Alcanena > 1 de junho de 1965 > Reprodução do Cartaz do Baile da Inspecção de 1965, devidamente selado e assinado por um companheiro que já nos deixou, o Arlindo Abrantes.
Alcanena > 1 de junho de 1965 > Mancebos de 1945 - Fotografia do jantar da véspera da Inspecção no Restaurante do “Primo” Necas que nessa noite esteve por nossa conta.
Alcanena > 1 de junho de 1965 >Fotografia do palco do baile da Inspecção de 1965, com dois Conjuntos, no Pátio do lagar de azeite da Viúva de José Bento, junto à Igreja,
Fotos ( e legendas): © Carlos Pinheiro (2024. Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70:
1. Mensagem de Carlos Pinheiro (ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70:
(i) de seu nome completo, Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro;
(ii) é natural de Alcanena e reside em Torres Novas;
(iii) assentou praça na EPC em Santarém em 10 de outubro de 1967:
(iv) chumbou no CSM, como tantos outros;
.... (v) tirou a especialidade no RTM no Porto; (vi) veio para o BT em Lisboa; (viii) foi colocado no QG da 2.ª RM em Tomar; (ix) foi mobilizado pelo RI 15 de Tomar; (x) embarcou em rendição individual destinado ao BCAÇ 1911; (xi) passou a sua comissão no Centro de Mensagens do STM no Quartel General de Bissau; (xi) integra a nossa Tabanca Grande desde 25/10/2010; (xii) tem 83 referências no nosso blogue.
Data - 03/08/2024, 19:28
Assunto - Inspecção Militar
A Inspecção Militar era um acontecimento local, regional e nacional pois era aí que eram lidas “as sortes” dos rapazes que nesse ano faziam vinte anos, os “mancebos”, já em linguagem militar.
Data - 03/08/2024, 19:28
Assunto - Inspecção Militar
A Inspecção Militar era um acontecimento local, regional e nacional pois era aí que eram lidas “as sortes” dos rapazes que nesse ano faziam vinte anos, os “mancebos”, já em linguagem militar.
A mesma era feita nos primeiros dias de Junho no ano em que os “mancebos” completavam 20 anos. Não era preciso fazer-se inscrição. Eles não se esqueciam de convocar a malta através de edital e ninguém faltava porque era perigoso.
De qualquer forma, sempre havia um ou outro que antecipadamente, à socapa, dava à sola e ia até França. Era a época da emigração clandestina, a “salto” como se dizia, porque não nos esqueçamos, o país estava em guerra em três frentes – Angola, Guiné e Moçambique.
De qualquer forma, sempre havia um ou outro que antecipadamente, à socapa, dava à sola e ia até França. Era a época da emigração clandestina, a “salto” como se dizia, porque não nos esqueçamos, o país estava em guerra em três frentes – Angola, Guiné e Moçambique.
Mas o acto da Inspecção em si merece ser recordado. Em Alcanena, a malta comparecia no Salão Nobre do Edifício dos Paços do Concelho. Depois de identificados, passado pouco tempo era distribuído um papel para ser apresentado aos médicos militares que estavam no Gabinete ao lado, o Gabinete do Presidente da Câmara, mandavam despir o pessoal e ali estavam, todos nus com um papel na mão, até à chamada ao Gabinete.
Os mancebos eram medidos, pesados, auscultados e lá vinham todos contentes, “apurados” para todo o serviço militar. Logo ali, havia sempre um soldado ou um cabo que vendia uma fita verde e vermelha a significar o apuramento e que a malta, para ser bem referenciada, colocava logo na lapela do casaco do fato que era estreado nesse dia.
Os raros, raríssimos, que ficavam “livres” também tinham direito a uma fita, mas neste caso branca, que também era paga e nesse ano, em Alcanena, falando da freguesia, houve dois que ficaram “livres”, sabe-se lá porquê.
Havia ainda os “esperados”, que passavam para o ano seguinte, porque não tinham peso, porque tinham peso a mais, ou por outro motivo qualquer.
