sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Guiné 63/74 - P6965: In Memoriam (50): João Baptista (1938-2010), um camarada, um amigo, um irmão (Octávio do Couto Sousa)



Região Autónoma dos Açores > Ilha de São Miguel > Ponta Delgada > 4 de Maio de 2005 > Convívio de antigos combatentes da Guiné... Na fileira dos homens, da direita para a esquerda:  o João Baptista (ex- Fur Mil da CCAÇ 153), o Octávio do Couto Sousa (ex-Fur Mil da CCAÇ 153), o José Maria Ferreira Soares, ex-Cap Mil, já falecido, e o Noé Miranda Soares (, este da CCAÇ 154, que esteve em Buba).

Foto: © Octávio do Couto Sousa (2010). Todos os direitos reservados.

1. Mensagem de  Octávio do Couto Sousa (*)

Data: 11 de Julho de 2010 16:47

 Caro Luís Graça

Prometi preparar algum material para a Tabanca Grande, mas revendo algumas fotos, avanço com esta de há 3 a 4 anos num convívio de ex-combatentes da Guiné, em Ponta delgada. O nosso João Manuel Carreiro Baptista é o último da mesa, estou eu a seguir, seguindo-se o também falecido José Maria Ferreira Soares, ex capitão Miliciano e em primeiro plano o Noé Miranda Soares da CCAÇ 154, professor primário que poderá ser o mesmo a que o Carlos Botelho se refere. As nossas mulheres estão do lado oposto.

Do João manuel não me canso de falar, desde o liceu, separou-nos o espaço de tempo para ele ir para a Paiã, Escola de Práticos Agrícola,  e eu para Évora, Escola de Regentes Agrícolas.

Estivemos sempres juntos no percurso militar de Mafra, Tavira, RI 18 em Ponta Delgada e mobilização para o Ultramar na mesma CCAÇ 153.

Quando faleceu, perdi um irmão, e mesmo agora, não consigo conter a emoção ao escrever estas linhas.

A última vez que falamos estava comigo outro Funlacundense, O David Bettencourt, vague mestre da 153 que vive actualmente no Canadá e na emoção do diálogo o João dizia:
- Vocês que se aguentem!  - como que a despedir-se. 

Fez os tratamentos de quimioterapia com uma esperança muito firme de pelo menos viver mais 5 anos para ainda poder acompanhar a licenciatura em Medicina do seu neto mais velho.

Era uma pessoa muito calada mas com um grande caracter e da amizade que nos unia perco-me a recordá-lo.

Um abraço,

Octávio




Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > CCAÇ 153 (1961/63) > Furriéis na messe de sargentos. Se não erro, o João é o terceiro a contar da esquerda, de pé; e o Octávio é o quarto.

Foto: © João Baptista / Blogue Fulacunda (2009). Todos os direitos reservados. Cortesia da família

2. Comentário de L.G.:

Obrigado ao Octávio por esta emocionada mas justa homenagem ao João... Queremos que ele se junte, em espíríto, à nossa Tabanca Grande. De certo que os seus antigos camaradas da CCAÇ 153 estarão de acordo com esta proposta. Durante anos ele lutou contra o esquecimento (e depois contra a doença que minou o seu corpo). Era um homem discreto, mas persistente e convicto. Leia-se o que ele escreveu em 12 de Janeiro de 2009, no seu blogue:

Resultados da 1ª chamada > No dia 11/01/2009 mais um atendeu à chamada: Albano Gomes da Silva, 1º cabo nº 409/59 da 1º Secção do 1º Pelotão, residente em Espinho e o nº de telefone não é registado porque ainda não tenho autorização para publicar.

Uma nota: o meu blog da 1ª Chamada foi publicado em 2006 e passados que são 2 anos e 4 meses, apareceram as primeiras Chamadas; é caso para dizer que as novas tecnologias não são assim tão rápidas. Não está correcto, o raciocínio deve atender a idade dos que são indicados, salvo rara excepção. São os filhos o veículo de transmissão atendendo que conhecem a história dos pais.

Hoje entendi porque perguntam para quando um convívio da CCAÇ 153; na minha opinião direi que nesta altura é impossível tentar encontrar representação que justifique uma data.(....).

Para o ano, em 27 de Maio de 2011 vão perfazer 50 anos desde que a CCAÇ 153 partiu para Bissau, por via aérea! O João já não vai cá estar fisicamente presente para se reunir com os seus camaradas. Mas ele passou o testemunho a outros, como o Octávio (que está também convidado para ingressar na nossa Tabanca Grande). O nosso blogue poderá ajudá-los a realizar esse pequeno milagre por que tanto ansiava o João. Do Octávio espero entretanto que ele use os seus bons ofícios, junto da família do nosso malogrado camarada, para que nos seja dada autorização para incluir o seu nome na lista alfabética dos membros da nossa Tabanca Grande. Devo acrescentar que o Octávio, hoje reformado, era engenheiro técnico agrícola, tendo trabalhado em Moçambique, e que o seu amigo João era agente técnico agrícola, tendo trabalhado nos serviços agrícolas regionais, na sua ilha natal, São Miguel. (**)

2 comentários:

Anónimo disse...

Octávio,

É um consolo para a alma ler textos como este em que se expressam sentimentos profundos de camaradagem, amizade e fraternidade relativamente a um companheiro "de jornada" desaparecido.
E lembre-se sempre do que vos disse João Manuel Baptista: "vocês que se aguentem".
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Caro Octávio do Couto Sousa,

Pedia-te só umas informações:

Não se encontrava nesse almoço o já falecido Luís Manuel Tavares de Melo que foi um Lassa da C.CAÇ. 763em Cufar?

E o Carlos Manuel Gouveia Filipe, Eng. Tec. Agr. de Santarém, tambem "Lassa" estava por aí ou aqui por Cascais?

O Moniz dos primeiros canhões sem recuo que foram para Cufar em 1966. Sei que foi para os Estados Unidos, sabem alguma coisa dele?

Essa malta que está por aí e esteve em Cufar? Escrevam digam coisas.

Um abraço para todos do tamanho do Cumbijã,

Mário Fitas