Guiné-Bissau > Março de 1973 > Cambando o rio, de canoa, em Canjambari (rio Canjambari?) / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 1 08 - Life in Canjambari, Guinea-Bissau - Canoeing across the river - 1973
Guiné-Bissau > s/l > 1974 > Uma mulher cultivando o campo / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 5 19 - Village life in Guinea-Bissau - Woman cultivating the field - 1974.
Guiné-Bissau > s/l > Março / abril de 1974 > Rapariga pilando o arroz / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - B 30 - Life in the Liberated Areas, Guinea-Bissau - Pounding rice - 1974.
Guiné.-Bissau > Região de Oio > Arredores da base de Sara, a sul do Morés > 1974 > Um homem remendando a câmara de ar de uma bicicleta doada pela Noruega / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - 20 09 - Life in the villages around Sara, Guinea-Bissau - Patching the Norwegian-donated bicycle tyres - 1974 (Observação: Sara a nirdeste de Mansoa, a sul do Morés).
Guiné. Bissau > Região de Oio > Arredores da base de Sara, a sul do Morés > Março / abril de 1974 > Um imã toma conta de um doente leproso / Foto: ASC Leiden - Coutinho Collection - C 21 - Life in Sara, Guinea-Bissau - Imam takes care of a leprous patient - 1974
1. O neerlandês Roel Coutinho, de origem portuguesa, sefardita, pelo lado do pai (os seus ascendentes devem ter-se exilado nos Países Baixos, em meados do séc. XVII, por razões religiosas, numa época em que se intensificou a perseguição aos "cristãos-novos" em Portugal), é autor de uma notável documentação fotográfica sobre a antiga Guiné portuguesa, onde esteve em 1973/74, como médico cooperante ao lado do PAIGC.
Tinha então 26/27 anos (nasceu em 4 de abril de 1946). Tornar-se-ia mais tarde um conhecido virologista, microbiologista, epidemiologista e professsor universitário. Notabilizou-se contra o HIV / SIDA,
Apresentamos hoje uma seleção das suas fotos sobre a "vida quodiana", em especial nas zonas de fronteira, controladas pelo PAIGC. Roel Coutinho não é um fotógrafo profissional, mas estas imagens têm inegável valor documental. O autor tem já aqui, no nosso blogue, uma meia dúzia de referências. Estamos-lhe gratos pela sua generosidade e a autorização do uso das suas fotos no nosso blogue de antigos combatentes da Guiné.
2. Sobre a origem da coleção, leia-se aqui;
(...) "A partir de maio de 2016, a Coleção Coutinho passou a estar disponível "online" no Wikimedia Commons.
Os metadados (descrições) foram estruturados por Michele Portatadino e traduzidos por ele para inglês e português. Harro Westra cuidou das implementações técnicas e o "wikipediano" Hans Muller carregou as 750 imagens no Wikimedia Commons usando a tecnologia GLAMwiki Toolset
Este acervo é composto por cerca de 1250 fotografias (negativos e diapositivos). Estas imagens obtidas tiradas pelo professor e microbiologista Roel Coutinho, de Amesterdão e Utrecht, no Senegal e na Guiné-Bissau, em 1973 e 1974.
Coutinho (n. 1946) trabalhou como jovem médico nas chamadas “zonas libertadas”, controladas pelo PAIGC, o movimento político e militar que lutava contra o domínio português na Guiné-Bissau.
Uma seleção de 750 fotografias foi digitalizada e disponibilizada em acesso aberto na Wikimedia com uma licença Creative Commons, para que qualquer pessoa possa usar essas fotografias livremente. A seleção pode ser encontrada aqui:
As fotografias dão uma boa visão do quotidiano durante a luta de libertação contra Portugal. Nas fotos vemos lojas, tratamentos médicos e atividades militares. Exemplos: crianças e soldados em salas de aula no mato, operações médicas em pleno mato, campanhas de vacinação, restos de um avião abatido, lojas do povo, danças. O futuro primeiro presidente da Guiné-Bissau (Luís Cabral) pode ser visto em foto durante a festa de casamento do futuro primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Francisco Mendes (nome de guerra: Chico Té).
