Lisboa > Academia Militar > Palácio da Bemposta > 12 de agosto de 2022 > Cerimónias fúnebres do ten gen João Almeida Bruno (1935-2022). A capela da Bemposta estava cheia de familiares, amigos e camaradas; à hora em que se celebrou missa de corpo presente, às 14h00, seguindo-se o funeral para o Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, a partir das 15h00. O nosso editor jubilado Virgínio Briote esteve lá e fez inclusive um vídeo que pode ser ser visto na página do Facebook da Tabanca Grande (12/8/2002, 19h34).
O nosso editor jubilado Virgínio Briote, ex-alf mil, ex-alf mil da CCAV 489/BCAV 490 (Cuntima) e alf mil 'comando, Comanos da Guiné, cmdt do Grupo Diabólicos, Brá; 1965/67), passou pela Academia Militar na primeira metade da década de 1960 e era amigo pessoal do falecido.
Foto (e legenda): © Virgínio Briote (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Na hora da partida do brilhante e corajoso militar quer foi o general de 4 estrelas na reforma, João Almeida Bruno (1935-2022), , recordemos aqui um texto já antigo (1995), da sua autoria, sobre a Op Ametista Real, de que ele foi o comandante (**):
Op Ametista Real,
por João de Almeida Bruno (1995)
(...) A operação mais importante que comandei foi, no entanto, na Guiné. O nome de código foi Ametista Real - eu sempre dei nomes de pedras preciosas às operações que comandei. Penso que, na altura, foi a operação de maior envergadura daquele tipo, fora do território nacional. Comandava então o Batalhão de Comandos Africanos que foi, julgo, uma das unidades que ganharam o Guião de Mérito, um estandarte especial que penso só ter sido também atribuído à unidade do então capitão de Infantaria Maurício Saraiva, meu grande amigo. De qualquer modo esses guiões estão hoje na Amadora.
A 16 de Maio de 1973 fui chamado de urgência ao Comandante-Chefe; o então general António de Spínola, que me traçou um panorama geral da guarnição militar de Guidage, junto à fronteira com o Senegal. Estava isolada por terra por causa dos fortíssimos campos de minas lançados pelo inimigo. As colunas logísticas, enquadradas por forças paraquedistas, não conseguiram romper. Era difícil o reabastecimento aéreo e a evacuação de feridos, por causa dos mísseis terra-ar Strela de que dispunha o PAIGC. E era grande o desgaste físico e psicológico da guarnição.
Tudo indicava que o inimigo pretendia lançar um assalto final a Guidage para tirar dividendos internos e externos. E, por isso, era necessário aliviar a pressão: o único caminho possível era pelo Norte, pelo território senegalês.
A missão foi dada de forma clara e simples: atacar a base inimiga de Cumbamory, que ficava uns cinco quilómetros a norte da fronteira. Era preciso, no mínimo, desarticular o dispositivo inimigo. Se possível, destruir a base ou, pelo menos, causar o maior número possível de baixas e destruir a maior quantidade possível de material.
Foi decidido transportar a força, em meios navais, de Bissau para Bigene. E lançar depois uma operação de curta duração, em terra, por forma a atacar a base inimiga a partir de uma base de ataque já instalada em território senegalês. "Limpar", por fim, a região de acesso a Guidage, recolhendo as nossas forças a essa povoação.
O apoio de fogos ficaria a cargo de seis baterias fixas de 10,5 e de helicanhões. Verificou-se que não eram possíveis reabastecimentos e evacuações por helicóptero. Os mortos e os feridos teriam de ser transportados para Guidage sem meios auxiliares, e a haver reabastecimento de munições ele teria de ser feito nos paióis inimigos detectados. Nada se sabia quanto à localização exacta do objectivo, a não ser que era na área da povoação senegalesa de Kumbamory.
