Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cabedú > 4 de maio de 2013 > Centro de Saúde de Cabedú, onde recentemente tinha nascido a primeira criança...
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cautchinqué > 4 de maio de 2013 > Saboreando a água do fontanário em Cautchinqué (ou Cautchinké), construído e equipado com a solidariedade da Tabanca Pequena de Matosinhos bem como da ONGD Ajuda Amiga, entre outros doadores e beneméritos (onde se inclui a família do nosso saudoso camarada José Neto)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cautchinqué > 4 de maio de 2013 > As hortinhas com viveiros de plantas para transplantar
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 4 de maio de 2013 > Duas máquinas de costura colocadas em Cabedú, pela Tabanca Pequena. Um incentivo à formação de uma escola de costura para as bajudas locais.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 4 de maio de 2013 > Associação de jovens bajudas de Catesse na escolinha de costura. Nota-se a felicidade de quem quis ficar na fotografia
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 4 de maio de 2013 > A população de Catesse em festa com a abertura da escolinha de costura.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 4 de maio de 2013 > A população de Catesse em festa com a abertura da escolinha de costura. O grupo de bajudas dançando [vd. aqui vídeo no You Tube],
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Catesse > 4 de maio de 2013 > A população de Catesse em festa com a abertura da escolinha de costura. Teatro pela associação de jovens de Catesse, asociado à Rádio local ali instalada.
Fotos (e legendas): © José Teixeira (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]
1. Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau (30 de Abril - 12 de maio de 2013) - Parte V
por José Teixeira
[, membro sénior da Tabanca Grande e ativista solidário daTabanca Pequena, ONGD, de Matosinhos; partiu de Casablanca, de avião, e chegou a Bissau, já na madrugada do dia 30 de abril de 2013; companheiros de viagem: a esposa Armanda; o Francisco Silva, e esposa, Elisabete; no dia seguinte, 1 de maio, o grupo seguiu bem cedo para o sul, com pernoita no Saltinho e tendo Iemberém como destino final, aonde chegaram no dia 2, 5ª feira; na 1ª parte da viagem passaram por Jugudul, Xitole, Saltinho, Contabane Buba e Quebo; no dia 3 de maio, 6ª feira, visitam Iemberém, a mata di Cantanhez e Farim do Cantanhez; no dia 4, sábado, estão em Cabedú, Cauntchinqué e Catesse] (*)
Chegamos ao dia 4 de Maio. Estar em Iemberém “sabe demais”. As excelentes instalações hoteleiras, no meio da floresta do Cantanhez, transportam-nos a outro tempo, para nos lembrar que muita coisa mudou desde então. Hoje somos acolhidos como irmãos, com sorrisos e abraços. As pessoas desta linda tabanca acolhem com ternura e carinho o Tuga, sem pedir nada em troca. As crianças correm para nós à procura de um carinho. Agarram-nos a mão e acompanham-nos tabanca fora. E, ficam tristes quando nos despedimos, até choram…
Nesta manhã até os macacos desceram pacificamente ao terreiro para mudar de mangueiro, onde não lhe falta comida e da mais saborosa. Por falar em mangueiro, o seu fruto é o saboroso mango. Esta região é um dos grandes centros de produção de mango e da melhor qualidade – o mango faca. São tantos os mangueiros e tanto fruto que durante a noite somos acordados pelo barulho que fazem ao caírem ao chão. De manhã, para o pequeno-almoço, é só apanhar, lavar e saborear. Não me recordo de tanta fruta na Guiné.
O pequeno-almoço confecionado com todo o carinho pela Satu, recheado de frutas em conservas da mais variada qualidade, dá-nos a força necessária para a caminhada que nos espera neste dia
Ainda pelo fresco da manhã partimos para nova aventura. Passamos por várias tabancas e “poisamos” em Cauntchinke para saborear a água fresca vinda do poço que a Tabanca Pequena financiou e apreciar as hortas e viveiros que a comissão de mulheres dinamizou, aproveitando o fato de ter água ali a 15 metros (de profundidade) em quantidade.
Foi uma festa que teve para o autor desta crónica um sabor especial por ver tão bem compensado o esforço dos associados da Tabanca Pequena. Na alegria e no prazer com que nos mostravam as hortinhas bem tratadas e bem regadas, onde os frutos não demorarão a chegar. Sabemos que as tabancas ao redor também vem ali buscar água, para beber o que por si reflete a preocupação das populações em reduzir o perigo de doenças transmissíveis pela água estagnada da mata.
