segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Guiné 61/74 - P19254: Recortes de imprensa (99) O capitão José Manuel Carreto Curto, dado como morto pela propaganda do PAIGC, em entrevista à ANI, Bissau, 20 de março de 1963 (Diário de Lisboa, edição de 20/3/1963, pp. 1 e 9)




Diário de Lisboa, 20 de março de 1963.

Citação:

(1963), "Diário de Lisboa", nº 14462, Ano 42, Quarta, 20 de Março de 1963, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_15229 (2018-12-2)

Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soares > Pasta: 06548.086.18229 > Título: Diário de Lisboa. Número: 14462 > Ano: 42 > Data: Quarta, 20 de Março de 1963 > Directores: Director: Norberto Lopes; Director Adjunto: Mário Neves > Edição: 1ª edição > Fundo: DRR - Documentos Ruella RamosTipo Documental: IMPRENSA > Direitos: A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora. > Diário de Lisboa/Ruella Ramos > 1963. (Reproduzido com a devida vénia...)


O ten gen inf J. S. Carreto Curto,
natural de Castelo Branco, morreu
em 30/11/2018.
Foi cmdt da CCÇ 153
(Fulacunda, 1961/63) (*)
1. Reproduz-se acima uma peça da ANI - Agência de Notícias e Informações, a agência noticiosa do Estado Novo, criada em 1947 (e extinta em 24 de setembro de 1975),  dando conta das peripécias em que andou envolvido o nome do capitão [José dos Santos  ] Carreto Curto (*), seguramente o nome do oficial do exército português que ficou, até hoje, melhor gravado  na memória das gentes da Guiné, associado ao começo da guerra colonial, nomeadamente na regiões de Quínara e de Tombali. 

O capitão Curto a sua CCAÇ 153 foram inimigos mortais do PAIGC. O comandante Vitorino Costa foi morto em meados de 1962 (talvez julho ou junho) pelos homens do Capitão Curto, em Darsalame, e a sua cabeça terá sido trazida para Tite, sede do BCAÇ 237.  Tratava-se de um "grande ronco" para as autoridades portuguesas em luta contra "o início da subversão", e foi seguramente um grande revés para o PAIGC (**) que, oficialmente, só vai começar a luta armada em 23/1/1963, com o primeiro ataque ao aquartelamento de Tite.

Falámos ao telefone, em tempos, em 2010,  com dois camaradas contemporâneos dos acontecimentos: o fur mil Octávio do Couto Sousa, da CCAÇ 153, e o José Pinto Ferreira, ex-1.º cabo radiotelegrafista, CCS/BCAÇ 237 (Tite, 1961/63).  Infelizmente nenhum deles integra ainda a nossa Tabanca Grande, apesar do nosso convite, e de já  termos publicados postes com o seu nome (***).

Seria importante o seu testemunho mais detalhado sobre estes acontecimentos do início (mal conhecido) da guerra. Um e outro reforçaram a ideia de que o  Capitão Curto, pese embora a lenda a que está associada o seu nome na Guiné, foi um militar destemido, corajoso e competente. Não conhecemos outros detalhes biográficos. Sabemos que nasceu em Castelo  Branco, frequentou o respetivo liceu no início dos anos 50. E em 1989 deixou o cargo de comandante da 1.ª Brigada Mista Independente (Decreto nº 40/89 publicado no D.R. nº 140 - I Série de 1989). Era então Brigadeiro. Entre outras condecorações, recebeu a Grã-Cruz da Medalha de Mérito Militar (21 de julho de 1993), atribuída pelo então presidente da República Mário Soares. (****)

Sobre a CCAÇ 153, escreveu o nosso camarada Octávio do Couto Sousa [Mafra, 1959, Tavira em 1959/60; Furriel Miliciano em 1960/61; Sargento Miliciano em 1962/63], em comentário ao blogue Rumo a Fulacunda, em 2/10/2008:

(...) A Companhia 153 proveio do RI 13, de Vila Real, com cabos e praças daquelas redondezas, alguns com nomes das suas terras, o Vila Amiens, o Chaves, etc. Como disse no primeiro escrito, foi uma pena termo-nos separado em Vila Real, terminada a comissão, desejosos todos de partir para as nossas famílias, sem o cuidado de trocar endereços que nestes anos seriam preciosos para nos reencontrarmos. A maioria dos oficiais e sargentos foram mobilizados de outras zonas. No nosso caso e do João M. C. Baptista, estávamos já na disponibilidade e a viver nos Açores.

