Caros camaradas
Como já disse antes noutro poste aqui publicado, cada um vê aquilo que quer ou mais lhe convém em tudo. De entre todas as opiniões há a realidade e nela a verdade. Eu posso afiançar que a bandeira não estava esfarrapada e que a cerimónia decorreu sem incidentes e que a nossa bandeira foi respeitada por eles, assim como nós respeitámos a bandeira da nova Guiné Bissau. A cerimónia foi feita de acordo com as instruções enviadas de Bissau e aliás já tínhamos experiência pois tinhamos feito o mesmo em Gadamael.
Também tenho a certeza que o aceitamento de tal cerimónia da parte portuguesa tinha muito a ver com a circunstância dos intervenientes. Na minha companhia não houve baixas e poucos contactos com o PAIGC com excepção de uma emboscada que lhe fizemos no porto de Jemberém e onde um elemento do PAIGC foi visto mas fugiu sem sequer haver tiroteio.
O nosso problema em Gadamael eram os bombardeamentos e eu estava convencido que talvez não saísse de lá com vida se a actividade bélica continuasse e se eles acertassem a mira. Portanto, a entrega da Guiné ao seu legítimo povo segundo as ordens do nosso comando, foi um acto de alegria e não de tristeza. Estávamos conscientes que muitos morreram por uma causa que não era aceite pela maioria dos portugueses mas estávamos felizes pelas nossas vidas, pelas vidas de todos os que estavam para morrer e não morreram.
Segundo pensávamos na altura, a situação das tropas nativas estava resolvida pois havia acordos para que integrassem essas pessoas dentro da nova Guiné. Claro que isso não foi cumprido como todos nós sabemos hoje, mas nessa altura o que nos preocupava era irmos para casa e confiámos nos nossos políticos e comandantes para tratarem dos detalhes
Eu entendo os sentimentos daqueles que deram parte da sua vida, viram os seus camaradas ou familiares morrer por uma causa que no meu ver hoje era injusta mas lembrem-se que hoje muitos de nós estamos vivos porque entregámos a Guiné aos guinéus depois do 25 de Abril.
Em inglês diz-se que "hindsight is 20/20" ou, em portuguêsa, que a visão em retrospectiva é 20-20 (*)
Um grande abraço para todos
José Gonçalves
Alf Mil Op Esp
______________
Nota de L.G.:
Último poste da série > 8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7246: (Ex)citações (107): Mininus di praça e “O Fascínio” (José Eduardo Oliveira)
(*) Em tradução livre, quando se olha para o passado, é que se enxerga tudo...
Vd. definição em Urban Dictionary:
"Phrase used to describe the fact that it is easy for one to be knowledgable about an event after it has happened. IE: An individual has a realization about the event that should have been obvious all along, yet they didn't catch on because they were acting in the heat of the moment. Also allows one to learn from their mistakes".
Ou ainda em The Free Dictionary:
"Perfect understanding of an event after it has happened; - a term usually used with sarcasm in response to criticism of one's decision, implying that the critic is unfairly judging the wisdom of the decision in light of information that was not available when the decision was made".
Traduzindo para português: "O entendimento perfeito de um acontecimento depois ele de ter ocorrido... É um termo usado geralmente com sarcasmo em resposta às críticas em relação a uma decisão tomada por outrem... A crítica é injusta ao avaliar a justeza da decisão em função de informações que não estavam disponíveis quando a decisão foi tomada".
28 comentários:
CARO JOSÉ GONÇALVES
AFIRMATIVO ,CORRECTO E PLENAMENTE DE ACORDO.
um "gadamaelista"
c.martins
Caro José Gonçalves,
Tenho lido com muito interesse os seus depoimentos ou pontos de vista que me parecem sinceros e muito realistas, certamente, fruto de uma longa reflexao e maturidade.
Sobre o poste de hoje, a minha modesta apreciação feita mais acima continua válida, no entanto queria chamar a atenção sobre um aspecto que, na minha opinião, podia e devia ser considerado e não foi que é a opinião desses soldados nativos e das milicias que, como é sabido, não viam a questão com os mesmos olhos nem tinham as mesmas motivações. E a parte da população Guineense que se arriscou ao lado de Portugal e que era considerada pela outra parte como sendo os cães dos colonialistas mereciam ser abandonados a sua sorte? Exceptuando a pequena bélgica, nenhuma outra potencia colonial o fez.
