terça-feira, 31 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23316: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXIV: Pisa, Toscana, Itália, 2014




Itália > Região da Toscana  > Pisa > 2014 > Stuada na foz do rio Arno (que há dois mil anos estava a 4 km do mar, e hoje está a 17km), Pisa foi no séc. XI uma das grandes potênias marítmas do Mediterâneo, juntamente com Génova e Veneza... Não é só célebre pela sua torre inclinada... É também a terra natal de Galileu Galilei (Pisa, 1564 - Florença, 1642), um dos pais da ciência moderna, e uma das grandes vítimasda Santa Inquisição) (LG)



[ António Graça de Abreu, foto à esquerda: (i) docente universitário reformado, escritor, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); (ii) natural do Porto, vive em Cascais; (iii) autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); (iv) ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74; (v) é membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem 310 referências no blogue; (vi) texto e fotos enviados em 25/3/2022 ]

 

 Pisa, Toscana, Itália, 2014 

por António Graça de Abreu (*)


Venho por duas vezes, a segunda em 2014, como que saído das nuvens para, na Universidade, falar das minhas traduções para português de poesia chinesa.

Na Piazza dei Miracoli, uma catedral do século XI, um baptistério, uma torre inclinada, um campo-santo. O mármore branco desceu das montanhas de Carrara e chegou deslizando com o vento e a chuva. O engenho celestial dos artífices, a pedra feita espanto e luz, as sinuosidades da terra, os contornos do tempo. Um casal de pássaros em voo desordenado sobre a torre de Pisa. Até as aves estranham a inclinação.

Subo os quase trezentos degraus em caracol por dentro da torre. No alto, os sinos, o êxtase do dia, a alquimia do coração. Diante de mim, a cidade medieval e a Piazza dei Miracoli, o nome foi-lhe dado por Gabriele d’Annunzio. O supremo milagre, a magia sublime, homens caminhando sobre a terra.

Depois, uma longa conversa com Galileo Galilei (1564-1642), que aqui nasceu, e adormeço num hotelzinho barato nas margens do rio Arno, com águas de Florença encharcando o olhar.
__________

Nota do editor:

(*) Último poste da série > 14 de maio de 2022 > Guiné 61/74 - P23262: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XXXIII: Parque Nacional da Mesa Verde, Colorado, EUA, 2005

2 comentários:

Valdemar Silva disse...

Devia ser obrigatório visitar a Catedral de Pisa.

A Torre de Pisa, grande amiga dos borseggiatori.
Assim aconteceu, a minha nora a inclinar a cabeça para ver a Torre direita e a ficar sem a carteira com a distração.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Poema para Galileu
António Gedeão - Poemas


"Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!"


António Gedeão, in Linhas de Força

http://www.romulodecarvalho.net/content/view/161/55/