Camarigos,
É costume dizer-se que “esta imagem fala por si ou que vale por mil”.
Estas têm um valor simbólico. Foram estes alguns dos comprimidos tomados por milhares de jovens nos idos anos da Guerra Colonial, no CTIGuiné de 1963 a 1974.
No meu caso em 1970/72. Na disponibilidade, o “Quinino” durante uns tempos acompanhou-me na matança do paludismo.
Das minhas lembranças começo com a imagem do CERTIFICADO INTERNACIONAL DE VACINAÇÃO OU DE REVACINAÇÃO CONTRA A FEBRE- AMARELA:
Uma caderneta que todo o militar teve no dia da vacinação. É de notar que a vacina era dada quase no fim da recruta talvez por hipotéticas reacções negativas do organismo dos militares. Recruta dispendiosa para a Fazenda Pública e a necessidade, maior ou menor, consoante a época do ano, do “despacho” dos Homens para a guerra. Assim, uma recruta não podia ser perdida nem repetida. Seria tempo perdido para os militares. Os governantes da época pensavam nos “Prós e Contras”.
Aos meus camaradas (tratamento entre militares) do 2.º Turno/69 do Curso de Sargentos Milicianos, de Abril a Julho, no CISMI, em Tavira, recordo que a nossa “dose cavalar” foi tomada em 23 de Junho de 1969.
As dores que suportamos com a injecção, tomada na parada do quartel em fila indiana a aguardar cada um a sua vez, valeram a pena sobretudo aos Combatentes do Ultramar.
Os comprimidos:
LM de cor branca, sem invólucro, com 10 mm de diâmetro:
Havia comprimidos LM com outros diâmetros.
O célebre comprimido receitado para todas as doenças.
"Daraprim" - Trade Mark - "B.W. & CO."
O Daraprim (nome comercial da pirimetamina) é usado no combate de infecções por protozoários. É comumente usado no tratamento e prevenção da malária.
LM – Pirimetamina 25 mg
A pirimetamina está descrita em posts da Tabanca Grande.
Fanasil 0,5 g – Roche
Sulfonamida usada no tratamento de infecções da pele e na Lepra.
As sulfonamidas são um grupo de antibióticos sintéticos usados no tratamento de doenças infecciosas devidas a micro-organismos.
Seria interessante que algum camarada versado no tema completasse ou corrigisse estas linhas baseadas na memória e pesquisas que fiz num Prontuário Médico.
(Texto escrito de acordo com a antiga ortografia)
Abraço António Tavares
Foz do Douro, 20 de Novembro de 2014
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Nota do editor
Último poste da série de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13807: A propósito de paludismo... Ou melhor, do sezonismo, que era o termo que tradicionalmente se usava entre nós, na metrópole, até finais dos anos 60 (Parte II) (Luís Graça)... Relembrando aqui o papel do Instituto de Malariologia e do prof Francisco Cambournac (1903-1994), um português do mundo, que foi diretor da OMS - África, entre 1954 e 1964
8 comentários:
Obrigado, Tavares, por teres guardado estes preciosidades. Hoje tenho pena de não ter, no meu bau, o CERTIFICADO INTERNACIONAL DE VACINAÇÃO OU DE REVACINAÇÃO CONTRA A FEBRE- AMARELA, que todos tínhamos que ter antes de partir para a África...
O mais surpreendente era que esse "boletim amarelo" era passado pelo serviço de vacinação da Escola Nacional de Saúde Pública e Mediciona Tropical, criada em 1966, e para a qual irei entrar, como docente, quase vinte anos depois...
Esta Escola foi criada pelo Decreto nº 47102, de 16 de julho de 1966. Tinha sede em Lisboa e ficava na dependência dos Ministérios do Ultramar e da Saúde e Assistência. O Ministro do Ultramar era o Joaquim Moreira da Silva Cunha, e o Ministro da Saúde e Assistência, o Francisco Pereira Neto de Carvalho.
Mais tarde, em 1972, a saúde pública e a medicina tropical separam-se, dando origem a duas instituiçõies distintas, a Escola Nacional de Saúde Pública e o Instituto de Higiene e Medicina Tropical.
"Aos meus camaradas (tratamento entre militares) do 2.º Turno/69 do Curso de Sargentos Milicianos, de Abril a Julho, no CISMI, em Tavira, recordo que a nossa “dose cavalar” foi tomada em 23 de Junho de 1969!, escreve o Tavares
Camarada Tavares, eu também me lembro de ter levado um ano antes de ti esse famosa "dose cavalar"... No CISMI, em Tavira...
Tenho ideia de nunca ter desmaiado na vida, mas nessa altura isso esteve quase para acontecer... O tempo de espera na bicha, o sol, e o estômago vazio, para lá das condições pouco higiénicas em que era feita a vacinação (não havia agulhas descartáveis nesse tempo, aquilo era uma verdadeira linha de montagem, um agulha aviava um regimento!)... tudo isso contribuiu para que eu começasse a ver todas as cores do arco-íris...
Éramos tratados como animais!...
Não desmaei por um triz... Mas esse dia nunca mais o esqueci...
Sobre a "dose cavalar" tenho quase a certeza que a tomei ainda na recruta nas Caldas de Abril a jun de 67 e também não esqueço, entravam dez de cada vez e vinha um enf, com uma caixa de agulhas a espetar ao cimo das costas as agulhas e logo atrás vinha outro a injetar em todos ainda hoje tenho um papo duro nesse local
Manuel Carvalho
FORAM..
Tratados como bestas..claro.
Se éramos, como é que queriam ser tratados.
No meu tempo foi assim..tudo em bicha de pirilau...vinha um gajo de bata branca que nos besuntava o braço com um líquido vermelho (eosina ?)..passado algum tempo..vinha outro com uma caixa de agulhas e espantava uma na zona previamente transformada à benfica..e ali se ficava com a dita cuja espetada..até vir outro com uma seringa cheia e injectava uma pequena quantidade de liquido (dose?).....
Quanto à "dose cavalar"..era natural..se éramos todos umas bestas cavalares.. perdão ..equídeos.
Desmaios..alguns desmaiaram..uns fingidos..julgavam que assim se livravam de malhar com os costados na Guiné.
Quanto às mesinhas LM nada a acrescentar.
A vacina da febre amarela é obrigatória para quem viaja para zonas endémicas..caso da Guiné.
O boletim continua a ser amarelo.
A vacina confere imunidade durante dez anos.
ab
C.Martins
Meu caro C. Martins cada um sabe de si.
Manuel Carvalho
Caros amigos,em 1972 no regimento de Beja,recebi a dose cavalar!primeiro veio um com um pincel e tintura ai isso chegou-me as partes baixas e hardia como Deus mandava...depois outro estupido pregou-me uma agulha nas costas...outro com a seringa tao rapido deu a vacina,que senti que tinha uma torneira aberta dentro das costas!!!Mas ainda estou vivo.O mesmo nao posso dizer ao pobre que morreu em Alcochete em 2016.Deus nos ajude a ser-mos melhores uns com os outros.
Caro comentarista simpático, por muito simpático que seja, tem de deixar o seu nome. Assim, o seu comentário foi apagado.
Carlos Vinhal
Coeditor
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