Um dia vou contar a história de um pequeno grupo de milicias fulas destemidos que, quase sem armas, atacou a localidade de Cuntima, no norte, e as drásticas consequências que dai resultaram para a comunidade local. Houve muitos que não se deixaram enganar pelas falsas promessas de um falso acordo que, de facto, foi uma verdadeira capitulação. Esta história faz lembrar os acordos de rendiçãop ou capitulação da Alemanha na 1ª guerra.
Cherno Baldé
Caro Cherno
É duro de ler e ouvir, mas concordo contigo.
Aliás já o referi várias vezes aqui na Tabanca Grande.
A mim dói-me particularmente pois comandei duas unidades africanas, o Pel Caç Nat 52, com diversas etnias e a C Caç 15 de Balantas.
Um abraço para todos.
Caros Cherno Baldé e José Gonçalves
Passei 25 meses de comissão na Guiné, na CCAÇ. 5, companhia de nativos. Esta convivência com os militares guinéus, permite-me tecer algumas considerações através das análises e escritos que fiz na época.
Posso testemunhar, a firme convicção demonstrada por aqueles homens, através do seu empenho, lealdade e força combativa, que dedicavam ao seu Portugal. Aqueles homens, depositavam toda a confiavam e acreditavam na linha política seguida na época. Alguns ofereceram com veneração, todo o seu potencial cultural, na defesa dessa causa, que eles julgavam justa, expondo-se de coração aberto, através de artigos por eles escritos e editados em jornais, onde eram expostas as suas linhas de pensamento, que oportunistamente eram aproveitadas pelo regime da época. Conheci alguns casos, mas estou a referenciar o de um valiosíssimo homem guinéu, da CCAÇ. 5, - SALAZAR SALU QUETA - (dinâmico, motivador, professor). Ao prever o seu fim trágico, tentou tudo por tudo, junto de quem foi seu superior, para influenciar a sua vinda para a metrópole. Dada a impossibilidade, acabou por ser degolado, publicamente, nas terras de Canjadude.
Um abraço
José Corceiro
Cherno:
Faltam-nos, gritantemente, testemunhos, em primeira mão, desses tempos em que os nossos camaradas guineenses, que lutaram ao nosso lado, soldados do recrutamento local e milícias,foram perseguidos, discriminados, presos, torturados e alguns (umas centenas, quantos ?) executados sumariamente, arbitariamente, ao arrepio de todas as leis do mundo e sobretudo do "acordo de paz" entre Portugal e o PAIGC...
Mas não especulemos: cada caso foi um caso... Conta-nos o que se passou em Cuntima... Tens que falar por estes homens (e mulheres) que ainda hoje não têm voz... Teu irmãozinho e amigo, Luís
Atenção:
Esta é um das questões "fracturantes" do nosso blogue... Já teve larga (e dolorosa) discussão na I Série do nosso blogue (*)...
Está longe de estar esgotada... Presta-se, por outro lado, à demagogia fácil, de um lado e do outro.
Por exemplo, as nossas listas de "execuções sumárias" (de um lado e do outro), desde 1961 até 1978, estão longe de estar completas... Nem sei se alguma vez o conseguiremos... Mas esse é o contributo, sério e sereno, que podemos dar, para que se possa fazer o luto de tantas mortes arbitrárias (de um lado e do outro, repito). E sobretudo para que nunca mais actos como estes sejam cometidos por guineenses, portugueses ou outros representantes da espécie humana (que é só uma).
(*) http://blogueforanada.blogspot.com/search?q=fuzilamentos
Os milhões de africanos que nunca, jamais, acreditaram na genuidade dos movimentos de emancipação, que sabiam o que eles traziam na bagagem, que ameaçavam as tabancas (sanzalas) que aderissem a outros movimentos que não eles, e que apenas se encostaram aos colonizadores apenas porque era o menor perigo, têm que ser respeitados, e tem que ser contada e escrita a história a essa gente, caso contrário, haverá sempre desconfiança interétnica e ódios recalcados. Isto na África lusófona em geral.