A Coleção Coutinho foi doada ao Centro de Estudos Africanos de Leiden (Stichting Afrika-Studiecentrumm Leiden) por Roel Coutinho. A ideia de digitalizar as fotografias e “doá-las” à Wikimedia sob uma licença Creative Commons foi sugerida por Jos Damen. "Slides" e negativos foram digitalizados por GMS Digitaliseert, em Alblasserdam.
O projeto, conduzido por Jos Damen, foi financiado pela ASC Leiden. Estão em estudo planos para publicação de uma brochura e a organização de uma pequena exposição (espera-se que também se realize na Guiné-Bissau).
Jos Damen / trad. e adaptação: LG
Fonte: African Studies Centre (ASC), Leiden > Photographs by Roel Coutinho from Guinea-Bissau and Senegal in the 70s online
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Nota do editor:
Último poste da série > 4 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23947: "Una rivoluzione... fotogenica" (1): Uma reportagem e um livro decisivos, e que consagram a estética da "guerra de libertação", "Guinea-Bissau: una rivoluzione africana" (Milano, Vangelista, 1970, 200 pp.), dos italianos Bruno Crimi (1940-2006) e Uliano Lucas (n. 1942)
4 comentários:
Caros amigos,
A base do Paigc de Sara (Sarauol) estava situado a Nordeste de Mansoa, a montante do rio de mesmo nome (nao a Sudoeste de Bissora como diz a legenda) e a meio caminho, em linha direta, entre Mansoa e as localidades de Missira/Canturé do Tigre de Missira, amigo Mario BS.
Cordiais saudaçoes,
Cherno Baldé
Obrigado, Cherno, pela correção da posição de Sara... Nunca lá fui, estive a sul/sudoeste, em Mandina / Belel... Numa operação dramática de 3 dias, de 30 de março a 1 de abril de 1970... Op Tigre Vadio... A tropa de Bambadinca, por terra, só lá ia uma vez por ano, para dar e levar porrada...
A população (e a guerrilha) andava mais ou menos "descontraída" pela região, que ficava no "cu de Judas"...Era bombardeada pela FAP, uma vez por outro apareciam tropas helitransportadas... O PAIGC considerava-a uma região libertada... Havia muitos trilhos de bicicleta...Os médicos cubanos estiveram aqui, num dos "hospitais" do mato, de que o PAIGC fazia imensa propaganda... Os casos sérios, de emergência pré-hospitalar, eram levados para Ziguinchor, no Senegal, onde durante anos só havia um médico, o português de Angola, Mário Pádua... Quantos feridos graves não terão morrido pelo caminho, de Sara até Zinguinchor... Hoje de Mansoa a Zinguinchor são mais de 160 km, de carro, 3 horas e meia... Agora imaginem com um doente transportado a penantes (até ao Senegal), de padiola...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Op%20Tigre%20Vadio
Caro Luís,
Pois é, a auto-estrada dos guerrilheiros de Sará (Sarauol) para chegar a fronteira do Senegal passava perto de Banjara, seguia para a zona de Canjambari, estendia-se depois seja para o corredor de Sitatô situado entre as localidades de Cuntima e Cambaju ou seguiam para Morés, atravessando a via que ligava Mansoa a Mansabá, seguindo depois para a região de Olossato, atravessavam o rio Farim e seguiam para a fronteira por vários trilhos.
Um gigantesco sacrifício que não é para qualquer um, não admira pois que estivessem cansados, aliás todos estavam cansados, dos dois lados evidentemente.
Abraços,
Cherno Baldé
A imagem que temos das populações das "zonas libertadas" (ou, seja, sob controlo do PAIGC) era em geral a de velhos, mulheres e crianças, feitos prisioneiros, andrajosos, doentes, com ar faminto... Em geral, eram os elementos mais vulneráveis da população que não podiam fugir à aproximação das NT (sobretudo na época secam em que podíamos mais facilmente chegar aos sítios onde viviam)...Aconteceu no Xime, no Enxalé... no sector L1 (Bambadinca).
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