinha
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Nota de L.G.:
(*) Último poste da série > 11 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6971: Caderno de notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (4): Guerra Colonial : dividir para reinar...Quem dividiu quem?
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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16 comentários:
Defenitivamente e finalmente, sem tabus, se vai fazendo História.Testemunhos e factos vividos, para memória futura, devem e podem ser contadas, por homens e mulheres como o Rosinha (Um Mais Velho), que viveu o antes 15 de Março de 1961, o durante e todo o resto da Guerra do Ultramar e felizmente sobreviveu para poder testemunhar a verdade.Obrigado meu (Mais Velho), por contares aquilo porque sempre me bati, mas por um (Mais Novo)e só atravessei a fase armada e embora tenha conhecimentos, não tenho a tua vivência nem a do meu falecido pai!
Para que eu vá expurgando os meus próprios traumas.Peço-te que continues até que os dedos te doam de digitar o teclado do teu computados.Necessitamos de Historiadores de verdade, sobre a Guerra, a Colonização e a descolonização.Há gente em portugal, na faixa dos 50/55 anos que nem sequer soube que chegou a haver Guerra em Angola, Moçambique e Guiné!!!!....
Continua a ser o (Mais Velho) e deita cá para fora tudo o que sabes.
Um dia se fará História.
Um abraço.
Jorge Fontinha
Caro António Rosinha
É importante saber/ler a visão de quem lá esteve no antes, no durante e no após. Até para não ouvir sempre as mesmas vozes a tecerem loas a quem as não merece, certamente.
A história é feita de quem a viveu e está bem vivo para a contar.
Força Rosinha.
Uma braço
Luís Dias
António Rosinha:
Faltar-te-á a sistematização do historiador, mas o teu fluxo informativo sobre as relações com as ex-colónias, é um importante acervo para o blogue.
Retenho duas dessas informações:
1ª. que os jovens angolanos de antes da guerra já discutiam o futuro independente da colónia;
2ª. que as potências que contribuiram para as independências deviam ser responsabilizadas pelos holocaustos ali verificados.
De facto, foram teóricos europeus, associados aos chico-espertos americanos, que sem conhecimento das realidades africanas, e dos condicionalismos internacionais, aceleraram o processo de independências, sem que, para tal, as sociedades estivessem minimamente organizadas. Se os teóricos podem ter agido ingénuamente, os americanos, desde logo, deitaram o olho às matérias-primas. Não era o perigo comunista que combatiam em África, pois como já aqui referi, citando "Angola, o Princípio do Fim da União Soviética", de José Mihazes, a URSS foi muito displicente na ajuda ao MPLA (ainda não conheço suficientemente a dificil personalidade de A. Neto), só se empenhando na transição para a independência, pós 25 de Abril.
Abraços fraternos
JD
António Rosinha:
Relativamente à primeira ideia que destaquei, sobre as ideias independentistas de antes da guerra, suponho que eram travadas entre brancos, mulatos e prêtos.
Tenho para mim, que o atavismo governamental da metrópole, no que ao ultramar dizia respeito, teria como desfecho inexorável as independências.
Mas auto-declaradas, sem especiais perturbações sociais, dando continuidade às sociedades multi-raciais.
A presença militar, eventualmente, terá atrasado (e impedido) esses desfechos.
Abraços
JD
Dinis, sobre a ajuda a Agostinho Neto, segundo o José Milhases, não sei o teor, mas se era mais económico e rápido atingir Angola derrubando a Guiné, para é que os Cubanos e soviéticos se iam desgastar naquela enormidade de território?
Mesmo o Norte de Moçambique era canja para cubanos e soviéticos.
E a prova que o interesse era Angola é que mobilizaram uma máquina de guerra enorme em poucas semanas antes da independência de Angola.
Sobre as independências pacíficas e multiraciais, como dizes, eu já escrevi se o Salazar quizesse mal a Amilcar Cabral, era entregar-lhe a Guiné que imediatamente corria grandes riscos de ser assassinado.
As tropas apenas adiaram o assasinato de Amilcar, e quem sabe se não terão salvo a existência de um ou mais paises lusófonos.
