IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > Foto de família, tirada pelo nosso herói de Guileje, Miguel Pessoa, ex-ten pilav Miguel Pessoa (Bissalanca, BA 12, 1972/74), o primeiro piloto a ser abatido, no seu Fiat G-91, pelo míssel terra-ar Strela, em 23 de maio de 1973. Ferido e resgatado, foi evacuado para a metrópole e voltou para o TO da Guiné para completar a sua missão de serviço. É hoje cor pilav ref e está casado com a srgt enfermeira paraquedista Giselda Pessoa, a única camarada (no femininio) que esteve presente no nosso encontro.
Foto: © Miguel Pessoa (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]
Em honra do grande encontro
Dos heróis de Monte Real
Grande largada…
Vieram de todos lados.
Festivos. Saudosos.
Com suas mulheres.
Seus amigos.
De cores garridas,
Joviais.
Como se ainda fossem praças.
Servindo naquela guerra.
Que brotou
Da honra.
Vitimou vidas,
Semeou a morte.
Por uma causa justa.
Assim o sentiam,
Bem no fundo,
Todos,
Senão fugiam.
Uns dois anos das suas vidas
De jovens,
Ao raiar da idade.
Correndo bolanhas,
Saltando minas,
Ouvindo a metralha
Ao perto e de longe.
Arrostaram a morte,
Tantas vezes.
Não zarparam…
E voltavam sempre.
Bons compnheiros,
Irmãos para sempre.
E depois, no fim,
Todos felizes,
Triunfais,
Subiram para o barco
Da livração total.
Desceram o Geba.
Entraram no mar.
Se estava bravo ou manso,
Nada importava.
Podia até ir ao fundo.
O dever cumprido!...
Suas almas vibravam tanto,
O barco dançava com eles.
Óh que folia!
Em cinco dias,
Cruzaram a distância,
E, milagre!,
Pela manhã dum dia,
Ali estava o Tejo, largo e doce,
De braços abertos,
Para os receber.
Vieram subindo.
Cascais. Carcavelos.
Trafaria ao lado.
A Sintra lá longe.
E, no fim a Ponte
Que era Salazar…
Homem potente
E vertical, impoluto,
Embora imperfeito…
Veio à janela,
Cheia de gente,
Batendo as palmas,
Esvoaçando lenços.
Seus corações bailavam no peito,
Tanta alegria…
Heróis reais!.
E veio o Cais da Rocha.
Tão lentamente,
Como o fora à partida.
Uma explosão sem fim,
Ao atracar as amarras.
As escadas subiram.
Fizeram caminho
Para a recepção final…
Foram tantos abraços,
Beijos às cores.
De filhos com pais.
Mulheres, com filhinhos....
Correram lágrimas.
O Tejo cantou,
Com tantas!…
E, sem se dar conta,
Era o regresso à base,
Donde tinham partido!
Depois, a debandada geral.
A dispersão.
A chegada às famílias…
Outro momento
De alegria sem fim.
O cheiro da casa.
O abraço das gentes
Que nos viram crescer…
Rezaram por nós…
Oh Meu Deus!
E Vós os ouvistes!
Senão não estaríamos aqui.
Daí para a frente,
Outra guerra começou.
Muito pior.
Cheia de incertezas.
Uma luta tremenda.
Cada um por si,
Subiu,
Subiu, a pulso,
Uma escada sem fim.
Até um lugar ao sol.
E vieram as noivas
E vieram os filhos.
Uma luta feroz
A jorrar de amor.
E os tempos correram.
Tão velozes.
Foram somando…
Somando…
Até que, um dia,
O grande encontro,
Para muitos, primeiro,
Depois de meio século.
A sensação real,
Era de que o que os reunia ali,
Acontecera ontem…
E cada um conte, de si,
O que lhe foi na alma.
Bendita a hora
Em que tão feliz ideia nasceu.
Ouvindo Rimski-Korsakov: Scheherazade
Berlim, 16 de Junho de 2014,
6h25m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Embora ausente, estive presente, de alma e coração, com todos vós, em Monte Real…
Aquele abraço, até ao próximo.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 16 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13293: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (33): Monte Real, 14 de junho: novos e velhos amigos, nas fotos do Rui Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário