p. 37
p. 38
p. 39
p.40
p.41
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p.45
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Reprodução das páginas 37 a 46 do relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".
Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)
1. Continuação da publicação do relatório da 2ª Rep/CTIG, sobre a situação político-militar em 1974, documento esse que foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [, foto à direita], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74).
O relatório, datado de 28 de Fevereiro de 1975, é assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, comando unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o maj inf Tito José Barroso Capela.
Publica-se hoje o ponto c (Situação interna) da segunda parte do relatório (B. Período de 25Abr74 a 15Out74), pp. 37 a 46 (Aspetos gerais).
Reforçamos, mais uma vez, a a posição dos editores face a documentos político-militares como este, que é a da recusa terminante de tomar partido, a favor de (ou contra) a tese A, B ou C. A análise crítica desta documentação compete apenas aos nossos leitores, e muito em particular aos nossos camaradas que conheceram, de perto (,porque estavam lá), o período terminal da guerra.
Índice do relatório [que tem 74 páginas]
A. Período até 25Abr74
1. Situação em 25Abr74
a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
(1) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
(2) Países limítrofes (pp. 5/8)
(3) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).
c. Situação interna:
1. Situação militar.
(a) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
(b) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
(c) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
(d) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
(e) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
(f) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)
2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).
B. Período de 25Abr74 a 15Out74
2. Evolução da situação após 25Abr74
a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)
(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)
c. Situação interna
(1) Situação militar
(a) Aspetos gerais (pp.37/46)
[Continua]
_________________
Nota do editor:
(*) Postes anteriores da série, com a reprodução das páginas digitalizadas:
6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9450: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25
6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9450: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/25
4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21
31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9
13 comentários:
O gritante silêncio dos "cemitérios sob o luar"?
Olá Camaradas,
Publicado às 9H00, esta parte do relatório não mereceu comentários.
Excepto o do Zé Belo, que ainda não consta da face do post, e não é comentário.
Se calhar não há razões para comentar esta parte quase ignóbil do relatório, do qual é fácil inferir que Portugal governava-se conforme podia; que, afinal, foram os militares a fazer todas as cedências para um regresso tão rápido quanto possível; que acentua o poder absoluto do IN na imposição das regras de retração e abandono. Neste caso não me parece tratar-se de retirada. Até porque ao desrespeito dos acordos, Portugal não garantiu qualquer capacidade de intervenção ou correcção.
Por outro lado, tendo em conta que foram os militares a desencadear as acções, e, cabisbaixos, a tomar o barco do regresso, não me parece que estejam isentos da "descolonização vergonhosa", nem de grande quota-parte da derrota militar. Ou, estando lá a força toda, podia admitir-se um acontecimento como o de Buruntuma?
Episódios como o da compra das armas aos comandos, revelam demasiada ligeireza no tratamento de matéria tão importante.
Aliás, tenho conhecimento de que houve oficiais que regressaram antecipadamente, porque não davam garantias de comportamento ao MFA.
Núvens negras pairavam sobre Portugal.
Que fique claro: naquela altura do campeonato, já não acreditava numa solução negociada, salvo se o PAIGC tivesse abdicado antes, mas não imaginava tanto deus-dará, e devia ter-se mostrado força suficiente para impôr condições de negociação, de integração social e pacificação para a independência.
Abraços fraternos
JD
Caro Camarada. A ser lido com outra atencäo, e a ser-me desculpada a "poesia-política",creio que algo do teu comentário abrangedor também estará contido no tal "silêncio dos cemitérios sob o luar". Um abraco.
Caro Zé Belo,
Li o teu repto pelo final da manhã. Fui preparar o almoço (a minha psicóloga está a preparar o doutoramento, e marra que se farta), enquanto pensava no assunto.
Naturalmente, tudo o que escreva no âmbito de um comentário, será insuficiente para analisar e fundamentar o processo histórico guineense, na vertente da retração e regresso à origem. Escrevo "en passant".
A SOLUÇÃO ERA POLÍTICA E NÃO MILITAR. De facto, se compararmos o número de oficiais-generais na metrópole, com os das frentes de guerra, torna-se mais fácil constatar a verdade daquela premissa. Os generais, nem lá iam ver, para não referir sentir, sobre o que se passava. E os relatórios deviam evidenciar distância e soberba.
O conjunto dos generais na metrópole constituía um ramalhete para os governos. Eram destacadas figuras de influência, tanto a honrar inaugurações e entregas de prémios em jogos florais, como a arranjar emprego para os filhos das dedicadas empregadas domésticas. Alguns, provavelmente, e por mera falta de oportunidade, nunca combateram.