Antº Rosinha
Meu Caro Rosinha,
O agostinho Neto foi sempre malquisto em Moscovo, e os russos tinham muitas desconfianças sobre ele. Também houve v´rias outras confusões, em que russos e Neto se acusam numa nebulosa argumentação, de que a Revolta do Leste é exemplo, bem como a proibição do MPLA se manter no Congo, afecto aos EEUU. Dentro do movimento, Neto não conseguiu a unânimidade, e originou facções.
Os russos estiveram a um passo, por dedicarem pouca atenção a Angola, a dar apoio à FNLA durante um simpósio internacional, conforme a mesma fonte. Só porque o discurso era oposicionista.
Quanto às independências pacíficas,
que no caso angolano esteve para acontecer em 1963, sob a batuta de Deslandes, falhou, porque no dizer de uma alta figura, era lamentável que dois homens (ele e o MNE, Adriano Moreira) que, ao fim e ao cabo, pensavam o mesmo, isto é, ambos defensores de uma autonomia progressiva do Ultramar,tivessem andado em rota de colisão por "uma questão da ciúmes", a propósito da instalação dos primeiros cursos superiores.
Salazar encarregou-se de ambos.
Abraços
JD
Mais Velho Rosinha...
E complicado abordagens do genero, versando o pre e pos colonizacao,sobretudo na perspectiva, por vezes simplista em que o coloca.
Mas no fundo sao leituras suas, com as quais confesso nao concordar, apesar de as respeitar.
A gesta da emancipacao de um povo esta por assim dizer, pela ordem inversa da filosofia de qualquer colonizacao.
Por conseguinte toda e qualquer colonizacao, acaba por carrear magoas,feridas e por vezes sensibilidades a flor da pele...
Dai que convenhamos...quica tivesse sido melhor nao ter havido colonizacao ou qualquer outra especie de submissao humana, com base em fundamentos inocuos ...de um povo ou cultura superior a outro..
Mas como diriam os angolanos,da Angola da sua juventude, "agora que esta assim como esta, vamos fazer mais o que,entao ? "
Diria eu...resta-nos preservar o que de positivo se assemelha, nesse capitulo da historia comum dos nossos paises e povos...ou seja a lingua os fortes lacos afectivos...isto sem perdermos de vista a verdade historica...
Falar de divergencias ou supostas animosidades entre caboverdianos, guineenses mesticos e guineenses negros, implicaria decerto evocar as responsabilidades da colonizacao nesse processo... particularmente a forma maquievelica, com que soube por vezes explorar as divergencias e conflitos locais...estas latentes a qualquer sociedade!
Portanto, por aqui deduza-se... o proprio PAIGC foi em certa medida, uma emanacao da Guine Colonial, com todas as suas "virtudes" e vicissitudes" !
E neste particular confesso pois ter alguma dificuldade em compreender a abrangencia do seu raciocinio sempre e quando se refere aos "caboverdianos do PAIGC"...partido...em cujas fileiras, militavam guineenses negros ( uma multiplicade de grupos etnicos) guineenses mesticos ( de varias origens) mas tambem eles parte do mosaico etnico nacional e caboverdianos.Estes ultimos engajados numa causa, numa trincheira comum que tambem se manifestaria determinante ao desfecho do processo nacionalista nas ilhas atlanticas.
Por conseguinte antecedendo a unidade preconizada entre os dois paises.. havia decerto a independencia dos dois territorios sob dominio colonial de Portugal.
E convenhamos aqui-independencias que acabariam por ser conquistadas gracas a essa mesma formula ... de guineenses e caboverdianos, unidos sob uma uma causa ...
Para lhe ser franco ainda hoje tenho dificuldades em visionar uma luta pela libertacao dos dois territorios,no quadro da realidade historica da epoca, concebida com base numa opcao estrategica distinta ...daquela que acabou por resultar !
A etapa seguinte, a da unidade entre os dois estados soberanos... essa sim teria que depender da maturidade evolutiva conseguida pelos dois estados... pos colonial.
Mas os factos e a realidade sao pois o que dela hoje se conhece ! Falhou !
Mas tudo isto para sublinhar o quao fatal tende a ser qualquer erro de analise, que se limite a identificar na tal "Unidade", a causa do desaire do estado pos colonial na Guine...
