quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12320: In Memoriam (171): Alferes Miliciano Adelino da Costa Duarte do 3.º Pelotão/CCAÇ 1416/BCAÇ 1856, morto em combate no dia 22 de Novembro de 1965 (Manuel Luís Lomba)

1. Mensagem do nosso camarada do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), com data de 9 de Novembro de 2013:

Prezado Amigo e camarada de armas Carlos Vinhal,
Vivi a ocorrência da morte do alferes Adelino, a leitura do livro Uma Campanha na Guiné, do Manuel Domingues, trouxe-me a sua lembrança e a efeméride da data levou-me a escrever esta narrativa, a evocar o acontecimento e o seu contexto, para editar, se lhe reconhecer mérito. 

Receba um abração, extensivo à malta que dá vida ao blogue
Manuel Luís Lomba


In Memoriam, 48 anos depois...

Alferes Miliciano Adelino da Costa Duarte

A vigília do alferes miliciano Adelino da Costa Duarte à sua própria morte em combate, comandante do 3.º Pelotão, da CCaç 1416, destacada em Nova Lamego, de reforço operacional ao BCav 705, na noite de 21 de Novembro de 1965.

A CCav 703 nomadizava há dois meses em Cufar e, naquele domingo, pelas 22H00, a voz troante de Manuel Alegre, vate da Trova do Vento Que Passa, então locutor da Rádio Portugal Livre, de Argel, anunciou que o seu amigo Amílcar Cabral acabava de abrir a Frente Leste da guerra da Guiné, que os famigerados barbudos de Cuba vinham reforçar o PAIGC e regozijava com a expectativa da derrota dos seus camaradas de armas, em sofrido cumprimento do seu dever na então Província Ultramarina portuguesa.

Depois dos 63 dias dessa nomadização em Cufar, fomos dar com os costados a Buba, via Bissau, e andávamos a passar as penas do inferno de ferro e fogo por Nhala e Incassol (o camarigo João Parreira, dos Comandos Os Fantasmas, recebeu um estilhaço de RPG, próximo de mim), quando a nossa intervenção foi abreviada, para regressamos apressadamente ao Forte da Amura, em prenúncio de algo de novo. A alvorada do dia seguinte aconteceu sem toque de clarim, para não perturbar o sono à Companhia de Polícia Militar 590 nossa vizinha e, cansados, estremunhados e sem outra bagagem, senão armamento e munições, atravessamos a Bissau adormecida, com destino à Base Aérea de Bissalanca, e os Dakota iniciaram uma ponte aérea, a colocarem-nos de emergência em Nova Lamego, capital do Leste da Guiné, com a companhia do próprio Comandante-Chefe, brigadeiro Arnaldo Schulz, logo no primeiro. Distribuíram-nos de imediato, a nível de secção, pelas pequenas tabancas de Pinto da Silva, Cheche, e Camajabá, nas missões de tampão às já então sacrificadas guarnições de Canquelifá, Madina do Boé e Buruntuma.

Iniciamos então o contacto com um território diferente, desarborizado, descampado e também despovoado, pelo trabalho do Vitorino Costa, um dos primeiros comandantes do PAIGC, que não obstante ter recorrido aos requintes de malvadez terrorista, não conseguirá nem escorraçar nem esmorecer a fidelidade das populações fulas a Portugal. Em contraste com o Oio e o Cantanhês, o Gabu era um campo de batalha aberto, que na altura não era exclusivo da malta do PAIGC, porque os Paraquedistas da República da Guiné, da base fronteiriça de Kandica, começaram por lhe proteger a retaguarda e depois associaram-se-lhe ao fogacho contra nós, bazofiadores, a ostentar as suas vistosas boinas vermelhas. Obrigámo-los a vazar “no gosse-gosse”, logo ao segundo contacto e nem todos regressaram à base da partida. Após um ano a guerrear o PAIGC por aqui, ali e acolá, foram esses combates na savana do Gabu que nos fizeram sentir como verdadeiros soldados portugueses de sempre.

A CCav 703 foi destinada à quadrícula em Buruntuma, em plena época das chuvas e a nossa decadência física agravou-se, como pacientes do paludismo, combatido com doses cavalares de comprimidos “Camoquin”. A febre foi debelada, mas eu entre outros, dos quais apenas o Cabo Pedrosa me acode à memória, perdemos as forças, ficamos esqueléticos e dobrados a meio, a movimentarmo-nos arrimados a paus, à laia de bengala, tal o grau da nossa debilidade, dizia-se que em consequência do plasmódio inoculado pelo mosquito anopheles se nos ter alojado nos rins. Buruntuma era como que um labirinto e o capitão Lacerda não dispensava a quem restasse força para puxar o gatilho, no entanto, graças ao alferes médico Dr. Sequeira, condescendeu em mandar passar-nos a guia de marcha para a sede do Batalhão, em Nova Lamego, em demanda do tratamento especializado, ministrado no posto médico da Circunscrição, com valências em paludismo e na doença do sono, criação do Dr. Maurício, lendário missionário da Saúde no chão da Guiné.

