quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12323: Blogoterapia (241): Somos todos privilegiados sobreviventes (Vasco Pires)

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72) com data de 16 de Novembro de 2013:

Caríssimos Carlos/Luís,
Cordiais saudações.

Na semana passada recebi a honrosa visita do meu amigo e nosso camarada Arménio Cardoso - CART 6252/72, que também bebeu das "águas escuras e amargas" do Rio Sapo.

Lembrando quantos dos Nossos por lá ficaram e outros tantos voltaram mutilados no corpo e/ou na Alma, tivemos pois que concluir que somos todos privilegiados sobreviventes.

Há tempos ouvi o depoimento de um membro da E Company, 506 Infantry Regiment (United States), do tão mediatizado Band of Brothers, dizia ele que muitas décadas depois, nas frias noites do rigoroso inverno Americano, quando ia para a cama, falava para a esposa:
- Ainda bem que não estou em Bastogne!

Eu também, sem fazer comparações, claro, no fim desses dias em que a vida parece "Madrasta", penso:
- Ainda bem que não estou em Gadamael.

Forte abraço
VP


Vasco Pires e Arménio Cardoso da CART 6252/72


Arménio Cardoso da CART 6252/72 e Vasco Pires


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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12316: Blogoterapia (240): Penso na Mata do Morés e chego a sonhar que a conheci (Francisco Baptista)

8 comentários:

Luís Graça disse...

Grande Vasco:

Como eu entendo a tua expressão, "fomos todos privilegiados sobreviventes", mesmo se a vida não pode ser vista como um "privilégio" ( do latim, "lei privada", exceção, direito ou vantagem concedido a alguém, com exclusão de outros...).

Pelo contrário, a vida é um direito universal... Mas, concordo contigo, Gadamael, Madina do Boé, Guidaje, Ponta do Inglês, Canquelifá, Gampará, Mampatá, Mandina/Belel, e tantos outros topónimos da Guiné que ainda hoje gostamos de recordar (, não por masoquismo, como por vezes nos querem acusar...) não são passaporte para a "eternidade", não dão entrada no "Olimpo" dos deuses e dos heróis, mas fazem parte da nossa história, humana, terrena...

Um grande abraço fraterno para ti e para o Arménio, daqui da Ilha de Luanda. Luis

Manuel Reis disse...

Amigo Vasco:

Como estás diferente, fisicamente,dos tempos da nossa juventude!. Era impossível reconhecer-te com a imagem que me ficou dos tempos de outrora.
Ainda bem, aparentas óptima saúde, nada indicadora, da água que bebeste do rio Sapo.

Não te esqueças do nosso compromisso... A caçoila!...
Um forte abraço.

Manuel Augusto

Anónimo disse...

Caríssimo Manuel Augusto,

Cordiais saudações "Bairradinas",

Como deves lembrar, nos tempos da nossa infância, só se comia chiba velha,claro, as novas ainda serviam para procriar.Naqueles tempos, como apregoava o Senhor Antonio das Botas, com as excepções que ainda lembramos, éramos "pobres num país pobre". Aí nos convenceram que éramos europeus, e quase nos convenceram que europeus ricos.Depois como ousou dizer, o acima de qualquer suspeita Sr. D. Barroso,:"a ilusão de opulência, nos levou à crise". Logo, temos pois de voltar a tentar encher a caçoila com chiba velha.

forte abraço
Vasco Pires

Manuel Reis disse...

Amigo Vasco:

De acordo contigo, temos de voltar à origem, a comer "chiba velha" que se arrasta dos tempos napoleónicos. Pelo que sei a " chanfana " teve origem nessa altura. Os franceses quando invadiram o Buçaco, na 3ª invasão, limparam tudo o que de bom existia na região, deixaram apenas as rezes velhas e a única maneira de aproveitarem essa carne, dura e de mau gosto, foi transformá-la nesse prato delicioso.
Estamos entendidos Vasco,então "chiba velha"!.

Um abração.

Manuel Augusto

Anónimo disse...

Estamos entendidos: "chiba velha"

forte abraço
Vasco Pires

Anónimo disse...

Caríssimo Manuel Augusto,

Já que estamos falando do património cultural da "GRANDE NAÇÃO BAIRRADINA", aproveito para lembrar a aula do nosso saudoso Mestre DR. Manuel dos Santos Oliveiros, sobre outro ícone da nossa cultura:
http://www.leitaobairrada.com/artigo.php?id=432

forte abraço
VP

Manuel Reis disse...

Caríssimo:

Caro amigo Vasco, com a tolerância e compreensão da nossa equipa editorial, vamos trocando ideias sobre os sabores e saberes da nossa região bairradina, aqui neste espaço.

Extremamente rico, pela diversidade de conhecimentos da nossa região bairradina, o texto do nosso inesquecível professor de Biologia Manuel Oliveiros, que enviaste bem enfeitado pelo "loirinho" leitão.

É notória a tua ligação à nossa região, apesar do tamanho do oceano que te separa e que registo com agrado.

Bem-hajas Vasco.

Saudações bairradinas.

Um abraço.

Manuel Augusto

Tiago Lage disse...

Olá!
Era só para cumprimentar o Sr. Luis Graça pela amabilidade que teve em me procurar.
Tenho a vida bastante preenchida a ajudar outros, seja pela minha escrita voluntária há quase 30 anos, seja num Projecto Educativo com a Universidade de Coimbra com quem trabalho, como voluntário, há mais de 20 anos (PROSEPE/Clubes da Floresta).
A vida é uma caminhada rápida na Terra e se ajudarmos outros tem mais sabor.
Não recebendo nada em troca pelo que dou, sinto que recebo muito mais do que dou.
Jorge Lage
O meu último livro etnográfico sobre o castanheiro e a castanha, «Memórias da Maria Castanha», pode ser consultado na Livraria Minho em Braga ou na Livraria Académica no Porto. Alguns textos meus aparecem no blogue: tempocaminhado.