APANHEI UM PIFO DO CACHÃO PARA A COVA, APANHEI!
Texto e fotos: A. Marques Lopes (2016)
[A. Marques Lopes, coronel DFA ref, ex-alf mil (CART 1690, Geba, 1967/68; e CCAÇ 3, Barro, 1968)]
Tínhamos regressado da Operação Inquietar I, para irmos destruir a base do PAIGC em Samba Culo [, de 9 a 13 de junho de 1967].
Três dias de mato sob sol e chuva e obrigados três vezes a furar um cerco por ordem do Capitão Maia, quando estávamos cercados e encostados ao rio Canjambari.
Um soldado meu levara um tiro nas costas dado pela Companhia dele.
Maia era o nome dele e não Lindolfo, como o designei no meu livro
“Cabra-cega, do seminário para a guerra colonial”. Foi o General
Moreira Maia, Comandante da Região Militar do Norte, que me disse um
dia, era eu já Tenente-Coronel, que não se lembrava nada disso. Mas eu
lembrava-me bem.
Estávamos cansadíssimos e lixados.
Disse ao rapaz do bar:
- Olha, é uma grade de cervejas para mim e para os nossos furriéis.
Ele trouxe-as e bebemos tudo.
Mas a mim não me chegou. Mandei vir whisky e bebi. Mandei vir gin e bebi. E caí para o lado depois de vários. Pegaram-me nos braços e pernas e levaram-me para a cama.
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Nota do editor:
Último poste da série > 14 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15854: Inquérito 'on line' (44): Como é que eu apanhei um "pifo" de uísque Dimple (José Carlos Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)... ou de "tintol" (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
.... Do cachão para a cova!... Bela imagem, António!... Afinal estás entre os dois terços da malta que teve a humildade de se confessar, no confession+ário do blogue, deste pecado (venial ou mortal?)...
Um homem não era de ferro, e se fosse não podia beber água, porque enferrujava... Um homem não era de pau, se o fosse, andava tramado, com a cabeça sempre rachada... E mesmo que fosse um menino copo de leite, estava lixado na mesma: morria de sede, não havia leite na Guiné...Se a gente bebesse leite, acusavam-nos de beber o leitinho às criancinhas da Guiné... Olha, mais valia beber uísque com água da bolanha... Ab. LG
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