Buruntuma

Foto: © Luís Guerreiro (2012). Todos os direitos reservados

Fomos encontrar a CCaç 1416 adida ao nosso Batalhão, como subunidade de intervenção do Sector, que se revelou malta fixe, descontraída e miliciana (a começar pelo seu capitão, Jorge Monteiro), em contraste com os tiques ou complexos elitistas da Cavalaria. Com o tratamento endovenoso as pernas pareciam peadas, o manquejar agravou-se e aqueles camaradas não regateavam o apoio à decrepitude deste mais velho. E uma tarde fui com alguns para o já conhecido bar dum casal libanês, na rua principal da capital do Gabu, que tinha um anúncio escrito a giz, sobre uma padieira: temus bebida gelado. Preferi o verde branco Gatão, de Amarante, à cerveja Sagres, de Lisboa; mal terminara o “desabafo” com a garrafa e já as sequelas me compulsavam para a posição horizontal, fui esticar-me na tarimba e perdi a visão - dei comigo totalmente cego e angustiado.

Um enfermeiro acudiu-me e dialogamos, à moda da caserna:
- “Quantas loirinhas emborcaste?”
- “Nenhuma; perdi-me com coisa melhor, uma bajuda de verde branco!” (o verde branco daquele tempo era loiro).
- “ Oh desgraçado, durante este tratamento só podes beber água e muita! Se te apetece líquido loiro, bebe mijo!”

E da abstinência resultou o regresso da visão.

Os paraquedistas guineanos desapareceram do chão do Gabu, mas a malta do PAIGC mais crescia e se multiplicava, por obra e graça dos cubanos. Naquele tempo, o Senegal dificultava-lhe a circulação de armamento e munições pelo seu território; os seus camiões de reabastecimento às frentes Leste e Norte partiam do Boké, estrada fora por Kondara, Sareboido e Kandica, no estrangeiro, passavam ao largo de Buruntuma, a carga era baldeada para carregadores, além Catabá, que atravessavam o Piai, pequeno rio fronteiriço, para se embrenharem, fortemente escoltados, no sentido de Canquelifá, eleita como central à sua guerra da Frente Leste. A informação da passagem duma dessas colunas chegara ao comando do BCav 705 e o então Major Ricardo Durão aprontou-lhes a Operação Gerês.

Naquele noite de 21 de Novembro a malta foi reunir-se ao convívio de copos, do “abafa” e da “lerpa” nas instalações de aboletamento da 1416, paredes meias com o Posto Administrativo. Encontramos o alferes Adelino no topo daquela mesa corrida, defronte ao gravador, numa atitude de ausência e que continuará alheado daquele ambiente ruidoso, peculiar às casernas. E surgiu o primeiro-sargento, como mensageiro:
- Saída operacional da 1416, pelas 5H00 da manhã; regresso dos convalescentes da 703 a Buruntuma, na volta da escolta que partiria de lá.

O alferes Adelino reagiu alvoroçado, mas sem qualquer afectação na voz, a dizer:
- “Hoje é o meu fim!”

Premiu o botão e o gravador começou a desbobinar a música “Il Silenzio”, orquestrada não sei por quem de apelido Rossi - o disco mais pedido pelos militares à então Emissora Provincial da Guiné Portuguesa. E seguida, sem interrupção. A melodia e o virtuosismo do trompetista começaram a mexer-nos com a alma, a fazer-nos pele de galinha, mas fomo-la suportando, enquanto compensava o rom-rom do motor do electro-gerador, ali ao lado. À meia-noite desligaram-no e então pedimos-lhe para baixar o som, mas ele respondeu:
- “Estou a fazer a minha despedida”.

Alguém começou a rezingar, um seu furriel foi pôr-lhe um braço sobre os ombros, a pedir-lhe para se ir deitar, descansar, e ouvimos a resposta:
- “Calma; dentro em pouco adormecerei para sempre”.

O alferes Adelino não calava O Silêncio, os palavrões e as picardias cessaram, a jogatina entrara na monotonia, o ambiente começou a assemelhar-se a velório, a comoção foi-se apoderando da turma, uma ou outra lágrima nalgum canto do olho, até que cada um se retirou para o seu canto, silenciosamente.

Il Silenzio, interpretado por Nini Rosso

Naquela madrugada de 22 de Novembro de 1965, a malta da 1416 saiu para o palco da Operação Gerês, algures entre Canquelifá e Buruntuma, o 3.º Pelotão a progredir em vanguarda, segundo a escala, e o alferes Adelino ao encontro do seu destino.

