segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Guiné 63/74 - P10282: Meu pai, meu velho, meu camarada (30): Dispositivo militar metropolitano em Cabo Verde (Ilhas de São Vicente, Santo Antão e Sal) durante a II Grande Guerra (José Martins)

1. O nosso camarada, amigo e colaborador permanente José Martins mandou-nos, em 27 de julho passado, os seguintes quadros com a seguinte nota
 

Boa tarde: Aqui vai quadro da distribuição, pelos locais de destino, das forças enviadas para Cabo Verde [durante a II Guerra Mundial].


Ab. José Martins













a) Joé Martins, maio de 2012


2. Comentário de L.G.:  

Zé, sei que estás a passar por um momento difícil, tu e a tua família (a tua ainda recente passagem à reforma, o desemprego, inesperado e litigioso,  da tua esposa, a nossa querida amiga Manuela...), mas mesmo assim ainda consegues pensar no nosso blogue e arranjar tempo e pachorra para procurares,  no silêncio dos arquivos,  preciosos dados relativos ao nosso dispositivo militar em Cabo Verde, durante a II Grande Guerra.

Sabes do carinho que eu tenho por aquela terra, onde o meu pai (e os pais de outros amigos e camaradas nossos, como o Nelson Herbert, o Hélder Sousa, o Augusto S. Santos...) estiveram como expedicionários, integrando o RI 23...Lembremos aqui os seus nomes:  Luís Henriques, Ângelo Ferreira Sousa, Porfírio Dias e Armando Lopes... 

Ainda há dias descobri mais outro, o António Caxaria, de 94 anos, ex-furriel miliciano, muito amigo do meu pai, natural de (e residente em) o concelho da Lourinhã... Irei um dia destes visitá-lo na sua quinta, em São Bartolomeu dos Galegos, e relembrar histórias do seu tempo em Cabo Verde (1º Batalhão de Infantaria do RI 5, integrado no RI 23, Mindelo, Ilha de São Vicente, 1941/43). Está com uma ótima cabeça e tem algumas fotos desse tempo. 

Em face dos teus números, pode-se concluir que cerca de 52,9% dos nossos expedicionários (de um total superior a 6300) estavam concentrados numa só ilha, a Ilha de São Vicente, dado o seu interesse estratégico (porto atlântico ligando a Europa com a América Latina, a par dos cabos submarinos). O resto distribuía-se pela Ilha do Sal (35,3%) e pela Ilha de Santo Antão (11,8%).  Menos de 1% estava afeto ao serviço de transmissões.

O meu velhote, Luis Henriques (1920-2012), se fosse vivo, teria feito ontem 92 anos... Dedico-lhe, à sua memória e à memória do Ângelo e do Porfírio (que também já nos deixaram), e em homenagem ao Armando (felizmente ainda vivo,  vai completar 92 anos em 23 deste mês), este poste que tu preparaste com a competência e o carinho que pões em tudo o que se refere aos nossos antigos combatentes, alguns dos quais foram nossos pais... Um alfa bravo para ti, um xicoração para a Manela. LG



Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 2006 > Ponta João Ribeiro > Restos da baterias de artilharia de costa, do tem,po da II Guerra Mundial...  Estas posições de bateria de artilharia de costa protegiam a baía do Mindelo. A Ponta João Ribeiro fica hoje a 3 km da cidade do Mindelo. Em frente, a uns escassos 600/800 metros, situa-se o ilhéu dos Pássaros.

Foto: © Lia Medina (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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Nota do editor

Último poste da série > 8 de maio de 2012 >Guiné 63/74 - P9870: Meu pai, meu velho, meu camarada (29): Luís Henriques (1920-2012): Você deixou o nosso ranchinho abandonado... (Luís Graça)

6 comentários:

Antº Rosinha disse...

Muitos desta geração nasceram quando tinha acabado a 1ª grande guerra, que estava a vencer a epidemia da pneumónica, um país que não tinha rei-nem-roque, aparece a guerra dos vizinhos espanhois, e passou a adolescência sem penincilina.

No fim para amenizar o ambiente, a europa lembra-se de fazer mais uma II guerrinha para entreter aquela juventude.

Deu-se a emigração para as américas a seguir a esta guerra, que mais que emigração, pareceu mais uma purga ou expulsão de cidadãos.

É caso para dizer: aquilo é que foi uma crise!!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Camarada e Amigo José Martins,

Na parte que me toca, o meu obrigado pelo teu excelente trabalho. O meu pai esteve integrado no RI11 na Ilha do Sal. Uma curiosidade que me foi contada pelo meu falecido pai. Ao Ilhéu dos Pássaros, que vemos na foto publicada, no seu tempo os militares chamavam-lhe a Poia da Saloia, dada a sua configuração. Tinha a sua piada. Um Abraço.
Augusto Silva Santos

Hélder Valério disse...

Caro Zé Martins

Antes do mais, a minha solidariedade para contigo e família, neste momento difícil e prolongado.

No que diz respeito a este teu trabalho dou-te os meus parabéns pela pesquisa e pelo resultado.

Abraço
Hélder S.

José Marcelino Martins disse...

Sugiro a leitura dos post, inicio para o envio de tropas metropolitanas.

Guiné 63/74 - P5154: Meu pai, meu velho, meu camarada (19): Cabo Verde, 1942: Plano de defesa do arquipélago, de Santos Costa (José Martins)

O livro HORA DI BAI, tambem tem bastantes informações sobre aquela época.

Anónimo disse...

Meu caro amigo José Martins,

Um abraço de solidariedade para contigo e familiares.

No teu excelente trabalho algo me chamou a atenção, a Bateria de Artilharia de Costa #1.

Será que aquela Unidade Militar tinha alguma coisa a ver com a que estava sediada na cidade da Horta, ilha do Faial, recentemente desactivada, que dava pelo nome de Bateria Independente de Defesa de Costa #1?

Abraço amigo,
José Câmara

José Marcelino Martins disse...



Caro José da Câmara
Um abraço de agradecimento.

Quanto à tua questão:

a) A BAC 1 não será a mesma, na medida em que os Açores, na mesma altura, foram reforçados com tropas metropolitanas.

b) Historial da Artilharia da HORTA:

1939
- Bateria de Artilharia Independente da Defesa da Costa nº 3, criada pelo Decreto 29957 de 06 de Outubro de 1939, publicado na Ordem do Exército (OE) nº 07, 1ª Série, de 28 de Outubro de 1939.

1947
- Passa a designar-se Bateria de Artilharia Independente da Defesa da Costa nº 1, pela Portaria 12087 de 24 de Outubro de 1947, publicada no OE nº 08, 1ª Série, de 25 de Novembro de 1947

1976
Extinção da Unidade, pelo Decreto-lei nº 181/77, publicada no OE nº 5, 1ª Série de 31 de Maio de 1977.

Nota – A cidade da Horta, que actualmente não dispões de qualquer unidade militar, foi sede de:

1 – Comando e Quartel-general de 1868 a 1901.
2 – Infantaria (Regimento, Batalhão ou Companhia) desde 1926 a 1993.
3 – Serviço de Pessoal (Distrito de Recrutamento ou delegação) de 1899 a 1939.