quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Guiné 63774 - P12197: Tabanca Grande (411): Augusto Pereira Baptista, ten-cor ref, ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70), devidamente apresentado e apadrinhado pelo Armando Pires


1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires [, foto à direita, com o Augusto Baptista, ainda muito recentemente, em Lisboa, no Chiado (*)]


Data: 23 de Outubro de 2013 às 17:00

Assunto: Capelão Augusto Pereira Baptista


Meu caro Luís Graça, Camarada.

Um pedido teu é uma ordem (**). Aqui tens a "ficha de inscrição" do nosso capelão Augusto Pereira Baptista, acompanhada das respectivas fotos, sendo que na foto da actual vão duas à tua escolha.

Faço acompanhar a sua apresentação de uma nota pessoal. minha, que espero não desmerecer.

Saudações a ti e a todos os camaradas, do

Armando Pires



Foto do ex-alf mil capelão Augusto Baptista, c. 1969

2. Apresenta-se o Augusto Pereira Baptista, ten-cor ref, ex-alf mil capelão CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã. 1969/70)

É nos momentos de felicidade e alegria, e nos momentos de sofrimento e dor, que a presença dos amigos nos é querida.

Como sabem, na madrugada de 27 de Setembro, fui assaltado e roubado, na residência paroquial. Fiquei bastante mal tratado e com duas costelas partidas. (*)

Neste momento estou em recuperação e agradeço toda a onda de solidariedade, manifestada por tantos amigos e camaradas da Guiné.

De vós, aceito o convite que me lançaram. Tenho imenso prazer em fazer parte dos amigos da Tabanca Grande.

Augusto Pereira Baptista
ten cor capelão, reformado
[, foto atual, à direita]


3. Folha de serviço militar do Agusto Baptista, novo membro da Tabanca Grande, nº 631

(i) Fev/1969 - Dez/1970 >  Guiné - Capelão Militar do BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70);

(ii) Jul/1978 - Nov/1982 > Capelão Militar das Tropas Paraquedistas,  em S. Jacinto;

(iii) Nov/1982 - Ago/1988 > Capelão das Tropas Paraquedistas em Tancos;

(iv) Ago/1988 - Out/1990 >  Capelão-Adjunto da Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Força Aérea,  em Lisboa;

(v) Out/1990 - Jul/1995 > Capelão do Hospital da Força Aérea no Lumiar, Lisboa;

(vi) Jul/1995 - Mar/2000 > Capelão - Chefe da GNR - Guarda Nacional Republicana, em Lisboa


4. Nota pessoal do ex-fur enf Armando Pires, da CCS do BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) [, foto de L.G., à direita; Tabanca da Linha, 17/10/2013]


Fiquei muito honrado pela tarefa que o Luís Graça me confiou. Trazer até nós o capelão Baptista (**).

Não sou a pessoa indicada para falar do seu trabalho religioso junto dos nossos camaradas na Guiné.

Mas posso falar do homem, como já aqui o fiz no P9978. (***)

Porque o Baptista, senhor de uma grande serenidade e força comunicacional, tinha sempre a palavra certa, fosse ela de amizade, de compreensão ou de estimulo, para aqueles que, como eu, não seguiam a sua fé.

É pelo ombro que nos momentos difíceis me emprestou, que lhe tenho esta amizade.

Mas o Baptista também era, e é, dotado de um enorme sentido de humor. Deixo para que ele resolva nas suas próprias confissões, as conversas brejeiras que tinha connosco, algumas de nos levarem às lágrimas.

Mas conto-vos como ele resolvia a fama que tinha de nunca estar onde o IN atacava. Fosse em Bula, fosse em Bissorã, fosse nos aquartelamentos do sector onde levava o seu trabalho espiritual, na hora do PAIGC atacar o Baptista não estava lá.

Tal fama deu origem às situações mais caricatas. Desde o bom do Crasto que, quando o Baptista saía,  não arredava pé do abrigo das transmissões, até a um influente membro da comunidade de Bissorã, o qual, tendo visto chegar o DO que fazia o sector, indagou se o capelão ia viajar. É que ele tinha prevista, para daí a dois dias, uma festa de aniversário no clube social da vila, e queria prevenir-se.

Mas vejam lá que era entre a população nativa que estas coincidências maiores interrogações provocavam. E o que lhes dizia o capelão Baptista?
- Ó pá! Vocês não sabem a força do Irã branco. Se o inimigo ataca o Irã branco,  fica manga de chateado. E com o Irão branco o inimigo não brinca.

Mas diz o povo, na sua infinita sabedoria, que tantas vezes o cântaro vai à fonte que uma noite o Baptista estava lá. E mesmo assim, não sem que o DO que o levaria a Binar, tivesse ficado retido em Bissau, com avaria. 

Nem eu nem ele sabemos precisar em que noite foi. Mas garantidamente ocorreu, em Bissorã,  já com a comissão a terminar.

Contou-me ele que, findo o ataque, meteu-se no jeep e foi para o comando. Nos metros que fez a pé não parava de tropeçar. Levava as botas calçadas ao contrário...