As execuções que o povo guineense conhece por via oral, têm que ser explicados e quantificados para um dia haver o «choro» a que os guineenses têm direito.
Sem isso nunca haverá paz na Guiné.
Passsarão muitos anos para os guineenses esquecerem.
Rosinha, gostei da palavra "choro"... Os guineenses têm de fazer o "choro" colectivo por todos (!) os mortos da guerra colonial/luta de libertação... Ainda não está feito, tens toda a razão... Nem sei se os guineenses a farão. Os espanhóis não fizeram o luto da guerra civil de 1936-39. Nós também não fizemos o luto da luta fratricida entre miguelistas e liberais, em 1828-1834...
Aquela guerra foi também uma guerra civil. Os fulas, enquanto povo, não estiveram do lado do PAIGC. Foram "aliados" dos portugueses. Os portugueses utilizaram os fulas, tal como os fulas utilizaram os portugueses. Não há relações de poder de soma nula. Podemos discutir se os fulas tinham ou tiveram "líderes políticos" à altura... De qualquer modo, o povo fula não podia, não pode, pagar os eventuais erros estratégicos dos seus chefes (tradicionais) que selaram a "aliança" com os tugas (quando eles se zangavam, era assim que nos tratavam; aliás, falavam de nós frequentemente como "brancos", como "europeus", e não tanto como "portugueses")...
Pessoalmente, fui sempre crítico, no meu círculo de relações (a CCAÇ 12), da "africanização" da guerra colonial. Sabia que mais tarde ou mais cedo iria conduzir a uma tragédia... Felizmente que não houve nenhum genocídio, apesar da violência selectiva exercida pelo PAIGC, a seguir à independência, contra muitos dos fulas que "colaboraram" com o exército português (mas também homens de outras etnias)...
Claro que houve balantas, mandingas, papéis, manjacos, caboverdianos, etc., que foram tão obrigados a fazer o serviço militar como eu ou os meus soldados (quando os conheci, em Contuboel, em Junho de 1969, eles não falavam português; e eu nunca cometi a maldade de lhes mentir ou de lhes criar a ilusão de que eram portugueses)...
Olá Cherno,
Pretendo fazer uma síntese da minha interpretação dos acontecimentos.
O que aconteceu, foi falta de liderança.
Pela parte portuguesa, os militares não terão previsto as consequências do golpe na sua plenitude. Correram o risco, e perante as manifestações populares, entregaram os destinos da coisa a civis comummente aceites como politizados. Do golpe resultaram duas situações importantes: por um lado, as tropas mobilizadas em África, logo manifestaram vontade no regresso imediato, e não encontraram comandos organizados e disciplinados, talvez porque o caos se instalou nas FA, com muita gente a dar entrevistas e a gozar protagonismos, por vezes em manifestações traiçoeiras, concuspicências, e outros comportamentos de gaúdio efémero; por outro, também os civis acorreram à filiação partidária, em ânsias de se mostrarem tão a par de procedimentos políticos e judiciais, que frequentemente deixaram o país em desespero, nas tintas para a obrigação universal de respeito, influenciados por fantasmas de confrontos partidários, na pior demonstração do mau sentido da anarquia. Entretanto, duas estrelas chegaram do firmamento político, Cunhal e Soares. Quiz o destino, que este aceitasse créditos americanos para combater o comunismo, donde, hipotecou as responsabilidades de Portugal em África, para além de ter criado (entre nós) um regime de apadrinhamentos, de incompetentes, e de irresponsáveis. Logo, a questão africana, ficou reduzida ao salve-se quem puder.
Também houve falta de liderança no Paigc, na medida em que as ideias entre os seus líderes deviam fervilhar, contraditoriamente, correspondendo mais ao avaliar dos poderes pessoais, do que em correspondência com as necessidades locais.
Por fim, também houve falta de liderança por parte da comunidade internacional, que a tudo assistiu, impávida e serena, para não beliscar os gigantes da guerra fria. Refiro-me, principalmente, aos países nórdicos e à França, nações que tanto apoiaram os movimentos emancipalistas, mas não intervieram na ajuda à organização das novas nacionalidades, o que, também se pode considerar estimulante para as lutas intestinas.
Como referi, é a minha interpretação em linhas gerais sobre a questão dos abandonados.
