1. Trigésimo oitavo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 1 de Março de 2011:
NA KONTRA
KA KONTRA
38º EPISÓDIO
Os passageiros saem do avião, são conduzidos num autocarro até à gare e pouco depois recolhem as malas que vinham despachadas no porão. O nosso Alferes com as malas num carrinho dirige-se para a saída, hesitando ao passar pela porta ostentando os dizeres “nada a declarar”. Neste momento a única coisa que o preocupa é saber se a namorada está ou não à sua espera. Será muito importante que esteja pois disso dependerá muita coisa do seu futuro e, de imediato, umas óptimas férias, longe da guerra.
Ao chegar à zona da saída, o Alferes Magalhães pára. Passa uma vista de olhos por todas as pessoas que estão encostadas à balaustrada de separação, à espera dos viajantes. Não vê a sua namorada. O seu coração como que pára. Será o desmoronar de muitos projectos. Continua a andar, decidido a sair do aeroporto, tomar um táxi e ir para casa dos pais, que por terem já alguma idade não foram esperá-lo.
Ao passar o fim do gradeamento de separação uma rapariga, para ele uma estranha, que aliás tinha visto encostada à balaustrada, agarra-se-lhe ao pescoço aos beijos. Ele afasta-a pegando-a pelos ombros para lhe ver melhor a cara e simultaneamente, ele reconhece-a e ela diz-lhe:
- Então só por ter cortado o cabelo assim curto já não me conheces?
De momento ele ficou como que mole, sem acção para nada. Ultimamente tinha-lhe acontecido muita coisa adversa. Nos últimos tempos, esta seria a primeira auspiciosa. Reagiu, como sempre, e enlaçaram-se agora por vontade mútua.
Sentam-se no bar do aeroporto, não a falar da Guiné, que de momento tinha ficado para trás, mas a combinar o que irão fazer nos próximos dias, além de namorar, como se algo mais houvesse para fazer…
Ela, professora do liceu, andava com muito trabalho pois andava a fazer o estágio pedagógico e o exame de Estado final aproximava-se. Assim, ele teve tempo para rever a família e os amigos. Com estes, sim, viria a conversar muito sobre a Guiné.
Todos os momentos em que ela estava livre eram aproveitados para os dois estarem juntos. Fazem passeios pelos locais mais bonitos da zona do Porto: Passeiam pela marginal do Douro. Sobem num dos elevadores da ponte da Arrábida e atravessam pela ponte para o lado de Gaia para daí desfrutarem a maravilhosa vista do Porto.
O Porto e o Barredo vistos de Gaia.
Passam pelo Barredo onde, em tempos, numa tasca tinham almoçado umas iscas de bacalhau feitas num fogareiro à porta do estabelecimento. Nessa altura ele, como estudante de Arquitectura, andava a realizar um trabalho sobre essa parte antiga da Ribeira do Porto. Sobem pela Rua Escura até à Sé. Deslumbram-se com a vista do Porto antigo, com a Torre dos Clérigos em destaque. Em determinada altura, no terreiro da Sé, um miúdo dirige-se a ela pede:
- Senhora, dê-me um tostãozinho.
- Olha, se eu tivesse um tostão casava-me.
Metendo a mão ao bolso o rapazito pega num tostão e dá-lho dizendo:
- Pegue, já se pode casar.
Claro que o miúdo teve a sua recompensa, continuando os dois namorados o passeio.
O terreiro da Sé, no Porto com a Torre dos Clérigos ao fundo.
Noutro dia, já perto do final das férias dele, vão de eléctrico pela Avenida da Boavista até ao Castelo do Queijo. Apesar de se estar em fins de Novembro a proximidade do mar ameniza muito a temperatura, convidando a uma caminhada ao longo da marginal até ao molhe sul do Porto de Leixões. Os titãs, modernas estruturas portuárias colocadas nos extremos dos paredões, fazem lembrar o lendário Colosso de Rodes.
Um dos “titãs”.
Atravessam Matosinhos. Chegam junto da zona portuária, sempre agradável de se observar pela azáfama de todo aquele pessoal na transferência de mercadorias de e para os navios. Atravessam a ponte móvel para Leça e dirigem-se para a praia, descansam um pouco e continuam até à Capela da Boa Nova, local ermo mas cheio de beleza. Além da capela, só por ali existe o Farol da Boa Nova e um restaurante, magnífica obra do jovem arquitecto Siza Vieira.
A capela da Boa Nova em Leça.
Sentados num muro, têm uma longa conversa sobre o que poderá ser o futuro de ambos.
Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 1 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7882: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (73): Na Kontra Ka Kontra: 37.º episódio
2 comentários:
Chegou o momento de dar algumas explicações sobre o desenrolar da estória:
1 – No texto vão ser feitas duas breves “incursões”: uma em Portugal e outra no Brasil por se considerarem dois países de destino da forte emigração guineense. Acresce que inicialmente se considerou que a saga se destinava a guineenses, por isso entendeu-se ser importante dar a conhecer um pouco destes dois países.
2 – Os últimos episódios vão parecer muito condensados. Seria fácil multiplicá-los por três ou quatro, mas acontece que sempre achei insuportável o protelar do final das telenovelas.
3 – Quando do envio do 1º episódio referi que o final “não seria da minha autoria mas imaginado por cada leitor”. Porém “a pedido de várias famílias” criei um último episódio (de A a Z), dando à estória um fim, dito normal.
Um abraço a todos.
Fernando Gouveia
SER MULHER
Ah, ser mulher!
Ser mulher é ver o mundo com doçura,
É admirar a beleza da vida com romantismo.
É desejar o indesejável.
É buscar o impossível.
O poder de uma mulher está em seu instinto
Porque a mulher tem o dom de ter um filho,
E cuidar de vários outros filhos que não são seus.
Ah, as mulheres!
Ainda que sensíveis
Mulheres conseguem ser extremamente fortes
Mesmo quando todos pensam que não há mais forças.
Mulheres cuidam de feridas e feridos
E sabem que um beijo e um abraço
Podem salvar uma vida,
Ou curar um coração partido.
Mulheres são vaidosas,
Mas não deixam que suas vaidades
Suplantem seus ideais.
Muitas mulheres mudaram o rumo
E a história da humanidade
Transformando o mundo
Em um lugar melhor.
A mulher tem a graça de tornar a vida alegre e colorida,
E ela pode fazer tudo isto quantas vezes quiser
Ser mulher é gostar de ser mulher
E ser indiscutivelmente feliz
E orgulhosa por isso.
- Brunna Paese -
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