Que a fé do Baptista o conserve entre nós, durante muitos mais anos. Armando Pires



Guiné > Região do Oio > Bissorã > CC/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > "O alf capelão Baptista,  de pressão de ar ao ombro, após uma caça à passarada".



 Chaves >   1968 > "Eu e o capelão Baptista, em Chaves, quando formávamos batalhão" [, o BCAC 2861].



Guiné > Região do Cacheu > Bula > CCS / BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > "Eu e o capelão Baptista. Em Bula, à porta da missão católica".


Fotos: © Armando Pires (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


5. Comentrário de L.G.:

São dois seres de eleição, o Armando e o Augusto!

O Armando já é nosso grã-tabanqueiro e temo-nos delicidado com as suas estórias de "ribatejano, fadista e enfermeiro". Conheci-o finalmente, ao vivo, em carne e  osso, no último almoço-convívio da Tabanca da Linha, em 17/10/2013, e as minhas expectativas foram superadas... Confesso original é ainda melhor do que a cópia... E tive oportunidade de me dar conta da sua grandeza de alma: homem da rádio, com provas dadas na Metrópole, antes de ir para a tropa. mas também fadista talentoso e promissor, o Armando tinha tudo (conhecimentos, relações, cunhas e tudo!...) para ficar em Bissau, no "bem bom", a trabalhar no PFA - Programa das Forças Armadas e, à noite, a cantar fados num conhecido, muito afreguesado,  restaurante da capital da província... E quando a razão puxava para um lado, o coração, mais forte, puxou para  o outro, e ele decidiu que não podia abandonar os seus camaradas que já conhecia de Chaves e que iam para o mato, para a guerra, para a região do Cacheu (Bula e, depois, mais tarde, para Bissorã, na  mítica e temível região Óio)...

E lá foi com eles para Bula e, depois, Bissorã... (Prometo que ele vai contar "esta cena", de viva voz, um dia destes!... Infelizmente, não há medalhas para estes grandes gestos de camaradagem, humanidade e verticalidade ...).

Quanto ao nosso capelão, Augusto Baptista, é uma honra tê-lo aqui, na nossa companhia, à sombra do nosso mítico, mágico, sagrado poilão da Tabanca Grande. A gente promete tratá-lo bem, acarinhá-lo, apaparicá-lo, protegê-lo. Da parte dele, esperamos que nos conte algumas histórias de capelania, umas, ou caserna, outras, que o pessoal é todo olhos e ouvidos... E, claro, temos a certeza que ele vai também velar por nós e rezar por nós, crentes e não-crentes!.. Bem, vindo, camarada Baptista!... És o nosso grã-tabanqueiro nº 631 (****).

PS - E já que falamos de capelães (e nós temos mais de 50 postes com referências aos nossos capelães!...), registe-se os nomes (e indique-se os links) dos três ex-capelães que já nos deram a honra de acamaradar connosco, sob o poilão da Tabanca Grande (, cito por ordem cronológica de entrada):

(i) Mário de Oliveira, ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912 (Mansoa, 1967/68)

(ii) Arsénio Puim, ex-alf mil capelão, CCS/BCAÇ 2917 (Bambadinca, 1970/72)

(iii) Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1911 (setembro de 1967 / maio de 1969) e BCAÇ 2852 (Bambadinca, maio/dezembro de 1969).

11 comentários:

Anónimo disse...

Armando Pires Amigo: Agora que estás em sintonia com um dos enviados de Deus na Terra, será também a altura de veres o que podes fazer pelo teu Belenenses, embora me pareça que milagres nem o nosso Capelão consiga fazer. Parabéns por teres conseguido trazê-lo até nós. Um abraço
Veríssimo Ferreira

Henrique Cerqueira disse...

Camarada Augusto Pereira
é assim mesmo que o vou tratar.Assim sendo e antes de mais adendas seja muito bem vindo ao seio destes tertulianos amigos e venha nos contar como apanhava a passarada para melhoramento do rancho geral (penso eu)e já agora como conseguiu calçar as botas ao contrário.
Também estive em Bissorã mas entre 72/74.
Fico satisfeito em saber que o Augusto está em franca recuperação após o vandalismo que sofreu.Diz o Armando Pires que o Augusto é um excelente humorista daí lhe penso que encare o que lhe vou dizer com esse sentimento ou seja;Será melhor daqui para a frente que o Augusto não confie demasiado no " NOSSO IRÃ BRANCO" é que ele ás vezes anda distraído (e até se entende os políticos não lhe dão paz),daí que tal o Augusto pensar assim numa maneirita de aprender uma auto-defesa,olhe que umas chaves dentro da mão não servem só para abrir portas... Que o Nosso Deus me perdoe ,pois que sou católico praticante,mas nos tempos que correm há que nos adaptarmos.
Padre Augusto agora a sério,um grande abraço e mais uma vês Bem Vindo.
Henrique Cerqueira

armando pires disse...

