terça-feira, 16 de agosto de 2022

Guiné 61/74 - P23528: Fichas de unidade (26): BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72): sem subunidades operacionais orgânicas, responsabilidade de um vasto sector, na região de Tombali, o sector S3, com sede em Catió, que abrangiam os subsectores de Bedanda, Catió, Cufar, Guileje, Gadamael e Cacine.





Guião do BCAÇ 2930 e da sua CCS (Catió, 1970/72). Cortesia de:
Colecção Carlos Coutinho (2009)


1. Tive há dias o prazer de conhecer pessoalmente (e conversar longamente com) o cor inf ref Mário Arada de Almeida Pinheiro. Tem casa de férias, há décadas, na Praia da Areia Branca e é casado com uma conterrânea minha... Somos, além disso, membros do GAPAB - Vigia (Grupo dos Amigos da Praia Areia Branca). Ele genro de um dos sócios-fundadores.  A associação foi criada em 1949. Já nos conhecíamos de vista. 

Mas eu desconhecia que o cor Arada Pinheiro tinha estado na Guiné (de 1971 a 1973) e trabalhado diretamente com o gen Spínola, depois do seu batalhão, o BCAÇ 2930, ter regressado à Metrópole... 

Com 89 anos de idade, filho de oficial da marinha, e órfão de pai aos dois anos,  fez o Colégio MIlitar e entrou para a Academia Militar em 1951 (se não erro), sendo do curso do ten gen José dos Santos Carreto Curto, falecido em 2018 (ex.cap inf, cmdt da CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63). 

Fez duas comissões, como capitão, em Moçambique. E, já como major, foi mobilizado para a Guiné em rendição individual. Tem o curso de promoção a oficial general. 

Pessoal afável, tem uma memória espantosa e é um conversador como poucos. A Guiné, tal como Moçambique, ficou-lhe no coração. E diz, com orgulho, que substitutiu o então major inf Carlos Fabião (1930-2006) (do curso anterior ao seu na Academia Militar) nas funções de comandante do Comando Geral de Milícias (13 mil homens em armas!). 

Gostaria de o convidar para integrar a nossa Tabanca Grande (e de poder partilhar algumas das suas histórias com os nossos leitores) , mas penso que ainda é cedo... Para já aqui fica a ficha da unidade, respeitante ao BCAÇ 2930, onde o Arada Pinheiro foi Of Info Op e depois 2º comandante. 

Este batalhão (de que temos apenas umas escassas 18 referências no blogue), curiosamente, só era composto por comando e CCS, não tendo unidades orgânicas. Teve, no entanto,  a responsabilidade de um vasto sector, na região de Tombali, o sector S3, com sede em Catió, que abrangiam os subsectores de Bedanda, Catió, Cufar, Guileje, Gadamael e Cacine.


Batalhão de Caçadores n.º  2930

Identificação: BCaç 2930

Unidade Mob: BC 10 - Chaves

Cmdt: TCor Inf Castro Ambrósio | TCor Inf Carlos Frederico Lopes da Rocha Peixoto | TCor Inf Ernesto Orlando Vieira Correia

2º  Cmdt: Maj Inf Ernesto Orlando Vieira Correia | Maj Inf  Mário Arada de Almeida Pinheiro

OInfOp/ Adj: Maj Inf Duarte Leite Pereira | Maj Inf Mário Arada de Almeida Pinheiro

Cmdt CCS: Cap SGE Manuel Pereira de Carvalho

Divisa: "Sempre Excelentes e Valorosos"

Partida: Embarque em 25Nov70; desembarque em 04Dez70 | Regresso: Embarque em 130ut72


Síntese da Actividade Operacional


Era apenas composto por Comando e CCS, não dispondo de subunidades operacionais orgânicas.

Em 16dez70, após sobreposição com o BArt 2865, desde 7dez70, assumiu a responsabilidade do Sector S3, com sede em Catió e abrangendo os subsectores de Bedanda, Catió, Cufar, Guileje, Gadamael e Cacine.

Com as subunidades que lhe foram atribuídas, desenvolveu intensa actividade operacional de patrulhamento, reconhecimentos e de vigilância da fronteira, especialmente na zona do corredor do Guileje, tendo ainda os seus aquartelamentos e aldeamentos sido alvo de frequentes e fortes flagelações, especialmente quando situados junto da fronteira. 

Além disso, coordenou e impulsionou a execução dos trabalhos de construção dos reordenamentos de Catió, Cacine e Gadamael, entre outros e os trabalhos da estrada Catió-Cufar.

Dentre o material capturado mais significativo, salienta-se: 4 pistolas-metralhadoras, 4 espingardas, 2 lança-granadas foguete, 87 granadas de espingarda e 68 minas.

Em 21Ago72, foi rendido no sector pelo BCaç 4510/72 e recolheu a Bissau, onde se manteve aguardando embarque.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 92 - 2ª. Div/4.ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: fichas das unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 150

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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23373: Fichas de unidade (25): Batalhão de Engenharia nº 447 (Brá, 1964/74): "Que a tamanhas empresas se oferecem"

3 comentários:

Morais Silva disse...

Que coincidência. Foi meu 2ºcmdt quando eu estava em Gadamael... Uma abraço

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Morais Silva, falámos em si... O Arada Pinheiro não tem "cabeça", é um "computador"... Um barra para nomes )de pessoas e lugares)... Ele percorreu a Guiné toda, por via das funções que exerceu, quer como oficial de operações quer como 2º comandante do BCAÇ 2930, quer como comndante do Comando Geral das Milícias, 13 mil homens espalhados pelo território da Guiné... É uma pessoa com excelente sentido de humor!... E fiquei a saber que os oficiais superiores da "entourage" do gen Spínola, o tratavam por "Zé do Caco"... Tem algumas histórias deliciosas do tempo em que esteve na Amura, no QG/CC/FAG, na 2ª Rep (Orações)...

Um alfabravo, bom agosto. Luis

Morais Silva disse...

Boas férias. AB