Partimos de novo a caminho de Cabedú. Choca-nos o desbaste da mata do Cantanhez. São muitos os hectares de floresta destruídos. Árvores criminosamente cortadas. As de grande porte estão a ser vendidas à China para enriquecimento de alguns dos poderosos da Guiné e prejuízo da humanidade que vê um dos seus pulmões ser destruído. Todos sabemos que a floresta da Guiné-Bissau é considerada pela ONU uma reserva natural do Mundo e, como tal, deve ser defendia e conservada, no entanto nada se faz para deter o desbaste criminoso. A troca da floresta pela árvore do caju é uma constante em toda a Guiné, retirando-lhe a sua beleza exótica e tão natural. É chocante ver este mar verde destruído e não lhe poder valer por que não há Lei e sobretudo não há vontade para impor a Lei.
Sentados em cima de uma carrinha de caixa aberta, eu e o Francisco Silva olhávamos para este cenário com o coração cheio de mágoas. Não foi esta a Guiné que conhecemos outrora. Era uma Guiné em que a mata estava plena de mistério. Impunha respeito pelo porte das suas árvores e lianas, onde só à catanada se podia abrir caminho, pelos chilrear dos pássaros que tiveram de emigrar, porque lhe roubaram o habitat natural. Pelo silêncio que por vezes era ensurdecedor. Agora que os chimpanzés ousaram voltar e os elefantes e os búfalos, talvez estejam a pensar em emigrar de novo. Outrora foi o ruído das bombas assassinas, lançadas pelo homem que os afastou. Agora o mesmo homem que chorava a sua ausência, está de novo a expulsá-los, retirando-lhes as condições ideais para a sua sobrevivência.
Foi com o coração destroçado que cheguei a Cabedú. Rapidamente recuperei, recuperamos com o ambiente que se gerou com a nossa chegada. A comissão de mulheres gestora da enfermaria estava à nossa espera e com ela muitos dos seus habitantes para nos mostrar a excelente obra que a AD dinamizou com o apoio da TABANCA ONGD alemã que restaurou as instalações da Enfermaria e Centro Materno-Infantil e com o apoio da EDUCÁFRICA, a ONG da Maia que colocou a energia solar para alimentar o poço e iluminar todo o prédio, tendo enviado dois técnicos à Guiné para proceder à instalação. A Tabanca Pequena também colaborou oferecendo o equipamento necessário para a montagem do Centro Materno infantil. O equipamento hospitalar, camas, mesas, cadeiras, armários e marquesas forma oferecidos pela viúva do Capitão Neto, de saudosa memória que fez uma comissão em Guiledge.
Ainda em Cabedú pudemos conversar com as jovens bajudas que estão a organizar-se em associação para formar uma escola de costura. As máquinas de costura oferecidas pela Tabanca Pequena já lá estão, mas não funcionam. Um pequeno erro técnico do carpinteiro que fez as mesas atrasou o desenvolvimento do projeto. É convicção dos responsáveis que dentro de alguns dias a escola começará a funcionar.
O Tempo, nestas coisas de viagem por áreas que dão prazer em estar, tem o terrível defeito de correr demasiado depressa. Foi uma manhã em cheio, mas há que partir de novo. Alguém nos lembra que a população da Tabanca de Catesse está à nossa espera e “ameaça” vir ao nosso encontro a Cabedú para nos levar.
Partimos de novo infiltrando-nos pela floresta em picada de terra batida, como tem sido toda a nossa viagem deste dia. Foi um tempo para recordar o “boguinhas” para uns o “Pincha pincha” ou o “burro do mato” para outros, o velho Unimog [, 411,] que saltava e saltava… se saltava… Foi uma oportunidade para o nosso traseiro recordar esses tempos e testar a agilidade que parece que ainda não perdeu, segundo constatou o Francisco Silva.
A surpresa para nós, os dois casais em que as esposas se sentiam “periquitas” nestas coisas de Guiné, espantadas com tão caloroso acolhimento em todo o lado por onde passávamos, atingiu o máximo quando o motor da viatura anunciou a chegada e os tambores começaram a rufar, através da instalação sonora da Rádio Local. Dançava-se e cantava-se com toda a maestria. A juventude de um lado, os homens ao fundo e as mulheres garridamente vestidas sorriam e remexiam-se ao som da batucada e das palmas bem ritmadas.
