sexta-feira, 7 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17219: In Memoriam (284): Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017) cujo funeral é amanhã às 14h30, da Capela Mortuária de Rio Tinto, Gondomar, para o cemitério de Paranhos, no Porto, um artista visto pelos seus amigos (Carlos Vinhal / José Ferreira da Silva / Dinis Souza e Faro / Francisco Baptista)

Momento musical - Lacrimosa, de Mozart, dedicado hoje, no facebook, à Memória do Jorge Portojo, pelo seu amigo e camarada José Ferreira da Silva

Jorge Teixeira (Portojo) - 1945-2017 - A sua cidade como fundo

O nosso Portojo deixou-nos ontem. Estava internado internado há alguns dias no Hospital de S. João, onde se encontrava depois de o seu estado de saúde ter piorado.

Os amigos mais chegados, principalmente os que o acompanharam nesta fase terminal, esperavam já este desfecho.

O nosso amigo Portojo era homem de poucas palavras mas que prezava os amigos, aos quais fez centenas de fotografias, ou não andasse ele sempre com a sua inseparável máquina fotográfica. Estava doente há muitos meses, passando por algumas melhoras aparentes. Nunca deixou de estar presente nos convívios mensais da "Tabanca dos Melros" e nos do "Bando do Café Progresso, das Caldas à Guiné".

Deixa na Web imensos trabalhos, em Power Point, dedicados à cidade do Porto, que conhecia, amava e fotografou como poucos. O Douro e as suas margens, até às terras transmontanas, foram objecto da lente da sua máquina fotográfica. O Grande Porto foi também registado em imagens, de que saliento por, motivos sentimentais, Matosinhos e Vila do Conde. Desta última cidade, dedicou o Jorge o seu primeiro trabalho a mim, a quem chamou um matosinhense de Azurara, e ao Carmelita, este sim um vilacondense de alma e coração, do qual deixo a foto da Igreja Matriz de Azurara, onde fui baptizado.

Igreja Matriz de Azurara - Vila do Conde
Foto de Jorge Portojo

De Matosinhos, mas propriamente de Leça da Palmeira, esta belíssima perspectiva tirada do local onde existiu o primeiro farol, esse sim, o da Boa Nova.

Casa de Chá da Boa Nova, Farol de Leça e panorâmica de Leça da Palmeira
Foto de Jorge Portojo

E por que não o Porto a preto e branco?

Belíssima esta foto da meia-laranja sobre a Praia do Molhe - Foz do Douro - Porto
Foto de Jorge Portojo

Terminamos com "Glória", de Vivaldi, dedicado hoje mesmo, no facebook,  pelo camarada Diniz Souza e Faro ao nosso já saudoso Portojo.

Carlos Vinhal

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2. Texto enviado ao nosso Blogue por Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72):

Conheci pessoalmente o Jorge Portojo somente o ano passado quando fui convidado pelo José Ferreira, a integrar o Bando do Café Progresso. 

Dentre muitos camaradas simpáticos e educados conheci, o Jorge, um pouco alheio e indiferente a este intruso. Esse Jorge Portojo, de quem já tinha ouvido falar vagamente, com o realce e a admiração que o blogue do "Luís Graça e Camaradas da Guiné" sabe ter por todos os camaradas e artistas que se destacam em diferentes áreas do saber e da arte. 

Confesso que o Jorge Portojo, que não foi muito simpático quando o conheci, com o tempo apercebi-me que ele teria algumas exigências em aceitar a convivência de estranhos. O Jorge teve sempre uma exigência estética, talvez um pouco egoísta, para decidir a aceitação de estranhos, porque ele foi sempre um esteta e um artista. Procurei entender esse capricho de artista ao elogiar-lhe os seus trabalhos fotográficos, que realmente eram admiráveis, e recebi sempre dele um retorno e agradecimento positivo. 

O Jorge Portojo para mim é um grande artista e um grande homem desta grande cidade do Porto, onde vivo e que aprendi a amar. Descobri o Jorge Portojo há um ano entre muitos bandalhos, todos homens de respeito, e aprendi com ele a amar mais esta cidade linda. Vós outros camaradas e amigos Bandalhos com uma convivência mais próxima e prolongada sabereis. 