Na tarde de 19 de Maio (de 1973) o batalhão embarcou para Bigene, onde chegou pouco antes do pôr-do-sol. Foram constituídos três agrupamentos, com uma companhia de comandos cada um. Eram comandados pelos capitães Raúl Folques (que ficaria gravemente ferido) e Matos Gomes e pelo capitão paraquedista António Ramos. Este comandava o agrupamento a que ficou adstrito o grupo especial comandado pelo alferes Marcelino da Mata, especializado em demolições.
Nele me integrei, o batalhão entrou em território senegalês pelas seis da manhã do dia 20. A artilharia de Bigene concentrava entretanto o seu fogo sobre o objectivo, mais como manobra de diversão do que como forma de destruição, uma vez que não era conhecida com rigor a localização da base inimiga. Hora e meia depois os agrupamentos estavam dispostos na base de ataque, a sul da povoação senegalesa.
Foi necessário cortar a estrada que corria paralela à fronteira e «reter» o comandante de um batalhão de paraquedistas senegalês que chegara entretanto em missão de reconhecimento. A conversa entre mim e ele foi cordial e amistosa. E franca, claro. O comandante senegalês sabia perfeitamente da existência da base do PAIGC, mas argumentava que ela ficava em território português. Pedia assim que abandonássemos rapidamente o Senegal e garantia que não iria haver nenhum incidente diplomático. E não houve.
Pelas oito horas a Força Aérea iniciou um pesado bombardeamento, a que se seguiu o assalto. Um pouco à sorte, já que não se sabia onde ficava a base. E a sorte foi decisiva.
Quase de imediato os dois agrupamentos que iam à frente detectaram vários depósitos de material de guerra. O terceiro agrupamento, que estava em reserva e logo deixou de estar, envolveu-se em violento combate com um forte grupo inimigo que dispunha de canhões sem recuo e de metralhadoras pesadas: defendia o depósito principal, o de foguetões de 122 mm.
Não é fácil descrever a acção. A tónica principal deve ter sido a confusão, não só a própria da batalha, como a decorrente do facto de se enfrentarem adversários da mesma cor e com armamento semelhante, e de ser impossível delimitar claramente a frente. E foi nesta grande confusão que o posto de comando aéreo teve um papel decisivo: os agrupamentos, correndo embora o risco de serem referenciados, iam indicando a sua posição com sinais pirotécnicos. Pela rádio, o posto de comando aéreo ia-me informando do movimento das tropas. Pelo meio-dia, a missão estava cumprida.
O agrupamento, que era comandado pelo capitão Folques ficou, a dada altura, praticamente sem munições. Foi então dada ordem de retirada, o que equivalia a continuar na direcção de Guidage. Foi um movimento lento, interrompido por vários e violentos combates, até que, pelas quatro da tarde, o inimigo abandonou o terreno.
A 16 de Maio de 1973 fui chamado de urgência ao Comandante-Chefe; o então general António de Spínola, que me traçou um panorama geral da guarnição militar de Guidage, junto à fronteira com o Senegal. Estava isolada por terra por causa dos fortíssimos campos de minas lançados pelo inimigo. As colunas logísticas, enquadradas por forças paraquedistas, não conseguiram romper. Era difícil o reabastecimento aéreo e a evacuação de feridos, por causa dos mísseis terra-ar Strela de que dispunha o PAIGC. E era grande o desgaste físico e psicológico da guarnição.
Tudo indicava que o inimigo pretendia lançar um assalto final a Guidage para tirar dividendos internos e externos. E, por isso, era necessário aliviar a pressão: o único caminho possível era pelo Norte, pelo território senegalês.
A missão foi dada de forma clara e simples: atacar a base inimiga de Cumbamory, que ficava uns cinco quilómetros a norte da fronteira. Era preciso, no mínimo, desarticular o dispositivo inimigo. Se possível, destruir a base ou, pelo menos, causar o maior número possível de baixas e destruir a maior quantidade possível de material.
Foi decidido transportar a força, em meios navais, de Bissau para Bigene. E lançar depois uma operação de curta duração, em terra, por forma a atacar a base inimiga a partir de uma base de ataque já instalada em território senegalês. "Limpar", por fim, a região de acesso a Guidage, recolhendo as nossas forças a essa povoação.
