Foto nº 1 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Enxalé > O Jorge Araújo, fur mil op esp, CART 3494 (Xime, 1972/74), no Enxalé, em 21/22 de julho de 1972, junto a uma máquina da destilaria de cana de açucar do Pereira do Enxalé, abandonada em 1962 (1) (*)
Foto nº 2 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > Enxalé > O Jorge Araújo, fur mil op esp, CART 3494 (Xime, 1972/74), no Enxalé, em 21/22 de julho de 1972, junto a uma máquina da destilaria de cana de açucar do Pereira do Enxalé, abandonada em 1962 (2)
Foto nº 3 > Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > s/d > O Jorge Araújo, fur mil op esp, CART 3494 (Xime, 1972/74), junto a um obus 10.5 apontado para a direita do Rio Geba, onde ficava, em frente, a tabanca e o destacamento do Enxalé.
Fotos: © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
1. Há fotos que falam por si e outras que que pedem legenda... Estas (fotos nº 1 e 2) que publicamos acima, não precisariam de legenda... Mas é necessário falar do contexto (**)...
Abandonadas pelo Pereira do Enxalé, em 1962, as suas máquinas ainda resistiam á fúria da natureza e da guerra, dez anos depois... Acho que merecem uma boa legenda!... Obrigado, Jorge. E, se alguém puder e quiser, que contacte a Maria Helena Carvalho, filha do empresário Amadeu Abrantes Pereira, que nasceu e cresceu no Enxalé, até antes do início das guerra. Vive e trabalha hoje nas Caldas da Rainha (Telef.262 842 990). Estas fotos também lhe pertencem... (***) (LG)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/734 - P13970: História da CART 3494 (3): A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494 (XIME / ENXALÉ–[N]AS DUAS MARGENS DO GEBA) - A única presença no Enxalé (Jorge Araújo)
6 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6116: O Nosso Livro de Visitas (85): Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé, localidade onde nasceu há 60 anos, hoje residente nas Caldas da Rainha (Luís Graça)
(...) Na sequência do [19º] encontro [nacional] da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , em Coruche [], em 6 de março de 2010,] contactou-me, por telefone, a Maria Helena Carvalho, nascida no Enxalé, e atualmente casada, residente nas Caldas da Rainha, onde tem um um estabelecimento comercial (Telef. 262 842 990).
Seu pai, Amadeu Abrantes Pereira, natural de Seia, era um conhecido comerciante, o Pereira do Enxalé. Era dono de uma importante destilaria de aguardente de cana, bem como de outras instalações e casas, que ainda hoje estão de pé. A família era muito estimada pela população local.
A Maria Helena nasceu no Enxalé em 1950, se não erro. Saiu cedo de lá, creio que com sete ou oito anos, por volta de 1958, para ir estudar em Bissau e depois na Metrópole. Mas regressava nas férias grandes. As suas memórias de infância (e os seus amigos de infância) estão indelevelmente ligados a esse tempo e a esse lugar.
Os pais acabaram por sair do Enxalé, fixando-se em Bissau, em 1962. Já havia nuvens negras que prenunciavam a chegada da borrasca da guerra. A matéria-prima (a cana de açúcar) que abastecia a destilaria começou a escassear. Os caminhos tornavam-se perigosos. O PAIGC fazia o seu trabalho de sapa. Entretanto, a mãe morreu e a Maria Helena ficou definitivamente entregue aos cuidados dos padrinhos, das Caldas da Rainha.
O património da família ainda lá está, no Enxalé, arruinado. Também tinham prédios em Bissau. Em 1989, a Maria Helena voltou aos lugares da sua infância. Ainda encontrou, no Enxalé, gente que trabalhara para o seu pai bem como amigos de infância.
Ela ainda fala do Enxalé e da Guiné com emoção (...).
Infelizmente não temos muitas imagens nem histórias passadas no Enxalé (teremos cerca de 30 referências)… No final dos anos 60 e princípios de 70, o Enxalé, na margem direita do Rio Geba, em frente ao Xime, tinha um heliporto e um cais acostável (só utilizado na época seca). A própria Maria Helena tem poucas fotos desse tempo.
Do ponto de vista do dispositivo militar, o Enxalé passou a pertencer ao Setor L1 (com sede em Bambadinca, Zona Leste), a partir do último trimestre de 1969, se não me engano: nessa época, só havia duas destilarias de cana de açúcar no sector, uma em Bambadinca e outra em Ponta Brandão ( a escassos 5 quilómetros de Bambadinca, à esquerda da estrada para Bafatá). Por outro lado, a sua extensa e rica bolanha continuava a ser cultivada. A localidade pertencia ao regulado do Enxalé, onde a população recenseada, sob controlo das NT , era de 400 balantas e 350 mandingas e beafadas. Na localidade do Enxalé, onde existia uma loja comercial, a população residente (cerca de 300) era considerada "colaborante na defesa".
O Enxalé era frequentemente alvo de ataques e flagelações do PAIGC. O destacamento era apoiado pelo fogo de artilharia do Xime, aquartelamento que ficava na outra margem do rio Geba.
Em Junho de 1970, quando o BART 2917 substitui o BCAÇ 2852 no Setor L1, no destacamento do Enxalé havia um Grupo de Combate da CART 2715 (a unidade de quadrícula do Xime) bem como um esquadrão do Pelotão de Morteiros 2106. A partir de Outubro de 1971, passou a ter o GEMIL 309 e, em Dezembro de 1971, o GEMIL 310 (ambos pertencentes à Companhia de Milícias de Porto Gole).