O nosso Comandante de Companhia foi o Capitão, hoje General, José dos Santos Carreto Curto.

Fomos a única companhia em todo o Sul da Guiné em 1961, com um pelotão em Buba e uma secção em Aldeia Formosa. Tivemos depois um pelotão em Cacine. Estivemos também aquartelados em Cufar numa fábrica de arroz, assim como em Catió, até que tudo se agudizou em termos operacionais. Para Buba chegou uma companhia, a 154, outra para Cacine e por muitas outras localidades foram chegando mais unidades consoante a guerra se intensificava.

As fotos mostram o quartel de Tite onde se instalou o primeiro Batalhão, o 237, ao qual passámos a pertencer como tropa operacional e por questões de organização.

Acompanhámos o primeiro ataque a Tite [, em 23 de Janeiro de 1963,], de Fulacunda saíram reforços nos quais estivemos integrados, visto que o Batalhão, como sede, não estava ainda operacional.

A nossa companhia, a 153, acabou por ficar toda junta e em várias missões percorremos todo Sul na busca e destruição das casas de mato que o PAIGC proliferava por tudo quanto eram zonas mais ou menos isoladas. (...)

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 30 de novembr0 de 2018 > Guiné 61/74 - P19247: In Memoriam (331): O Tenente-General de Infantaria José dos Santos Carreto Curto, ex-Comandante da CCAÇ 153 (Fulacunda, 1961/63), faleceu hoje, 30 de Novembro de 2018, no Hospital das Forças Armadas de Lisboa

(**) Vd. poste de 25 de janeiro de  2013 > Guiné 63/74 - P11005: Efemérides (119): A morte do comandante Vitorino Costa, um revés para o partido de Amílcar Cabral, em 1962, ainda antes do início oficial da guerra

(***) Vd. postes de:

18 de agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6866: O Nosso Livro de Visitas (97): José Pinto Ferreira, ex-1º Cabo Radiotelegrafista, CCS/BCAÇ 237 (Tite, Julho de 1961 / Outubro de 1963): Evocando o lendário Cap Curto (CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63)

(...) Fui militar, classe de 1959. Pertenci à Arma de Engenharia, Batalhão de Transmissões , tendo sido telegrafista no RE 2,e posteriormente no Centro de Transmissões do Quartel General da 1.ª RM, nos anos 60/61. Neste Centro de Transmissões fui escravo da especialidade que tinha, trabalhando de noite e dia, com prevenções sucessivas como quando do assalto ao Santa Maria.
Em Julho de 61 fui para a Guiné integrado no Comando do BCAÇ 237, aquartelado em Tite até Outubro de 63.
Depois do que acima fica dito, quero dizer-lhes que a Guerra da Guiné merece ser contada sem paixões nem vaidades. Quase diariamente corro a persiana e espreito a janela do Vosso Blogue, o que me permite dizer ter a opinião de alguma crítica ao que é dito nos Postes referenciados.
Fui telegrafista muito activo ao serviço do Comando do BCAÇ 237, o que me permitiu assimilar algumas verdades nunca desmentidas. Dito isto, peço que aceitem e reflictam no que se diz nos Postes acima referidos:
(i) O Comandante da CCAÇ 153 foi o Capitão José dos Santos Carreto Curto, aquartelado em Fulacunda. Era um oficial corajoso, visto como inimigo fidalgal pela Rádio Conakry. Nunca terá cortado cabeças a ninguém, mas tão só sido acusado injustamente de um acto menos digno que terá sido praticado por um seu subordinado no IN, morto quando fugia para o Rio. Actos repelentes, sem confirmação,  não devem ser credibilizados. (...)
(...) Comentário de L.G.:

Já em tempos, mais exactamente em 23 de Abril deste ano, fui contactado, por telefone, pelo José Pinto Ferreira, natural de (e residente em) Marco de Canaveses, concelho com o qual de resto tenho afinidades, pelo casamento e pela amizade. No essencial, o José Pinto quis dar-me alguns esclarecimentos sobre o Cap Inf José Curto, Comandante da CCAÇ 153/BCAÇ 237, subunidade que estava sediada em Fulacunda, aquando do ataque a Tite em 23 de janeiro de 1963, data tradicionalmente tida como a do início da guerra na Guiné.