O apoio de fogos ficaria a cargo de seis baterias fixas de 10,5 e de helicanhões. Verificou-se que não eram possíveis reabastecimentos e evacuações por helicóptero. Os mortos e os feridos teriam de ser transportados para Guidage sem meios auxiliares, e a haver reabastecimento de munições ele teria de ser feito nos paióis inimigos detectados. Nada se sabia quanto à localização exacta do objectivo, a não ser que era na área da povoação senegalesa de Kumbamory.
Na tarde de 19 de Maio (de 1973) o batalhão embarcou para Bigene, onde chegou pouco antes do pôr-do-sol. Foram constituídos três agrupamentos, com uma companhia de comandos cada um. Eram comandados pelos capitães Raúl Folques (que ficaria gravemente ferido) e Matos Gomes e pelo capitão paraquedista António Ramos. Este comandava o agrupamento a que ficou adstrito o grupo especial comandado pelo alferes Marcelino da Mata, especializado em demolições.
Nele me integrei, o batalhão entrou em território senegalês pelas seis da manhã do dia 20. A artilharia de Bigene concentrava entretanto o seu fogo sobre o objectivo, mais como manobra de diversão do que como forma de destruição, uma vez que não era conhecida com rigor a localização da base inimiga. Hora e meia depois os agrupamentos estavam dispostos na base de ataque, a sul da povoação senegalesa.
Foi necessário cortar a estrada que corria paralela à fronteira e «reter» o comandante de um batalhão de paraquedistas senegalês que chegara entretanto em missão de reconhecimento. A conversa entre mim e ele foi cordial e amistosa. E franca, claro. O comandante senegalês sabia perfeitamente da existência da base do PAIGC, mas argumentava que ela ficava em território português. Pedia assim que abandonássemos rapidamente o Senegal e garantia que não iria haver nenhum incidente diplomático. E não houve.
Pelas oito horas a Força Aérea iniciou um pesado bombardeamento, a que se seguiu o assalto. Um pouco à sorte, já que não se sabia onde ficava a base. E a sorte foi decisiva.
Quase de imediato os dois agrupamentos que iam à frente detectaram vários depósitos de material de guerra. O terceiro agrupamento, que estava em reserva e logo deixou de estar, envolveu-se em violento combate com um forte grupo inimigo que dispunha de canhões sem recuo e de metralhadoras pesadas: defendia o depósito principal, o de foguetões de 122 mm.
Não é fácil descrever a acção. A tónica principal deve ter sido a confusão, não só a própria da batalha, como a decorrente do facto de se enfrentarem adversários da mesma cor e com armamento semelhante, e de ser impossível delimitar claramente a frente. E foi nesta grande confusão que o posto de comando aéreo teve um papel decisivo: os agrupamentos, correndo embora o risco de serem referenciados, iam indicando a sua posição com sinais pirotécnicos. Pela rádio, o posto de comando aéreo ia-me informando do movimento das tropas. Pelo meio-dia, a missão estava cumprida.
O agrupamento, que era comandado pelo capitão Folques ficou, a dada altura, praticamente sem munições. Foi então dada ordem de retirada, o que equivalia a continuar na direcção de Guidage. Foi um movimento lento, interrompido por vários e violentos combates, até que, pelas quatro da tarde, o inimigo abandonou o terreno.
Pelas seis da tarde as nossas tropas chegaram a Guidage. Depois continuaram a pé, até serem recolhidas, no dia seguinte, pela Marinha de Guerra, no rio Cacheu.
Os resultados conseguidos foram assinaláveis e foi aliviada a pressão sobre Guidage, cuja guarnição militar recuperou a iniciativa depois de rendidos os seus efectivos.
Não é sem uma ponta de orgulho que me vejo forçado a afirmar que nesta operação ficou patente o alto espírito agressivo dos Comandos Africanos, a sua capacidade excepcional de orientação na selva e a sua invulgar resistência física. Ficou também patente que os quatro oficiais europeus que comandaram a acção foram decisivos nos momentos mais difíceis, sobretudo pelo bom senso e capacidade de decisão que revelaram.