Após tão agradável recepção que teimava em não acabar, para nosso deleite, mas porque a fome apertava, lá fomos para a sala de jantar debaixo de um coberto à vista de toda a gente. Até parecia que éramos gente importante e o petisco – Peixe de Chabéu – regado com sumo de cabaça, soube, se soube!
À nossa volta as mulheres preocupadas em receber bem estavam atentas ao mais pequeno pormenor ou gesto para logo acorrerem. Gratificantes momentos, que só demonstram como esta gente gosta de receber e quer receber o POOORTO, ou seja o Português, Ninguém arredou pé, pelo voltamos à arena logo de seguida para ser iniciada a verdadeira festa com danças guerreiras que jovens bajudas nos quiseram obsequiar.
E assim passamos a tarde à sombra de frondosos mangueiros carregadinhos até dobrar a espinha, ouvindo música e apreciando belas danças e peças de teatro com sentido moral, pois como dizia o locutor a cultura desenvolve-se pela acção do homem e em Catesse o homem quer desenvolver a cultura. Ainda deu tempo para uma visita ao rio Cumbijá na expetativa de um mergulho, mas a maré estava a baixar…
Fomos por fim visitar a Associação de jovens Bajudas, onde funciona a escola de costura com o apoio da tabanca Pequena que ofereceu duas máquinas de costura. Mestre e alunas no meio dos panos. A vontade de aprender é tanta que até se atropelam para chegar às máquinas. Trabalho não falta e mão-de-obra parece que também não. São precisas mais máquinas diz-me a presidente, uma jovem mãe sorridente com a sua bebé ao colo.
Com promessas de que vamos tentar um maior apoio no que respeita a máquinas de costura, partimos de novo a caminho de Iemberém, levando connosco sorrisos e despedidas. Mãos a acenar com um brilho estranho nos olhos. É que chegou a hora da despedida.
Esperava-nos um pitéu de estalo. Pita com molho de mancarra.
(continua)
Zé Teixeira
_________________
Nota do editor:
Último poste da série > 6 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11678: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (4): Visita ao Cantanhez e ás tabancas de Iemberém e Farim do Cantanhez... O poilão de Amílcar Cabral... Recordações do tempo de guerra: Contabane e Mampatá (eu e Abdu Indjai, avô da Alicinha); e Jumbembem (o Francisco Silva e o Galissá)
13 comentários:
Caro Zé Teixeira
Amigos & Camaradas
Dizes neste post que:
"A Tabanca Pequena também colaborou oferecendo o equipamento necessário para a montagem do Centro Materno infantil. O equipamento hospitalar, camas, mesas, cadeiras, armários e marquesas forma oferecidos pela viúva do Capitão Neto, de saudosa memória que fez uma comissão em Guiledge."
Verifico que se invoca os donativos de A B C etc e n vezes a omissão relativamente à nossa ONG Ajuda Amiga que também está envolvida no âmbito desses donativos e neste caso concreto, informo que para o equipamento hospitalar que se encontra em Cabedu e noutros lugares onde a AD opera se deve graças ao esforço dos voluntários da Ajuda Amiga e esta ONGD que envia um contentor de 40 pés por ano de Ajuda Humanitária para a Guiné, portanto, não compreendo porque se invoca o nome de quem doou o equipamento e não se refere os outros que também estão envolvidos. Aliás, para tua/vossa informação esse equipamento foi doado pelo Hospital Miguel Bombarda, embora com a intervenção da filha e esposa do Cap Neto.
Tenho dito em vários fóruns que não há concorrência entre as várias Associações portuguesas que prestam ajuda à Guiné, cada uma faz e oferece o que pode, mas vir para aqui para o blogue sempre com grandes "parangonas" omitindo os outros que estão envolvidos, não é correcto, pois posso aqui dizer que dezenas ou centenas de toneladas de ajuda foram enviadas para a Guiné desde 2008 pela nossa ONGD Ajuda Amiga graças ao esforço dos seus voluntários, sócios e dos seus amigos dadores.
Faço este comentário não para enaltecer a nossa associação, mas porque me incomoda ver aqui invocados A B C D etc que por vezes nem são os dadores mas os que colaboraram na obtenção dos donativos,omitindo quer as entidades que de facto doaram, que por vezes são oficiais e do Estado português, quer a nossa presença em situações em que estamos envolvidos.
