Guiné-Bissau > Região de Cacheu > Tabanca de Iale Varela > Dezembro de 2010 > Crianças felupes.
Foto: © Patrício Ribeiro (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
1. Mensagem de ontem do Jorge Cabral...(e lá dentro uma estória de encantar, que só podia sair da "pena de ouro" do nosso "alfero Cabral"):
Com os votos de um Natal-Natal! E um GRANDE ABRAÇO!
J. Cabral
2. Estórias cabralianas > Uma floresta de árvores de Natal... Ou natalício apanhanço ?
por Jorge Cabral
[ex-alf mil art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71; jurista, prof ensino sup univ, reformado]
A 24 de Dezembro pela manhã, fomos a Bambadinca. Trouxemos bacalhau e o correio.
por Jorge Cabral
[ex-alf mil art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71; jurista, prof ensino sup univ, reformado]
A 24 de Dezembro pela manhã, fomos a Bambadinca. Trouxemos bacalhau e o correio.
Para mim chegou uma carta dos meus sobrinhos, escrita pela minha irmã. Dentro dela, um desenho do Pai Natal. Barba branca e uns óculos na ponta o nariz. Tal e qual eu ,agora…
À noite consoámos. Nem tristes, nem alegres.
No dia 25, como fazia sempre de madrugada, fui atrás do meu abrigo, junto ao arame, aliviar a bexiga. Mas, mesmo antes de iniciar a função, olhei a mata. Olhei e vi todas as árvores enfeitadas com luzes e bolas cintilantes:
À noite consoámos. Nem tristes, nem alegres.
No dia 25, como fazia sempre de madrugada, fui atrás do meu abrigo, junto ao arame, aliviar a bexiga. Mas, mesmo antes de iniciar a função, olhei a mata. Olhei e vi todas as árvores enfeitadas com luzes e bolas cintilantes:
–Venham ver! – gritei.
Toda a gente dormia... Só apareceu um puto, o Braima, neto da Binta, que ficou extasiado.
Ao almoço relatei a maravilha. Ninguém levou a sério. Chamei o Braima, mas de nada serviu. Natalício apanhanço, comentou o Branquinho…
Quarenta e quatro anos passados, confirmo. Eram milhares de árvores de Natal.!
Já contei ao meu neto. Acreditou…
Jorge Cabral
Já contei ao meu neto. Acreditou…
Jorge Cabral
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Nota do editor:
Últimos cinco postes da série >
Nota do editor:
Últimos cinco postes da série >
8 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12556: Estórias cabralianas (84): Ganhámos! O Alfero meteu golo!... (Jorge Cabral)
Chegado a Fá, ordenei treinos diários. Tarefa difícil, pois os meus soldados africanos nem as regras conheciam. Eram fortes e rápidos, mas pareciam especialistas em sarrafadas. Para tirar a bola ao adversário valia tudo. (...)
(...) No fim dos anos 70, era um simpático advogado, com muitas clientes que me gabavam a grande sensibilidade…Entre elas, destacava-se a D. Prazeres, que eu divorciara de um marido violento e me assediava todos os dias, com questões que, de jurídico, tinham muito pouco. (...)
2 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12238: Estórias cabralianas (82): Quando cabeças e rabos não são equivalentes, e nem sempre dois mais dois são igual a quatro: O Sitafá, as fracções e as sardinhas (Jorge Cabral)
(...) Em Missirá durante dois meses, estivemos sem abastecimentos. Época das chuvas, o sintex e os dois unimogues avariados .Ainda tínhamos conservas,mas faltavam as batatas, o vinho e o arroz para os africanos. Um dia porém, o Pechincha conseguiu fazer dos dois burrinhos, um, que andava. Fomos a Bambadinca, deixando a viatura, à beira da bolanha de Finete, que atravessámos até ao rio, o qual cambámos na piroga do Fodé. (...)
