quarta-feira, 3 de março de 2021

Guiné 61/74 - P21966: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (24): arroz de lampreia à moda do Minho... e da "chef" Alice


Foto nº 1 > O arroz de lampreia à moda do Minho


Foto nº 2 > A malga de vinho tinto verde que acompanha a lampreia


Foto nº 3 > A lampreia, pronta a servir


Foto nº 1 > A lampreia, pronto a cozinhar, em vinho tinto verde e alhos

S/l (para não violar a lei do confinamento...) > 19 e 20 de fevereiro de 2021 > A lampreia, comida em terra de mouros, à moda do Minho, cozinhada pela "Chef" Alice...


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2021). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Cá está um prato da nossa gastronomia portuguesa que não é consensual...É como os "túbaros com ovos mexidos"... Ou a "moreira frita"... Ou a "batatada de peixe seco"... O "o pito da Maria em arroz de cabidela"... Ou  o "butelo com casulas",,, O "ensopado de enguas"... Ou as "tripas à moda do Porto"... Uns adoram, outros vomitam, mesmo sem nunca ter provado.

Refiro-me à lampreia... Estamos na época dela!  (E. já agora, do sável, que é outra delícia!),  Na nossa Tabanca Grande não vale a perder o latim, que os nossos camaradas do Norte são doidos por lampreia... E outros, os do Centro e do Sul, também não lhes ficam atrás. Já fui em tempos também a Belver comê-la...(**)

A pesca da lampreia vai de jneiro a meados de abril. A partir daí, a lampreia (que não é propriamente um peixe, é um "vertebrado aquático ciclóstomo, de forma cilíndrica e alongada, com sete orifícios branquiais", havendo espécies marítimas e fluviais, segundo o Dicionário Priberam), entra na fase da desova e perda toda a graça do ponto de vista gastronómico... Enfim, lá cumpre a sua função, que é dar vida à vida  (se não cair nas redes dos pescadores) e morre,

Antigamente as populações ribeirinhas dos nossos rios (Minho, Douro, Mondego, Tejo, etc.)  sabiam-na pescar e cozinhar... E ainda hoje, não se perdeu o hábito, embora parte dela já seja  importada da França e do Canadá... Mas,  dizem, que não há  lampreia como a do rio Minho  nem  "arroz de lampreia" como "à moda do Minho"...

Bairrismos à parte, há quem faça (fazia...) excursões para comer uma boa lampreia no Alto Minho. Agora com o confinamento, estamos tramados, os apreciadores deste pitéu (que também não há no restaurante do São Pedro)... 

Mas, felizmente, que há "take away"... É só ir  à Net, e encomendar uma lampreia de quilo e tal (para quatro pessoas)... Levam-na a casa, limpinha, arranjadinha, pronta a cozinhar, já devidamente preparada, em vinto tinto verde (!), alhos, etc. Anda por 30/35 euros o quilo... 

Convenhamos: é um produto "gourmet"... Mas nos restaurantes, paga-se (pagava-se, o ano passado), a 30/40 euros por cabeça,  isso só por um prato de arroz com três bocados de lampreia...

Sem entrar em mais detalhes, aqui está um arrozinho de lampreia para quatro (, um lampreia de 1,7 kg., do rio Mimho) feita pela "chef" Alice, que é uma rapariga de Entre Douro e Minho. Que gosta muito de lampreia e ainda mais de sável, do tempo em que não havia barragens hidroelétricas e os "bichinhos" chegavam, nas calmas, a Porto Antigo, ali ao pe´da Tabanca de Candoz... E ricos e pobres podiam comer sável e lampreia à fartazana... Para a Alice são sabores da infância... Para mim, só me chegaram ao palato quando comecei a descobrir o Norte, há 40 e tal anos,,,

Bom apetite, camaradas e amigos! 

PS - Em boa verdade, gosto de tudo, ou quase tudo... Detesto "sushi" e "peixe da bolanha" (, cá está, acho que na Guiné nunca cheguei a provar)... Quanto ao "sushi", dei-me mal com a "primeira vez"... Tenho que tentar uma segunda vez...

12 de abril de  2011 > Guiné 63/74 - P8090: Convívios (309): Lampreiada, visita ao aproveitamento hidroeléctrico de Crestuma-Lever e não só, 30 de Abril (António Carvalho)

14 comentários:

Luís Graça disse...


Diz a Visão Sete:

"Não é um prato consensual, mas tem apreciadores fiéis. Seleção de 14 restaurantes de Lisboa a Melgaço, onde está garantida a lampreia - em takeaway ou para entrega em casa".

https://visao.sapo.pt/visaose7e/comer-e-beber/2021-02-04-a-epoca-da-lampreia-ja-comecou-e-estes-restaurantes-aceitam-encomendas/

Luís Graça disse...

Confraria da Lampreia de Penacova:

https://www.facebook.com/Confraria-da-Lampreia-de-Penacova-564734413730872/

Luís Graça disse...