Como se diria, ninguem e de ferro... o PAIGC ( entenda-se movimento libertador) tambem ele integrava homens, com sensibilizades, emocoes e porque nao, fraquezas...que acabaram por pesar de forma catastrofica, na construcao do estado independente da Guine Bissau...
Nas ilhas atlanticas, os ideiais e a perseveranca, acabaram contornar as fragilidades !
Mantenhas
Nelson Herbert
USA
Camaradas:
Peço desculpa por uma afirmação sem correspondência: a crise independentista em Angola aconteceu em 1962.
O Gen. Deslandes saíu de lá em conflito com o Min. do Ultramar, e foi promovido a CEMGFA. Salazar neutralizou-o.
O ministro foi demitido em virtude do seu prestígio ascendente e conflituante com Salazar, que aproveitou o pretexto.
Não fora o incidente entre ambos e, disse-se, estariam destinados a presidente da república e primeiro-ministro.
Abraços fraternos
JD
António Rosinha,
continua com as suas belas notas de um Mais Velho.
Já aqui falei e disse algumas coisas do que tenho lido, escrito por quem viveu a realidade.
Não há muito que ouvi a entrevista de Rosa Coutinho sobre a sua posição e o que fez em Angola.
Os americanos para não ficarem para trás puseram um navio hospital em Conakri à disposição do PAIGC.
ONU, OUA, USSR, Nórdicos, Cubanos e muita mais incluindo EUA. Não seria muita gente, para uma coisa tão pequena?
Pois!... Pois!... Mas o petrólio e os diamantes estavam no outro lado do baralho.
Por acaso até ouvi a Cesária Évora na RTP1. Alguem ouviu?
Um abraço,
Mário Fitas
Herbert,
Os caboverdeanos eram indispensáveis para uma coesão entre os guineenses, caso aparecessem outros movimentos aquilo caía numa tribalização completa, como aconteceu em Angola e que parece o MPLA, com muita guerra e muito petróleo resolveu.
Como notas nunca me ouves falar nos outros movimentos, porque pelo que vi facilmente caiam no tribalismo.
Eu, apesar de nunca ter ouvido tiros, (por muit sorte), passei a guerra na tropa e na vida civil do princípio ao fim, no interior de Angola de norte a sul.
Eu e muitos chefes de posto angolanos, caboverdeanos e metropolitanos, técnicos geólogos, agrícolas e de saúde, corriam Angola e tinham uma ideia em geral pró MPLA.
Só que o que poderia ser uma maioria a apoiar incondicionalmente esse movimento, não aderiu, porque os activistas desse movimento copiaram a importação de uma guerra fria como acontecia já nos paises vizinhos e em Angola a UPA.
Os caboverdeanos nunca aceitariam qualquer guerra importada na sua terra.
Porque é que alguns caboverdeanos a aceitaram importar para a Guiné, independentemente da ideologia?
Era a pressa de se verem livres daquele colon ou porque tinham medo se não pegassem em armas eram outros a pegar?
Se os dirigentes dos três movimentos que hoje governam Angola Moçambique e Guiné, tivessem a sabedoria, a paciência e a humildade dos caboverdeanos, não tinham importado nenhuma guerra fria nem quente para os seus territorios, que já decorria em quase toda a África.
Caboverde e os caboverdeanos foram um exemplo como se deve fugir a uma guerra, e são um exemplo, até para os governantes portugueses, como com humildade e inteligência se governa uma terra por mais pobre que seja.
Cunprimentos,
Antº Rosinha
Cumprimentos,
Dinis, tudo o que hoje se lê sobre Adriano Moreira e Deslandes falava-se tipo boato naquele tempo.
Muita gente pensava que A. M. vinha com ideias novas e que ia mudar muita coisa.
Mas sem o agrado do "botas", só por cima do cadáver dele, e mesmo assim passados alguns anos.
E se em vez de 1974 fosse em 1962?
Angola como estava, os americanos inventavam como na Coreia o paralelo 38, um paralelo de Luanda, ou por aí.
Aquilo era para Kenedy tomar conta a sério antes que os russos entrassem, como em Cuba recentíssimo. E ao lado o Zaire estava a ferro e fogo.
Nós cá em Lisboa não precisavamos mudar o nome à ponte.