30 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12222: Estórias cabralianas (81): Em Vendas Novas, de ronda, na Tasca das Peidocas (Jorge Cabral)
(...) Em Janeiro de 1969, eis-me garboso aspirante na E.P.A. [Escola Prática de Artilharia], em Vendas Novas. Ao contrário dos outros aspirantes, encarregados da instrução no C.S.M. [, Curso de Sargentos Milicianos], eu fui colocado na Secção de Justiça e na Acção Psicológica, sendo ainda nomeado árbitro de andebol da Região Militar. (...)
(...) Numa noite, no início de Maio de 1968, apareceu-me irritado o meu amigo Filipe. Ia para a tropa.
– Tens a certeza Filipe? Olha vamos passar por lá, pela Junta de Freguesia. (Onde à porta afixavam as listas).
E fomos. Corri os olhos pelo edital e era verdade. Lá constava, Filipe Narciso Gonçalves da Silva. Só que, um pouco mais abaixo, encontrei o meu nome, Jorge Pedro de Almeida Cabral. Devia ser engano, um erro, eu tinha direito a adiamento. Que o Filipe fosse, não era para admirar. De igual idade e entrados ao mesmo tempo na Faculdade, ele não passara do primeiro ano, enquanto eu contava acabar o curso no ano seguinte. (...)
9 comentários:
GOSTO!
Desta e de todas aquelas que escreves. FELIZ NATAL, com ou sem arvores enfeitadas.
Caro amigo Jorge Cabral, o Natal não é só quando o homem quer, mas também onde o homem quer.
Abraço natalício
Carlos Vinhal
Jorge:
Para mim foi talvez estória mais linda que escreveste e contaste.
Um abraço.
Fernando Gouveia
Gostei! E como diz o Vinhal e muito bem, Natal é onde e quando um homem quer.
Abraço
Adriano Moreira
Que foto! E que texto! Maravilhosos!
Que dos corpos dos velhos combatentes que por aqui vagueiam, mesmo que árvores carcomidas pelo tempo e pelas agruras da vida, se soltem "luzes e bolas cintilantes"!
Acreditem que é possível tal acontecer. O Jorge Cabral foi testemunha disso e, felizmente, ainda o é.
Boas Festas, meus caros companheiros desta linda Tabanca.
Manuel Joaquim
Manuel Joaquim:
Estamos de acordo!... É uma foto fantástica do Patrício Ribeiro, editada por mim... E que escolhi porque quis homenagear o nosso "alfero Cabral" e este pequeno conto de realismo fantástico que nos tocou a todos...
Afinal, quantos de nós, que passámos dois ou até três natais no To da Guiné, não fomos capazes de transformar o negrume da noite e do mato à volta de nós em presépios animados e iluminados, regressaando á infância perdida ?
O !"alfero Cabral" escreve pouco (, esteve quase um ano sem nos mandar uma das suas inimitáveis "estórias cabaralinas"), mas o que escreve é de primeira água...e de antologia
É pena que ele desvalorize as sua produção de "short stories"... Em tempos ainda o entusiasmei a publicar um livrinho com este material de cinco esgtrelas, mas ele agora encolhe os ombros, cético e tristonho:
- Ó Luís, quem o vai ler, afinal?!
Meu caro Luís Graça:
Concordo plenamente contigo.
Como eu gostaria de ter o poder de síntese, a verve, a ironia, o "non-sens" que o Jorge Cabral usa brilhantemente nos seus escritos!
Olha, o nosso querido camarada não quer publicar? Lá terá as suas razões. O que lhe "proíbo" de fazer é ele destruir os seus textos aqui publicados, os únicos que conheço. Para bem da sociedade tem de os deixar à disposição do futuro. Tenho a certeza que alguém virá mais tarde a pegar-lhes. Ninguém abandona pérolas!
Abração do
Manel Joaquim
Caro Jorge Cabral,
Depois de ler este teu belo texto e os comentários adjacentes fui sentar-me ao lado do teu neto...
Um abraço transatlântico.
José Câmara
Ó Luís, quem o vai ler, afinal?!
Jorge Cabral, tem razão.
Muito poucos querem saber.
Este país não é para "velhos" combatentes do ultramar
Estamos a ficar isolados e esquecidos, e talvez este blog virá um dia a servir para estudiosos.
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