Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > O que é um homem pode fazer, durante o dia para passar o tempo, as horas, os dias, as semanas , os meses, num sítio, isolado, sem população, esperando um ataque do inimigo ou a passagem da próxima coluna motorizada vinda de Piche ou de Buruntuma ? Caçava-se ou melhor montava-se armadilhas nos trilhos de passagem dos animais, de acesso ao rio... De vez em quando, lá se apanhava o porco do mato,como este da foto... Mas esta prática também o seu preço trágico: dopis militares do destacamento foram vítimas da exploisão de uma dessas armadilhas: um morreu logo e outro ficou gravemente ferido... Em 19 de Fevereiro de 1973.
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > O Rio Caium fazia, no tempo seco, as delícias dos marinheiros e dos pescadores... A sobrevivência exige imaginação... Como se pdoe ver pela imagem, a ponte tinha quatro pilares, dois dentro do rio...
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > Padeireo, municiador (e apontador) do morteiro 81, cozinheiro, pau para toda a obra, o Jacinto tinha jeito para conduzir a jangada (a qual, tal como a Nau Catrineta, teria muito que contar, se falasse)...
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > > Aprendendo a pescar, à paulada, à moda dos fulas (que são um povo de pastores)... A tabanca mais próxima era a alguns quilómetros dali... Não havia convívio diário com a população local... O Jacinto, por exemplo, nunca foi a essa tabanca.
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > O Jacinto, quando veio para a Guiné, já era casado, e tinha uma filha... Veio de férias para estar com elas... Mas todos os dias o pensamento ia para elas... Ei-lo aqui a escrever uma carta... As saudades eram ainad maiores nos dias de festa, como o Natal e o Ano Novo... Na Ponte Caium não se distinguiam os dias da semana...
Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > Destacamento da Ponte de Caium > Pensando na esposa e na filha que ficaram a cinco mil quilómetros de distância, rezando por ele...
Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
Sobre as fotos já publicas (no poste P7033) (*), comentou o nosso camarada Luís Borrega o seguinte:
"Camarigos Que emoção ver fotos da "minha Ponte Caium", até fizeram um forno novo, o que deixámos estava situado na estrada para Buruntuma , fora do tabuleiro da ponte. Caro Luís, na tua visita ao Alentejo dá lá um abraço ao Jacinto Cristina da parte dum "Caiumense". Diz-lhe que a Companhia dele rendeu a minha CCav 2749/BCav.2922 em Piche. Dou-lhe os parabéns por ter aguentado 13 meses na Ponte. Estive lá à volta de 3 meses e picos. Na 2ª vez que o meu Gr Comb estáva escalado para ir para lá, vim de férias e "baldei-me" ao ataque onde sofremos um ferido ligeiro, mas o PAIGC teve algumas baixas pelos rastos de sangue. Abraço Camarigo. Luís Borrega".
Luís, adorei a palavra "caiumense"... E vou levar o teu abraço até ao Jacinto, o teu, o do Eduardo, do Hélder, da Maria Teresa Parreira e do resto da malta da Tabanca Grande. O Jacinto está contactável por telemóvel (sempre de manhã, durante a semana, que à tarde ele dorme e à noite trabalho; sábado todo o dia, que é o seu dia de folga): 964 346 202.
Nota de L.G.:
(*) 24 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7033: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (1): O melhor pão da zona leste...
(*) 24 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7033: Álbum fotográfico de Jacinto Cristina, o padeiro da Ponte Caium, 3º Gr Comb da CCAÇ 3546, 1972/74 (1): O melhor pão da zona leste...
4 comentários:
Não sei se os nossos filhos e netos são capazes de "realizar" (sic) um cenário destes, a *Ponte Caium, onde viveram, penaram, comeram, dormiram e sofreram (e alguns morreram), muitos dos seus pais e avós, em África, numa das guerras mais longas do Séc. XX...
Quando os nossos generais e políticos diziam, na época, que o soldado português era o melhor do mundo, não sei se estavam a fazer "show off", se estavam a ser cínicos, se estavam deliberadamente a escamotear a pobreza e a vida duríssima em que se nascia e se crescia, nomeadamente no interior do país (do Algarve a Trás-os-Montes), nos anos 40 e 50.
Sabemos que na década de 60 cerca de 2 milhões de portugueses deixaram as aldeias e vilas onde nasceram... a caminho do Porto, de Lisboa, de Setúbal, de África, da França, da Alemanha... Um verdadeiro tsunami sociodemográfico que mudou, para sempre, o Portugal que conhecíamos de pequeninos... O mesmo Portugal que continuamos a amar, apesar de tudo...
Lousal, antigas minas do Lousal, Grândola (hoje transformadas em museu).
Luis
Estive com o Jacinto, a esposa Gorete, a filha Cristina, o genro Rui Silva e a neta...numa tarde agradabilíssima, partilhando memórias e emoções... O dia acabou com um arroz de lebre que poria a salivar um regimento...
Tenho cada vez mais admiração por este homem que foi para a Guiné, casado, pai de uma filha de três anos, e que mal sabia ler e escrever...
Foi a Gorete que foi a sua professora, em casa, no tempo da recruta, ensinando-lhe as letras suficientes para ele ler as cartas, sofridas e apaixonadas, que ela lhe mandaria de Figueira de Cavaleiros para o Ultramar (para onde quier que ele fosse), e para de volta ele contar a ela os seus segredos e sofrimentos, sem necessidade de partilhar a sua vida íntima com mais ninguém...
É uma grande lição de amor!!!
E foi a Gorete que o incentivou, depois de regressar da Guiné, a meter-se no negócio do pão: afinal, ele tinha sido o melhor padeiro do leste...
O mais espantoso foi que, quando eu cheguei lá casa, por volta das 16h, e lhe dei as duas fotos do Eduardo Campos, o Jacinto comentou, logo de rajada:
- Mas é o mê forno!...
(Há dois monumentos que se conservam na ponte de Caium, mandandos erigir por alguém da CCAÇ 3546 que terá sido empresário na Guiné-Bissau, depois da independência... Um deles é uma simples base de pedra, encimada pelo forno de Caium, que pura e simplesmente foi "removido" e "trasladado" do sítio onde estava originalmente... E nessa pedra pode ler-se a melhor homenagem que se podia fazer aos heróis de Caium: "Nem só de pão vive o homem. Guiné, 1972-1974"...
Bom noite a todos os amigos e camaradas da Guiné, a começar pelo Jacinto, que ontem foi o meu anfitrião. Uma noite descansada para os meus amigos Rui Silva e Cristina que vieram do Funchal para correr a meia-maratona, a da Ponte Vasco da Gama.
Serpa, 26/9/2010, meia noite e um minuto.
Bom domingo Cristina.
Fui eu o castro condutor da cart 3521 que dei o mote para que tu entrasses na nossa tabanca atravez duma foto tirada na ponte de caium e mais uma vez é caso para dizer que o mundo é pequeno e o nosso blog é grandeeeeee.
Bom domingo cheio de um grande ronco.
É verdade, Henrique Castro, ao ver a tua foto, o Jacinto Cristina reconheceu-se de imediato nela... em Março passado. Obrigado pelo teu valioso contributo.
Sobbre o Castro, vd. poste:
30 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3252: Tabanca Grande (90): Henrique Martins de Castro, ex-Sold Cond Auto da CART 3521 (Piche, Bafatá e Safim, 1971/74)
Enviar um comentário