Abraços
JD
Luis Graça,
Eu quando falo em milhões de africanos vítimas,não é gente em armas, portanto refiro-me tambem às tabancas de Angola que conheci bem e que foram vítimas do MPLA e suas facções, UNITA e suas facções e UPA (FNLA) com ameaças de uns e de outros e cabavam por se encostar ao branco.
E mesmo quando me refiro exclusivé à Guiné, não é apenas aos comandos africanos, refiro-me tambem às execuções pelos chefes do PAIGC, dos seus dissidentes que oralmente os guineenses conhecem bem, e que entre eles vão relembrando.
E entre os civis, teem as suas histórias íntimas de chantagens que não esquecem facilmente.
E, quando o Cherno fala do caso do Congo, para quem não acompanhe, está sendo feita uma tentativa de confissão pública dos crimes, e de reconcialiação entre vítimas e algozes.
Deve ser algo tenebroso.
Mas, resumindo, no meu entender, foi a guerra fria e as Nações Unidas as grandes responsáveis pelos conflitos em África que ultrapassa muito a capacidade de paises como Portugal e Bélgica para evitar estes males.
Mas a minha opinião é completamente diferente da maioria dos tertulianos, portanto fico por aqui.
Cumprimentos
Luis Graça,
Eu quando falo em milhões de africanos vítimas,não é gente em armas, portanto refiro-me tambem às tabancas de Angola que conheci bem e que foram vítimas do MPLA e suas facções, UNITA e suas facções e UPA (FNLA) com ameaças de uns e de outros e cabavam por se encostar ao branco.
E mesmo quando me refiro exclusivé à Guiné, não é apenas aos comandos africanos, refiro-me tambem às execuções pelos chefes do PAIGC, dos seus dissidentes que oralmente os guineenses conhecem bem, e que entre eles vão relembrando.
E entre os civis, teem as suas histórias íntimas de chantagens que não esquecem facilmente.
E, quando o Cherno fala do caso do Congo, para quem não acompanhe, está sendo feita uma tentativa de confissão pública dos crimes, e de reconcialiação entre vítimas e algozes.
Deve ser algo tenebroso.
Mas, resumindo, no meu entender, foi a guerra fria e as Nações Unidas as grandes responsáveis pelos conflitos em África que ultrapassa muito a capacidade de paises como Portugal e Bélgica para evitar estes males.
Mas a minha opinião é completamente diferente da maioria dos tertulianos, portanto fico por aqui.
Cumprimentos
JD - José Dinis
Tirando uma pequena questão politica, irrelevante, estou de acordo.
Lembraste do grito, mil vezes repetido:- "nem mais um soldado para as colónias"...
Arrepiava. Arrepiava-me e dizia, para um ou outro, e os que lá estão.?? Estes acordos não servem. Olhem para Timor,Moçambique ou Angola. As noticias que nos chegavam eram alarmantes.
Depois, depois está, em parte, dito por ti, pelo Luís Graça e não só. Aconteceu o ajuste de contas. Não vou disso falar e repetir-me. Mantenho integralmente tudo o que aqui, neste blogue, escrevi.
É pouco. È muito pouco do que sei e não pretendo escrever mais.Seria triste para mim. Enojam-me traidores, ditadores e criminosos de guerra ou de abuso de Poder.
Finalmente: não queria dizer nada mais. Tenho mais em que pensar. Mas certos "toques de clarim" mexem comigo.Os anos! Ai, ai nem erva crescia ainda...não percebo de agricultura! Ou como a palavra tuga,lá, se a ouvíamos disparávamos...coisas, da língua claro e por essa e outras há os acordos, ortográficos e não só,claro...claro.
Ab do T
.EU QUANDO DISSE NÃO SEI SE ALGUM DIA O ESTADO PORTUGUÊS AINDA VAI PEDIR DESCULPA AO POVO QUE COLONIZOU E ABANDONOU ENTREGANDO-OS A UM GRUPO ARMADO J. EDUARDO ALVES
25/4/74
SEPINULA PORTUGAL E O FETURO AUTO DETERMINAÇÃO NADA FOI PENSADO.
