Foto nº 7 > Nesta estou com um chapéu colonial.
Foto nº 8 > Nesta estou com um chapéu colonial.
Guiné > Zona Leste > Xime > CCAÇ 536 (Xime e Bambadinca, 1963/65) > Mais duas fotos do álbum do Libério Lopes (*).
Fotos (e legendas): © Libério Candeias Lopes (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]
1. O Libério Lopes, ex-srgt mil inf, pertenceu à CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65) e é um dos nossos veteraníssimos camaradas, do tempo do caqui amarelo e do chapéu colonial... Professor primário reformado, é de Aranhas, Penamacor, E, é justo referi-lo, foi o principal impulsionador do monumento aos combatentes da guerra do ultramar existente em Penamacor.
Também terá sido um dos primeiros "tugas" a andar pelo regulado Xime, no início da guerra, em 1963. Terá sido inclusive o primeiro professor do Xime, quando lá esteve, em 1963/64, com um pelotão.
Onde estarão estes camaradas que, com uma só pelotão, aguentaram o início da guerra no subsetor dao Xime que, por sua vez, pertencia ao subsetor de Bambadinca, mais tarde, setor L1 que correspondia ao triângulo Bambadinca-Xime-Xitole, uma vasta região de 1500 km2, duas vezes superior à superfície da Ilha da Madeira. (***).
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca ) > Xime > CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65) > Aquartelamento do Xime, onde estava destacado o pelotão do Libério Lopes > Da esquerda para a direita, fur mil Virgílio e Tibério (falecido), allf mil Correia Pinto (falecido) e fur mil Libério Lopes. Em primeiro palnos, "meninos do Xime". (**)
Foto (e legenda): © Libério Candeias Lopes (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 3 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4457: Memória dos lugares (27): Álbum fotográfico do Xime, CCAÇ 526, 1963/65 (Libério Lopes)
3 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8852 Recortes de imprensa (50): Medalha de mérito militar chega 43 anos depois... A história do 2º Srgt Mil Libério Candeias Lopes, de Penamacor (CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65)
(...) Resumo da actividade operacional da CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65):
(i) Mobilizada pelo RI 7;
(ii) embarcou, a 2 de maio de 1963, a bordo do paquete «India», juntamente com o Comando dos BCAÇ n.º 506, 507, 599, e 600;
(iii) comandante da subunidade: Cap Inf Luís Francisco Soares de Albergaria Carreiro da Câmara;
(iv) até 30 de junho de 1963, a Companhia ficou aquartelada em Brá;
(iii) comandante da subunidade: Cap Inf Luís Francisco Soares de Albergaria Carreiro da Câmara;
(iv) até 30 de junho de 1963, a Companhia ficou aquartelada em Brá;
(v) ainda neste período, de a 28/6/63, partiu um pelotão para Catió, tendo tomado parte em operações que aí se realizavam;
(vi) a 1/7/63, partiu a Companhia para a Zona Leste ficando a depender do Batalhão de Bafatá;
(vii) foi-lhe atribuído um subsetor com a área aproximada de 1500 km2 constituída pelos Regulados de Badora, Xime, Cossé, Cabomba e Corubal (parte Norte);
(viii) o Comando da Companhia ficou instalado em Bambadinca, tendo sido destacado um pelotão para Xime, nesse mesmo dia 1 de julho de 1963;
(ix) A 15/7/63, outro pelotão da Companhia seguiu para o Xitole, em reforço das tropas ali aquarteladas, donde regressou a 5/8/63;
(x) em 26/8/63, assumiu o Comando da Companhia o Capitão Hleder José François Sarmento;
(xi) no subsetor, tomou parte nas seguintes operações de conjunto:
8 de julho de 1963 e 12 de julho 63 na margem direita do Rio Corubal;
Op Inglês - janeiro de 1964;
(vi) a 1/7/63, partiu a Companhia para a Zona Leste ficando a depender do Batalhão de Bafatá;
(vii) foi-lhe atribuído um subsetor com a área aproximada de 1500 km2 constituída pelos Regulados de Badora, Xime, Cossé, Cabomba e Corubal (parte Norte);
(viii) o Comando da Companhia ficou instalado em Bambadinca, tendo sido destacado um pelotão para Xime, nesse mesmo dia 1 de julho de 1963;
(ix) A 15/7/63, outro pelotão da Companhia seguiu para o Xitole, em reforço das tropas ali aquarteladas, donde regressou a 5/8/63;
(x) em 26/8/63, assumiu o Comando da Companhia o Capitão Hleder José François Sarmento;
(xi) no subsetor, tomou parte nas seguintes operações de conjunto:
8 de julho de 1963 e 12 de julho 63 na margem direita do Rio Corubal;
Op Inglês - janeiro de 1964;
Op Marte - fevereiro de 1964;
Op Bala . março de 1964;
Op Vai à Toca - novembro de 1964
Op Brinco - dezembro de 1965
e Op Farol - janeiro de 1965.
