São João da Madeira > 23 de outubro de 2021 > À esquerda, o ex-alf mil médico António Azevedo Praia de Vasconcelos, do BCAV 1897 (Mansoa e Mansabá, 1966/68).
1. Mensagem do João Crisóstomo, com data de hoje, dia 24, às 10:14:, antes do encontro marcado para hoje, domingo, com missa às 12h30, no Mosteiro do Varatojo, Torres Vedras, das famílias Crispim & Crisóstomo (*):
Caro Luís Graça,
Acabo de chegar a casa (, em Torres Vedras, depois da Vilma ter regressado a bordo, no passado, dia 20, vinda da Eslovénia) . Gostas que partilhemos experiências relacionadas com a Guiné … aqui vai o que se passou ontem comigo:
Fui a Coimbra onde tinha deixado para encadernar um calhamaço que comprei um dia numa feira em Nova Iorque. Reencaderná-lo lá era proibitivo mas lembrei-me de o fazer em Portugal. E foi em Coimbra que encontrei quem o fizesse.
Aí lembrei-me de vários amigos e camaradas que tenho encontrado em anos anteriores e que gostaria de encontrar outra vez. Tenho pena de o não poder fazer, que o tempo e outras razões não permitem tudo. Mas há um indivíduo, camarada da Guiné, que, graças ao António Figueiredo, da minha CCaç 1439, eu consegui reencontrar há cerca de dez anos e com quem tenho falado desde então pelo telefone, mas cuja oportunidade de encontrar pessoalmente tem sido elusiva.
Sabia que ele morava perto dali e telefonei-lhe. Estava em casa e ficou satisfeito de saber que eu estava em Portugal. Imediatamente combinamos um encontro/almoço num restaurante local, o "Katekero", mesmo em frente da câmara municiipal e lá fomos, eu e a Vilma a conduzir como de costume, até S. João da Madeira.
Não te preciso dizer o que senti, que em circunstâncias é experiência muito repetida , mas que não deixa de ser menos sentida sempre que um de nós reencontra um camarada.
Não te preciso dizer o que senti, que em circunstâncias é experiência muito repetida , mas que não deixa de ser menos sentida sempre que um de nós reencontra um camarada.
Dentro em pouco falávamos da Guiné:
"Olha, João − disse- me ele logo ao começar −, estive lá só quatro meses, mas fiquei a gostar daquilo e hoje tenho saudades.”
E logo lembrou a emoção que sentiu um dia quando numa visita ao Porto, em frente ao centro comercial de Brasília, deparou com o capitão Amândio Pires, comandante da CCaç 1439…
Trata-se do alferes médico Francisco Pinho da Costa, do BCaç 1888, sediado em Bambadinca, em 1965 /66. Tem agora 84 anos, com uma memória ainda muito boa, lembrando coisas nos seus pormenores, capacidade que eu há muito perdi substancialmente.
Perante a minha surpresa, uma vez que estivemos na Guiné na mesma altura e ele ter mais sete anos que eu, explicou que isso se deve ao facto de ter adiado o serviço militar várias vezes para que ele pudesse acabar o seu curso de medicina. Pensei que ele tinha feito o curso de oficial miliciano em Mafra, mas esclareceu-me me "ter sido preparado" em Santarém, uma preparação rápida "ad hoc" (disse ter sido apenas cerca de um mês, se me não engano) ao fim da qual, mesmo sem saber ainda bem o que era e como funcionava uma G3, foi enviado em rendição individual para a Guiné.
Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966). De pé à esquerda, na primeira fila, de óculos, o alf mil médico Francisco Pinho da Costa, hoje, com 84 anos, a residir em São João da Madeira.
Guiné > Região do Oio > Porto Gole > CCAÇ 1439 (1965/67) > Fevereiro de 1966 > Cecília Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, na sua 1ª visita à Guiné, então já com 44 anos (ia fazer 45 em 30 de maio de 1966). De pé à esquerda, na primeira fila, de óculos, o alf mil médico Francisco Pinho da Costa, hoje, com 84 anos, a residir em São João da Madeira.
Foto (e legenda): © João Crisóstomo (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Apesar das poucas vezes que estive com ele (ele apenas esteve na Guiné quero meses e apenas apareceu algumas vezes na CCaç 1439), lembro-me bem dele, como um indivíduo afável, bem disposto e sempre a querer ajudar no que quer que fosse: mostrei-lhe, no computador que propositadamente tinha trazido, vários postes do nosso blogue, nomeadamente os postes P22258 e P22478. Ele aparece numa foto (vd, acima), a do primeiro poste, o P22258 ( da esquerda é o segundo, de óculos, ) por ocasião da visita da Supico Pinto a Porto Gole e reconheceu , parece mais e melhor que eu, a maioria dos que aparecem nessa foto. Outras fotos que lhe mostrei foram para ele momentos de emotiva saudade.