Sobre a lenda do então Cap Inf José Curto (de que eu próprio me dei conta na visita que fiz ao Cantanhez, no início de março de 2008, aquando realização do Simpósio Internacional de Guiledje, Bissau, 1-7 de março de 2008), o ex-1.º cabo radiotelegrafista contou-me o que sabia, nestes termos: houve um guerrilheiro que foi morto, já lá para as bandas do Cantanhez, num ataque de surpresa a uma das barracas do PAIGC. Ao que parece, era um tipo importante da guerrilha, que estava no início da sua organização, e que foi reconhecido pelo guia ou por um cipaio. Estávamos no início da guerra, com todo o sul já polvorosa. Um militar da companhia terá, à revelia, do seu comandante, decepado o cadáver, para trazer, para Fulacunda, uma prova da sua eliminação física.

Este terá sido o princípio da lenda... O Capitão passou a ser o diabo, o terror do sul da Guiné, segundo a Rádio Conacry. Para o José Pinto, o Capitão José Curto era um militar corajoso que foi apanhado pelo eclodir da guerra de guerrilha no sul (Regiões de Quínara e Tombali), e para a qual as NT estavam muito pouco ou nada preparadas, em termos humanos, psicológicos e militares... O raio de acção da sua companhia ia de Fulacunda a Cacine (onde tinha um Grupo de Combate!).

Atenção: ele, José Pinto, não presenciou este acto, "ouviu contar" à malta da companhia (que pertencia ao mesmo batalhão, o BCAÇ 237)... Fiquei de voltar a falar com ele, desta vez pessoalmente, em Ariz, o que até agora ainda não se proporcionou... Recebo agora este mail em que ele volta a reabilitar a memória do Cap José Curto (hoje General reformado, ao que ele me diz).

(...) Ao nosso blogue interessa apenas a verdade dos factos. Como é nossa norma, não fazemos juízos de valor sobre o comportamento, individual, de nenhum combatente da guerra colonial na Guiné, muito menos dos nossos camaradas operacionais (de soldado a capitão).

Sobre o episódio acima narrado, tenho uma outra versão, mais consistente e válida, de um graduado da própria CCAÇ 153, e que estava com o seu comandante, o Cap Inf José Curto, nesse dia e local, e que portanto é uma testemunha privilegiada. Sei que, depois do regresso à metrópole, em meados de 1963, o pessoal da CCAÇ 153 nunca conseguiu reunir-se e muito menos com o seu Comandante, sobre o qual de resto esse graduado confirma a opinião do José Pinto de ser um "oficial corajoso".

(...) Este camarada poderá (...) vir a integrar a nossa Tabanca Grande, no caso de aceitar o meu convite. Até à data só tínhamos notícia do João Baptista, fur mil da CCAÇ 153, e açoriano, autor do blogue Fulacunda, mas infelizmente já falecido há um ou dois anos. (...)


10 de setembro de  2010 > Guiné 63/74 - P6965: In Memoriam (50): João Baptista (1938-2010), um camarada, um amigo, um irmão (Octávio do Couto Sousa)

(****) Último poste da série > 2 de novembro de 2018 >Guiné 61/74 - P19160: Recortes de imprensa (98): In Memoriam - Professor Doutor Carlos Cordeiro - Homenagem no Jornal Correio dos Açores (3) - Biografia por Carlos E. Pacheco Amaral

5 comentários:

Cherno AB disse...

Caros amigos,

Deve ser uma prática tipicamente guineense, isto de matar o inimigo, mesmo que seja só simbólicamente. Relembro que já tinha acontecido com o Cap. Teixeira Pinto na guerra de Bissau. O Capitão tinha sido ferido no lugar chamado Jaal, localizado umas centenas de metros depois do Aeroporto de Bissau. Mas, para a generalidade dos Papeis, ainda hoje, ele tinha sido morto pelos papeis durante a sangrenta guerra de Bissau.

Seria talvez uma forma de vingar, por outros meios, quiça, escamotear a revés sofrida e, ao mesmo tempo, de esconder uma certa impotência diante de um inimigo mais poderoso ou melhor armado de momento, contra o qual não se podia fazer nada, em termos concretos.

