sábado, 17 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8787: História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74): Encontros e reencontros com o PAIGC, de 1 de Maio a 31 de Julho de 1974 (Parte I) (Jorge Canhão)

1. Retomamos mais algumas páginas da História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74), unidade que foi rendida pelo BCAÇ 4612/74 (Mansoa, 1974)... (Sobre esta aparente confusão de dois batalhões com o mesmo número, ler o poste do nosso camarada Agostinho Gaspar, P7414, de 10 de Dezembro de 2010).



Um exemplar (aliás, uma boa cópia)  da história desta unidade, o BCAÇ 4612/72,  foi-nos oferecido em tempos  pelo nosso camarigo Jorge Canhão (ex-Fur Mil 3ª C/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (*).  O Jorge há havia aqui publicado uma série de postes com a história do batalhão... (se bem que incompleta). 

Interessa-nos agora focar a atenção sobre os últimos 3 meses do batalhão, no setor de Mansoa, a seguir ao 25 de Abril de 1974. 
Vamos recorrer a alguns excertos do relato da atividade operacional nesses últimos 3 meses (Maio, Junho e Julho de 1974), para perceber melhor como se fez a aproximação, no terreno,  das duas partes em conflito (as NT e o PAIGC). Esta série poderá incentivar outros camaradas, que estiveram na mesma altura no TO da Guiné, neste e noutros setores,  a partilhar os seus documentos e as suas memórias.  
Recorde-se que o nosso camarada, coeditor, Eduardo Magalhães Ribeiro, já aqui publicou uma série de postes relativos á transferência de soberania entre o BCAÇ 4612/74 e o PAIGC, em Mansoa, em 9 de Setembro de 1974.   
Em Maio de 1974, no setor de Mansoa, a atividade operacional das NT e do PAIGC continuou, indiferente ao que se passava em Lisboa (o golpe militar de 25 de Abril)... As relações entre as duas partes estavam longe de ser amistosas... As NT continuavam empenhadas na construção da estrada Jugudul-Bambadinca, bem como no prosseguimento de uma série de reordenamentos... 

Neste período, o BCAÇ 4612/72 realizou 81 ações, para além da atividade operacional de rotina (emboscadas noturnas e diurnas, escoltas, colunas, etc.). Na primeira quinzena de Maio ainda há escaramuças, com baixas de parte a parte. No final do mês, começa a desenhar-se um pato (mútuo) de não agressão... 

O comando do BCAÇ 4612/72 reconhece que, "após o Movimento das Forças Armadas de 25ABR74, a atitude geral da população é de grande expetativa, reinando grande euforia entre a massa jovem com a perspetiva da Independência. Contudo os chefes, os homens grandes e pessoas mais idosas parecem não comungar dessa euforia"... 

 Quando o BCAÇ 4612/72 assumiu, em 28 de Novembro de 1972, a responsabilidade do Sector 04, o seu dispositivo no terreno era o seguinte, integrando cerca de 1300 homens em armas:


- CCS / BCAÇ 4612/72: Mansoa
- 1ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72: Porto Gole e Bissá
- 2ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72: Jugudul, Rossum, Uaque,  Bindoro
- 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612 /72: Mansoa, Infandre, Braiua, Pista e  Mancalã


Outras subunidades: CCAÇ 15 (Mansoa), CART 3567 (Mansabá), Pel Caç Nat 57 (Cutia), Pel Caç Nat 58 (Infandre e Braia), Pel Rec Daimler 3088 (Mansoa), Pel Mort 3030 (Mansoa, Mansabá, Porto Gole, Infandre, Braia, Rossum,  Uaque, Bindoro, Jugudul, Bissá), 13º Pel Art (obus 14) (Mansoa), além de diversos pelotões de milícia... (LG)






Extratos da História do BCAÇ 4612/2, Capítulo II, Fascículo VXIII, pp. 102, 104 e 105. Período correspondente ao mês de Maio de 1974.
 
Imagens: Cortesia de  Jorge Canhão (2011).

[ Selecção / edição / legendagem: L.G.] 
____________

 Nota do editor:

 (*) Vd. poste de 16 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8681: História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74): Ilustrações (Parte III) (Jorge Canhão)

2 comentários:

Luís Dias disse...

Camarigo Jorge Canhão

Pelo que aqui se lê e de facto, a população nativa é que mais sofria com os ataques do IN. São o que eles denominam "danos colaterais",ou "o vai tudo a eito".
Um abraço
Luís Dias

Anónimo disse...

O nosso Camarada Furriel Mil. José Felisberto Pinheiro faleceu no dia 11/05/1974 em consequência de ter accionado uma mina quando o seu pelotão efectuava o patrulhamento da estrada de Jugudul.
Diga-se em abono da verdade, que tal patrulhamento já não era necessário, pois a empresa "Alvaro..." enviava para a dita estrada uma camioneta de vez em quando para garantir o contrato.
Mais tarde, aquando do pagamento da jorna aos capinadores, verificou-se que alguém (Administrador e ... fugiu para Bissau)ficavam com parte da mesma (onde é que já li casos idênticos, Angola-Batatas.

Uma morte inglória que nunca será esquecida.