terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9481: Blogpoesia (177): Dia de S. Valentim - E se de repente o comércio reinventasse o Amor? (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga e tertuliana Felismina Costa*, com data de 18 de Julho de 2011:

Meu Caro Amigo Carlos Vinhal
Começando a minha participação no Blogue neste ano de 2012 envio um poema alusivo ao dia de S. Valentim, que ainda não se comemorava na nossa juventude, mas que dá um jeitão, ao comércio... nos dias de hoje.
Não seja por isso, que a economia fique de rastos!
Eu... ofereço Rosas e... um abraço!
Felismina Mealha



Dia de S. Valentim

E se de repente o comércio
Reinventasse o Amor?

E se as flores oferecidas
Reinventassem o Amor?

E se as lembranças oferecidas
Trocadas nesse dia,
Com verdadeira alegria,
Se transformassem,
No dia da descoberta
Da verdadeira magia
Que tem de ter o Amor?..
Não, apenas, nesse dia, mas… sempre?

Se os cartões escritos,
Transmitissem lealdade,
Amor puro, de verdade
Nos versos que se escrevessem?

Milagres… aconteciam!
Milagres, que muitos queriam, que acontecessem…

E, eu então, queria rosas, rosas, onde eu visse a pureza,
A sinceridade imensa.
A beleza afinal, que existe no Amor real!
No Amor, que raramente agente encontra
e… quando o sente, nos mata e faz viver,
Nos aprisiona e liberta.
Nos encanta e amedronta, por ser tão raro de ver!

Queria então, nesse dia… Rosas!
Rosas lindas e formosas!
Que podiam ser cor-de-rosa
Por serer as Rosas do Dia.
Rosas, que ofereceria
A quem não encontrou ainda
O Amor na sua vida.

Felismina Mealha
Agualva, 14 de Fevereiro de 2012
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9257: O nosso sapatinho de Natal: Põe aqui o teu pezinho, devagar, devagarinho... (8): Mensagens das nossas amigas tertulianas Felismina Costa e Margarida Peixoto

Vd. último poste da série de 7 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9453: Blogpoesia (176): Em homenagem ao Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71): Os jogadores de xadrez (Ricardo Reis / Fernando Pessoa)

6 comentários:

Henrique Cerqueira disse...

Olá Felismina
Eu e a Ni aceitamos com muito agrado as suas rosas.Um bom dia e beijinhos nossos
Henrique Cerqueira e Dulcinea(NI)

Luís Graça disse...

Parabéns à nossa amiga e madrinha de guerra (a única ex-madrinha de guerra, creio, que dá a cara neste blogue...e de quem eu ainda não perdi a esperança de ler uma seleção das suas cartas e aerogramas)...

A Felismina é uma mulher de grande sensibilidade e talento! São lindas as tuas rosas, amiga! Mesmo que efémeras, como as Rosas do Jardim de Adónis, uma das célebres odes do Ricardo Reis / Fernando Pessoa:


(...)

As Rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

... E a propósito, Felismina, dou-te, em troca das tuas rosas, uma sugestão cultural:

Não percas a exposição "Fernando Pessoa: Plural como o universo", na Fundação Calouste Gulbenkian, até 30 de Abril de 2012... Aos domingos de manhã, a partir das 10 horas não pagas nada...

A exposição, que veio do Brasil, teve 400 mil visitas... E vai ser um sucesso entre nós...

Tens aqui mais informação no sítio da Fundação Calouste Gulbenkian:

http://www.gulbenkian.pt/section30artId1546langId1.html

(...) Exposição dedicada a Fernando Pessoa e aos seus heterónimos, que pretende mostrar toda a multiplicidade da obra do grande poeta de língua portuguesa, conduzindo o visitante numa viagem sensorial pelo universo de Pessoa, para que leia, veja, sinta e ouça a materialidade das suas palavras. Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith, nesta exposição encontra-se um espaço repleto de poemas, textos, documentos, fotografias e pintura, onde se incluem raridades como a primeira edição do livro Mensagem, com uma dedicatória escrita pelo poeta.

(...) Fernando Pessoa, Plural como o Universo tem várias componentes. Um dos espaços é reservado à apresentação, em compartimentos delimitados, do ortónimo e dos quatro mais importantes heterónimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares. Noutra parte, encontra-se uma recolha de textos, cuja tónica é mostrar como puderam conviver, no espírito de Pessoa, os heterónimos, os escritos autointerpretativos e todos os outros projetos que o poeta ia desenvolvendo, num processo dinâmico e simultaneamente solitário. A exposição inclui ainda documentos inéditos, pinturas e alguns objetos nunca antes expostos em Portugal.
Os visitantes têm à sua disposição exemplares de toda a obra de Fernando Pessoa, em português e traduzidos para outras línguas, para que esta mostra possa também ser uma oportunidade para a leitura ou releitura, num espaço pouco usual, dos múltiplos e diferenciados escritos do poeta.

A componente multimédia da exposição é constituída por filmes, vozes e sons, poemas ditos e páginas de livros que, com um só toque do visitante se alternam e folheiam, fazendo uso das tecnologias atuais. O visitante pode escolher assim o seu próprio percurso perante a multiplicidade de escritos e registos existente.

(...)

Juvenal Amado disse...

Numa sociedade de consumo é pois complicado pedir que o amor não tenha preço.
Este dia instituído em Portugal há muito pouco tempo foi-o por razões de patacão e não de coração.
Mas porque não aproveitar e deliciarmos-nos com esta poesia da Felismina, que continua a deliciar-nos com a sua sensibilidade.

Um abraço

Torcato Mendonca disse...

Pede o impossível Amiga Felismina.

Aos poetas tudo se desculpa...mesmo que peçam á raposa para guardar o galinheiro.

Mas: gostei e continuo a gostar de a ver gostar (deixe o pleonasmo) de VIVER.

Viva a Vida

Beijo do T.

Anónimo disse...

Meus Caros Amigos

Henrique Cerqueira e Ni, obrigada pelos beijinhos e ficam aqui retribuídos.

Luís Graça

Obrigada pelas palavras, pelo poema do Pessoa, (que admiro, que me encanta) e pela sugestão cultural, que penso ver dentro de dias: já outro amigo me tinha falado, penso que não vai chegar um dia para ver tudo e eu voltarei.

Quanto às cartas e aerogramas, um destes dias eu organizo isso.

Eu sei Juvenal, o dinheiro é preciso, e a vida tem de ser vivida, bem ou mal. obrigada pelas palavras!

Meu Caro Torcato

Achei graça àquela da raposa guardar o galinheiro...
Quanto ao conselho...obrigada! acho que é o que devemos fazer enquanto nos for permitida.

Um abraço para todos:

Termino com um poema de Alberto Caeiro.

Quando eu não te tinha

Quando eu não te tinha
Amava a natureza como um monge calmo a Cristo,
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira, mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios:
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
reparo nelas melhor--
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Anónimo disse...

É só para assinar o comentário anterior com as minhas desculpas de o ter deixado sair sem assinatura.

Felismina Costa