Capa da brochura "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações". Província da Guiné, Bissau: QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné]. Repartição AC/AP [Assuntos Civis e Acção Psicológica]. s/d.
O dr. Cherno Baldé, nosso "correspondente em Bissau", colaborador permanente do nosso blogue com o pelouro das questões etno-linguísticas. |
Foto: © A. Marques Lopes / António Pimentel
(2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário de Cherno Baldé ao poste P19215 (*)
A leitura destes interessantes documentos de orientaçãoo psico-técnica na abordagem do "indigena" no contexto dos reordenamentos, mostra uma viragem importante na politica e estratégia seguida até 1968/69.
Não sei se se pode falar de uma ruptura, mas visivelmente, a Guiné conhecia então uma politica nova do homem branco que nem o mais optimista dos guinéus poderia suspeitar.
Para todos os efeitos, continuava a ser a mesma potência colonial, mas a natureza do colonialismo já era diferente e, foi pena, nas condições em que ocorreu a descolonização, não tivesse sido possível permitir ao gen Spínola capitalizar os seus esforços de uma nova forma de fazer a politica colonial com as suas reformas internas, medindo forças com os seus adversários, no campo meramente politico e diplomático a que ele, suponho eu, aspirava realizar na fase final do conflito (a consulta popular em forma de referendum), especialmente no caso da Guiné, convencido da superioridade dos seus argumentos.
Para todos os efeitos, continuava a ser a mesma potência colonial, mas a natureza do colonialismo já era diferente e, foi pena, nas condições em que ocorreu a descolonização, não tivesse sido possível permitir ao gen Spínola capitalizar os seus esforços de uma nova forma de fazer a politica colonial com as suas reformas internas, medindo forças com os seus adversários, no campo meramente politico e diplomático a que ele, suponho eu, aspirava realizar na fase final do conflito (a consulta popular em forma de referendum), especialmente no caso da Guiné, convencido da superioridade dos seus argumentos.
Pois, no fundo, era exactamente isso que as populações nativas esperavam dos brancos, que eles tinham recebido nos seus territórios e ao qual reconheciam uma certa superioridade técnica e tecnológica, esperando, também eles, beneficiar da sua protecção e dos seus avanços nos diferentes domínios da vida.
Ao que parece, os ventos da história eram muito fortes e, convenhamos, o patriotismo, por mais forte que seja, também, tem os seus limites.
21 de novembro de 2018 às 16:13 (**)
Ao que parece, os ventos da história eram muito fortes e, convenhamos, o patriotismo, por mais forte que seja, também, tem os seus limites.
21 de novembro de 2018 às 16:13 (**)
(Revisão / fixação de texto: LG)
(*) Vd. poste de 21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19215: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (61): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica [ACAP], do QG / CCFAG - III (e última) Parte
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19215: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (61): os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações, brochura da Repartição de Assuntos Civis e Acção Psicológica [ACAP], do QG / CCFAG - III (e última) Parte
1 comentário:
Cherno, tenho notado a tua ausência
Tens levado o Ramadã com a devoção de um crente.
Mantenhas. Luís.
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