Nuno Rubim, cor art ref (1938-2023)
O Nuno Rubim era um profundo conhecedor de Guileje. Recorde-se que ele comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) e a CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966). Foi reconhecido e acarinhado pela população de Guileje, ainda em 2008, como o "capitão Fula"
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Bissau > Cemitério Militar de Bissau > Março de 2008 > O Cor Art na situação de reforma Nuno Rubim, participante do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008), junto à campa do o Soldado António Gonçalves dos Santos, caído em combate em 4 de Março de 1966, muito perto do cruzamento do corredor de Guileje. Pertencia a um das companhias, a CCAÇ 1424, que o nosso querido amigo Nuno comandou, em Guileje.
Foto (e legenda): © Nuno Rubim (2008). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Recebemos ontem, às 9:29, a noticia da morte do amigo e camarada Nuno Rubim, através de email do cor art ref Morais da Silva:
(...) "É com pesar que noticio o falecimento, no passado dia 25 de Dezembro, do meu camarada Cor Art Nuno José Varela Rubim. Que reste em Paz.
Abraço com o desejo de muita saúde em 2024.
Morais Silva".
2. Nuno José Varela Rubim (1938-2023)
Só esta manhã, em Candoz, tive conhecimento desta infausta notícia. Fiquei muito triste. Para além de um ativo colaborador do blogue, nos anos de 2006 e 2007, o Nuno Rubim era uma pessoa que eu muito estima e com quem cheguei a privar (na sua casa, no Seixal, fui lá uma bez com o Vrigínio Briote) e em março de 2007 na Guiné, no âmbito do Simpósio Internacional de Guileje.
O meu primeiro abraço solidário na dor vai para a Júlia, a viúva, natural da Guiné, que eu e a Alice conhecemos na sua terra e com quem fizemos uma viagem memorável de Bissau a Guileje e regresso. Para a Júlia e restante família ficam aqui também as condolências dos amigos e camaradas da Guiné que se reunem sob o sagrado e fraterno poilão da Tabanca Grande.
Com tempo e vagar (estou fora de casa com Net limitada), farei dentro de dias um poste homenagem póstuma ao homem, ao militar e ao especialista em história militar que foi o nosso Nuno Rubim. Para já ficam aqui alguns breves ap0ntamentos sobre o seu "curriculum vitae", com particular referência à sua ligação à Guiné e ao nosso blogue.
Era conhecido, no CTIG, como "capitão fula" pela população de Mejo e de Guileje, cognome que o honrava muito.
Foi um histórico do nosso blogue. Entrou para Tabanca Grande em 10 de junho de 2006. Tem cerca de uma centena de referências.
Eis um excerto da sua apresentação aos amigos e camaradas da Guiné (que na altura ainda não ultrapssavam os cento e poucos):(...) Comandei em Guiledge, sucessivamente (de castigo !..., eu qualquer dia conto esta estória) as CCAÇ 726 e 1424, depois de ter também comandado a CART 644 em Mansabá e a CCmds em Brá.
O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.
Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento? (...)
E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...
(...) Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma! Por pouco era a título póstumo !!!...
(...) Finalmente quanto à Tertúlia, pois terei muito prazer em dela fazer parte." (...)
Como ele acima disse, fez duas comissões no TO da Guiné, a última no QG, já como major ("trabalhei no departamento 'mais secreto', a Cheret , onde desempenhei, como criptólogo AED - Aptidão Especial para Descriptamento, as funções de chefe da Secção de Análise e Controlo. Descriptamos todos (!) sistemas de decifrar dos países vizinhos");
O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.
Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento? (...)
E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...
(...) Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma! Por pouco era a título póstumo !!!...
(...) Finalmente quanto à Tertúlia, pois terei muito prazer em dela fazer parte." (...)
Na primeira comissão comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (out 1964/jul 1966) e a CCAÇ 1424 (jan 1966/dez 1966).