Era natural que os capitães, inicialmente a comandar companhias de combate, frustrados, depois com perspectivas ambiciosas na progressão da carreira, e estribados na veterânia com suficiente compensação financeira, os olhassem com desconfiança, e desenvolvessem ideias para resolução rápida do conflito. Muitos deles até tinham dado o corpo ao manifesto, sem que disso tivesse resultado algum sentido para o fim da guerra.
Portanto, temos que constatar, em primeiro lugar, alguma incompetência na orgânica militar, pois concentrava os generais onde, aparentemente, não faziam falta, nem se manifestavam a partir da posição de conforto; em segundo, temos que confrontar as aspirações à paz, com a incompetência para destituir o governo, e substituí-lo competentemente, porque o MFA não conseguiu evitar uma revolução popular que o transcendeu, de variadíssimas frentes, descontroladas e opostas entre si, a obedecer a diferentes e antagónicos centros de decisão, com interesses e objectivos mal definidos, de onde, quando convinha, emergia o prestígio dos capitães, cujo movimento permitia o regebofe de liberdade, e desagregava as FA.
Foi um curto período de exaltação popular, a partir do qual se construíu a actual democracia, cujo objectivo principal está a consistir na redução dos valores salariais, e na acalmia (por via do cagaço) do proletariado.
Mas não é da actualidade aqui chegada que falávamos, antes da incapacidade para ajudar a criar sociedades audazes, educadas, e desenvolvidas, cá e lá, que hoje fossem orgulho de governos e povos fraternos.
Terás tu algo a acrescentar para o interesse da Tabanca? Palpita-me que sim.
Recebe um abraço
JD
(Pág.45)-"Sob a capa deste pretexto,foram feitas inúmeras detencöes em todo o território,com o fim de abolir toda a oposicäo ao PAIGC".Pobres idealistas!Mas, os planos políticos de Spínola (em 74) quanto à "sua" independência da Guiné jogavam a um mesmo nível."Algo a acrescentar(da minha parte)para o interesse da Tabanca"?...Um profundo somatório de conhecimentos úteis quanto à criacäo e comercializacäo de grandes manadas de renas,mas infelizmente(?) só aplicável na Lapónia. Um grande e sincero abraco do J.Belo.
Caro J. D.:
Quando diz: "A SOLUÇÃO ERA POLÍTICA E NÃO MILITAR." acho que tem razão, é pacífico e até alguns Generais do "Ancien regime" concordariam, alguns pelo menos!
Mas quando diz: "...Os generais, nem lá iam ver, para não referir sentir, sobre o que se passava. E os relatórios deviam evidenciar distância e soberba...." estará a ser injusto, por generalizar....
Fica meu caro J.D. a saber que Generais como Luís Maria da Câmara Pina, "figura como a do General Câmara Pina, exemplo de brilhante, irradiante e altíssima estatura de cidadão, de militar e de intelectual..." segundo o
Tenente‑General José Lopes Alves,no seu artigo recente "Cidadão e o Militar na Criação e Fundação do Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional, na Revista Militar, VISITARAM O TO DA GUINÉ NA PIOR ALTURA... no início do ano de 74, e visita particular meucaro ! foi "brifado" pelo CEM/CTIG,Coronel Henrique Gonçalves Vaz, entre outros comandos, visitou uma parte do interior da Guiné e deve ter exposto as suas "Doutrinas e Teorias", ainda que possam ser polémicas, quando comparadas com "outras correntes", em suma.. um General Intelectual que corria o Mundo da Nato e nesses Fóruns, ouvia e retorquía com o seu pensamento estratégico! Tinha sido CEME também.
Mas nesse mesmo ano, e também nas Notas pessoais do meu falecido Pai, o último CEM/CTIG, recebeu em Bissau, o próprio CEME da Altura, o General Paiva Brandão, e sei que também foi "brifado" no QG do CTIG, onde ouviu todas as Explicações e Reclamações dos Comandos, nomeadamente do CEM/CTIG e de todos os Chefes das Repartições (é de admirar?), que lhe apresentaram a "Situação da altura relativamente" à missão do QG/CTIG no TO da Guiné (irei um dia destes fazer um artigo para o Blog sobre essa mesma visita)fez as suas perguntas, visitou parte do interior (esteve 3 dias) e lá regressou à Metrópole com conhecimento do que se passava!
Enfim, nem todos os Generais da altura justificavam o epíteto da "Brigada do Reumático"! E
é claro, dos generais não se espera que sejam bons em "golpes de mão", espera-se que sejam Bons Estrategas, como tal bons intelectualmente e que sigam as "Boas Doutrinas militares", quer dizer, sejam também perspicazes na relação com os políticos e com a Política da Guerra! .......
CONTINUA.........