Confraria da Lampreia de Entre-os-Rios

https://www.facebook.com/Confraria-da-Lampreia-de-Entre-os-Rios-529270127419756/

Luís Graça disse...

Confraia da Lampreia do Rio Minho:

https://www.facebook.com/Confraria-da-Lampreia-do-Rio-Minho-506586819399471/

Anónimo disse...

Vamos lá ver quanto a “patriotismos”.....

Na Província mais a sul da Suécia (Skåne) que é riquíssima em agricultura e pescas,as lampreias são uma especialidade de renome.
De tal modo que a sua pesca está hoje extensivamente regulamentada.

A”ålagille” é uma festa típica onde se consomem diversos pratos de lampreia.
Tem origem medieval quando os pescadores tinham que pagar a “décima” à igreja ,ou a “renda” aos donos dos terrenos ribeirinhos ou costeiros.
Esta festa para ter o nome oficial de “Ålagille” tem que ser efectuada num armazém de pesca com esse fim,junto ao mar e na costa entre Åhus e Sandhammaren.
De outro modo é simplesmente denominada de Festa da Lampreia.

Na Ålegille é obrigatório (pelo menos!) quatro diferentes pratos de lampreia.
Os mais vulgares são: Sopa de Lampreia; Lampreia Fumada(o mais típico);Lampreia Assada;Lampreia Cozida;Lampreia Suada em vapor de algas cozidas.
Turistas de mais de 50 nacionalidades visitam anualmente esta festa entre Agosto e fins de Novembro.
É sabido que na Escandinávia se bebe abundantemente.
Mas as quantidades de cerveja e vodka consumidas nesta festa fazem inveja....até na Laponia!

Um abraço do J.Belo

Anónimo disse...

E,nestas coisas como em tantas outras......o mundo é pequeno!

J.Belo

Anónimo disse...


Parabéns Luís , pois alem de bom "chef" tens uma boa mulher que te cozinha todos estes miminhos do norte. Eu também estou com sorte porque tenho um amigo e vizinho , que falou ao coração da mulher e ela aceitou cozinhar lampreia para ele para mim e outro amigo, (ela nem gosta, tal como a minha mulher). Está tudo tratado e combinado, a lampreia virá do rio Minho, dizes tu e outros entendidos que nos tempos que correm é a melhor, e o repasto será no próximo sábado.
Nunca esquecerei que a primeira vez que comi lampreia . estava na tropa, em Buba. Foi lampreia de escabeche que o meu amigo Zamith Passos , furriel do 2º pelotão da companhia , onde eu fui parar, que por ser de Viana do Castelo, levou quando veio de férias, e me convidou e a outros amigos. Erámos poucos, só me recordo que estava presente o furriel Ferreira, que tinha a especialidade de minhas e armadilhas, e que alguns meses mais tarde viria a morrer ao tentar levantar uma mina anti-carro,
Por curiosidade a lata onde veio a lampreia foi fechada por um serralheiro, que vim mais tarde a saber, era tio da mulher, com quem vim a casar
Abraço

Francisco Baptista

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ó Zé, ó Francisco... Às vezes pecamos um pouco por..."chauvismo"... Afinal, todos os povos são etnocêntricos, uns mais do que ouytros, conforme o diâmetro do umbigo... Não imaginava (, temos que alargar a imaginação,) que se pudesse comer lampreia (do rio Minho) em Buba, à beira do rio Grande de Buba!... Nem muiio menos que os lourinhos dos suecos gostassem de lampreia!...A gente tem sempre ideias erradas ou enviesadas... sobre os outros. Aliás, é daí que nasce o racismo, a xenofobia, o etnocentrismo, o chauvinismo...

Que a lampreia não era comida dos meninos da Linha, isso o Zé Belo nãp desmente... Também não era da minha zona, o Oeste estremenho... Não tínhamos rios onde a lampreia e o sável fossem desovar... Enguias, sim, apanhavam-se, umas tantas...

Francisco, que te saiba bem... E que Deus Nosso Senhor não te tire o apetite... Daqui a duas semanas espero voltar a comer lampreia em Candoz, se me conseguir desconfinar... (No nosso tempo, na Guiné, a gente dizia "desenfiar", e até havia uma escala, democrática, de "desenfianços" para ir a Bissau "gozar as delícias do sistema")...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Oh Francisco, essa história da lampreia de escabeche que veio de Viana do Castelo em lata expressamente soldada pelo serralheira para melhor conservação e transporte e que depois é partilhada pelos camaradas, em Buba, merece ser recriada sob a forma de conto...É uma historià de ternura e muita nossa...Abraço

Anónimo disse...

Luís, sempre o vinho verde tinto, que fez de mim um homem.
Reconheço que não obstante já ter provado esta iguaria Gurmet, captadas nos 3 magníficos rios: Cávado, Minho e do Douro, não fiquei cliente, contudo a que mais me convenceu foi a que comi em Esposende.

Diz o povo que os homens conquistam-se pela boca. Tu és a prova provada como o povo tem sempre razão.