E como havia a moda da barba à "Fidel", inclusive eu, não sei o que daria.
Morria menos gente?
Por curiosidade fiz sargento da guarda ao palácio do governador geral, no dia da visita de Adriano Moreira a Luanda, ministro novinho em folha.
Frete de luvas brancas, capacete de cortiça ver se os soldados de cofió vermelho estavam impecáveis, mas que frete a formar a toda a hora.
Cumprimentos,
Antº Rosinha
Vês, amigo, como estamos perto em tantas coisas e nas que não, não tem problema porque são resultado de vivências pessoais diferentes e da aquisição se "certezas" pessoais que não chteiam e podem conviver bem.
De facto, se pudesse usar aqui o vernáculo extremo diria que Portugal nem.....nem saía de cima.
Amilcar sabia o que dizia e nós podeemos dizer também de Salazar que "quem não tem pés não pode dar coices".
O neo-colonialismo só poderia ser exercido por quem tinha sido verdadeiro colonialista no significado inteiro da palavrea e da ideia.
E nós, pacóvios, levámos charruas e junas de bois; trajes tradicionais e porquinho para matar.
Abraço
José Brás
Alguns escritos que se lê (porque se quer e se critica ou não) não passa de laivos de uma estografia (ou será historiografia, já não sei) mercenária que carece tambem de uma des colonização mental.
Com respeito pelo autor, trancrevo o seguinte:
..."Com efeito, o conhecimento da história ultramarina portuguesa ainda hoje mantém, nos factos mentais, o estigma da censura e autocensura com que a contaminou o salazarismo, que pôde fabricar, a longo prazo, uma visão colonialista perfeita: a inocente.
Se os portugueses, como se nada fosse, continuam a sentir-se exclusivamente orgulhosos dos feitos dos seus antepassados, que segundo a ladaínha "deram novos mundos ao mundo", isso deve-se, em grandíssima medida, ao facto muito singelo de ignorarem a sua própria história. Porque não iremos ao ponto de os imaginar inteiramente desprovidos de ética.""(*)
Tambem pode ser dirigido aos falsos paladinos da história que só conhecem em grosso modo o romanesco da mesma.
(*)in: Brevíssima Relação da Destruição de África
autor do estudo histórico: Isacio Pérez Fernandez
editado em Portugal em 1996 -Edições Antígona
Um abraço para todos e para cada um
Carlos Filipe
ex CCS BCAÇ3872 Galomaro
p.s. também para este post, se encontra uma ou outra resposte em:
www.foradolugaretempo.blogspot.com
Filipe, Fui ler o relatório da ONU que aconselhas,
Sobre as Nações Unidas, conheci muitos funcionários da FAO, UNICEF e OMS, tanto na Guiné como em Matadi, Congo em 1960, junto a Angola em Noqui.
Continuam lá, em força passados 50 anos.
Muitos são mesmo especialistas em relatórios. que é principalmente a grande especialidade da maioria desses funcionários.
Sobre a destruição de África, de Perez Fernandez, não conheço, se tiver oportunidade não vou perder.
Tambem acho como tu, que devemos acabar com a censura e autocensura do salazarismo.
Por isso devemos falar sem complexos e não ter medo das críticas.
Um abraço
Antº Rosinha
Ok amigo Rosinha, NÃO foi transcrito um relatório de um qualquer "funcionário", mas SIM um texto da UNESCO
---"""Com base no documento;
" UM PRINCIPIO EM PERIGO. AS NAÇÕES UNIDAS E OS TERRITÓRIOS SOB ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA", publicado em francês e inglês pelo Serviço de Informação das Nações Unidas, Nova York.
E posteriormente em: "El Correo" boletim da UNESCO, de Novembro 1973."""
Fica só a correcção.
p.s. as maiusculas, não é a gritar, mas sim sublinhar, porque não tenho outra possibilidade de fazer (parece)neste editor de texto.
Cumprimentos
C.Filipe
"Brevíssima Relação da Destruição de África
autor do estudo histórico: Isacio Pérez Fernandez
editado em Portugal em 1996 -Edições Antígona"
Obrigado por mais essa referencia bibliografica, que desconhecia...
Nelson Herbert
USA
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