Fotos: © Manuel Resende (2014). Todos os direitos reservados.
A FESTA DO BLOGUE
por Juvenal Amado
Fomos corajosos, não medimos as consequências, acreditamos numa Pátria onde a ilusão substituía a razão, enfim éramos jovens, fomos combater como outros combateram ao longo dos Séculos das nações quando a ambição, os interesses e os jogos de bastidores acabaram por nos enviar para o campo de batalha.
Nunca os jovens foram responsáveis pelas guerras. As guerras foram sempre começadas por líderes políticos ou religiosos, reis ou presidentes.
Grandes generais traçaram o destino de milhões de jovens, ceifados aos milhares nos campos de batalha. Foram sempre a ponta da lança, que verteu fez verter rios de sangue, sobre o qual dizem avançou a civilização.
Uns homens tornaram-se vencedores e outros escravos, criaram-se nações e impérios.
De um lado e de outro houve homens bons, com família, muitas vezes acreditaram no mesmo Deus, donde se depreende que as razões que os levaram a tornarem-se animais sanguinários no calor da refrega é que eram más.
Há quem defenda que sem guerras não haveria progresso, não haveriam nações, avanço industrial, tecnologia e a sua utilização para o bem e para a destruição.
Talvez se deva perguntar se vale a pena a destruição que transportamos e leva à destruição do próprio Planeta.
Chegados que fomos a esta idade, continuamos a ser portadores de anseios e mensagens.
Sobre a forma de contos, estórias e poemas tentamos de uma forma ingénua reconstruir um passado.
Estórias, relatos e poesias para nada serviriam se não fosse a emoção com as escrevemos. Facilmente ficariam esquecidas numa gaveta quando não diretamente para a reciclagem. Mas não poderíamos permitir o passar dos anos e deixar que a memória não fosse transmitida a outros.
Encontramo-nos todos os anos na festa do blogue os que vieram e os que não puderam vir, porque esse dia nunca é esquecido por ninguém que habita este espaço. Fala-se dos nomes que não vieram desta vez, pergunta-se pela saúde deles, respiramos de alívio quando não há problemas e que só não estão presentes porque não puderam ou não quiseram.
Para o ano há mais, voltaremos a trocar abraços, lembranças, ouviremos falar de sítios que conhecemos e de outros que nem sabemos para onde ficam. Sítios insignificantes onde se passou sede, onde morreu este ou aquele camarada num ataque, numa mina, ou numa emboscada. Tão importante para quem lá passou, que traz gravado a fogo cada minuto, cada hora, que lá passou há mais de 40 anos.
É deste fermento que se fazem os encontros dos batalhões, das companhias e da nossa Tabanca Grande.
Até para o ano camaradas.
Juvenal Amado
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 28 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13338: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (42): Todos bons camigos e melhores camaradas, muitas caras conhecidas de outros encontros, alguns totalistas ou quase totalistas
Fomos corajosos, não medimos as consequências, acreditamos numa Pátria onde a ilusão substituía a razão, enfim éramos jovens, fomos combater como outros combateram ao longo dos Séculos das nações quando a ambição, os interesses e os jogos de bastidores acabaram por nos enviar para o campo de batalha.
Nunca os jovens foram responsáveis pelas guerras. As guerras foram sempre começadas por líderes políticos ou religiosos, reis ou presidentes.
Grandes generais traçaram o destino de milhões de jovens, ceifados aos milhares nos campos de batalha. Foram sempre a ponta da lança, que verteu fez verter rios de sangue, sobre o qual dizem avançou a civilização.
Uns homens tornaram-se vencedores e outros escravos, criaram-se nações e impérios.
De um lado e de outro houve homens bons, com família, muitas vezes acreditaram no mesmo Deus, donde se depreende que as razões que os levaram a tornarem-se animais sanguinários no calor da refrega é que eram más.
Há quem defenda que sem guerras não haveria progresso, não haveriam nações, avanço industrial, tecnologia e a sua utilização para o bem e para a destruição.
Talvez se deva perguntar se vale a pena a destruição que transportamos e leva à destruição do próprio Planeta.
Chegados que fomos a esta idade, continuamos a ser portadores de anseios e mensagens.
Sobre a forma de contos, estórias e poemas tentamos de uma forma ingénua reconstruir um passado.
Estórias, relatos e poesias para nada serviriam se não fosse a emoção com as escrevemos. Facilmente ficariam esquecidas numa gaveta quando não diretamente para a reciclagem. Mas não poderíamos permitir o passar dos anos e deixar que a memória não fosse transmitida a outros.
Encontramo-nos todos os anos na festa do blogue os que vieram e os que não puderam vir, porque esse dia nunca é esquecido por ninguém que habita este espaço. Fala-se dos nomes que não vieram desta vez, pergunta-se pela saúde deles, respiramos de alívio quando não há problemas e que só não estão presentes porque não puderam ou não quiseram.
Para o ano há mais, voltaremos a trocar abraços, lembranças, ouviremos falar de sítios que conhecemos e de outros que nem sabemos para onde ficam. Sítios insignificantes onde se passou sede, onde morreu este ou aquele camarada num ataque, numa mina, ou numa emboscada. Tão importante para quem lá passou, que traz gravado a fogo cada minuto, cada hora, que lá passou há mais de 40 anos.
É deste fermento que se fazem os encontros dos batalhões, das companhias e da nossa Tabanca Grande.
Até para o ano camaradas.
Juvenal Amado
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13338: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (42): Todos bons camigos e melhores camaradas, muitas caras conhecidas de outros encontros, alguns totalistas ou quase totalistas
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