Por muitas razões teria que gostar deste nosso camarada que nos deixou, nascido e criado no Porto, a viver muitos anos em Fânzeres, encostado ao Porto, um grande fotógrafo da cidade e ex-combatente da Guiné. Retratou a cidade do Porto com alma e coração, retratou o norte do país rural e urbano igualmente com o mesmo amor e a mesma arte (há cerca de quinze dias comentei fotos admiráveis dele que me enviaram).

Honra e glória ao Jorge Portojo! 
Nunca te esqueceremos. 
Um grande abraço ao Jorge que parte mas fica na nossa alma e na arte que perpetua a sua memória. 

Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17217: In Memoriam (283): Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017), ex-Fur Mil, Pel Canhão s/r 2054, Catió, 1968-70... O funeral é amanhã às 14h30, da Capela Mortuária de Rio Tinto, Gondomar, para o cemitério de Paranhos, no Porto

14 comentários:

Juvenal Amado disse...

Não será esquecido por nós Baptista, que admirávamos os seus trabalhos.

Que descanse em paz

David Guimarães disse...

Ficará como outros sempre connosco, mais um amigo combatente que partiu - Paz á sua alma e obrigado pela obra que nos deixou em documentos fotográficos especialmente

Manuel Sousa disse...

Conheci o companheiro de luta Jorge Portojo apenas através dos seus trabalhos de fotografia e power point que ele executava com paixão, em que ele evidenciava, particularmente, a cidade do Porto e o Douro.
As minhas condolências à família.
Se isto puder servir de consolo a alguém, principalmente aos que mais de perto privaram com ele, é que ele partiu deixando cá ainda muitos companheiros de guerra, embora já muitos tenham partido também. Porque o último que cá ficar sentir-se-á muito sozinho.

Hélder Valério disse...

Meus caros amigos e camaradas

Também eu estou incrédulo.
Esta manhã, estando "acelerado" a tentar acabar uma coisa para entrega em Lisboa antes do almoço reparei, de fugida, na notícia colocada no Face por um outro amigo e que dava conta do falecimento do Jorge Teixeira (Portojo).
Recusei-me a acreditar e enviei sms ao Carlos Vinhal para me confirmar.
Algum tempo depois o Carlos telefonou e confirmou.
Tenho estado a digerir a notícia.
Já li muita coisa aqui e no Face e ainda me custa falar disto.
O Jorge entrou para o 'nosso Blogue' salvo erro na mesma ocasião que eu, nas vésperas do II Encontro que ocorreu em Pombal.
Trocámos alguns mails. A propósito dos seus altamente meritórios trabalhos sobre o Porto, os seus encantos, recantos e monumentalidade.
Tive oportunidade de lhe demonstrar que esses seus trabalhos chegavam longe, muito longe, quando lhe reenviei um dos trabalhos dele que me foram enviados por um antigo colega trabalhador como eu na Sapec, aqui em Setúbal, e que foi para a costa oeste dos Estados Unidos. Esse trabalho, que não recordo agora qual, vinha acompanhado de um comentário bastante elogioso sobre o facto de assim se aprender a conhecer melhor o Porto e, curiosamente, esse meu antigo colega foi também nosso camarada na Guiné.
Estive com ele mais de perto, também já fez bastantes anos, aquando do lançamento do livro da História de Portugal em versos do Manuel Maia num dos almoços da Tabanca de Matosinhos e onde o Jorge ajudou a ultrapassar algumas 'dificuldades' que então se colocaram.
Também troquei com ele vários mails a propósito de outros assuntos.
Gostava do seu humor, da sua forma 'corrosiva' de por vezes se expressar. E da sua alegria de viver, nem que fosse aparente....

Pela forma como traduziu, em trabalhos que circulam na net, a Cidade do Porto, e não só, acho que fez por essa cidade um muito bom e inestimável contributo para uma melhor, maior e mais completa divulgação e conhecimento que deveria ser superiormente reconhecida.