O inimigo sofreu 67 mortos. As nossas tropas 14 mortos (dos quais dois alferes), onze desaparecidos, mais tarde confirmados como mortos, e 23 feridos graves (dos quais três oficiais e sete sargentos). Ao inimigo foram destruídos 22 depósitos de material de guerra.(...)
Fonte: Autores vários - "Os Últimos Guerreiros do Império". Lisboa: Edições Erasmos. 1995, pp. 72-75. (Excertos, reproduzidos com a devida vénia...) (**). Na altura (1995), o autor era tenente-coronel.
__________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 11 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23515: In Memoriam (446): Gen João Almeida Bruno (1935-2022), que esteve connosco no CTIG, foi comandante da mítica Op Ametista Real, à frente dos seus bravos Comandos da Guiné, e participou depois no 25 de Abril
(**) Vd. poste de 16 de agosto de 2005 > Guiné 63/74 - P155: Antologia (16): Op Ametista Real, Senegal, 1973 (João Almeida Bruno)
16 comentários:
Uma operação de alto risco,levada a cabo por uma força disciplinada e comandada superiormente pelo maj Almeida Bruno.
Descanse em paz, meu general.
Jose Martins
Caro José Martins, ainda bem que havia homens abenegados, como o senhor Major Almeida Bruno, para compensar os bandos, a esmagadora maioria da tropa na Guiné, que dentro do(s) arame(s) farpado(s) esperavam os ataques do IN.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Caro Carlos Vinhal,tambem eu fiz parte dessa esmagadora maioria, reconhecendo, contudo, que os Comandos Africanos foram a tropa de elite do Exercito Português.
Executaram as operações de maior risco no Teatro de Operações da Guine e foram comandados por militares de grande prestigio como Almeida Bruno,Raul Folques,Matos Gomes, entre outros.
Cumprimentos do
Jose Martins
Ex-cmdt da CCAC 16 no Bachile
Esperavam o inimigo dentro do arame farpado?!
A guarnição de Cuntima tinha permanentemente no mato 2 ou mais grupos de combate para interditar o corredor de Sitató.
De 6 em 6 dias lá ia eu dormir 2 noites no mato, com movimentações constantes e montagem de emboscadas nos trilhos utilizados. Para além disso, escolta às colunas, picagens e operações com utilização de maiores meios. Durante o reordenamento as colunas a Farim eram diárias. Vinha do mato, para o mato cercado de arame farpado . Como eu muitas centenas de homens do batalhão de Farim onde a minha CCaç 14 estava integrada, largaram a pele e muitos ficaram amputados, cegos surdos ou partiram. Muitos de nós ficaram mental e psicologicamente estropiados.
Não sei a quem o Carlos Vinhal em concreto se refere mas sei que à grande maioria dos camaradas/companheiros que andaram pelos matos e bolanhas da " nossa" querida Guiné o seu comentário não se aplica.
Eduardo Estrela se
O Sr General A.Bruno era general de 4 estrelas pois foi presidente do STM- Ten General é de 3 estrelas.Tavares
Tavares, obrigado pelo esclarecimento... Estamos sempre a aprender...O general de 4 estrelas é só general e basta... O de 3 estrelas é tenente general, o de duas é major...Tomei boa nota. LG
Meu caro Carlos Vinhal
Os gabinetes de Comando não estavam dentro do arame farpado.
Fora de Bissau, e até lá havia, qualquer aquartelamento estava dentro/rodeado de arame farpado.
Os Comandos, estes Comando Africanos, são tropa especial de assalto, como tal as suas operações eram de ataque/assalto ao bases do IN.
A maioria da tropa que estava dentro do arame farpado, e dormia em abrigos e valas, fazia frequentemente operações na sua zona.
Agora a ideia já não serve para nada, mas teria sido uma boa ideia não ter sido incrementado os aquartelamentos fixos nas tabancas e cercados com arame farpado, antes deveria ter sido utilizado o andar insistentemente à procura do IN mesmo para lá das fronteiras como fez o major Almeida Bruno.
