segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Guiné 61/74 - P22595: Convite (16): Vilma e João Crisóstomo convocam as famílias Crispim & Crisóstomo, mas também amigos e camaradas, para um encontro no Mosteiro do Varatojo, Torres Vedras, domingo, dia 24/10/21, com missa às 12h30 por alma de todos os falecidos

 

Anúncio a publicar no jornal regionalista "Badaladas",  de Torres Vedras,
edição de 9 de outubro de 2021


1. Mensagem que o João Crisóstomo, a residir em Nova Iorque, e de momento de passagem por Portugal (com a Vilma, na Eslovénia), acaba de enviar a familiares, amigos e camaradas:

Caríssimo,

Conforme anúncio no "Badaladas", em anexo, este "encontro" tem uma dupla finalidade: reviver e alimentar a nossa amizade e ao mesmo tempo lembrar aqueles que nos foram/são nossos queridos e já nos deixaram.

Este será um momento para,  na celebração desta missa,  lembrarmos os Crispins e Crisóstomos; e todos os nossos amigos, especialmente aqueles com quem no passado partilhamos momentos na nossa vida em teatros de guerra ou em corredores de seminários, mas que são agora apenas saudosas memórias. 

 E em segundo lugar para aqueles com quem estamos ligados por amizades adquiridas depois ao longo das nossas vidas, podermos celebrar esta nossa amizade no claustro do nosso querido Varatojo (, convento do Varatojo ou mosteiro de Santo António, que remonta ao séc. XV, e éstá classificado como monumento nacional desde 1910).

Será um encontro/reencontro simples sem comes e bebes, mas que nos permite matar saudades causadas por longas ausências, devidas a distâncias físicas; ou, não sendo esse o caso, pelas circunstâncias da vida que, mesmo vivendo perto uns dos outros,   nos impõem separações como se estranhos fôssemos uns dos outros.

Para este reviver e alimentar amizades…esperamo-vos a todos de braços abertos. (*)

João e Vilma

2. Anterior mensagem do João Crisóstomo, dirigida ao editor do blogue:

Data - quinta, 23/09/2021, 03:14 



Assunto - Encontro no Varatojo, 24 de outubro de 2021


Caro Luís Graça,
 
Não tinha intenção de te escrever hoje, mas o decorrer do dia de hoje aconteceu ser para mim muito rico em memórias, na maioria relacionadas com a Guiné e camaradas que já nos deixaram. E por isso quase me sinto na necessidade de o fazer ainda hoje, enquanto as coisas ainda estão bem frescas 

Mas antes disso deixa-me falar-te dum encontro no Convento de Varatojo, de cuja intenção te falei há tempos.

Custar-me- ia imenso vir a Portugal e não ter possibilidade de ver/encontrar os meus familiares e amigos. É sempre essa uma das razões, senão mesmo a primeira, que me trazem a Portugal.

Mas as limitações impostas pela pandemia ainda não possibilitam fazer um encontro como tenho feito nos últimos 14 anos. Pelo que decidi desta vez cingir-me ao que fiz nas duas primeiras vezes em que reuni as minhas famílias Crisóstomo e Crispim.

 Nessas alturas pedi que fosse celebrada uma missa em que todos os membros destas duas famílias já falecidos fossem lembrados; ao mesmo tempo que dava a conhecer o evento, sugerindo que seria uma boa ocasião para um abraço entre nós, especialmente aqueles a quem eu de outra maneira não tinha tido ocasião de ver e cumprimentar.

No primeiro ano o encontro foi presidido por um padre, primo meu, e no segundo ano, na impossibilidade deste,  foi o Sr. Padre Melícias que celebrou esta missa.

Este ano vou fazer o mesmo. Será no dia 24 de Outubro, Domingo, às 12.30. Já falei com o Padre Melícias, que assumiu as funções de superior do convento depois da morte do P. Castro no ano passado. 

Depois da missa, embora sem os costumados comes e bebes, teremos ocasião de nos podermos encontrar, observando as directivas necessárias no que respeita à Covid-19. O cclaustro é grande, céu aberto, quase como se estivéssemos num grande jardim ou no meio da mata.

Além dos meus familiares falecidos eu vou incluir os meus colegas de seminário e amigos/camaradas da Guiné. 

Portanto. estão todos convidados. Até porque alguns destes estão ou pertencem a ambos grupos. Como seja o caso do Francisco Figueiredo, que foi depois da Guiné, foi comandante da TAP, ou o caso dum primo meu, natural do Sobreiro Curvo, José Carlos Vieira Martinho, cuja triste história, enviada pelo nosso saudoso Eduardo, foi contada no poste P 19824, no dia 25 de maio de 2019 (**). Sobre ela tu comentaste:

"Eduardo: uma história terrível, como muitas outras que aconteceram na Guiné. Só que esta tocou-te, e de que maneira, a avaliar pelas tuas palavras sentidas. Fizeste bem em reconstituir esta história. Também precisavas de fazer o luto... Andaste meia vida para contar, em público, esta perda trágica do teu amigo e vizinho".

Acabei, entretanto, de visitar Coimbra (incluindo o cemitério da Conchada) e o Bussaco, e isso despertou em mim um rio, irrepremível, de emoções e memórias, nomeadamemte em relação a amigos e e camaradas da Guiné, que já nos deixaram,   a cameçar pelo  Maldonado, cuja campa descobri,  mas também 
o Mano,  o Abna na Onça, o Queba Soncó, o Açoriano e outros que acabaram a sua vida nas terras da Guiné a par dos que, tendo voltado,   da lei da morte já entretanto se libertaram : o Zagalo, o Pires, o Rosales, o Eduardo… Falarei desta visita ao cemitério da Conchada, em Coimbra, em próximo poste.

É, por isso, que  o encontro em Varatojo não será só uma reunião dos meus familiares e amigos. Será antes uma "reunião familiar em sentido bem lato”, tão abrangente quanto o coração, memória e imaginação de cada um de nós o quiser fazer.

João Crisóstomo

____________

Notas  do editor:

(*) Último poste da série > 1 de outubro de 2021 > Guiné 61/74 - P22586: Convite (15): Encontro de ex-militares milicianos e amigos que estiveram directa ou indirectamente ligados à contestação antimilitarista e anticolonialista, dia 7 de Outubro de 2021 na Casa do Alentejo

(**) Vd. poste de 25 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19824: Efemérides (302): Faz hoje 46 anos que morreu, na sequência de ferimentos em combate (, um estilhaço de RPG 7, ) o fur mil cav João Carlos Vieira Martinho, do EREC 8740/73, sediado em Bula... Era meu amigo e vizinho do Sobreiro Curvo, A dos Cunhados,Torres Vedras, e eu fui o último dos seus conhecidos a vê-lo, ainda com vida, mas já em coma profundo, no HM 241, em Bissau (Eduardo Jorge Ferreira, ex-alf mil da Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, jan 1973 / set 1974)

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