Portanto, sejam justos, nós não queremos louros, mas invoquem todos que estão envolvidos nas situações ou então não venham para aqui com "parangonas..."
Um abraço
Carlos Silva
Carlos:
Fica aqui registada a tua indignada (mas oportuna e certeira) intervenção. Como diz o povo, "quem não se sente, não é filho de boa gente"....
Por certo que o Zé Teixeira não quis omitir deliberadamente o nome da ONGD Ajuda Amiga, a quem estão ligados nomes de camaradas e amigos que estimamos muito, como o tu, o Carlos Fortunato, o Manuel Joaquim e outros, e cujo trabalho merece o nosso apreço e respeito...
Peço-te que oportunamente nos mandes um texto com a síntese do vosso trabalho solidário mais recente, na Guiné-Bissau, para divulgação no blogue e conhecimento dos demais camaradas e amigos da Guiné que nos leem.
Um Alfa Bravo. Luís Graça.
Amigo Carlos
Eu não tenho dúvidas quanto ao trabalho que a Mão Amiga tem desenvolvido.
Porém, não posso transmitir aquilo que não sei, não tive conhecimento por via directa ou indirecta da vossa participação no projecto.
Se reparares no cartaz identificativo do projecto da Enfermaria de Cabedú, não menciona nem a Tabanca Pequena, nem a Mão Amiga.
Eu sei que a TB colaborou. Eu sei que a EducÁfrica colaborou na electrificação porque intermediei.
Eu sei que a Filha do falecido capitão Neto, conseguiu por parte Hospital Miguel Bombarda o apoio no equipamento.Eu Sei que a TABANKA financiou as obras de recuperação porque o desafio foi posto à TB, mas não tínhamos condições financeiras para concretizar.
Como creio compreendes, não posso escrever sobre aquilo que não sei
Quanto à afirmação das "grandes paragonas" deve haver confusão de tua parte. Apenas integrei no texto de crónicas de uma viagem factos constatados. Se tivesse conhecimento da vossa participação meritória, teria mencionado com todo o gosto.
Quanto à "concorrência" só pode haver uma - Fazer o melhor e o mais possível por aquele povo.
Abraço fraterno
Zé Teixeira
Carlos e Zé:
Leio no sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento a seguinte notícia de 19/4/2013:
_________________
Inaugurado o Centro de Saúde de Cabedú:
No sul da Guiné-Bissau, em plena mata de Cantanhez, a população da tabanca de Cabedú decidiu reabilitar o antigo Centro de Saúde que há dezenas de anos não funcionava.
Com o apoio da ONG alemã Tabanka que contribuiu para a reconstrução do edifício e o abastecimento de luz solar, a família do Capitão José Neto que forneceu camas e mobiliário hospitalar e a EducAfrica que instalou um sistema de iluminação solar directamente para a sala de partos.
O Ministro da Saúde, Agostinho Có, assegurou a sua presença e contribuiu com um lote de medicamentos, garantindo a afetação de um enfermeiro a tempo inteiro.
A Drª Sonja Schwab, da Tabanka, realizou sessões de formação para matronas, planeamento familiar para jovens raparigas e divulgação da utilização de plantas medicinais nas escolas EVA do sul.
___________________
http://www.adbissau.org/
mls [Manuel Lema Santos]
12 Jun
Florestas da Guiné-Bissau estão a ser metidas em contentores - PÚBLICO
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/florestas-da-guinebissau-estao-a-ser-metidas-em-contentores-1596967
Reproduz-se aqui a notícia, com a devida vénia, em duas partes, por exceder os 4096 caracteres permitidos pelo Blogger:
Florestas da Guiné-Bissau estão a ser metidas em contentores
LUSA 10/06/2013 - 11:55
Destruição maciça da floresta de madeira pau-sangue, alerta ambientalista.
Nas matas da Guiné-Bissau há pessoas a cortar madeira contra a vontade das populações, um fenómeno recente que o ambientalista Bocar Seidi resume numa frase: "Estamos a assistir a um desastre ecológico".
"Há uma destruição maciça da floresta" da Guiné-Bissau, afirma o jovem no meio das matas de Colbuia, uma aldeia do sul do país, na região de Quebo, já perto da Guiné-Equatorial.