Meu caro Luís Graça.
Tenho sido tratado por ti, e por todos os camaradas tabanqueiros, acima das minhas expectativas.
Mas hoje, no teu comentário, foste mais longe, excedeste-te.
Só me resta dizer-te,
Muito Obrigado, Camarada.
armando pires

Luís Graça disse...

Armando:

Nada como os nossos convívios. Em 17/10/2013, na Tabanca da Linha, conheci alguns camaradss novos, entre eles, tu e o Veríssimo Ferreira.

Não estou a querer ser simpátioc, muito menos quero ser "manteigueiro" ou "sabujo"... Tanto tu como o Veríssimo, que eu conheci, "ao vivo, em carne e osso", no último convívio da Tabanaca da Linha, em 17/10/2013, são de facto muito muito melhores do que a "cópia", a "criatura", o "personagem", o "boneco"... São únicos, são os "originais", s~~ao os "criadores"... Eu prefiro sempre o criador à criatira...

Compreense-se: eu só conhecia os "virtuais"...

O conhecimento pessoal tem uma vantagem: reforça as nossas impressões de uma pessoa, positivas ou negativas... Nunca se deve, de resto, fazer "juizos de valor", com base num conhecimento distanciado de uma pessoa...

De qualquier eu entendo os receios de um comandante do PAIGC como o Bobo Keita (ou Queta)... No final da guerra, depois do 25 de abril, ele não queria que os seus homens "acamaradassem" com os tugas, nos aquartelamentos e destacamentos destes... Se a luta tivesse que ser retomada, falhadas as conversações de paz, era mais diifícil, de um lado e do outro, voltar a matar...

É dos "livros": Quando um homem olha outro homem, "olhos nos olhos", mesmo que este seja "seu inimigo", tem muito mais dificuldade em matá-lo...ou condená-lo...

Et voilá!

Tony Borie disse...

Olá companheiro Augusto Baptista.
Bem vindo e espero que se restabeleça o mais rápido possível.
Pelo que estou lendo, andou por Bula e Bissorã, talvez tivesse andado também por Mansoa.
Se andou, conte alguma coisa de lá por favor.
Um abraço, Tony Borie.

Tony Borie disse...

Olá companheiro Augusto Baptista.
Bem vindo e espero que se restabeleça o mais rápido possível.
Pelo que estou lendo, andou por Bula e Bissorã, talvez tivesse andado também por Mansoa.
Se andou, conte alguma coisa de lá por favor.
Um abraço, Tony Borie.

armando pires disse...

Caro Luís Graça.
Camarada
Grande "chefe".
Não vamos andar aqui a trocar flores, não é?
Além do mais, como em tempos disse um conhecido politico, "as condecorações não se discutem. Aceitam-se e agradecem-se".
E nenhum daqueles adjectivos impróprios, ainda que deixados entre aspas, me passou pela cabeça.
Portanto, e disto isto, segue jogo.
armando pires

admor disse...

Ah grande Armando, que conseguiste converter um sacerdote da fé de Cristo em bloguista do Luís Graça e Camaradas da Guiné.

Um grande abraço para ti e para o nosso novo Tabanqueiro Capelão Augusto Baptista a quem desejo o seu rápido restabelecimento e como Deus manda que se distribua a todos por igual o meu grande abraço para todos os outros.

Adriano Moreira

Luís Graça disse...

Malditas gralhas, agora transformadas em (er)ratas importantes!...

Armando e veríssimo: Eu queria dizer...

(...) Não estou a querer ser simpático, muito menos quero ser "manteigueiro" ou "sabujo"... Tanto tu como o Veríssimo, que eu conheci, "ao vivo, em carne e osso", no último convívio da Tabanca da Linha, em 17/10/2013, são de facto muito muito melhores do que a "cópia", a "criatura", a "personagem", o "boneco"... São únicos, são os "originais", são os "criadores"... Eu prefiro sempre o criador à criatura...

As minhas desculpas... São as pressas... LG

Henrique Cerqueira disse...

Camarada Luís Graça.
Calma aí que o adgetivo de "Manteigueiro" era antigamente muito aplicado aos rapazes da Foz do Douro e porque na época há falta dos actuais bronzeadores ou como é moda dizer protectores solares a malta quando ia para a praia besuntava-se com manteiga e cacau para ficar moreno e impressionar as miúdas.Daí esta minha intromissão no teu diálogo com o nosso camarada Armando.
Um abraço
Henrique Cerqueira

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Abençoada seja a amizade e a camaradagem!

Sem dúvida que a persistência do Armando, com grande coração, com grande afectividade e bom amigo, deve ter sido decisiva para a adesão de Augusto Baptista. Mas também acho que a 'onda de solidariedade' que o Armando fez despoletar, via Blogue, ajudou muito a que o Sr. Padre Baptista visse com 'bons olhos' associar-se, ainda que 'virtualmente' a esta companhia.

Pois que recupere rápida e completamente das sequências do cobarde ataque de que foi vítima e que se possa sentir bem entre nós.

Abraço
Hélder S.