Para além disso, sinto-me mais pobre.

Descansa em paz, amigo 'Portojo', e até um dia.

PS
A escultura com começa este 'post' é lindíssima. Tive oportunidade de a apreciar demorada e detalhadamente no Louvre e é realmente admirável. Acompanhada pela música de Mozart "o Divino", temos então uma homenagem a condizer.

jteix disse...

Um agradecimento profundo e sincero ao amigo e camarada Jorge Teixeira, Portojo como era conhecido e gostava de ser tratado, Secretário General, que ajudou a incrementar e engrandecer "O Bando do Café Progresso", simplesmente "O Bando".
Nesta hora tão dolorosa, não uma despedida, mas um até já, ele que também era um líder foi à frente, para fazer o reconhecimento fotográfico!... inté.
Descansa em paz amigo Bandalho.
O teu eterno Presidente.
Ps: Espero que não te esqueças de fazer a acta: "A noticia da minha morte é manifestamente exagerada". O Portojo é imortal...

Anónimo disse...

Neste dia de muita tristeza para todos nós, envio à família do camarada Jorge Teixeira (Portojo) os meus mais sentidos pêsames.

Descansa em paz, camarada!

Jorge Araújo.

Anónimo disse...

Estou de acordo com o Francisco Baptista, o Jorge não era uma pessoa de simpatias fáceis, mas depois de o aprendermos a conhecer e de ele se deixar conhecer era um bom e verdadeiro amigo. É desse amigo que, embora só encontrasse de vez em quando, já tenho saudades.
Resta-me desejar-lhe que descanse em paz.
BS

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já não me recordo quando conheci o Jorge Portojo, mas foi seguramente na Tabanca de Matosrinhos. Voltei a encontrá-lo em 29/12/2010, quando tive o grato prazer de conhecer, em carne e osso, o Zé Ferreira, o nosso escritor das "Memórias boas da minha guerra".

Confesso que as circunstâncias não foram, para mim, as melhores, devido a uma maldita ciática que me atormentava na última quinzena do ano de 2010... Fpi nesse convívio que
reencontrei, entre muitos outros camaradas, o Jorge Teixeira (“Portojo”), um verdadeiro cavalheiro, tripeiro, como deve ser, de fino humor e verbo fácil.. Pelo que percebi na altura o Zé Ferreira e o Portojo estiveram em Catió, no sul da Guiné, e "reconheceram-se" (!) ao fim destes anos todos... justamente na Tabanca de Matosinhos que costumavam frequentar, com maior ou menor regularidade.

Ficámos, à porta do restaurante, já no fim do almoço, pela tarde dentro, eles, eu e mais ou outro camarada, a contar algumas histórias... Qualquer deles, eram dois grandes contadores de histórias e camaradas divertidos... O “Portojo” mais expansivo, o Zé Ferreira da Silva mais discreto...Uma das histórias que vem no livro do Zé Ferreia (volume I) é do “Piteira, o ranger do Alentejo” (pp. 43-49), foi-me contada na altura por alto por ele mesmo, Zé Ferreira... Achei-lhe um piadão e esqueci por uns largos minutos a maldita cialgia... Mais tarde, ao relê-la, agora em forma escrita, no livro, voltei a rir que me fartei, sozinho… Ri com gosto, a bandeiras despregadas, ao lê-la com calma e com todos os detalhes...

Enfim, foi um momento alto do nosso "humor de caserna", que é bipolar (dizem os psiquiatras de fora)... Na realidade, a tropa e a guerra não foram feitos para “meninos de coro”... mas também um “ranger” (à força, como aconteceu com o Zé Ferreira e o Piteira) não era um homem que deixava a sua humanidade (e a sua cidadania) em Lamego para se transformar numa “máquina de guerra” nas matas e bolanhas da Guiné.

Outra história fabulosa, de resto contada em primeira mão numa roda de amigos, é que foi um achado do Portojo, é a do soldado comando Dionísio, de Valbom, da 3ª CCmds, desertor e herói, em “É guerra, é guerra… (Será ?)” (volume I, pp. 119-129).