Foi lá que falou à Lusa, no meio de uma estrada improvisada mata dentro e com barulho de motosserras em fundo. Porque nas matas de Colbuia, além de Seidi, há madeireiros a cortar todas as árvores de pau-sangue e há gente a carregar os toros de madeira em contentores.
O corte de madeira sem controlo começou no início do ano por todo o território da Guiné-Bissau, de acordo com as notícias que têm surgido repetidamente na imprensa. Notícias de desmatação descontrolada na região de Farim, leste, na região de Cacheu, a norte, na região de Bafatá, também a leste.
E desmatação descontrolada também a sul, nas matas de Colbuia, como constatou a Lusa. Bocar Seidi diz que o mesmo se passa nas localidades vizinhas de Cumbijã, Nhacuta ou Lenguel, e aponta o dedo a empresários chineses.
"Fomos invadidos pelos projectos chineses, que de facto esta zona está a ser cortada de um lado para o outro", diz o jovem, que faz parte da associação ambientalista Adecol (de Colbuia). E de facto por todo o lado se vêem troncos de árvores prontos a serem transportados e restos do que já foi árvore pau-sangue, única madeira usada na Guiné-Bissau para fazer alfaias agrícolas.
Até agora a floresta tinha sido preservada mas em Janeiro tudo mudou, conta, afiançando que dali já foram levados 32 contentores de madeira, cada um com 16 toneladas. Especialmente os jovens, adianta, reagiram contra, chegando a apreender motosserras e mandado para casa os madeireiros, a maior parte contratados na vizinha Guiné-Conacri.
E queriam também uma reacção do Governo mas até agora nada, diz. A região é zona protegida e toda a população, garante, está contra o corte, incluindo os anciãos. Mas quando questionado se a culpa é dos chineses a resposta é pronta: "Os responsáveis não são os chineses, são os guineenses que pegaram no contrato e lho deram para fazer a devastação".
(Continua)
Florestas da Guiné-Bissau estão a ser metidas em contentores - PÚBLICO
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/florestas-da-guinebissau-estao-a-ser-metidas-em-contentores-1596967
Reproduz-se aqui a notícia, com a devida vénia, em duas partes, por exceder os 4096 caracteres permitidos pelo Blogger:
Comentário enviado pro Mnauel Lema Santos:
Florestas da Guiné-Bissau estão a ser metidas em contentores
LUSA 10/06/2013 - 11:55
Destruição maciça da floresta de madeira pau-sangue, alerta ambientalista.
Notícia do Público, 10/6/2013
http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/florestas-da-guinebissau-estao-a-ser-metidas-em-contentores-1596967
(II Parte)
Luta pela sobrevivência
Tagmé N´Bunde, da tabanca (aldeia) de Lenguel, está com outros jovens junto de um contentor meio carregado por vários cidadãos da Guiné-Conacri. Também acusa empresários chineses e garante que aquele contentor está apreendido. Um cidadão de origem chinesa deixou apressadamente o local sem ser possível à Lusa questioná-lo.
Mas os motivos que os levam a impedir o carregamento são outros. "Enquanto não nos deram o que prometeram a madeira não sai", diz à Lusa, explicando que empresários chineses tinham dito que iriam construir uma escola, um poço e arranjar o campo de futebol, provendo-o de equipamentos. Até agora nada foi feito, afirma.
Em Colbuia também o líder juvenil Rashid Bari resume assim a sua revolta: "Fizemos uma reivindicação para parar o corte de madeira porque não estamos a beneficiar nada". Na tabanca, não longe da estrada alcatroada, um monte de madeira aguarda num contentor.
No centro da aldeia juntam-se os anciãos, os "homens grandes". Sentados em roda, solenes, explica um: "Há pessoas que invadiram as matas e não nos entendemos com eles, não aprovamos isso, aqui vivemos da floresta, já apresentámos queixa às autoridades e disseram que tínhamos razão mas ainda não vimos nenhum resultado".
Issa Seidi é um dos líderes da comunidade. Lembra que sem árvores e com o barulho das motosserras os animais se vão embora, diz que "estão a destruir tudo" e avisa que quem tocar na floresta vai ter problemas.
"Podem matar-nos mas não vamos abandonar a floresta, estamos a lutar pela sobrevivência dos nossos filhos", diz pausadamente, acrescentando que toda a população está contra.