Trabalhador incansável, reputado especialista em história da artilharia (com uma extensa lista de obras publicadas), é também um bom amigo e um grande camarada, a quem pedimos, por diversas vezes, informação e conselho sobre as coisas e os feitos da Guiné.
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Nota do editor:
12 comentários:
Sentidos pêsames.
Valdemar Queiroz
Cheguei a trocar correio com ele sobre a sua passagem pelo Cachil. Rip.
Olá Camaradas
Mais um dos nossos que desaparece.
Fui amigo dele, embora não nos encontrássemos há alguns anos.
Foi meu instrutor de História (recente) Militar num curso de actualização que fiz na EPA, em meados dos anos 70 do Séc. passado.
Era um estudioso de assuntos de história militar e tem diversos trabalhos publicados, alguns a expensas suas. Era rigoroso nas suas análises e não temia as conclusões a que chegava, mesmo que fossem contra às opiniões já cimentadas.
Entre os seus trabalhos tem uma análise da Torre de Belém na qual demonstra que tinha um valor defensivo baixo, em especial devido aos poucos espaços onde era possível colocar artilharia para bater o Tejo.
Trocámos correspondência com o título "Investigadores de Elevado Gabarito". Onde andarão esses mails? Claro que fiquei sempre vencido, mas mais sabedor...
Creio que saiu do Exército "batendo com a porta" mas procurando realizar-se através do estudo.
O dia de Natal é muito impróprio para se morrer!
Um Ab. aos Camaradas e os meus pêsames à família
António J. P. Costa
Era do meu conhecimento que o estado de saúde do Coronel Nuno Rubim, vinha a degradar-se e era de esperar o desenlace a curto prazo.
Lamento a perda do meu antigo Cmdt., que conheci em Maio de 1965 e com quem privei até Dezembro do mesmo ano.
Ambos fizemos parte de um grupo de cerca de 25 militares dos Cmds do CTIG, constituído por oficiais e sargentos e alguns militares guineesnses, entre os quais o Marcelino da Mata, o Abdulai Djaló, o Djmanca e talvez mais um ou dois militares. Durante cerca de dois meses que durou o curso, os nossos fins de semana, entre Jun e Set1965, foram passados no mato. A maior parte das vezes no Oio, que era muito próximo, e uma vez ao Piai (zona de Canquelifá).
Gostei de o ter conhecido, de ter privado com ele, e, naturalmente, a notícia da morte do Cor. Rubim não me pode deixar indiferente.
V. Briote
Sentidos pêsames à Família, Camaradas e Amigos
Sentidos pêsames à família do senhor Coronel Nuno Rubim.
Carlos Vinhal
Sentidas condolências, a familiares e camaradas d'armas.
Tive o prazer de conhecer o Nuno Rubim em Gandembel e Guilhege em 2008. Fiquei impressionado como “Capitão Fula” foi acolhido e acarinhado pelas dgentis locais pela forma aberta e comunicativa como relacionava com a população local no tempo da guerra.Era conhecido e querido de toda a gente da região em contraste com o famigerado capitão Curto de quem só ouvi palavras de nojo e desprezo.
Descansa em paz, meu amigo.
José Teixeira
É sempre com tristeza que se toma conhecimento do falecimento de camaradas nossos.
E, particularmente, quando se nutre respeito e admiração.
Sabemos que isto decorre da "lei da vida" mas deixa sempre um amargo de boca.
Que descanse em paz.
Hélder Sousa
Sentidas condolências à Exma Família e Camaradas.
Que descanse em paz.
Lá foi a nossa frente, um grande historiador.
Quando estive com ele em Guiledje e Iembem a prepar o museu de Guiledje ele informou me de um pouco de algumas factos daquela zona que para mim eram novidade. Quem era os artilheiros que atacaram o quartel. Como ele ajudou a resolver o problema do abate do nossos Fiats. Que nem todos os arquivos da guerra do ultramar nem todos iriam ser desclaficados, ele lá sabia.
Que descanse em paz.
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