A escolta de Buruntuma chegou atrasada, com alguns feridos ligeiros e uns tantos combalidos: accionara uma mina anti-carro, perto de Ajango. Em Camajabá, o rádio-telegrafista informou-nos que havia desgraça com a 1416, pois escutara repetidos pedidos para a evacuação de feridos. Pela recorrência em minas e emboscadas, a partir dali entraríamos na nossa “estrada do Vietname”. Éramos passageiros, sem armas, e cuidamos de providenciar as “pastilhas”, para o inimigo que nos pusesse a mão nos acompanhasse na viagem para a eternidade: duas granadas, a meter nos bolsos superiores das fardas. A do lado esquerdo, bem sobre o coração, cavilha de segurança preparada - bastaria um ligeiro puxar da golpilha...

A escolta voltou a accionar outra mina anti-carro, nessa fatídica “estrada do Vietname”, houve mais projectados pelos ares, mais feridos ligeiros e mais combalidos. Causa da sorte, dada a ausência de casos de maior gravidade: a época das chuvas terminara, mas o terreno ainda estava muito mole. Chegados a Buruntuma, toda a malta nos veio dizer que a 1416 sofrera um morto - o alferes Adelino da Costa Duarte!

Localização da Picada Canquelifá-Buruntuma. Vd. Carta Província da Guiné - 1:500.000

Fora atingido num joelho, logo no primeiro momento do combate; falecerá 6 horas depois, pela demora na evacuação. Constou que terá manifestado ao furriel enfermeiro que o socorria o pedido de ser sepultado ao toque de O Silêncio. A morfina não o livrou do estado de choque e terá sucumbido à embolia que lhe sobreveio, eram 14H00 de 22 de Novembro de 1965.

A música Il Silenzio tornou-se referencial da infelicidade peculiar à condição de soldado. Na Guerra da Secessão, nos Estados Unidos, um capitão da União, após repelir uma tentativa de assalto às suas trincheiras, começou a ouvir gemidos, além do arame farpado. Correu grandes riscos e rastejou até ao ferido, arrastou-o mas chegou com ele morto ao acampamento, onde o reconheceu como o seu próprio filho, estudante de música no Sul, que se havia alistado nos Confederados, sem seu conhecimento. Pediu honras musicais para o seu funeral, que lhe foi indeferido, por se tratar de combatente do outro lado, mas autorizaram-no a escolher um músico; a sua escolha recaiu no melhor trompetista da banda marcial, ao qual pediu que tocasse as notas musicais da pauta encontrada no bolso do filho. Assim nasceu e foi pela primeira tocado O Silêncio, que muitos exércitos adoptaram para toque de finados. O Toque da chamada aos mortos em combate, adoptado pelo Exército Português, será menos melodioso, mas é muito comovedor, causa-nos calafrios e estremecimento.

A destemida e valente malta da 1416 entrou noutros combates de igual teor e acabará a comissão na quadrícula de Madina do Boé e Beli, em rendição à nossa CCav 702. Na tenda montada na “sua” colina, Amílcar Cabral ordenou a sua aniquilação, incumbindo essa missão ao capitão cubano Ulises Estrada, chefe dos internacionalistas cubanos, e a Domingos Ramos(1), então o melhor comandante do PAIGC, furriel miliciano desertor do Exército Português, que chegara a ser o porta-bandeira da então Bateria de Artilharia de Santa Luzia (antes de ser o QG de Bissau), o qual morrerá no combate que lhe oferecera a sacrificada Companhia 1416. Aquele ex-português da Guiné e nosso ex-camarada de armas era o comandante da Frente Leste - o primeiro responsável da morte do malogrado alferes Adelino da Costa Duarte.
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Notas do editor:

(1) - Vd. poste de 12 DE DEZEMBRO DE 2007 > Guiné 63/74 - P2343: PAIGC - Quem foi quem (5): Domingos Ramos (Mário Dias / Luís Graça)

Último poste da série de 19 de Novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12314: In Memoriam (170): O princípio do fim do Amigo e Camarada Sargento-Chefe Fernando dos Santos Rodrigues (2): A sua morte no dia 29 de Outubro de 2013 (Arménio Estorninho)

4 comentários:

Francisco Baptista disse...

Ouço a música "Il Silênzio" e curvo-me perante a memória do camarada Adelino da Costa Duarte. Pela homenagem que lhe prestas, e pela descrição tão boa que fazes das condições de saúde, do terreno, operacionais, de convívio e outras manifesto-te o meu respeito e admiração.
Um grande abraço camarada

e lembra-te que um homem nunca morre enquanto tiver amigos como tu...... viverá sempre na memória deles.
Francisco Baptista

Luís Graça disse...

Camarada Manuel Luís:

É um poderosa e comovente descrição dos últimos momentos, das últimas horas, do teu e nosso camarada Adelino da Costa Duarte. E ao mesmo tempo uma belíssima homenagem a um dos nossos bravos do leste...