M F A PROGRAMA DESCOLONIZAÇÃO DAS COLÓNIAS GARANTIR NAS PROVINCIAS ULTRAMARINAS A DEMOCACIA.
EM SUMA O POVO ESTAVA CANSADO DA GUERRA E OS POLITICOS QUE APARECERÃO PÓS 25/4/74 , QUE JUIZO FAZEMOS DELES HOJE DEIXO AO VOSSO CRITÉRIO PARA RESPONDER
é verdade fiz 26 meses de Guiné, quando chegou a hora de partir pareciamos ratos, e mesmo no aeroporto já á civil um guineu qeria nos revistar as malas porque estavamos a fugir com coisas que não deviamos, e valeu o comandante da cart 6250 Luiz Marcelino que disse não tu não tens esse direito, por ordem superior, a guerra foi perdida, para nós e para os que estavão do nosso lado, que nós abandonamos um abraço e até sempre J, Eduardo Alves
Torcato,
Acompanhei pela imprensa o 25 de Abril em Portugal.
Neese dia, um colega disse-me que parecia ter havido um golpe em Portugal. À tarde só se falava disso.
Passados poucos dias apareceram os militantes emancipalistas armados; as bandeiras dos movimentos dominantes em cada aldeia, flutuavam ao vento; obrigavam os brancos a parar na estrada e a perfilarem-se durante o içar e arrear dessas bandeiras, e ainda houve estalo; surgiram assembleias de brancos onde se discutia a partilha da riqueza; num bar, onde estavam pretos e brancos, ouvi um branco, dirigindo-se à tropa, dizer para se irem embora, mas que deixassem as armas, que os pretos não iam levantar a grimpa; desenvolveu-se o "garimpo" e a perseguição, com recurso a hélis, inclusive; recebi convites dos três movimentos, e permiti comícios no refeitório; aconteceram as acções de saneamento a quadros da empresa, alguns promovidas por brancos execráveis, meros actos de vingança ou inveja; aconteceram desaguisados com os taxistas e civis em Luanda; proliferavam notícias desencontradas e a população não dava sinal de organização para a independência, enfim, em Angola parecia que a coisa seria pacífica, embora os movimentos não se entendessem, nem se falasse em projecto de continuidade (os brancos, parecia, estavam simplesmente expectantes, e um ou outro movimento não teve expressão),até que, em Dezembro, quiseram transferir-me para o Cuango, onde já se fazia a defesa do património pelo uso descarado da carabina.
Regressei.
Um abraço
JD
"Mas, resumindo, no meu entender, foi a guerra fria e as Nações Unidas as grandes responsáveis pelos conflitos em África que ultrapassa muito a capacidade de paises como Portugal e Bélgica para evitar estes males."
Mais Velho Rosinha..a que guerras se refere concretamente ? As das independencias africanas ou as...do pos independencia ?
Nelson Herbert
Washington DC
USA
Estimados Camaradas.Se ainda não
leram "Holocausto em Angola" de
Cardoso Botelho,leiam.Não é ficção,
ali encontramos ao fim e ao cabo,
um pouco de tudo semelhante ao que
se passou nas outras frentes de ac_
ção. Alberto Guerreiro.
Amigo e companheiro Cherno Baldé
Podemos não gostar daquilo que acabas de comentar mas temos que
vos ( todos os nativos que bravamente lutaram ao n/ lado) dar
razão pois independentemente se a razão estava de um lado ou de outro ninguém se preocupou em vos garantir segurança e bem estar futuro e quer queiramos ou não muitos de nós pode agradecer o facto de estar vivo pelas brilhantes actuações no teatro da guerra de elementos como tu CHERNO BALDÈ e todos os outros que nos acompanharam de 61 a 74 BEN HAJQAM
Antonio Barbosa ex-Alf.Mil. Op.Esp.
RANGER 2ª Cart/ Bart 6523 CABUCA
Herbert, quando a luta contra a colonização portuguesa começou a sério, foi em Angola em 1961 e já iniciou com todos os venenos da guerra fria e com as Nações Unidas ao lado no ex-Congo Belga com Marroquinos e Indianos a manter a paz que ainda hoje não teem mas a tomar partido ora por Lumumba ora Mobutu etc.
E esse MObutu já era cunhado do Chefe da UPA e o Kenedy a apoiá-lo.