Abraço Amigo:
Luís Gonçalves Vaz
Meu Caro Luís Vaz,
Cita dois generais que visitaram a Guiné durante o escasso período de 1974, um deles esteve lá 3 dias.
Obviamente gostaria aqui de enaltecer as suas estratégias, como bem refere no último período. Mas como se podem delinear estratégias em Lisboa,a partir de (por vezes voláteis) informações, sem a sensibilidade do ambiente, do espírito do pessoal, dos seus receios e expectativas, de saber com o que contar. Porque a guerra da estatística (que deveria ocupar boa parte dos briefings), dos palpites estrategas que às vezes contrariavam na prática o desejo de quem os imaginou perfeitos, exequíveis e gloriosos, mas, que muitas vezes tinham outra correspondência prática, também ilustram as mais de 400 páginas de "A Psicologia da Incompetência dos Militares".
Hoje enviei para o blogue um texto que pode ser algo ilustrativo.
Do que eu tenho a certeza, é de que o relatório agora em amostragem, é uma excelente peça para apreciação, sobre a capacidade, ou a incapacidade militar, e em determinado período histórico, e que a sua chegada ao blogue, só por isto, deve ser vivamente saudada.
Outro abraço
JD
Caro JD
Pois....
Falar é fácil, sobre o que se devia ou não fazer.
Eu estive lá no terreno, em Gadamael, onde se verificou o primeiro contacto, em toda a Guiné, com o paigc, por iniciativa deles.
Sempre houve de ambas as partes respeito mútuo e foram cumpridas todas as regras, nomeadamente militares.
Tenho que realçar um pequeno, ou será grande pormenor.
Quando se fez o "golpe de estado", quebrou-se um regra de estabilidade de qualquer estado que foi o desmoronamento da cadeia de comando,isto significa que impor ou ter poder para impor não passa do papel, mais prosaicamente é cada um por si.
Por exemplo em gadamael acordamos o cessar fogo sem pedir autorização a ninguém.
Todos queríamos regressar o mais rapidamente possível.
Sobre o caso específico de Buruntuma e apesar de não ter assistido, aquilo que se passou foi que um comandante do paigc meio tonto e provavelmente para mostrar serviço fez chantagem, e do nosso lado o principal responsável já não tinha poder, ou não quis ter, para se opor.
Pessoalmente não tive nenhum caso de indisciplina, mas sei que fui obedecido, não por receio de qualquer punição,mas porque os meus subordinados me respeitavam.
Meu caro JD
Se estivesse nas mesmas circunstâncias estava disposto a eventualmente morrer para defender aquilo que preconiza ?
Defender determinados pontos de vista é muito fácil quando são terceiros a correr riscos.
C.Martins
Caro Luís Vaz
É verdade que os generais têm como função delinear estratégias, e não fazer "golpes de mão", e acrescento aos citados o general Deslandes, visionário em angola e que por isso foi rapidamente vetado ao ostracismo.
As estratégias(boas) foram, no caso concreto da guerra colonial, feitas por generais que tiveram a experiência no terreno como oficiais superiores e por oficiais superiores,ainda como oficiais subalternos.
Julgo não ser preciso citar os nomes.
Quanto a visitas relâmpago no TO e briefings nos QGs,discordo completamente, e não leves a mal,mas isso era pura treta.
Quanto à denominada "brigada do reumático" também discordo, para mim era a "brigada dos invertebrados".
C.Martins
"É claro que,dos generais não se espera que sejam bons em golpes de mão,espera-se que sejam bons estrategas,como tal bons intelectualmente,e sigam as boas doutrinas militares,quer dizer,sejam também perspicazes na relacäo com os políticos e com a política da guerra"(Fim da Citacäo).Ao referir-se o Sr.General Câmara Pina,e como figura de militar-político controversa,talvez se deva procurar opiniões mais diversificadas dentro da Classe de Oficiais Generais.Citaria entre outros,o nosso Camarada e veterano operacional da Guiné General Carlos de Azeredo,com uma carreira militar e política insuspeita de Salazarismos,esquerdismos ou "aviários".Ao referir-se a Revista Militar, também lá se poderá ler em número de Julho de 2009,escrito por quem serviu com o Sr.General Câmara Pina:"Quando em 1958 assumiu o cargo de Chefe do Estado maior do Exército havia já sérias preocupacöes com o Ultramar.Servido por uma brilhante inteligência analítica,uma invulgar capacidade de trabalho,e um grande desejo de realizar,conhecendo pessoas em cargos importantes do sector público e privado prestou a Portugal serviços de enorme valor"....No entanto,na sua brilhante inteligência analítica,boa estratégia e boas doutrinas militares,aparenta ter esquecido GOA.O que por lá se passou a nível de infra-estruturas,material,armamentos e pessoal,aparenta ter-lhe "passado ao lado".Isto,mau grado as pessoas em altos cargos importantes que conhecia, e sob quem servia militarmente e não só,como o Sr.Presidente do Conselho.Mas,e quem o conhecia pessoalmente, escreve na mesma Revista Militar:"A primeira impressão de quem falava com o General Luís Maria da Câmara Pina era a de estar em presença dum Senhor.Tudo nele o mostrava;a linguagem cuidada,o aprumo natural,o apego a princípios,a fidalguia do trato,o espírito de humor e até o...elegante corte dos fatos e uniformes".(!) O elegante corte dos fatos e uniformes será,pelo menos,uma caracterizacäo interessante para os anais de uma certa história militar. Um abraco.