Seria interessante saber quais eram os verdadeiros objectivos
Dessa propaganda que, aparentemente, tinha raizes antigas, da mesma forma que, o corte de cabeças ou partes dos corpos das vitimas era uma pratica largamente utilizada em guerras anteriores em varias regiões e/ou teatros de guerras no continente e não só.

Um abraço,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Recorde-se o que é o nosso camarada José Teixeira, régulo da Tabanca de Matosinhos, escrbveu sobre o Arafan Mané e a entrevista que deu ao "Defensor", órgão das FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, da Guiné-Bissau, edição nº 22, dezembro de 2015, 16 pp.

8 DE DEZEMBRO DE 2016
Guiné 63/74 - P16812: O inicio da guerra colonial no CTIG, contada pelo outro lado: entrevista, de 2001, com o homem que liderou o ataque a Tite, Arafam 'N’djamba' Mané (1945-2004) - Parte II (José Teixeira)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2016/12/guine-6374-p16812-o-inicio-da-guerra.html


(...) O Arafam Mané, nesta segunda parte da sua entrevista, fala-nos do capitão Curto [, José dos Santios Carreto Curto, cmdt da CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63] e confessa que a guerrilha já era um fato corrente em 1963, ou seja, tinha sido iniciada possivelmente em 1961. A prova mais evidente é a forma com ele descreve o capitão Curto. O medo que os guerrilheiros tinham, já nessa altura, desse oficial português, pela forma dura e violenta como se impunha era evidente, ao ponto de logo no dia 23 de janeiro [de 1963], ou seja, na manhã seguinte, depois daquela noite dura de violência e sofrimento em Tite, correr com o seu grupo de guerrilha a montar-lhe uma emboscada.

Bastou ao comandante Arafam Mané, ouvir dizer que o capitão Curto ia chegar a Tite para mobilizar os seus homens, cansados, e ainda não libertos das emoções da noite anterior.

Chega a afirmar na entrevista que o capitão português foi morto nesse mesmo dia, 23, e que o seu corpo fora enviado de avião para Bissau. Note-se que o capitão Curto não morreu na dita emboscada e ainda hoje é vivo [, infelizmenmte acaba de morrer, em Lisboa, no dia 30 de novembro de 2018,]. Sabe-se que chegou á Guiné em 26 de maio de 1961 como comandante da CCaç 153.

Esta companhia ficou sediada em Fulacunda e a sua ação estendia-se por todo o sul da Guiné, regiões de Quínara e Tombali. Posteriormente, o seu comandante foi promovido a major, tendo deixado a companhia. Talvez este episódio da sua promoção a oficial superior tenha coincidido com os acontecimentos narrados pelo entrevistado, Arafam Mané, que associa o seu desaparecimento do teatro de operações à sua suposta morte.

Houve vários boatos naa altura sobre o destino do cap Curto, por exemplo, ele próprio teve de desmentir, em entrevista de 20 de Março de 1963, dada a um jornalista da ANI - Agência de Notícias e Informação, a falsa notícia da sua morte: a propaganda do PAIGC aproveitou habilmente este episódio para o dar como prisioneiro pelo PAIGC, levado para Conacri, julgado em Tribunal Revolucionário e executado...

Nota-se, nesta descrição da emboscada à companhia do Capitão Curto, alguma incoerência na relação com o ataque a Tite, ao mesmo tempo vem confirmar que esse ataque foi de iniciativa pessoal do jovem Arafam Mané, servindo-se da população local. Uma emboscada a uma companhia de soldados veteranos, – a CCaç 153 chegara à Guiné em maio de 1961 e estava marcada pelo inimigo pela sua dureza – não se faz com três armas e uma pistola e algumas armas obsoletas da população, possivelmente canhangulos, como acontecera no ataque a Tite.

Era o tempo em que as Forças Armadas Portuguesas no terreno tinham a supremacia das armas e o inimigo sabia-o bem.

A forma como os guerrilheiros se passeavam pela Guiné, nas “barbas” da tropa, também está bem patente nesta parte da entrevista em que o jovem guerrilheiro Arafam Mané, então com 17 ou 18 anos, se dá ao luxo de pedir boleia... à tropa que andava à sua procura.