...Mas parece que era isto feito frequentemente....., eu estava dentro do arame farpado e saía que me fartava a andar atrás deles
Abraço, saúde e bom mês de Agosto
Valdemar Queiroz
Olá Valdemar boa tarde!
Bom mês de Agosto e demais assim como os anos vindouros
Deves estar feliz pois tens contigo, presencialmente, aqueles que amas.
Quanto à táctica a utilizar, não te esqueças que criar aquartelamentos junto nas tabancas permitia ter essa população junto a nós e afastada do PAIGC. Claro que é uma opção que obriga os militares nela incluídos a sofrer as agruras e o desgaste duma permanência em zona remota e sujeitos a todos os constrangimentos que advêm dessa situação.
Nós, os do arame farpado, também fazíamos assalto a objectivos. No regresso voltavamos ao mato, ou seja do mato para o mato.
Havia quem fosse ao mato e no regresso estivesse na cidade.
Tudo de bom e.....saúde da boa!
Eduardo Estrela
Boa tarde, Estrela
Obrigado pelo teu cuidado, cá vou andando à rasca com os meus problemas respiratórios.
Agora com os meus netos por cá, não posso acompanhá-los para lhes mostrar a Serra de Sintra, que conheço bem dos tempos dos ralis. E como estamos em tempo de fogos, também lhes mostrava o local onde que morreram 25 soldados, do Quartel de Queluz, a "combater" o grande incêndio de Set/1966. Coitados morreram estupidamente agarrados uns aos outros. Não me recordo de ter havido membros do governo daquele tempo serem demitidos.
Voltando ao arame farpado e ao comando do major Almeida Bruno na operação com os Comandos Africanos.
Julgo que o major, como Comandante da operação, não estaria directamente envolvido no assalto antes estaria resguardado a comandar as operações, nem poderia ser outra coisa.
Neste caso podemos dizer que ele foi um militar a nível de major a comandar fora do arame farpado.
Julgo que o nosso caro Carlos Vinhal não queria dizer outra coisa, ou então melhor seria e "agarrava" toda a tropa, sermos todos da especialidade Comandos.
Abraço e saúde da boa para gozar este mês de Agosto aí pelos Algarves *
Valdemar Queiroz
*Em 1989 estive em Lagos e pedi uma cerveja num Snack-Bar.
Levei com o cerveja fresca ou natural, perguntou o empregado.
Pode ser natural, respondi por ter visto o preço estranho de fresca ou natural que era
mais barato e até já estava habituado a beber.
Mas, depois disse ao empregado 'pedi uma cerveja natural mas esta está quente'.
Também nas frescas umas estão mais frescas que outras, respondeu ele.
Caro Estrela Soares,
Não fui eu que disse que a maioria da tropa estacionada na Guiné eram bandos dentro do arame farpado à espera dos ataques do IN. Reporto-te para este poste que naturalmente desconhecerás: Guiné 63/74 - P4151: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (12): As origens dos bandos da Guiné (Magalhães Ribeiro).
Caro Cap José Martins julgava estar a dar resposta ao nosso camarada José (Marcelino) Martins. Apenas usei uma afirmação do senhor General Almeida Bruno.
Abraços
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Carlos boa noite!
Acertaste, desconhecia.
Vem de encontro aquilo que afirmei quando referi o teu comentário, pois sabes tão bem quanto eu que a grande maioria da malta não estacionava no denominado arame farpado. Daí ter referido que o que mencionavas não era pela certa sobre a generalidade dos nossos camaradas de armas.
Não sou Estrela Soares, sou Eduardo Estrela. Presumo que o camarada Estrela Soares seja familiar dum colega meu que trabalhou comigo nas denominadas, Aliança Seguradora depois Aliança UAP, a seguir Axa e actualmente Ageas que são no fundo a mesma empresa em Portugal já que Axa e Ageas são marcas distintas no resto da Europa.