O caso de Buruntuma merece um poste com destaque para a destempperada atuação do comandante da Frente Leste, o antigo futebolista Bobo Keita (ou Queta), de que já aqui falámos diversas vezes, a propósito do livro de Norberto Tavares de Carvalho ("De campo em campo: conversas com comandanet Bobo Keita", edição de autor, 2011).
O Bobo Keita tinha feito parte da delegação do PAIGC, na 1ª ronda de negociações de paz, em Argel... Depois de Argel, regressou à Frente Leste. E deve-lhe ter chegado à cabeça a necessidade de protagonismo...
Aqui, no leste, foi claramente "mais papista que o Papa", passando a perna à direção política do PAIGC. Foi ele que teve a iniciativa de (i) colocar barragens para controlos dos nossos veículos militares, nas estradas do leste, (ii) forçar a desocupação do quartel Buruntuma... para além de (iii) ter resolvido, através do terror (3 fuzilamentos e prisões), um conflito em Paunca com mílicias (ou não seriam anets os miliatres da CCAÇ 11 ?)...
Ele próprio reconheceu, antes de morrer, na altura em que foi entrevistado para o livro, que a chantagem feita aos tugas de Buruntuma era mero "bluff", que não era sua intenção atacar nenhum quartel...
A verdade é que este homem podia ter originado uma tragédia de consequências incalculáveis... A sua atitude de fanfarrão obrigou à intervenção pessoal do Fabião e do Juvêncio Gomes (delegado do PAIGC em Bissau)...
Veja-se o seu depoimento nas pp. 222 e segs.
Os oficiais e sargentos, antes de iniciar a guerra, eram simplesmente funcionários públicos.
E logo uma guerra nesta altura!
Caro C. Martins,
"Falar é fácil", referes, e questionas-me se daria o corpinho pela Pátria nas circunstâncias de Buruntuma.
Parece que não me expressei bem. A minha crítica é anterior a isso, reporta à génese do MFA, conforme decorre do meu 2º.comentário: "...em segundo (lugar), temos que confrontar as aspirações à paz, com a incompetência para destituir o governo e substituí-lo competentemente"...
O episódio Buruntume/Keita é só ilustrativo do espírito de demissão, e da desorganização nas FA. Só é "cada um por si", quando o novo regime é fraco e indefinido na atitude. Ao pessoal do mato até compreendo a atitude, porque em geral sentiam-se abandonados, até diferenciados no "establishment" da guerra. Nunca assisti a um convívio dos comandantes de quem dependia a Companhia, com oficiais do COT, da CAOP, ou outros. Eram guerras diferentes? Provavelmente!
Caro Zé Belo,
Deixa-me meter a foice:
A história do fim da Índia tem algumas complexidades. Desde longa data que Salazar tentava arranjar argumentos que neutralizassem o "pacifista" Nehru. O diferendo entre a U.Indiana e Portugal durou 5 anos no tribunal de Haia, e foi decidido a favor de Portugal. Depois disso, a diplomacia fez ténues pressões para que a U.Indiana respeitasse a resolução. Mas o peso de oportunidades de negócio com a U.Indiana, fez pender a balança para o seu lado.
Já era um novo gigante.
Salazar tinha perfeita ideia da inferioridade militar, mas, bom ditador, precisava de màrtires para a Pátria. Nessa medida podemos criticar o nosso generalato, que não se mostrou coeso por forma a evidenciar a realidade, antes, e depois da invasão, pois não me constam actos de solidariedade (talvez em desacordo com as Boas Doutinas Militares), e Salazar, de castigo, deixou lá as tropas prisioneiras durante bastante tempo.
Mas as questões coloniais eram do perfeito conhecimento de Salazar, que acompanhou desde a conferência de Bangum. E não houve preparação condicente.
Daqui pode inferir-se, que os ditadores inculcam o culto da personalidade individualista, com tendência a serem imitados pelos seguidores, pretorianos, ou não, de forma a que desconfiando-se recíprocamente, neutralizem qualquer iniciativa fraturante.
Abraços
JD
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