Não hesito em afirmar que houve situações destas em todo o tempo em que decorreu a guerra. Recordo o testemunho que de uma ex-guerrilheira em 2008, ao afirmar que pegava num cântaro cheio de arroz cozido à cabeça, punha-lhe a rede de pesca em cima e, quando era interpelada pela tropa, afirmava que ia à pesca na bolanha. Seguia calmamente o seu caminho ao encontro dos guerrilheiros com o “tacho” para matar a fome. (...)

Anónimo disse...

Vd. poste de 19 DE SETEMBRO DE 2016
Guiné 63/74 - P16503: Notas de leitura (881): “Memórias de um Esquecido”, por José Cerqueira Leiras, edição de autor, 2003 (Mário Beja Santos)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2016/09/guine-6374-p16503-notas-de-leitura-881.html

José Cerqueira Leiras foi militar (1º cabo) da CCAÇ 153 e depois entrou para a administração local (, chefe de posto em Encheia, cargo de que se virá demitir com a escalada da guerra).

Foi a sua companhia quem construiu o aquartelamento de Fulacunda. Não li nem tenho o livro, edição de autor (2003), mas, pela "nota de leitura", não haverá muitas referências ao cap Curto nem ao episódio da morte do Vitorino Costa, "general" do PAIGC, apanhado em Darsalame, em meados de 1962 (!)... Sabe-se que parte dos seus restos mortais (, nomeadamente a cabeça) foram trazidos para Tite...

Seguramente que o Leiras, para omitir este episódio (que nunca viria na história da CCAÇ 153, se por acaso houvesse história da unidade...) não fazia parte do pequeno grupo de combate (menos de um pelotão) que o cap Curto pessoalmente comandava, e que se deslocava de Unimog, com facilidade, de Tite a Cacine, em acções punitivas contra o incipiente mas aterrorizador PAIGC, quando ainda não havia "guerra oficial", nem muito menos minas...

Luís Graça

Anónimo disse...

25 DE JANEIRO DE 2013

Guiné 63/74 - P11005: Efemérides (119): A morte do comandante Vitorino Costa, um revés para o partido de Amílcar Cabral, em 1962, ainda antes do início oficial da guerra

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2013/01/guin-e-6374-p11005-efemerides-119-morte.html


(...) O Vitorino Costa (1937-1962), nascido em Bolama, era soldado do exército português em 1959, tal como o Domingos Ramos e outros... Terá aderido ao PAIGC em 1960, e saído para Conacri, tal como o irmão mais novo, Manuel Saturnino Costa. Em janeiro de 1961 integra o grupo dos dez meninos bonitos de Amílcar Cabral, que vão para a China, para treino político-militar, na Academia Militar de Nanquim...Do grupo fazem parte outros históricos como o 'Nino'Veira, o Constantino Teixeira, o Xico Tê, o Domingos Ramos, o Osvaldo Silva, etc. Todos já morreram, com exceção do Manuel Saturnino Costa.

Depois do regresso dos 10 históricos comandantes, o Vitorino ainda vai para o Ghana, representar o PAIGC, mas depressa regressa a Conacri para ser mandado para o sul, creio que em 1962, para fazer o trabalho de "aliciamento" das populações...

Em Darsalame, segundo informação que tenho, na região de Quínara, a sua presença é denunciada às autoridades portuguesas. A sua morte é saudada como um grande "ronco" pelas NT em Tite... Para Amílcar Cabral foi um duro revés pessoal e político...

Era importante que aparecessem testemunhos escritos, de um lado e do outro, sobre este episódio, que continua rodeado de um grande secretismo. Mais de meio século depois, é fundamental separar o mito e a realidade... Era importante que o hoje ten gen ref José Curto aceitasse falar sobre este e outros episódios que marcaram o início da guerra na Guiné... De facto, a guerra está longe de ter começado em 23 de janeiro de 1963, em Tite... com o mítico tiro disparado pelo Arafan Mané (1944-2004)... O barril estava a ser enchido de pólvora de há muito...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Aqui fica o link:


25 DE JANEIRO DE 2013

Guiné 63/74 - P11005: Efemérides (119): A morte do comandante Vitorino Costa, um revés para o partido de Amílcar Cabral, em 1962, ainda antes do início oficial da guerra