E entra imediatamente o MPLA e sabes de quem era o apoio.
Herbert, podes fazer as contas que queiras, mas a guerra de Angola que terminou há meia dúzia de anos, começou em 1961 e envolveu portugueses, guineenses, angolanos russos, americanos, cubanos e petróleo e até mais tarde Mandela e Mugabe.
Sabes o que dizia um angolano célebre que eu nunca me canso de mencionar?
«agora há alguem que tem uma ferida na tchétchénia»,
Foi Raul Indipo do Ouro Negro, que disse isto uns anos antes de morrer, e ele tambem sonhava com «Arco Iris».
Um abraço
Antº Rosinha
Alberto Guerreiro,
Podes referir se o conteúdo do livro se cinge ao desenrolar da guerra, ou também, ou só, à sistematização política, às relações económicas e sociais, às relações internacionais e com a metrópole?
Sabes qual é a editora?
Fico grato pelas informações.
Um abraço
JD
Finalmente!
Estamos a olhar com olhos de gente.
Nunca é tarede.
Quando se fala verdade.
"Volto a Maria "Balanta" em conversa me diz: "Porquê não é "Chão" de todos tu estavas lá! Sabias que eles se iam matar."
Longos caminhos, longas análises... vai durar mais umas gerações!
O mal está feito! Mas... as contas ainda não estão certas. Ainda há milhões a sofrer! Milhões!... não são centenas ou milhares.
E depois de nós? Já sem voz...
Mário Fitas
Mais Velho Rosinha...permita-me que discorde categoricamente consigo !
Pela logica do seu raciocinio,de certa forma reducionista, as guerras pela independencia em Africa,e em particular nas antigas colonias portuguesas, terao tido por motivacao "quase tudo" menos o direito dos povos colonizados a emancipacao e a autodeterminacao...
Elas corresponderam pura e simplesmente a uma tendencia historica da epoca, entao incompreendida por um regime !
O que se viveu na Guine, experiencia aqui amiude vezes reconstituida pelo testemunho daqueles que nela tomaram parte, foi uma guerra pela independencia de um territorio colonial.
Um desejo a emancipacao que viu a opcao negociada, ser a priori declinada ...e consequentemente uma guerra nacionalista de impacto inquestionavel para um fim a ditadura em Portugal !
O "day after" a independencia/descolonizacao (confesso que detesto a tal conceito de descolonizacao exemplar , como se colonizacao alguma tivesse exemplaridade que fosse , para se gabar)
isso sim, com todo o seu cortejo de decepcoes e utopias e intervencionismos estrangeiros... convenhamos, sao contas de um outro rosario...
Mantenhas
Nelson Herbert
Washington DC
"Pessoalmente, fui sempre crítico, no meu círculo de relações (a CCAÇ 12), da "africanização" da guerra colonial. Sabia que mais tarde ou mais cedo iria conduzir a uma tragédia..."
E o pressagio , meu caro Luis Graca, infelizmente se vai confirmando na nossa Guine!!!
Numa outra latitude, as consequencias arrasadoras da "indiginizacao" da guerra nao foram de todo distintas das experimentadas na Guine !
"The Hmong, a Laotian tribal people, secretly aided the U.S. military during the Vietnam War. After South Vietnam fell and the war ended, the Hmong (pronounced “mung”) who had worked with U.S. troops feared that the communist Vietnamese and Laotians would persecute them.The Hmong began coming to the United States in 1976" *
Os "Mung" e seus descendentes constituem hoje praticamente o grosso da comunidade vietnamita nos US.
Coincidencias a parte, o certo e que na hora da debandada... tambem os Estados Unidos foram impotentes na dissuasao ou contencao de irracionalismos e odios latentes a cenarios de guerra ...
Por conseguinte, meu caro Luis, esta sua sabia constatacao, tem tudo para servir de mote a um debate bem mais abrangente desta problematica ...
Um debate que independentemente das emocoes e ressentimentos que possa ainda suscitar ...anime uma abordagem a todos os niveis, das consequencias (num e noutro lado) da africanizacao da guerra ...
Quica um tema para um coloquio (um contributo a reconciliacao dos guineenses) promovido pelo blogue?!