Fizemos (nós, a CCAÇ 12 e outras forças que integravam o dispositivo militar do Setor L1) várias operações na região compreendida pelos regulados do Enxalé e do Cuor, algumas bem duras e dramáticas, com terminus no Enxalé,como aOp Tigre Vadio (Março de 1970). (...)
(***) Último poste da série > 7 de dezsembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13982: Fotos à procura de... uma legenda (47): Os primeiros combatentes do Xime, colocados lá a partir de 1/7/1963, a nível de pelotão (Libério Lopes, ex-2º sgrt mil inf, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65)
(*) Vd. poste de 3 de dezembro de 2014 > Guiné 63/734 - P13970: História da CART 3494 (3): A ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CART 3494 (XIME / ENXALÉ–[N]AS DUAS MARGENS DO GEBA) - A única presença no Enxalé (Jorge Araújo)
6 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6116: O Nosso Livro de Visitas (85): Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé, localidade onde nasceu há 60 anos, hoje residente nas Caldas da Rainha (Luís Graça)
(...) Na sequência do [19º] encontro [nacional] da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , em Coruche [], em 6 de março de 2010,] contactou-me, por telefone, a Maria Helena Carvalho, nascida no Enxalé, e atualmente casada, residente nas Caldas da Rainha, onde tem um um estabelecimento comercial (Telef. 262 842 990).
Seu pai, Amadeu Abrantes Pereira, natural de Seia, era um conhecido comerciante, o Pereira do Enxalé. Era dono de uma importante destilaria de aguardente de cana, bem como de outras instalações e casas, que ainda hoje estão de pé. A família era muito estimada pela população local.
A Maria Helena nasceu no Enxalé em 1950, se não erro. Saiu cedo de lá, creio que com sete ou oito anos, por volta de 1958, para ir estudar em Bissau e depois na Metrópole. Mas regressava nas férias grandes. As suas memórias de infância (e os seus amigos de infância) estão indelevelmente ligados a esse tempo e a esse lugar.
Os pais acabaram por sair do Enxalé, fixando-se em Bissau, em 1962. Já havia nuvens negras que prenunciavam a chegada da borrasca da guerra. A matéria-prima (a cana de açúcar) que abastecia a destilaria começou a escassear. Os caminhos tornavam-se perigosos. O PAIGC fazia o seu trabalho de sapa. Entretanto, a mãe morreu e a Maria Helena ficou definitivamente entregue aos cuidados dos padrinhos, das Caldas da Rainha.
O património da família ainda lá está, no Enxalé, arruinado. Também tinham prédios em Bissau. Em 1989, a Maria Helena voltou aos lugares da sua infância. Ainda encontrou, no Enxalé, gente que trabalhara para o seu pai bem como amigos de infância.
Ela ainda fala do Enxalé e da Guiné com emoção (...).
Infelizmente não temos muitas imagens nem histórias passadas no Enxalé (teremos cerca de 30 referências)… No final dos anos 60 e princípios de 70, o Enxalé, na margem direita do Rio Geba, em frente ao Xime, tinha um heliporto e um cais acostável (só utilizado na época seca). A própria Maria Helena tem poucas fotos desse tempo.
Do ponto de vista do dispositivo militar, o Enxalé passou a pertencer ao Setor L1 (com sede em Bambadinca, Zona Leste), a partir do último trimestre de 1969, se não me engano: nessa época, só havia duas destilarias de cana de açúcar no sector, uma em Bambadinca e outra em Ponta Brandão ( a escassos 5 quilómetros de Bambadinca, à esquerda da estrada para Bafatá). Por outro lado, a sua extensa e rica bolanha continuava a ser cultivada. A localidade pertencia ao regulado do Enxalé, onde a população recenseada, sob controlo das NT , era de 400 balantas e 350 mandingas e beafadas. Na localidade do Enxalé, onde existia uma loja comercial, a população residente (cerca de 300) era considerada "colaborante na defesa".
O Enxalé era frequentemente alvo de ataques e flagelações do PAIGC. O destacamento era apoiado pelo fogo de artilharia do Xime, aquartelamento que ficava na outra margem do rio Geba.
Em Junho de 1970, quando o BART 2917 substitui o BCAÇ 2852 no Setor L1, no destacamento do Enxalé havia um Grupo de Combate da CART 2715 (a unidade de quadrícula do Xime) bem como um esquadrão do Pelotão de Morteiros 2106. A partir de Outubro de 1971, passou a ter o GEMIL 309 e, em Dezembro de 1971, o GEMIL 310 (ambos pertencentes à Companhia de Milícias de Porto Gole).
Fizemos (nós, a CCAÇ 12 e outras forças que integravam o dispositivo militar do Setor L1) várias operações na região compreendida pelos regulados do Enxalé e do Cuor, algumas bem duras e dramáticas, com terminus no Enxalé,como aOp Tigre Vadio (Março de 1970). (...)
(***) Último poste da série > 7 de dezsembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13982: Fotos à procura de... uma legenda (47): Os primeiros combatentes do Xime, colocados lá a partir de 1/7/1963, a nível de pelotão (Libério Lopes, ex-2º sgrt mil inf, CCAÇ 526, Bambadinca e Xime, 1963/65)
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Legendas para a fotos:
Nº 1: "O HOMEM DO LEME"
Nº 2: "O ÚLTIMO COMBOIO DA GUINÉ...PORTUGESA"
Nº 3: "O QUE FAZ UM CIVIL NA GUERRA...?"
Nº 4: "À ESPERA QUE A GUERRA PASSE"
Um abraço para todos os camaradas
José Vermelho
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