(xii) Fora do subsetor, atuou nas seguintes operações:
Op Verde - novembro de 1963;
Estrada do Xitole - Agosto - Outubro - Novembro de 1963
Mato Madeira - Chicri - janeiro de 1964;
Paton - agosto de 1964.
(xiii) No sector à sua responsabilidade, o IN que já actuara a Oeste e Sul de Xime até ao Rio Corubal, levando para os matos uma parte da população e fazendo fugir a restante, tentou expandir a sua acção para Leste para o que atacou tabancas e quartéis, roubou culturas, emboscou as NT e procurou tornar intransitáveis as estradas;
(xiv) A Companhia, por uma permanente atividade operacional à base de pequenas acções de combate, emboscadas, constantes patrulhamentos de estradas e caminhos e protecção às populações, permanecendo nas tabancas e locais de trabalho, conseguiu manter em completa normalidade a zona a Leste de Xime e levar a guerrilha a acantonar-se no mato;
(xv) Durante os 21 meses de permanência no subsetor, a Companhia teve 108 acções de fogo em contactos com o IN;
(xvi) Em resultado dessas ações, o IN sofreu 48 baixas confirmadas pelas NT, havendo contudo um número muitíssimo superior de mortos e feridos referido por prisioneiros;
(xvii) Foram apreendidas 5 espingardas, 5 pistolas-metralhadoras, 1 pistola, grande número de granadas de mão de diversos modelos e vários milhares de cartuchos;
(xviii) Na tentativa de cortar os itinerários, o IN utilizou 15 engenhos A/C e 3 minas A/P. Um fornilho A/C destruiu um jipe e os restantes 14 engenhos A/C foram detectados e levantados; as 3 minas A/P funcionaram, causando dois feridos: um às NT e outro à população;
(xix) A Companhia só teve duas baixas por acidente e nove feridos em combate, um dos quais evacuado para a Metrópole.
Quartel em Bissau, 2 de Abril de 1965. Adaptado de História da unidade, CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65).
(Para saber mais, clicar aqui)
Op Bala . março de 1964;
Op Vai à Toca - novembro de 1964
Op Brinco - dezembro de 1965
e Op Farol - janeiro de 1965.
(xii) Fora do subsetor, atuou nas seguintes operações:
Op Verde - novembro de 1963;
Estrada do Xitole - Agosto - Outubro - Novembro de 1963
Mato Madeira - Chicri - janeiro de 1964;
Paton - agosto de 1964.
(xiii) No sector à sua responsabilidade, o IN que já actuara a Oeste e Sul de Xime até ao Rio Corubal, levando para os matos uma parte da população e fazendo fugir a restante, tentou expandir a sua acção para Leste para o que atacou tabancas e quartéis, roubou culturas, emboscou as NT e procurou tornar intransitáveis as estradas;
(xiv) A Companhia, por uma permanente atividade operacional à base de pequenas acções de combate, emboscadas, constantes patrulhamentos de estradas e caminhos e protecção às populações, permanecendo nas tabancas e locais de trabalho, conseguiu manter em completa normalidade a zona a Leste de Xime e levar a guerrilha a acantonar-se no mato;
(xv) Durante os 21 meses de permanência no subsetor, a Companhia teve 108 acções de fogo em contactos com o IN;
(xvi) Em resultado dessas ações, o IN sofreu 48 baixas confirmadas pelas NT, havendo contudo um número muitíssimo superior de mortos e feridos referido por prisioneiros;
(xvii) Foram apreendidas 5 espingardas, 5 pistolas-metralhadoras, 1 pistola, grande número de granadas de mão de diversos modelos e vários milhares de cartuchos;
(xviii) Na tentativa de cortar os itinerários, o IN utilizou 15 engenhos A/C e 3 minas A/P. Um fornilho A/C destruiu um jipe e os restantes 14 engenhos A/C foram detectados e levantados; as 3 minas A/P funcionaram, causando dois feridos: um às NT e outro à população;
(xix) A Companhia só teve duas baixas por acidente e nove feridos em combate, um dos quais evacuado para a Metrópole.