Mas foi a leitura do relatório sobre a operação Gorro que lhe ocasionou ume enxurrada de comentários e detalhes, alguns deles a meu respeito que eu tinha já completamente esquecido mas que me vieram à memória então.
Lembrou que o Capitão Pires o havia mandado para ir nessa "saída ao mato”. Mas, quando ele se preparava para o fazer, alguns elementos da tabanca vieram ter com ele, avisando-o que não fosse. Mas ele não lhes deu ouvidos: o capitão tinha-o mandado ir e portanto ia. Mas que mais tarde os mesmos membros da tabanca que o haviam aconselhado a não sair, voltaram e desta vez com mais insistência o avisavam de que não devia ir pois que iam ser atacados. Que não lhes deu atencão, mas que, perante a insistência deles de que iam ser atacados, resolveu então levar uma G3, como todos os outros.
Lembra-se de ir em pé em cima do “granadeiro”, agarrado à “parede da frente "por trás do condutor António Figueiredo, quando a mina explodiu e foi pelos ares. "Foram os maiores minutos da minha vida”… sentiu e ficou consciente do sopro da explosão que o fez ir pelos ares mas que depois "parecia nunca mais chegar ao chão”…
E quando de pernas direitas atingiu o chão, percebeu logo que tinha partido uma das pernas, para logo verificar que tinha o calcanhar e tornozelo da outra também estavam partidos. Mas que haviam vários feridos (pensa ele que eram cerca de oito) , os que foram com ele pelos ares e as dores eram sofríveis.
Com um bocado duma tábua e alguma ajuda que lhe deram ele próprio endireitou e imobilizou a perna partida e começou a ajudar aqueles que precisavam da sua ajuda; lembra-se de ter instruido um indivíduo — pensa ele que era um cabo enfermeiro que estava ferido — a tapar e fechar com os próprios dedos a veia junto ao ouvido, pois este estava a sangrar pelos ouvidos e tinha de ser evacuado imediatamente. Depois de evacuado nunca soube mais dele.
E lembra-se bem de mim: que eu ia ao lado do condutor e que eu ia a dormitar quando a mina rebentou. A mim e ao condutor não nos sucedeu nada, apesar de termos sido lançados pelos ares. Lembra-se que eu o abracei quando vi que ele estava vivo; e lembrou-me dum facto que de todo tinha esquecido até hoje: que lhe disse que eu estava ferido, mas que não sentia dores, mas que — dizia eu— o sangue me corria pelas pernas. E logo verificou que o que eu pensava ser sangue a escorrer na perna era apenas o azeite de uma lata de sardinhas… Sucede que eu tinha comigo a ração de combate e um estilhaço qualquer atingiu o meu saco da ração de combate mas a lata de sardinhas salvou-me do pior. E a verdade é que quando ele mencionou isto eu lembrei-me imediata e vivamente de tudo isso.
E lembra-se bem de mim: que eu ia ao lado do condutor e que eu ia a dormitar quando a mina rebentou. A mim e ao condutor não nos sucedeu nada, apesar de termos sido lançados pelos ares. Lembra-se que eu o abracei quando vi que ele estava vivo; e lembrou-me dum facto que de todo tinha esquecido até hoje: que lhe disse que eu estava ferido, mas que não sentia dores, mas que — dizia eu— o sangue me corria pelas pernas. E logo verificou que o que eu pensava ser sangue a escorrer na perna era apenas o azeite de uma lata de sardinhas… Sucede que eu tinha comigo a ração de combate e um estilhaço qualquer atingiu o meu saco da ração de combate mas a lata de sardinhas salvou-me do pior. E a verdade é que quando ele mencionou isto eu lembrei-me imediata e vivamente de tudo isso.
