segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7245: Memória dos lugares (111): Ponte Caium: Mais fotos ... (Carlos Alexandre, CCAÇ 3546, Piche, 1972/74)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 1: "O rio no seu auge, em plena época das chuvas..." 


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 2: "As máquinas da Tecnil destruídas por ataque do PAIGC... Esta empresa estava empenhada na construção da nova estrada Piche-Buruntuma"...



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > Ponte Caium > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Foto nº 3: "O Carlos Alexandre é o primeiro a contar da esquerda... O Santiago, presumo que seja o segundo".





Fotos: © Carlos Alexandre (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1.Mensagem do nosso camarada Carlos Alexandre (*):




 Luis Graça, boa noite. As fotografias prometidas  aqui estão:


A primeira mostra-nos o rio no seu auge.


A segunda as máquinas da Tecnil destruídas. Não me recordo como foram parar na ponte, mas tendo em conta a posição das viaturas, creio ter sido consequência de alguma emboscada entre Camajabá e Buruntuma. Liguei ao Serôdio camarada que na época era radiotelegrafista em Camajabá e tambem ele me diz que sim. 


A terceira para que se conheça o Santiago, já referenciado por engano numa foto enviada pelo Cristina. 


O camarada Arménio Estorninho que faz referencia ao nome do condutor Rocha tem toda a razão em dizer que se trata do Florimundo Rocha e que na sua terra é conhecido pelo Flor, já que eu próprio me lembro de em determinada altura o mesmo me ter dito isso.


Ainda nas referências à pequena capela (ou oratório) o camarada que enviou a fotografia e que está junto a ela, tira-me o resto das dúvidas relativamente ao texto (Nem só do pão vive o homem)... A pequena capela sofria na altura de muito mau trato e,  como estavamos com a mão na massa,  foi muito simples reparar com um pouco massa de cimento e fazer o mesmo texto desta vez recortando o próprio cimento.



Continuação de boa noite e obrigado pela possibilidade do contacto à volta de um assunto tão sério quanto rico na essência de homens tão nobres e silenciosos.


Carlos Alexandre (**) 






Peniche > Estaleiros Navais de Peniche, SA > Foto que me mandou o Carlos, com a seguinte legenda, em 5 do corrente: "Luis, bom dia. Ontem falei com o Mota que ao ouvir o teu nome reconheceu-te logo, diz-me que na altura trabalhava nas finanças, será? O local de encontro era a Humus. Junto envio uma foto do estaleiro, tirada julgo que em Março ou Abril deste ano, tendo em conta o barco verde que está a reparar e as obras do novo Plano Inclinado para construção de navios até 100 metros de comprimento. Vai ser inaugurado brevemente com duas unidades de aço já em construção de 56 metros, para Moçambique".

A empresa onde trabalha o nosso camarada Carlos Alexandre, e de que é presidente (e o maior accionista) um velho conhecido meu,  Carlos Mota, antigo oficial da marinha mercante e conhecida figura da oposição democrática da região oeste ao regime de Salazar-Caetano.  Desde 1973 que não o via. Revi-o agora, em grande forma, num vídeo do Jornal de Negócios. Quando vim da Guiné, encontrávamo-nos com alguma frequência na Livraria Húmus, cooperativa de que ele era sócio, fundador e dirigente (sem esquecer  outros jovens  de talento, irreverentes e combativos como o Zé Maria Costa, professor na Escola Industrial e Comercial de Peniche, de quem me lembro bem, e outros como o José Rosa, o Carlos Vital e o Adelino Leitão, de quem me lembro menos bem). A Húmus teve um papel de relevo na intervenção cívica e cultural de Peniche (se não me engano, terá sido encerrada por intervenção da PIDE/DGS, ainda antes do 25 de Abril, estava já eu a trabalhar em Mafra, ainda nas finanças, antes de voltar à Lourinhã e fixar-me, em 1975, definitivamente em Lisboa). 

Recordo-me de,  um dia (no verão de 1971 ou de 1972), o meu pequeno grupo de amigos da Lourinhã (onde se incluía o meu saudoso amigo Luís Venâncio Rei, na altura ainda estudante de medicina, mas também o advogado e conservador do registo predial Manuel Vasques, que trabalhava na Lourinhã e vivia em Peniche) ter lá levado o genial e também saudoso Mário Viegas (1948-1996), que costumava vir passar uns dias à Praia da Areia Branca, onde a família (de Santarém) tinha casa de verão. Não sei por que carga de água a sessão de poesia acabou ao rubro, com o truculento Zé Maria (se a memória não me atraiçoa ...) a "provocar" o provocador nato que era o Mário Viegas, estudante da Faculdade de Letras (justamente acabado de sair da tropa, e com quem tive oportunidade, nesse fim de semana, de falar da guerra na Guiné)... 


Nessa noite, para mim memorável, o Mário terá declamado, entre outros poemas que ele sabia de cor e dizer como ninguém, um excerto do  Manifesto Anti-Dantas, do Almada Negreiros (claro, não posso garantir, nem sei se nessa época o jovem Mário Viegas, então com 22 ou 23 anos, já tinha no seu reportório este extraordinário poema panfletário que é uma diatribe e um libelo contra a arrogância intelectual!...).

Carlos Alexandra, manda um abraço meu ao teu "patrão" e transmite os votos de bom sucesso para a empresa, cujo futuro é importante todos vós, para Peniche, para as nossas gentes do mar, para a nossa região, para a nossa economia, para o nosso país. E, como vês, camarada, o mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Foto gentilmente enviada pelo Carlos Alexandre (2010)  

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Notas de L.G.:


 (**) Último poste da série > 6 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7234: Memória dos lugares (109): Ponte Caium (Carlos Carvalho, CCAV 2749, 1970/72)


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