O Portojo, pelo pouco que sei dele mas que ele deixava adivinhar, era um homem que devia gostar de um boa conversa à mesa do café, num bom grupo de amigos e camaradas como o Bando do Café Progresso. É uma baixa de peso para o grupo. Resta-lhes a responsabilidade de cultivar e respeitar a memória de um grande senhor, amigo do seu amigo, camarada do seu camarada. É um dever deles, e é um dever nosso, de toda a malta da Tabanca Grande que teve o privilégio de com ele conviver.

Que a terra da tua Pátria te seja leve, camarada!... Luís Graça

Anónimo disse...

Em horas como esta, veio mesmo a calhar um comentário como o do Teixeira -Presidente do Bando,no seu estilo inconfundível, para desanuviar o ambiente. É disso que precisamos todos como bem entenderá o nosso amigo Portojo.

Um abraço onde caibam todos.

António Carvalho.

Valdemar Silva disse...

Que confusão, me fazem, estas escolhas de Deus.
Então nós que nascemos em 1945 e estivemos na guerra na Guiné, NAO MERECIA-MOS VIVER ATÉ AOS CEM ANOS, por que não, caramba, por que não?
Sentidos pêsames.
Valdemar Queiroz

PS: desculpe-me deste atropelo ao conceito, de não religioso, político ou clubístico, do nosso blogue.
(...mas (como diz o outro).... filosófico não!)

Pereira da Costa disse...

Vou deixar de ter todos os dias o meu Jornal Publico em PDF e os seus blogues.
Nunca estivemos juntos, pessoalmente, nunca tivemos uma conversa contínua.
Estive um dia para ir à Tabanca dos Melros, mas com quem combinei não me informou que o almoço era no Sábado.
Estava eu na casa de banho a tomar banho quando me telefona o Eduardo, então João estou aqui na estação à tua espera e não te vejo. Lá lhe contei o sucedido. Pensava que fosse no Domingo. Tinha bilhete comprado de ida e volta no Alfa Pendular.
Mas como dizia não sei porquê criou-se um relacionamento entre os dois e tinha a cortesia de me enviar todos os dias as suas obras. Uma amizade que reciprocamente alimentava no silência mas sempre acompanhava os seus escritos e os pps com as imagens da sua terra e região, o Norte.
Sinto uma tristeza imensa pela sua perda mas ainda mais por não ter tido a oportunidade de o conhecer pessoalmente.
Onde estiver, tenho a certeza, que verá a continuidade dos seus convívios e que prossiga a amizade entre aqueles que ele soube reunir à sua volta.
Amigo Portojo a saudade já é imensa e a falta diária do teu contacto jamais existirá.
Que descanses em Paz na Vida Eterna para onde, um dia, todos estaremos de novo reunidos
Pereira da Costa

Anónimo disse...

F URAOBSTOP@aol.com
9 de abril de 2017 3:54

para mim
Os meus sentidos pêsamos pela perca do Sr.Jorge Portojo que nos deliciou com tantas imagens do Porto, cidade que ambos amávamos profundamente.

Um internauta amigo que nunca esquecerei. Paz à sua alma!.

Aida

(Flórida - USA)

Jorge Narciso disse...


Penso que nunca nos cruzámos pessoalmente, mas no ido 2010 comungámos, aqui no blogue, memórias relativas ao capitão cubano Peralta e sua chegada, que presenciou, ao HM 241, enquanto eu lá para a zona de Guileje "assistia" aos momentos seguintes à sua captura.
Uma sentida palavra de sentidos pêsames : à familia, aos amigos, enfim a todos nós.
Jorge Narciso

Marco Paskin disse...

Alguma vez pensaram em editar um livro (ou vários) com os textos do Sr. Portojo? Ou já existe algum? Encontrei o blog por uma casualidade e fiquei fascinado. Desde então é passatempo conhecer, seja através do blog seja a caminhar os passos que o Portojo fez, e ver com os meus olhos a linda cidade onde moro.