No final todos os anciãos se baixam e rezam. Em silêncio e em dialecto Fula, se calhar pela floresta. A escassos quilómetros o barulho dos insectos e dos pássaros rivaliza com o de motosserras. Por todos os lados, nas matas de Colbuia.
Os novos colonialistas têm um nome e um rosto: o capitalismo indiano, com o oligopólio do caju; o capitalismo de estado chinês, em nome de uma falsa cooperação; o Banco Mundial, o FMI, etc.
Para vais pobre Guiné-Bissau ? Dentro de 50 anos, corres o risco de ser uma extensão do deserto do Sará...
PS - Claro que eu não esqueço os crimes ecológicos dos nossos madeireiros até aos anos 60... Mas há aqui um problema de escala, quando comparamos as realidades de ontem e de hoje...
No tempo dos "tugas", a exploração florestal estava muito confinada à região do Cacheu. A árvore mais apreciada e comercialmente mais valiosa era então o bissilão. O Rio Cacheu permitia um escoamento fácil até Bissau.
Foi com a II Guerra Mundial e o aumento das cotações da madeira, que se intensificou a exploração florestal na Guiné.
A madeira era exportada em toros, sobretudo para a metrópole (c. 90%, indo o resto para Cabo Verde). As serrações eram arcaicas, artesanais.
Em 1960 exportou-se c. de 13,5 mil toneladas, com um valor total de 6734 contos; depois do início da guerra colonial, há uma quebra brusca: exportam-se apenas 3,4 mil toneladas / 1848 contos, em 1965...
Mas já havia preocupações com o abate sem normas por parte dos madeireiros, e sem preocupações de repovoamento, práticas que podiam comprometer "o futuro florestal da província", a par das tradicionais queimadas feitas indisciplinadamente pelos agricultores guineenses...
É bom também não esquecer os efeitos nefastos, que tinha para a erosão dos solos, a cultura da mancarra: 40 mil toneladas /126 mil contos, em 1961; 15,2 mil em 1965 (64,2 mil contos)...
Nada que se compare com a produção atual de caju: 110 mil toneladas / 100 milhões de euros (em 2011)...
Os fulas, no meu tempo, chamavam á mancarra a "semente do diabo"... Hoje é o caju, que está a matar à fome os pobres camponeses guineenses...
Caro amigo Zé Teixeira
Quando te vi na fotografia a beber aquela água, pensei cá para mim, que satisfação estará a ter o meu amigo Zé neste momento e ninguém merece mais do que tu essa satisfação.Um abraço.
Manuel Carvalho
Caro Zé Teixeira
A nossa ONGD não tem a designação de Mão Amiga e a denominação é a seguinte:
AJUDA AMIGA - Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento
http://ajudaamiga.com.sapo.pt/
Caro Luís
Já vi aqui referências a Agostinho Có, devo informar-te que o nome do actual ministro da saúde é o Dr Agostinho Cá, e não Có o que é muito diferente. É nosso amigo pessoal e dos portugueses e é um excelente Homem que nos merece toda a consideração.
Já aqui vi a foto dele em Cabedú, mas não me recordo qual o post
Aqui fica a correcção
Um abraço
Carlos Silva
Luís
O Dr Agostinho Cá, é o que está na foto com um pano xadrez na mão, que deveria estar a cobrir a placa do Centro de Saúde de Cabedú e que ele foi inaugurar, conforme podes ver no sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento de 13/4/2013
As camas e não só, que se vêem nas fotos, passaram pelas minhas mãos em diversas ocasiões. Descarregamento e carregamento na Amadora, descarregamento e carregamento para o contentor em Camarate.
Um abraço
Carlos Silva
Carlos: Obrigado pelas correções:
(i)A tua ONGD é Ajuda Amiga, e não Mão Amiga (, como referiu por um "lapsus linguae" o nosso Zé Teixeira)...
http://ajudaamiga.com.sapo.pt/
(ii) O atual ministro da saúde é o dr. Agostinho Cá, e não Có (, o lapso é da página da AD)...
Pedimos desculpa ao dr. Agostinho Cá pelo lapso, que resproduzimos também no nosso blogue, nesta secção de comentários...
Um Abraço. Luis
Amigo Carlos.
Desculpa a troca do nome. Sei bem que se chama Ajuda Amiga ONGD e tenho acompanhado o vosso blogue.
Também conheço a Mão Amiga e troquei o nome.
Abraço
Zé Teixeira
Enviar um comentário