O raça da idade faz destas coisas… . Como me lembrei também da troça de que fui alvo depois muitas vezes … o que me admira é ter completamente esquecido isto; um facto que se não fosse o médico a lembrar-me agora, provavelmente nunca mais me viria à memória…
E foram umas atrás das outras, as histórias e memórias que relembramos, umas boas, outras menos boas: a historia dum alferes, Alves Moreira, conhecido como "o Grilo” que era comandante do Xime: havia no Xime um cão de guerra ( devo dizer que nunca ouvi isto antes) que, embora não atacasse ninguém sem razão, só respeitava mesmo o soldado que o havia treinado. O alferes porém pensava que, porque alferes, sabia melhor que os outros, e gostava de mostrar as suas capacidades e conhecimentos no manejo de cães de guerra; mas o cão parecia não concordar e não reconhecia autoridades; e um dia atirou-se ao alferes que apenas se salvou de pior porque o treinador presente controlou imediatamente “ aquela falta de respeito” a um oficial .
E foram umas atrás das outras, as histórias e memórias que relembramos, umas boas, outras menos boas: a historia dum alferes, Alves Moreira, conhecido como "o Grilo” que era comandante do Xime: havia no Xime um cão de guerra ( devo dizer que nunca ouvi isto antes) que, embora não atacasse ninguém sem razão, só respeitava mesmo o soldado que o havia treinado. O alferes porém pensava que, porque alferes, sabia melhor que os outros, e gostava de mostrar as suas capacidades e conhecimentos no manejo de cães de guerra; mas o cão parecia não concordar e não reconhecia autoridades; e um dia atirou-se ao alferes que apenas se salvou de pior porque o treinador presente controlou imediatamente “ aquela falta de respeito” a um oficial .
Um dia perguntou o que é que seria feito do cão quando o treinador deixasse de o ser por qualquer motivo. Para seu desmaio foi informado que muito provavelmente nessa altura o pobre bicho teria de ser abatido… O mesmo alferes estava um dia em cima duma ponte (que identificou mas cujo nome não lembro,) e estava de queixo e braço apoiados na proteção/berma da ponte, quando dele se aproximou um indivíduo que havia acabado de chegar ao Xime. E, ainda periquito, não sabendo de quem se tratava mas procurando informação ou conselho, aproximou-se dele e perguntou:
"Olha lá, tu conheces o comandante aqui do Xime? dizem-me que é um grande filho da puta”… Ao que o alferes, sem uma nem duas, espetou-lhe uma grande murraça enviando o inocente desgraçado para o meio do rio…
Do Enxalé lembrou ainda que quando aí esteve havia uma grafonola; mas o problema é que só havia um disco e ele depressa se cansou da variedade musical que isso oferecia… Foi neste momento que eu compreendi que deve ter sido então no Enxalé que nasceu o popular dito "vira o disco e toca o mesmo"…
E quando estávamos nós neste desfilar de recordações apareceu um indivíduo que conhecia bem o nosso Francisco Pinho da Costa. Depois das devidas apresentações, vim a saber que se tratava de um outro veterano da Guiné, de nome António Azevedo Praia de Vasconcelos. Também ele foi alferes miliciano médico nos anos 1966/68 do BCAV 1897, cujo comandante era o tenente coronel Vasconcelos Porto, e lembrava as companhias desse batalhão : CCav 1615, 1616 e 1617 . Esteve em Canquelifá, Nova Lamego, Madina do Boé, Mansabá, e Bissorã (se bem percebi estes últimos dois nomes).
Tivmos pena do encontro ter acontecido tão "em cima da hora"; o Francisco Pinho da Costa (e parece-me que o recém-chegado António Vasconcelos também) conhecem o Adão Cruz , membro da nossa Tabanca Grande, e teria sido um encontro ainda mais interessante. Mas "como não pode ser desta vez, ficará para outra ocasião".. Oxalá as distâncias e idades o permitam. (**)
João Crisóstomo
___________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 4 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22595: Convite (16): Vilma e João Crisóstomo convocam as famílias Crispim & Crisóstomo, mas também amigos e camaradas, para um encontro no Mosteiro do Varatojo, Torres Vedras, domingo, dia 24/10/21, com missa às 12h30 por alma de todos os falecidos
10 comentários:
João, aqui tens, obrigado, bela reportagem desse reencontro emocionante... Só tu, ou poucos como tu, és capaz de ir de Torres Vedras a São João da Madeira (mesmo tendo que passar pro Coimbra) para rever um amigo e camarada!
Convida os dois camaradas médicos a integrar a nossa Tabanca Grande. Só precisamos, de cada um deles, de duas fotos, e duas linhas de apresentação...
Vou pedir ao Carlos Vinhal para mandar ao dr. Adão Cruz (, não tenho aqui o email dele) o link deste poste. Já agora, a sede do BCAÇ 1888 era Bambadinca (depois de ter passado alguns meses em Fá Mandinga, ali perto).E em relação ao dr. António Vasconcelos querias dizer provavelmente Mansabá e Bissorã...
