sábado, 20 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14057: (Ex)citações (255): O Marcelino da Mata, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género (Domingos Gonçalves)

1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) com data de 18 de Dezembro de 2014, com a resposta a um comentário de Manuel Luís Lomba:

Prezado Dr. Graça

Envio um pequeno esclarecimento pedido pelo camarada Luís Lomba, que poderá publicar, caso o entenda oportuno.

Um abraço.
Domingos Gonçalves


2. Comentário do nosso camarada Manuel Luís Lomba deixado no Poste 14033(*)

Camarada Domingos Gonçalves.

A viagem do paquete Uíge que vos desestivou no Pidjiquiti, retornou com o nosso batalhão (705) e destivou-nos no Cais da Rocha.

No livro "Crónica da Libertação", Luís Cabral diz que ele e o Chico Mendes, a autoridade máxima na zona Norte, haviam chegado na noite da véspera a Cumban-Hory para a cerimónia de despedida de cooperantes cubanos e do final da formação do Corpo de Comando - uma força de elite de intervenção, réplica aos Comandos de Bissau.

Aquela base estaria para o PAIGC como Brá estaria para o Comando-chefe.

Diz também que o nosso grupo de assalto fez a aproximação pelo lado da enfermaria e os dois teriam sido apanhados de surpresa, se a sentinela não tivesse chegado a avisar o capitão cubano Pina, o instrutor de artilharia e chefe dos cooperantes cubanos, que lançou o alarme, o que não impediu dele e Chico terem de atravessar a bolanha em fuga, tocados à morteirada.

Conta que deixámos quatro corpos, despedaçados pelas suas bazucadas T 21, perto da tenda onde os dois dormiam e sobre o depósito subterrâneo de material de guerra, que não descobrimos. E admite terem neutralizado as nossas transmissões, porque a aviação não apareceu.

Tu dizes que o primeiro sinal rádio dos operacionais aconteceu pelas 08h30 e com o DO do correio.

O nosso grande Marcelino da Mata disse, reprodução do blogue "Rangers & Coisas do MR", que o assalto foi feito por ele e o seu grupo "Roncos de Farim" e que os quatro mortos, dois europeus e dois africanos, pertenciam-lhe.

E disse que a CCaç 1546 havia sido apanhada à mão numa operação junto à fronteira, em Agosto, e que foi ele e o seu grupo de Comandos que a foi libertar do cativeiro no Senegal, trazendo-os de regresso... em cuecas.


Como para nós a guerra nunca acaba, podes esclarecer?

Um Abraço
Manuel Luís Lomba


3. Esclarecimento do camarada Domingo Gonçalves.

Prezado Manuel Luís Lomba:

Respondendo ao teu pedido de esclarecimento tenho a referir o seguinte:

Quando se realizou a operação em causa eu estava a comandar o destacamento de Guidage pelo que acompanhei muito de perto a operação Chibata.

Os Comandos de Farim - os Roncos -, como eram conhecidos, participaram na operação, comandados pelo Marcelino da Mata, que teve, uma intervenção importante no desenrolar dos acontecimentos.

Participei, aliás, em várias ações levadas a cabo pela CCAÇ 1546, reforçada pelo citado grupo. O Marcelino era um combatente arrojado. Teve influência decisiva em várias ações de combate. Ele e o grupo, claro. 

Contudo, sobre o episódio da libertação de prisioneiros, pertencentes à minha Companhia, apenas posso referir, que é mentira. Quer a minha Companhia, quer as outras duas, a 1547 e a 1548, que integravam o BCAÇ 1887, fizeram, ao longo da sua permanência na Guiné, prisioneiros, mas não sofreram prisioneiros.

Vi, também, na Net, a descrição do episódio que referes. 
Uma libertação, aliás, de prisioneiros, de forma bastante simplória. Como disse, é pura mentira.

O Marcelino, que foi um militar valoroso, não precisa que se inventem, e lhe atribuam episódios desse género.

Os mortos em causa foram:
- José Miranda, do BCaç 1887
- António Pires Correia, da CART 1691 (Roncos)
- Sali Jaló, do Pel Mil - 5.ª CMIL (Roncos) e
- Fódè Baio, do Pel Mil 116 -5.ª CMIL (Roncos).

Esta identificação é retirada do relatório de atividades do batalhão 1887.

Ao fixar-me no teu nome, penso que cheguei, e bem, à conclusão de que és, e resides, na zona de Barcelos. Tivemos, penso que durante cerca de três anos, um percurso de vida comum, nos anos de 1954, 1955, e 1956. Recordas-te?

Um abraço de Boas Festas
Domingos Gonçalves  (**)
____________

 Notas do editor:

1 comentário:

Anónimo disse...

Meus Caros Amigos e Camaradas

Repôr a verdade dos factos:

Marcelino da Mata nunca foi o comandante do Pelotão " Os Roncos de Farim "

O Pelotão sempre foi comandado por um alferes e creio que a partir de Janeiro de 1970 passou a ser comandado pelo Fur Cherno Sissé ( também Torre Espada) com quem alinhei para o mato em interdições e picagens quando o Pelotão esteve de reforço à minha CCaç 2548 em Jumbembem.

Na Op Chibata levada e efeito em Dezembro de 1967, em Cumbamori, zona de Mampatás, já dentro do Senegal, de facto o Marcelino da Mata, participou na operação, bem como o Cherno Sissé e o Pelotão era comandado pelo Alf Sarmento da CCaç 1491 que estava no K3, com o qual falei telefónicamente bem como com outros elementos.

Nessa altura já o Alf Filipe Ribeiro, estava em Quinhamel com a sua CCaç 1585 a aguardar embarque para a Metrópole.

Na verdade o Pel Os Roncos de Farim tiveram uma actuação relevante.
A CCaç 1546 que também participou e não se perdeu e o Marcelino da Mata estava muito ocupado com a batalha assim como todos e até houve condecorações, incluindo o Capitão da CCaç 1546

Sobre este tema vid o meu Livro " Os Roncos de Farim"
Não embarquem com histórias e com mentiras. Antes de publicarem certifiquem-se da verdade.

Em 1973 voltaram lá de novo com o Batalhão de Comandos " OP Ametista Real" na altura que Guidage estava a sofrer grande pressão.
Com um abraço
CARLOS SILVA