Quartel em Bissau, 2 de Abril de 1965. Adaptado de História da unidade, CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65).
(Para saber mais, clicar aqui)
(***) Último poste da série > 5 de dezembro de 2014 > Guiné 53/74 - P13978: Fotos à procura de... uma legenda (46): Portugueses do Xime, posando com a bandeira portuguesa (Libério Lopes, ex-sgrt mil inf, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65)
7 comentários:
Sabe bem ver fotografias do meu tempo, pois antes de ir para os Comandos, pertenci ao Bat.Cac. 506 em Bafata. Bons tempos.
Julio Abreu
Grupo de Comandos Centurioes
Ex-Guine Portuguesa
Meu caro Júlio Abreu, por uma razão ou outra, tem-se falado pouco do início da guerra no leste, comn destaque para o que se passou ou terá passado no triângulo Xime-Bambadinca-Xitole...
O que impressiona, a quem como eu lá fui parar seis anos depois, é haver 1 batalhão para a toda a vasta região de Bafatá, neste caso o BCAÇ 506; um companhia para todo o setor de Bambadinca, a CCAÇ 526, com um pelotão no Xime e outro no Xitole...
Estes jovens, portugueses, tinham 21/22 anos, e foram lançados para uma guerra, de contornos difíceis de definir. O seu papel, a sua preparação, o seu equipamento, o seu conhecimento das gentes e do terreno eram, no mínimo, incipientes, inadequados, insuficientes...
E, no entanto, ali estão eles, aparentemente bem, nas fotos que mandavam ás famílais (e que ficam para a posteridade, como prova de uma certa maneira de ser e de estar o soldado português além-mar)... Caro, pondo de lado algumas das regras elementares da disciplina militar: peito ao léu, convivendo uns com os outros e com a população local, numa época em que as suspeitas de parte a parte eram grandes...
Em 1963, no início da guerra,. balantas, beafadadas e mandingas eram facilmente rotulados de "turras"... Dez anos depois, em pleno consulado de Spinola e na euforia da política da "Guiné Melhor" e da "Guiné para os Guinéus", demos a mão à palmatória e penitenciámo-nos de "erros", por ação e omissão, que leveram muitos dos balantas, beafadas e mandingas para o "mato", o mesmo é dizer, para a "´área de influência" do PAIGC...
Não vale a pena tapar o sol com a peneira, as próprias histórias das unidades se contradizem...
Veja-se, por exemplo, o se que escreve na hist+ória do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)
Sobre os "Fulas":
(... ) Sobre esta designação incluímos todo grupo SAHELLIANO - Ramo Fula.
Constituindo o grupo étnico dominante no Sector último invasor, ocupando antes do desencadeamento da subversão quase exclusivamente todos os lugares do baixo funcionalismo (Cipaios e interpretes, etc.) desenvolveu contra si o intenso ódio do Beafada, e a dissimulada aversão dos vencidos Mandingas, islamizados, despoticamente paternalistas, com o culto da velhice (HOMENS GRANDES) e das posições de privilégio, considerando como únicas ocupações dignas do homem a meditação religiosa ou a guerra, desprezando os que trabalham ou que denunciam vontade de progresso, alimentou com o seu procedimento a aversão do Balanta, individualista e trabalhador, a quem explora como dono da terra.
Por sua vez o Fula odeia o Cabo-Verdiano que com ele compete na ocupação dos diversos lugares do funcionalismo.
Aproveitando-se dos ódios e aversões expostas pôde, o PAIGC, com facilidade desencadear a guerra racial contra os Fulas a quem identificou com os Portugueses. Tal circunstância impermeabilizou os Fulas contra o terrorismo actual, e, a sua necessidade de sobrevivência, tornou-os nossos aliados levando-os a um contacto íntimo e prolongado cujas consequências não podemos ignorar. (...)"...
(Continua)
(Continuação)
Excertos da história do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)
Sobre os "Mandingas" de Badora"
(...) Concentraram-se neste Regulado a maioria dos Mandingas do Sector. Muitos são daqui naturais mas há um importante núcleo constituído por “refugiados” de outros Regulados especialmente do Regulado do CUOR e do OIO.