João, ficas de fazer as notícias do Panteão Nacional e do Varatojo... Meia dúzia de linhas...e uma foto.
Boa viagem até ao sul. Não te esqueças de passear com a tua Vilma por Tavira e Cacela a Velha,e de lhe ler alguns poemas da nossa grande poetisa Sophia de Melo... Aproveita as delícias da ria Formosa... e nomeadamente as melhores ameijoas do mundo (à Bulhão Pato, passadas por azeite, com alho e coentros: the small Portuguese female clams with garlic oil and coriander!).
E as ostras, meu Deus!...Divinais!... E o xarem com conquilhas ou berbigão? E o arroz de lingueirão ou navalhas ?...E os percebes de Aljezur, já da costa vicentina ?... Olha que no céu não há disto!...
Reencontramo-nos, na Lourinhã, dia 1 de dezembro, é isso ?
Abraço, mano. Beijinhos para a Vilma (que também já faz parte da nossa tertúlia, embora informalmente). Luis
JOão, há ainda lugares mágicos no sul de Portugal: Sagres, claro, Tavira...Cacela a Velha... Pela história, o património, a beleza, os seus poetas... A poesia de Sophia de Melo (há traduções em francês e inglês) ajudará também a Vilma a melhorar o sue português... Põe-na a dizer em voz alta, em Cacela, frente à ria Formosa, esta pequena obra-prima:
A conquista de Cacela
As praças fortes foram conquistadas
por seu poder e foram sitiadas
as cidades do mar pela riqueza
Porém Cacela
foi desejada só pela beleza
Sophia de Mello Breyner Andresen | "Antologia", pág. 176 | Círculo de Poesia Moraes Editores, 3ª. edição, 1975
https://www.escritas.org/pt/t/50772/a-conquista-de-cacela
João, o nosso camarada, ex-alf mil médico Adão Cruz pertenceu ao BCAÇ 1887, e esteve na CCAÇ 1547, daí deve ter conhecido o alf mil médico do BCAC 1888, Francisco Pinto da Costa, em Fá Mandinga, não ?... Foram contemporâneos, os 2 batalhões têm uma diferenºa de 1 mês na antiguidade na Guin´+e
Ficha da unidade: BCAÇ 1887 e CCAÇ 1547
Batalhão de Caçadores n.º 1887
Identificação: BCaç 1887
Unidade Mob: RI 1 - Amadora
Cmdt: TCor Inf Manuel Agostinho Ferreira | 2º Cmdt: Maj Inf Porfirio Pereira da Silva
OInfOp/Adj: Cap Inf José Carlos Fontão
Cmdts Comp:
CCS: Cap SGE José Paulino Pereira Máximo
CCaç 1546; Cap Mil Inf Fernando Luís Banha Soares Carracha
CCaç 1547: Cap Mil Inf Francisco Manuel Vieira de Sousa Vasconcelos | Cap Inf Daniel Andrade de Carvalho
CCaç 1548: Cap Mil Inf Joaquim António Alcaide de Freitas
Divisa: -
Partida: Embarque em 07Mai66; desembarque em 13Mai66 | Regresso: Embarque em 25Jan68
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente foi colocado em Bissau na situação de reserva à ordem do Comando-Chefe, sendo as suas subunidades destacadas em reforço de vários sectores.
Em 20Ju166, rendendo o BArt 733, assumiu a responsabilidade do Sector 02, com sede em Farim e abrangendo os subsectores de Bigene, Binta, Jumbembém (depois em Canjambari a partir de princípios de Mar67), Cuntima e Farim.
A partir de 090ut66, por alteração dos limites de sectores é retirado à área do BCaç 1857, o de Saliquinhedim.
Em 270ut66, foi criado o subsector de Barro, o qual foi transferido para a zona de acção do BCac 1894 em 03Nov66.
Desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, emboscadas e de acções ofensivas sobre as linhas de infiltração e bases inimigas, tendo-lhe provocado elevado número de baixas e apreensão de grandes quantidade de armamento e material e causado grande insegurança, bem como a desorganização do seu dispositivo.
Destacam-se as operações "Caminhar" , "Catana" e "Cajado", entre outras.
Do material capturado mais significativo, destaca-se: 2 morteiros, 2 metralhadoras
ligeiras, 24 espingardas, 17 pistolas-metralhadora, 56 granadas de
armas pesadas e 2964 cartuchos de armas ligeiras.
