sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Guiné 61/74 - P25015: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte V: O CEP que partiu para França, em 1917, em barcos ingleses, mal equipado, mal calçado...



Legenda: "No cais de embarque: o chefe da missão militar inglesa conversando com um oficial português".  ("Cliché": Benoliel)


Capa da "Ilustração Portuguesa", II Série, nº 581, Lisboa, 9 de abril de 1917. Edição semanal do jornal "O Século", Ed. lit: José Joubert Chaves. Com a devida vénia à Hemroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa.(*)

1. Este "cliché" do grande fotojornalista Joshua Benoliel é uma preciosidade: os nossos militares do CEP (Corpo Expedicionário Português) partiram para a guerra, mal equipados, a começar pela inadequação do seu uniforme na guerra das trincheiras da Flandres: veja-se, a propósito, o artigo de Sérgio Vieira Coelho sobre o combatente português da grande guerra - fardamento e equipamento  

COELHO, S.V. (2018). O combatente português da grande guerra fardamento e equipamento in Portugal na 1ª Guerra Mundial - Uma História Militar Concisa. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar. P.199-228. (Disponível em formato pdf: https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/12764/1/Art_S%C3%A9rgio%20Coelho_2018%20%283%29.pdf)

(...) "O calçado para os oficiais era geralmente composto por botas de montar compósitas, ou seja, um par de botins de couro negro a que eram sobrepostas perneiras do mesmo material, apertadas com fivelas ou cordões cruzados.

"As restantes tropas eram dotadas de botins de couro negro ou castanho cuja qualidade era baixa, principalmente em termos de impermeabilidade, o que se veio a verificar nas trincheiras, constantemente cheias de lama pútrida e húmida. 

"Com este tipo de botas, que apodreciam rapidamente naquele tipo de ambiente, os soldados começaram a padecer de uma enfermidade designada de pés frios: pela exposição prolongada dos pés naquele tipo de solo insalubre, começavam a sofrer de micoses, viroses e lacerações, que culminavam em gangrenas e invariavelmente em amputações. O problema viria a ser parcialmente resolvido com a dotação de calçado britânico". (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25010: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte IV: as  > mulheres que ficaram na retaguarda enquanto o CEP partia para França em 1917

2 comentários:

Valdemar Silva disse...

Calhando, ainda, com o hábito por toda a nossa província haver a "moda" do pé descalço.

E até se dizia ser o padrão de marcha ‘natural’, para ajudar as pessoas a controlar melhor a posição dos seus pés e a melhorar o equilíbrio.
O que se dizia quando havia miséria !!


Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Meio século depois, na Guiné, o nosso calçado também não era melhor...Quem andava no mato, no tempo das chuvas, chegava ao quartel com os pés numna lástima...