- Os naturais do Regulado de BADORA tem queixas das prepotências antigas fulas com conveniência ou nãos das Autoridades Administrativas, não esqueceram ainda os demandos feitos pelas NT no início do terrorismo em que Mandingas e terroristas era considerado sinónimo, confiam bastante no Régulo de BADORA – Tenente de 2ª Linha MAMADÚ BONCO SANHÁ, que dizem ser Beafada, porque nos seus ascendentes há uma mulher desta etnia, ser justo, ser valente e ter espírito Mandinga. Pelas razões apontadas, porque muitos deles têm família no mato, e talvez e especialmente por ser essa a orientação dos seus Chefes Religiosos, assumem uma atitude de neutralismo em relação ao actual conflito. (...)
Sobre os "Balantas":
(...) A subversão apanhou os Balantas na altura em que o seu dinamismo demográfico se fazia sentir no Sector ao longo das lalas dos RIOS CORUBAL e GEBA tendo penetrado neste praticamente até à área de BISSAQUE-CANCHICAMO e naquela até JARGAVIDA.
(...) Ao mesmo tempo que se expandia introduzia novos métodos de cultura junto das populações, entretanto a ingenuidade e imprevidência do Balanta e o seu gosto pelo álcool é aproveitado não só pelos comerciantes pouco escrupulosos, que de um momento para o outro os colocaram na sua dependência mercê de juros elevados, mas também pelos Mandingas e Fulas especialmente estes que os sujeitaram a uma dependência económica tal, que chegaram ao ponto de colherem os próprios frutos do trabalho dos Balantas, dando-lhe somente o terreno para cultivo. (...)
Último excerto da hsitória do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)
(...) GRAU DE CONTROLO DAS POPULAÇÕES
No Sector não existem populações sob duplo controlo.
Existem populações sob controlo IN na faixa a W da linha XIME / TAIBATÁ / DEMBA TACÓ / MANSAMBO / XITOLE, na área do Regulado do CUOR, com excepção da faixa Leste da estrada BAMBADINCA / MISSIRÁ, e na área do Regulado do ENXALÉ, com excepção da Tabanca do ENXALÉ.
Todas as restantes populações da área do SECTOR se encontram sob controlo das NT.
De referir que, segundo informações recebidas quer de informadores, quer de elementos apresentados, são inúmeros os elementos da população controlada pelo IN, que se encontram descontentes com este e que têm intenção de se apresentar às NT, apenas recebem garantias de que terão uma bolanha para cultivar para si. (...)
De facto a descontração das tropas do tempo de Libério Lopes nas fotos, é porque talvez não adivinhassem aquela guerra que ainda estava para vir.
Luís ainda hoje deu uma reportagem da recolha de guineenses pela nossa marinha no Mediterrâneo.
Alguns falavam crioulo bem «esbranquiçado» para o tuga compreender, embora tivessem legenda.
Luís essa fuga de africanos, segundo a reportagem só à conta da nossa marinha já ia em 9000 (nove mil) é nem mais nem menos que a continuação daquela guerra.
Porque para os africanos a guerra ainda não terminou, e esse desencontro entre eles, que se fala nos teus comentários, fula versus balanta versus mandinga etc. é uma coisa muito suave comparando com o que se passa em outros países onde agora se misturou religião contra religião.
Luís, para mal dos africanos, o tempo não para nem volta a traz, mas eles estão reclamando o «abandono» europeu extemporâneo.
Vai ser muito mau para todos.
Cumprimentos e continua para um dia alguns entenderam se era assim tanta a parvoíce da nossa «teimosia» colonial, vista tanto nacional como internacionalmente.
É pena que estas fotografias sejam, na maioria, com crianças. As crianças 'vão a todas'. Gostava de ver fotografias, da nossa tropa, com os 'homens grandes' nas tabancas. Nós, a tropa da CART.11, que por ser composta quase de africanos, nunca tive problemas de confraternizar com a população das tabancas. Nunca mais me esquecerei dos tempos de Guiro Iero Bocari, só nós e mais os habitantes daquela tabanca. Meia dúzia de europeus nos confins de áfrica. Inesquecível. A tabanca foi atacada e nós em Paunca fomos socorrer a população. Depois, por se tratar de um local estratégico (a poucos quilómetros do Senegal) vai de se levantar arame farpado e cavar valas à volta da tabanca e ficamos lá. Um dia depois, primeiro apareceram umas crianças que estavam escondidas, depois apareceram homens grandes, mulheres e animais que também estavam escondidos no mato. A partir daí formamos, outra vez a tabanca, com quase toda a sua pequena população. E por lá ficamos nós, meia dúzia de europeus com muito para contar até ao fim das nossas vidas.
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