Acredito que pode haver combatentes que têm a "premonição (ou presságio) da morte" e verbalizam as suas emoções face uma temível desfecho fatal, em combate... Mais: que podem antecipar e desejar intensamente a morte... Não sei o que diz a investigação científica sobre isto, a psicologia, as neurociências...

Tocaste numa "tecla" que me fascina e ao mesmo angustia...É certo que tu não estavas lá, nesse preciso momento, ao lado do Adelino, mas sabes dos pormenores...

Tem de se rejeitar a hipótese de ter sido umn suicídio, já que a causa da morte terá sido a explosão de uma mina anticarro que não foi seguida de emboscada, segundo consigo depreender da leitura.

Enfim, li a tua descrição e senti um arrepio, ao lembrar-te que por estes dias, há 43 anos atrás, em 26 de novembro de 1970, eu próprio vivi uma situação com alguns contornos semelhantes, e que já aqui foi também lembrada em mais do que um poste.

Vi e ouvi, mais uma vez, o vídeo com o trompete do Rossi... Desta vez, a muitos milhares de quilómetros de casa, lonmge da nossa terra, e confesso que senti o mesmo que tu e os teus camaradas sentiram nessa noite de mau presságio...

O que eu nunca tinha era dado atenção às palavras que o artista diz, quando o trompete se cala... Registo-as aqui:

Buona notte, amore!
Ti vedro nei miei sogni.
Buona notte a te, che sei lontana.

[Boa noite, amor!
Ver-te-ei nos meus sonhos,
Boa noite, para ti que estás longe.]

Ao recordar mais um camarada nosso morto na Guiné, no leste, na "estrada do Vietname", resgataste a sua memória e esse é, seguramente, um grande gesto de camaradagem, da tua e nossa parte, decorrente do nosso dever de não deixar morrer duas vezes, pelo silência, pelo esquecimento, pela amnésia, aqueles de nós que morreram em combate.

Boa noite, camarada Adelino! Boa noite, camarada Manuel Luís

Um alfa bravo, daqui da ilha de Luanda. Luís Graça

Mário Vasconcelos disse...

Uma descrição que abarca toda uma guerra: dias de doença, dias de temperança, de desânimo e de dor.
Um relato, sucinto com muita abrangência.
Igualmente me tocaram as palavras do camarada Francisco Baptista:
" um homem nunca morre enquanto tiver amigos como tu...viverá sempre na memória deles.
E desta memória que este blogue arrasta, ficará perpetuada a "vida" de todos os camaradas falecidos em combate.
Que durma em paz o nosso Adelino da Costa Duarte.

Luís Graça disse...

Camarada Manuel Luís Lomba:

Obrigado pela tua exaustiva informação sobre a CCAÇ 1416, uma subunidade que estava "em branco" no nosso blogue...

Em complemento das tuas referências aos "voluntários" cubanos e aos comandantes do PAIGC Victorino Costa e Domingos Ramos, deixa-me só acrescentar o seguinte:

(i) O Domingos Ramos é morto, em combate, em Madina do Boé, em 11 de Novembro de 1966, e o Ulisses Estrada estava com ele nesse ataque;

(ii) O Victorino Costa, esse, é morto 4 anos antes, numa emboscada em dezembro de 1962 (se não me engano), de qualquer modo, antes do início oficial da guerra, por um grupo da açoriana CCAÇ 153 / BCAÇ 237, comandado pelo Cap Inf José Curto... Era irmão de Manuel Saturnino da Costa(que chegará a ser 1º ministro).

(iii) Quanto aos primeiros cubanos, o Mário Beja Santos fez recentemnente uma recensão de um livro sobre o assunto...

"Dois artilheiros e três médicos chegam a Conacri em 8 de Maio, a seguir vieram os técnicos cubanos. As promessas de Fidel a Amílcar começavam a ser cumpridas. Em pouco tempo, estavam 31 voluntários (11 especialistas em artilharia, 8 motoristas, 1 mecânico, 10 médicos) ao serviço do PAIGC coordenados por um oficial dos serviços secretos, o tenente Aurelio Ricard. Fidel tinha pedido voluntários de cor escura, para não dar nas vistas, data dessa altura a determinação de Cabral no uso da maior discrição na participação militar cubana, que será sempre omitida, mesmo quando, em 1969, o capitão Peralta for preso. Mas rapidamente os cubanos se tornaram notados em Conacri, a fumar os seus charutos."(...)


Vd. poste de 23 DE AGOSTO DE 2013
Guiné 63/74 - P11969: Notas de leitura (513): "Misiones en Conflicto, La Habana, Washington y África, 1959-1976", por Piero Gleijeses (1) (Mário Beja Santos)


http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/08/guine-6374-p11969-notas-de-leitura-513.html