Vieste da terra dos dinossauros, aconchegares-te a este cantinho maravilhoso, onde sempre que posso vou passar uns dias, no simpático Hotel de Porto Antigo, quase suspenso sobre o Rio Douro.

Como dizia uma colega minha professora de Gondomar, quando o grupo de professores, já na pré reforma se armavam em Dom Juan: “já lá vai o tempo em que quando chegavam a uma terra nova logo perguntavam – onde é a casa das meninas? Agora perguntam – onde se come bom bacalhau?

Ou seja. Como dizia o “tolo” da minha aldeia – Estamos “Quilhados”
Joaquim Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joaquim, tens um bom sentido de humor, qualidade superior dos homens e mulheres inteligentes. Coisa que, infelizmente, se está a perder nas redes sociais, á medida em que estas se transfomam em cavernas, em canos de esgoto, em buracos de ratos: voltamos ao tempo do trogloditas, dos urros, da violência verbal, da intolerância...

É verdade que tenho uma costela nortenha por aculturação ou "adoção"... Mas mesmo assim continuo a não perder as minhas raízes, gosto das florestas de carvalhos e castanheiros, das vinhas de vimho verde e dos "montes", mas preciso de vez em quando de vir até ao mar, respirar como as baleias... Como qualquer português, tenho o ADN tripartido: ibérico, judeu e mouro (bérbere, norte-africano, não árabe)...

E em matéria de comes & bebes, sou de boa boca. Gosto praticamente de toda a nossa gastronomia nacional e regional... Nascido à beira mar, ao som dos moinhos de vento, gosto mais do pão de trigo do que de milho, e sou mais peixeiro do que carneiro...

Mas tenho que reconhecer que vocês, minhotos e durienses, em matéria de arroz e bacalhau, levam-nos a melhor (, para não fakar do presunto que não há à beira mar)... Mesmo que não cultivem o arroz (que só se dá do Mondego para baixo)...Os portugueses são grandes comilões de arroz (14 vezes mais do que a média europeia...) mas vocês ainda mais do que os do sul...

Livraram-se em contrapartida da malária (ou sezonismo), que era endémica aqui, e em especial no Vale do Sorraia, no Sado, etc. Foi por isso que, por castigo, foste/fomos parar à Guiné...

Mas com as alterações climáticas, o "bicho", dizem, há de voltar, o mosquito do género "Anopheles"...Se for só ele, ainda vá lá... Mas se "ela" também vier, estamos tramados... É a fêmea, compo sabes, que é o vector do "Plasmodium", o protozoário que causa a malária, paludismo ou sezões...

Que Deus, Jeová, Alá e os bons irãs da Tabanca Grande nos protejam!... Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E a propósito de comidinhas... Ainda hoje o meu almoço foi...batata e legumes com peixe seco (raia, safio e sapata) e atum de barrica, que trouxemos da Lourinhã... Fomos a casa do filho, ver a neta, e levámos os ingredientes... Ele nunca tinha comido!... Adorou, como adora bacalhau (de todas as maneiras e feitios)...

Anónimo disse...

Valdemar Silva (by emil)

quarta, 3/03, 23:05
para mim
Quem não tem Lampreia do Minho come bacalhau guisado com massa da Carregueira

Luís
Qual há uns comem outros vomitam qual quê, quem visionar as imagens dessa lampreia do Minho pode é ficar com a doença de comer cos' olhos irreparável.

Ainda cheguei a comer lampreia guisada com batatas, a horta não dava arroz, que a minha avó Maria fazia quando um parente de Riba d'Âncora lhe trazia meia lampreia do rabo, mas eu, muito finório, não gostava e mais sobrava para o meu primo.

Esqueceste de incluir nos petiscos de amar ou vomitar a caneja de infundice e as cabeças de pato, uns com um cheiro horrível outros com nada pra comer.

Mas quem não tem lampreia do Minho come bacalhau com massa à moda da Carregueira que é uma delícia e não há ninguém que não goste. Até se costuma contar aquela , questionando o malandreco: não és capaz de dizer com os dentes cerrados 'não gosto de bacalhau guisado com massa', o outro responde cerrando os dentes com toda a força 'não gosto de bacalhau guisado com massa', tá bem então como m____ toda a gente gosta de bacalhau guisado com massa.

E cá vamos atacando belas comidinhas, enquanto o olfato e paladar não nos chatear

Abracelos
Valdemar Queiroz

(Segue em anexo do prato. Bacalhau guisado com massa da Carregueira)

Valdemar Silva disse...

A propósito do verde tinto, quem no Minho em criança não comeu sopa de verde tinto com broa (tá bem crianças dos tempos da vida barata?), um grupo de amigos foi ver uma opera de Verdi e um deles com uns copitos adormeceu sem os outros se aperceberem.
No final perguntaram ao tal amigo se ele tinha gostado da opera do Verdi, ao que ele respondeu gostar do verde branco mas o verde tinto deixou-lhe sempre lembranças da meninice.

Valdemar Queiroz