Esse meu colega trabalhava salvo erro no balcão de Torres Vedras e coincidi com ele em formações e reuniões da Companhia.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
P.S. Se o camarada Estrela Soares visitar este post agradeço dê ao presumível seu familiar um abraço meu. Obrigado
Meu caro Carlos Vinhal
Em 2009 ainda não andava por esta nossa Tabanca Grande, o que tenho pena pois tinha muito que aprender.
Ainda dizem que temos práqui uns colas de ocasião.
Abraço e bom mês de Agosto
Valdemar Queiroz
Zé Belo, por cá o nosso "feminismo" também não é nada meigo em relação ao "machismo" do macho ibérico: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e, com isso, os usos e costumnes, as atitudes e comportamentos, as lendas e narrativas, a granática, o ...
Agora são "elas" que "caçam" os... "pobres machos", que os "comem" e, quando fartas, os "dispensam" às amigas... Resumindo, as relações de poder tendem para um equilíbrio dinâmico... Mas a linguagem continua a ser muito... "viril". A música é a mesma, muda é posição dos falantes... Agora são "elas"... que que cantamd e galo... Concordo que temos de reinventar ou rever o léxico, a ortografia, a fonética, a semântica e a sintaxe do... amor. LG
Caro Eduardo Estrela
Peço-te desculpa assim como ao Coronel Estrela Soares pela minha confusão. Eu queria e estava a dirigir-me a ti, Eduardo, só que baralhei as "Estrelas".
Um abraço para ti e outro para o senhor Coronel Estrela Soares.
Caro José Belo
A dita e infeliz frase não é atribuída ao Gen Almeida Bruno, é mesmo dele, está gravada.
Nunca percebi como um brilhante militar como ele, foi capaz de dizer aquilo. Nós, tropa macaca, éramos pau para toda a obra, desde força de reserva ao serviço do Com-Chefe até força de quadrícula, neste caso muito em desvantagem face ao IN, que sabia onde nós estávamos.
Vivendo em alguns casos em condições sub-humanas e, no geral, comendo o que havia, às vezes, bem pouco, éramos merecedores de maior reconhecimento.
Abraço e votos de boa saúde.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Caros amigos,
A batalha de Cumbamory mudou a minha/nossa percepçao sobre a guerra da Guiné e, sobre os Comandos (Africanos) em particular, pois de regresso a nossa aldeia, depois de participar nesse ataque, o soldado Comando Cissé Candé (3a CC Africanos), na qualidade de irmao mais velho, disse-nos que, definitivamente, para se ser um bom Comando, também, devia-se saber correr e bem. Segundo Cissé, em Cumbamory os Comandos atacaram com a maxima força e coragem, mas receberam uma resposta ainda mais violenta da parte dos guerrilheiros, surpreendidos em sua propria casa, onde até as arvores disparavam contra os invasores. No fim, sem muniçoes de reserva, tiveram que fugir, sim isso mesmo, fugir, perseguidos pelos donos da casa, incluindo carros blindados do exército senegalés chamados em apoio da guerrilha. Esta foi a versao que ouvimos na altura e, estas palavras do Cissé nessa noite, nos perturbou o sono e mudou a nossa forma de ver e sentir a guerra a nossa volta e de olhar para os Comandos africanos da Guiné que afinal também eram mortais como todos os outros soldados.
Até aquele dia, estavamos inocente e firmemente convictos de que um Comando era um militar invencivel em quaisquer circunstancias e que nunca virava a cara a luta fosse ela qual fosse, tal era a nossa crença na força e coragem dos mesmos, independentemente da propaganda de um e d'outro lado.
No regulado de Sancorla (minha terra), quando uma criança (de sexo masculino) chorava no colo da mae, esta consolava-a com a promessa de que a entregaria para fazer parte dos bravos Comandos quando crescesse e fosse homem, a fim de combater pela defesa da sua terra.
"Comando quer comida ? NAO !"
"Comando quer Bajuda ? NAO !"
"Comando quer Bianda ? Nao !"
"Comando quer guerra ? SIM !
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
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