Lourinhã > Chez Chef Alice > 29 de julho de 2022 > "Jaquinzinhos fritos com arroz de tomate"
Fotos (e legenda): © Luís Graça (2022). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Como aqui temos lembrado nesta série do nosso blogue, quem pode, ainda come todos os dias... E de preferência algum petisco mais fora do comum. E depois partilha essa experiência culinária com os amigos e demais leitores.
1. Vamos entrar no "nosso querido mês de agosto" (o das férias, do sol, do luar, das noites romãnticas, das manhãs de grandes marés vazias com quilómetros de praia de areia branca e maresia, das viagens, das festas, dos festivais, do regresso dos emigrantes à terra, dos reencontros, dos amigos, dos amores, do campismo, dos petiscos, das mariscadas, da batada de peixe seco, das sardinhas assadas com salada de pimentos, e tudo o mais que a imaginação, o desejo e as memórias podem e devem acrescentar)...
O título da série é apelativo, bem humorado, e não ofende ninguém: "No céu não há disto,,, Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande "...
Que nos perdoem os crentes e os habitantes desse condomínio de luxo que é o céu do nosso imaginário (ou da fé de muitos crentes, cristãos e não cristãos). Sendo proibido falar de religião (além de política e de futebol), resta-nos muito pouco, aqui no blogue, até porque as memórias dos camaradas da Guiné estão a acabar,,, Ou são os detentores das memórias que estão a acabar... Não temos gente nova, "periquitos", a renovar a Tabanca Grande, e os "velhinhos", esses, agora só querem é sopas e descanso...
Que nos valhe, ao menos, no nosso querido mês de agosto, estas gulodices, afinal brincadeiras inocentes, tão inocentes, tão doces, tão boas, tão santas ou bentas, como os "pastéis de Belém", o "toucinho do céu", os "papos de anjos", as "barrigas de freira", os "pitos de Santa Luzia", as "fatias angélicas", os "queijinhos de hóstia" ou o "pudim abade de Priscos"...
"Jaquinzinhos fritos com arroz de tomate" não devem ir à mesa do São Pedro, nem vêm no cardápio do restaurante do Céu... A "chefe" Alice, quando passa pela praça, bem cedo (há anos, que já não dá um salto à Praia da Vieira onde ainda se pratica a arte xávega), e vê jaquinzinhos ou petinguinhas, é a sua perdição: abre os cordões à bolsa e enche-se de coragem, porque amanhá-los e fritá-los é uma estopada (não é tanto a trabalheira, é sobetudo o cheiro dos fritos que fica na cozinha)....
Mas, no fim, são os seus convidados que lhe dizem, com um arroto de prazer e agradecimento:
- Olha, muito obrigado, soube-me pela vida, "chef"!
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Nota do editor:
7 comentários:
Wduardo Estrela (By email)
31 jul 2022 17:32
Olá Luís, boa tarde e votos da tua rápida recuperação.
O aspecto da comezaina é magnífico e o arroz afigura-se-me estar mesmo no ponto do cremoso.
Presumo que os privilegiados que usufruíram do repasto terão ficado bem agradados com as habilidades gastronómicas da Chef Alice.
O mês de Agosto é todo ele aquilo que mencionas e provavelmente muito mais.
Quem tem a Chef Alice, nem pensa no que lhe falta.
Jaquinzinhos fritos com arroz de tomate, ai de quem diga não aprecio que deve ser marciano.
Dizem que estes tradicionais jaquinzinhos não passam de uns "pelinzinhos" ainda a crescer para serem carapaus. E só nunca foram proibidos pescar por ser pouca a captura e apenas na região de Sesimbra para sustento dos pescadores que os fritavam com tripas e tudo.
Jaquinzinhos, parece que assim eram chamados por ser peixe pequeno e de baixa estatura era também o Ti Jaquinzinho o homem que tratava das artes da pesca.
Julga-se que foi no "Solar da Hermínia" Silva que apareceram pela primeira vez os Jaquizinhos fritos, um tudo nada mais crescidos e já sem tripas acompanhados com arroz de tomate ou feijão.
E agora marchavam que nem periquitos em dia de desfile do Juramento de Bandeira.
Saúde da Boa
Valdemar Queiroz
Companheiro e camarada Luís!
A minha mensagem enviada por correio electrónico ficou amputada da parte final, presumo que por erro meu mas no meu arquivo ela está completa.
Vê se já a tens na totalidade.
Abraço
Eduardo
Bem, os "jaquinzinhos" parecem mesmo apetitosos.
O arroz tem bom aspeto mas, desde a Guiné, fiquei muito exigente para com essa iguaria, de modo que só provando.
Boa continuação.
Hélder Sousa
Meus caros combatentes
A amostra é espectacular, não me parecendo faltar coisa alguma. Cá por mim cederia um bife dos melhores em troca duma coisa destas. També os como quando os consigo comprar. Aqui em casa faz-se como a Alice, estripam-se, passam-se por farinha e fritam-se. Acompanham-se de arroz solto de feijão vermelho ou arroz de tomate, bem apaladado de louro, salsa ou coentros a gosto.
Adoro e não me aborreço com o seu cheiro na cozinha.
Um grande abraço
Carvalho de Mampatá.
Isto de cheirar um petisco destes, a cerca de 400Km, não me cheira nada bem, mas admiro que o confecionou pela paciência, pelo sorriso cativante e pela forma como encara a vida... e pelos bons petiscos que já tive oportunidade de saborear.
Bom apetite... e um abraço.
Zé teixeira
Devo dizer, enquanto "cliente" e "fã" da cozinha "chez Alice", que a "chefe" não gosta nada desta publicidade invasiva e abusiva... Eu é que lhe troco as voltas, e aproveito as fotos que faço, à socapa, para tapar uns buracos no blogue, agora na "época baixa" da produção bloguística...
Ela não tem peneiras nem pretensões na cozinha... Mas que ela tem dedo, gosto e jeito tem. Ou não fosse uma nortenha dos sete costados, que se deixou encantar também pelos ingredientes da gastronomia do oeste estremenho (os peixes, os mariscos, os legumes, etc.). É tão "carneira quanto peixeira" ou até, agora, "mais peixeira do que carneira"...
Bom apetite, bom mês de agosto (o mês emque nos casámos, de papel passado). LG
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