Para todos os camaradas, com um grande abraço:
De início não contava escrever sobre este tema das máquinas fotográficas mas como “já que tanto insistem” aí vai.
Já em tempos referi a marca da máquina que me acompanhou na minha comissão na Guiné e com a qual tirei centenas de fotos.
Foi a páginas vinte e nove do livro “Na Kontra Ka Kontra”, que escrevi debaixo da adrenalina acumulada durante a visita que fiz à Guiné em Março de 2010.
O invólucro de couro da minha “Fujica” ajudou à sua longevidade.
Não posso deixar, mais uma vez, de agradecer ao blogue e ao próprio Luís Graça e Carlos Vinhal, não esquecendo o António Pimentel, este, que me incentivou a rever locais e gentes de há quarenta anos atrás.
Quanto à máquina, comprei-a logo nos primeiros dias em Bissau, em Julho de 1968. Eu próprio e mais dois colegas do curso de Mafra, o Rego e o Amorim, compramos três máquinas iguais “Fujica”, numa loja de material fotográfico, ao lado do forte da Amura.
Se não me engano custaram-nos 1.500$00 cada. Vim depois a saber que os meus colegas de compra não ficaram muito satisfeitos com elas. No que me diz respeito gostei imenso dela pois além de me “fazer” a guerra ainda durou mais vinte anos. O seu fim só se deu com o colapso do fotómetro, com que já era equipada.
A existência do fotómetro permitia-me tirar fotos em modo automático. Assim, e pelo facto de com o polegar direito fazer a focagem bem como a passagem à foto seguinte, conseguia tirar fotografias seguidas só com a mão direita.
Durante a comissão tirei centenas de slides e, penso, só um rolo de fotos a preto e branco (reveladas por um qualquer camarada do Comando de Agrupamento em Bafata) e um rolo de fotos coloridas.
Durante os vinte e dois anos em que funcionou tirei quase sempre slides e da marca “Agfa” tendo sido todos revelados em Barcelona pois em 1968 não havia essa possibilidade em Portugal. Como curiosidade direi que nunca se extraviou um sequer.
Termino referindo mais uma vez, que agradeço aos camaradas atrás referidos e também à minha “Fujica” o inesquecível, emocionante e indelével prazer que senti ao entregar as três fotografias que se seguem às pessoas respectivas quarenta anos depois, quando da tal visita à agora Guiné-Bissau.
Ao mostrar a foto à Bobo, ela muito emocionada disse: Ah, ah, ah, ah, ah, ah a minha Maria.
A bajuda agora a mulher grande Kadidja, embora só nos tivéssemos visto uma vez, quarenta anos depois, ainda me reconheceu e soube referir o local onde lhe tirei a foto.
O Tchame já tinha morrido mas o filho não deixou de ficar altamente emocionado quando lhe entreguei a foto do pai.
Fernando Gouveia
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Nota do editor
Último poste da série de 18 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14045: A minha máquina fotográdfica (13): Tive, desse tempo, uma Kowa SE T que depois vendi; e tenho ainda uma Minolta SR T 101... Se um dia quiserem fazer um museu com as "máquinas de guerra", contem com a minha... Não a vendo, tem um grande valor sentimental... (Manuel Resende, ex-alf mil, CCaç 2585, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)
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