Qual indelevel "nodoa" na historia recente daquele conturbado pais, o impacto da "africanizacao" da guerra na Guine se impoe ainda hoje, transversal a geracoes de guineenses !
Prova disso temo-lo num aspero e irado dialogo animado em tempos num blogue por dois jovens guineenses,por sinal orfaos... de trincheiras desavindas de um mesmo conflito...
O primeiro, herdeiro de um soldado comando africano fuzilado no dealbar da independencia da Guine, o segundo, alegadamente vitima de uma incursao dessa tropa de recrutamento local , a uma base do PAIGC...
Mantenhas
Nelson Herbert
Washington DC
USA
* In Catholic Diocese of Green Bay’s Catholic Charities Resettlement and Immigration Services, Wat Tham Krabok Assessment Team Report; Migration Policy Institute
Faz hoje 35 anos que a "jóia da coroa" do nosso império colonial se tornou na República Popular de Angola... O Benfica jogou ontem, em Luanda, contra os "Palancas Negros"... Dois "argentinos" deram a vitória, por 2-0, aos "encarnados".. A notícia é da Televisão Pública de Angola...
No comments. LG
11-11-2010 / 10:59 / TPA
SL Benfica vence selecção de Angola, nos festejos da Independência nacional
Dois Argentinos, camisolas 10 e 11, definiram a história do jogo amigável entre a Selecção angolana de Futebol, e o clube português Benfica de Lisboa, disputado na Quarta – feira, 10/11, em alusão aos 35 anos da Independência de Angola, que se assinala á 11 de Novembro.
A vitória da formação encarnada de Lisboa, foi construída apenas na primeira parte, visto que, na etapa complementar em que se verificou maior ritmo de jogo, não foram apontados mais golos.
Os Palancas negras, ainda chegaram a visar as malhas da baliza inicialmente defendida por Júlio César, num lance finalizado em fora de jogo, por Rasca, e logo anulado pela arbitragem. (...)
Boa tarde
Deixemo-nos de tapar o sol com uma peneira e de uma vez por todas reconheçamos que fizemos asneira da grossa naquilo a que muitos chamaram descolonização, esquecemo-
nos de todos os que combateram debaixo das n/ cores e cujo BI dizia cidadão Português embora tivessem nascido na Guiné ou Cabo Verde, continuo a dizer que não estava em causa a justeza da guerra , nao podemos é escamotear a existência da mesma e de qualquer forma também quero afirmar que contráriamente ao que é
apregoado o serviço militar era obrigatório mas quem foi a Africa foi de sua livre vontade, senão vejamos, quantos milhares que sob a capa de um ideal revolucionário
fugiram cobardemante do Pais, claro que quando afirmo que foram para Africa de sua livre vontade
afirmo-o no sentido figurado pois uma coisa é ser-se voluntário outra será cumprir-mos o dever civico de cada cidadão que é defender a PATRIA.
Um Abraço do tamanho da GUINE
Antonio Barbosa ex-Alf.Mil.Op.Esp
Caro António Barbosa
Não podemos assumir responsabilidades colectivas por uma questão de consciência.
Não me sinto pessoal e individualmente responsável pelos nossos camaradas guineenses. A esmagadora maioria terá ficado do nosso lado pela compensação financeira. Por outro lado, não se pode misturar aqui o povo cabo-verdiano que hoje tem um país maravilhoso e estabilizado.
Algumas das pessoas que optaram na guerra por combater do nosso lado, optaram no fim por ficarem na sua pátria e estão devidamente integrados. Não podemos nem devemos branquear as atrocidades cometidas entre guineenses, a que muitos de nós assistimos, essas sim saldadas depois da independência. Muitos dos que as cometeram estão a salvo, em Portugal, abrigados pela nossa bandeira.
Por muito que se discuta, a história não volta atrás, e a nossa geração deu muito para esse peditório.
Remorsos não os temos de ter, perguntem aos políticos de então se poderiam ter feito mais e melhor.
Um abraço
Carlos Vinhal
Sem querer monosprezar ninguém que fez os comentários para este poste, venho aqui fazer minhas as palavras do Carlos Vinhal, pois em poucas e desassobradas, diz o que pensa e com o que eu estou plenamente de acordo.
Um abraço
Juvenal Amado
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