Em l5Jan68, foi rendido no sector de Farim pelo BCaç 1932 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
***
A CCaç 1547 seguiu em 13Mai66 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCaç 1888, substituindo a CCav 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal.
De 27Mai67 a 07Jun66, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em
reforço do BCaç 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.
Em 13Set66, recolheu a Bissau, a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Jol, sob dependência do BCav 790.
Em 27Set67, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição da CCaç 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 290ut67, foi rendida no subsector de Bigene pela CArt 1745 e seguiu
para Bissau, a fim de substituir a CCaç 1497 a partir de 02Nov67 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob
dependência do BArt 1904 e depois do BCaç 2834.
Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra,em reforço da guarnição local.
Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pp. 82/83 e 87.
Fichas de Unidades:
Batalhão de Caçadores nº 1888
Identificação: BCaç 1888
Unidade Mob: RI I - Amadora
Cmdt: TCor Inf Adriano Carlos de Aguiar | 2.° Cmdt: Maj Inf Artur Miguel Agrely Rebelo
OInfOp/Adj: Não identificado
Cmdts Comp: CCS: Cap SGE Manuel Pereira Pimenta de Castro | CCaç 1549: Cap Mil lnf José Luís Adrião de Castro Brito | CCaç 1550: Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo | CCaç 1551: Cap Mil Inf Francisco Silva Pinto Pereira
Divisa: "Vendo, Tratando e Pelejando"
Partida: Embarque em 20Abr66; desembarque em 26Abr66 | Regresso: Embarque em 17Jan68
Síntese da Actividade Operacional
Em 26Abr66, rendendo o BCaç 697, assumiu a responsabilidade do Sector L I, com sede em Fá Mandinga e, a partir de 14Nov66, em Bambadinca, e abrangendo os subsectores de Xitolc, Xime, Bambadinca e Enxalé, este até 1Jul67 e retirado ao sector por alteração dos limites.
Comandou e coordenou a actividade das forças que lhe foram atribuídas, orientando a sua acção sobre as linhas de infiltração do inimigo, em patrulhamento, reconhecimentos e emboscadas em ordem a obstar à sua instalação e movimentação na zona. Desenvolveu ainda uma intensa actividade psicossocial junto das populações, promovendo a sua autodefesa e reordenamento e garantindo a segurança dos itinerários e a recuperação das populações.
Dentre o armamento capturado mais significativo, salienta-se: 1 metralhadora pesada, 2 metralhadoras ligeiras, 70 espingardas, 1 lança-granadas foguete, 4 minas, 28 granadas de armas pesadas e 3000 munições de armas ligeiras.
Em 16Jan68, foi rendido no sector de Bambadinca pelo BArt 1904 e recolheu a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
A CCaç 1549 seguiu em 26Abr66 para Tite, a fim de substituir a CCav 677, como subunidade de intervenção e reserva do sector, com um pelotão destacado em Fulacunda, até 28Jun66 e outro em Enxudé, a partir de 30Mai66 ficando integrada no dispositivo e manobra do BCaç 1860 e depois do BArt 1914, tendo actuado em diversas operações efectuadas nas regiões de Fulacunda, Iusse, Nova Sintra e Flaque Cibe, entre outras.
Em 04Ag067, foi rendida pela CArt 1743 e seguiu para o sector de Bissau, onde assumiu a responsabilidade do subsector de Quinhámel, com um pelotão destacado em Ilondé, onde substituiu a CArt 1647, tendo ficado integrada no dispositivo do BArt 1904, com vista à segurança e protecção das instalações e das populações da área.
Em 02Nov67, foi rendida no subsector de Quinhámel pela CCaç 1585 e foi colocada em Bissau, em substituição da CCaç 1498, mantendo a mesma missão anterior.
Em 16Jan68, foi substituída pela CCaç 2313 a fim de efectuar o embarque de regresso.
(Continua)
(Continuação)
A CCaç 1550 seguiu imediatamente para Farim, a fim de substituir a CCaç 675, como subunidade de intervenção e reserva do sector, ficandonintegrada no dispositivo e manobra do BArt 733 e depois do BCaç 1887, orientada para a realização de patrulhamentos, emboscadas e acções sobre os corredores de Sambuiá e Samine.
Em 28Dez66, foi rendida pela CCaç 1546, e após curta permanência em Bissau, seguiu em 03Jan67 para Xime, a fim de substituir a CCav 1482.
Em 1lJan67 , assumiu a responsabilidade do subsector de Xime, com fectivos destacados em Ponta do Inglês, Taibatá e Galomaro e depois ainda em Demba Taco, Samba Silate e Candamã, estes por períodos curtos e variáveis, ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 09Jan68, foi rendida no subsector de Xime pela CArt 1746 e recolheu eguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
A CCaç 1551, seguiu imediatamente para Bambadinca, a fim de substituir a CCav 678 e assumir a responsabilidade do respectivo subsector e, cumulativamente, a função de subunidade de intervenção e reserva do sector, ficando integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão. Por períodos variáveis, destacou efectivos para guarnecer destacamentos em Amedalai, Taibatá e Candamã, tendo em 14Nov66 transferido a sua sede para Fá Mandinga.
Em 27Jan67, por troca com a CCaç 818, assumiu a responsabilidade do subsector de Xitole, com um pelotão destacado em Saltinho, mantendo-se no mesmo sector. Destacou ainda efectivos para guarnecer os destacamentos em Cansamange, Quirafo e Ponte do rio Pulom, por períodos curtos.
A partir de princípios de Jun67, passou a ter um pelotão destacado em Mansambo.
Em 14Nov67, por troca com a CArt 1746, voltou para Fá Mandinga, de onde seguiu para Bissau a fim de efectuar o embarque de regresso.
Observações - Tem História da Unidade incompleta (Caixa n." 72 - 2ª Div/4ª Sec., do AHM).
Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pp. 85/87.
Temos neste interessante poste assunto para o nosso camarada Jorge 'Holmes' Araújo desenvolver: um alferes médico ferido em combate por uma mina a/c quando se deslocava numa operação. Julgo que terá sido o único.
O resto são encontros de velhos camaradas, milicianos, sempre com histórias para contar sobre a guerra na Guiné.
É de enaltecer a paciência do João Crisóstomo, com este belo Outono em Portugal, resolver encontrar-se com velhos camaradas da Guiné.
Abraços e saúde
Valdemar Queiroz
6 DE ABRIL DE 2021
Guiné 61/74 - P22072: Memórias cruzadas: relembrando os 24 enfermeiros do exército condecorados com Cruz de Guerra no CTIG (Jorge Araújo) - Parte VI
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2021/04/guine-6174-p22072-memorias-cruzadas.html
O.S. n.º 39, de 29 de Setembro de 1966, do QG/CTIG:
"Condecorado com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa, o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, da Companhia de Caçadores 1439 [CCAÇ 1439] – Batalhão de Caçadores 1888, Regimento de Infantaria n.º 1."
● Transcrição do louvor que originou a condecoração:
"Louvado o Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, do BCAÇ 1888, prestando serviço na CCAÇ 1439, porque no dia 21Ago66, domingo, fazendo parte de uma coluna que seguia para Porto Gole, a fim de prestar assistência da sua especialidade à guarnição daquele Destacamento, apesar de ferido com gravidade por um engenho explosivo IN, que a viatura em que era transportado accionou, não deu a conhecer o seu estado, tratando os feridos no local de rebentamento e sob o fogo da emboscada IN, revelando uma extraordinária coragem, sangue-frio, desprezo pelo perigo e muita serenidade, só pedindo a sua evacuação após se ter certificado que estava cumprida a sua missão.
O Alferes Miliciano Médico, Francisco Pinho da Costa, com a sua atitude deu um nobre exemplo de carácter, de abnegação e de elevada coragem, demonstrando possuir, no mais elevado grau, espírito de sacrifício e todas as virtudes militares que o distinguem como médico e militar." (CECA; 5.º Vol.; Tomo IV; p 299).
O dr. Francisco Pinho Costa, segundo as "Páginas Amarelas", tem (ou tinha) consultório de Oftalmologia, na Avenida Doutor Renato Araújo 420, São João da Madeira, SÃO JOÃO DA MADEIRA, telef 256 823 672.
Desejamos-lhe muita saúde e longa vida e gostávamos de o ver por aqui, entre os "bravos da Guiné".
Dr.António PRAÇA de Vasconcelos -natural e residente em Cesar--Oliveira de Azeméis e ainda exerce em Cesar e S.João da Madeira--Clinico Geral -sempre em regime
Liberal
Também exerce o Dr.Francisco Costa e exerceu o Dr.Adão-Cardiologista
Estes dois camaradas da Guiné que o João visitou em S.João da Madeira são ambos meus colegas de curso e meus grandes amigos desde a juventude.
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