Os raros, raríssimos, que ficavam “livres” também tinham direito a uma fita, mas neste caso branca, que também era paga e nesse ano, em Alcanena, falando da freguesia, houve dois que ficaram “livres”, sabe-se lá porquê.
Havia ainda os “esperados”, que passavam para o ano seguinte, porque não tinham peso, porque tinham peso a mais, ou por outro motivo qualquer.
Depois o dia era de festa por um lado, mas por outro também de alguma preocupação acerca do futuro que já estava marcado, primeiro com a Índia e depois com a Guiné, Angola e Moçambique. Nesse dia havia almoço em casa com a família, mas o jantar era de convívio entre todos e o baile até às tantas estava garantido e era sempre muito concorrido.
Carlos Pinheiro
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Nota do editor:
Último poste da série > 12 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25164: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (25): A mercearia e a taberna da aldeia (Joaquim Costa, Vila Nova de Famalicão)
Último poste da série > 12 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25164: Coisas & loisas do nosso tempo de meninos e moços (25): A mercearia e a taberna da aldeia (Joaquim Costa, Vila Nova de Famalicão)
Sobre a inspeção militar, vd. também:
4 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12388: Estórias avulsas (73): O Dia das Sortes na aldeia de Brunhoso (Francisco Baptista)
7 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7737: A Guerra Colonial e a extinção da tradições portuguesas: o dia de 'ir às sortes' na minha terra, Sabugal (José Corceiro)
31 de março de 2009 > Guiné 63/74 - P4114: Estórias cabralianas (46): Inspecção Militar: E todos os tinham no sítio... (Jorge Cabral)
4 comentários:
Lembro-me de ter ido à inspeção em 1967 (fazia 20 anos em ,janeiro) no antigo edifício da câmara municipal da Lourinhã, no 1º andar... A junta médica estava instalada no gabinete do presidente da câmara, que era o "João Paradas"...A malta despia-se e esperarava, em pelota, num "hall" acanhado, sem condições... Num total desconforto e promiscuidade... NO r/c funcionavam os escassos serviços serviços camarários e ouvíamos as risotas das primeiras "meninas" que já lá trabalhavam... Ainda há tempos uma delas me confidenciou que, para elas, também era um dia... de excitação.
Obrigado, Carlos, é um testemunho notável, para mais fotograficamente bem documentado, sobre uma fase muito importante das nossas vidas de rapazes que iam "aprender a ser homens" (diziam os mais velhos)... "Mancebos" é mesmo o termo mais apropriado para a nossa condição. "Ir às sortes" fazia parte do nossos "ritos de passagem" da puberdade para a idade adulta... Legalmente ainda éramos menores, mas dávamos um passo de gigante para dentro em breve passarmos a ter a licença (legal) para poder matar (e morrer) na guerra... Ou seja, empunhar uma G3!
Carlos, eu assentei em Santarém EPC em Juno de 1967, três meses antes, e ouve aquele problema da carreira de tiro que eram todos uns nabos
que não acertavam nos alvos.
Na inspecção, que foi feita no RALIS, o médico só tinha o carimbo de "APROVADO" não havia outro carimbo em cima da mesa.
Os soldados do quartel aproveitavam para fazer um pequeno negócio com a venda de umas fitas, que eu não comprei por não ter dinheiro trocado, só tinha duas notas de 100$00, a preencher um documento perguntavam a profissão, que no meu caso era de empregado de escritório.
Que profissão é essa, perguntou-me o tropa que preenchia o tal papel, aqui só temos profissões como deve ser padeiros, electricistas, homens do campo, trolhas, percebes?
E o que é que fazes no escritório, perguntou-me. Eu já tinha 22 anos e lisboeta respondi
leio, conto e escrevo com a esferográfica e à máquina.
Ah, então és dactilógrafo e assim ficou registada a minha profissão e tive que levar com o troco de 100$00 em várias moedas de 2$50 e 5$00 pra não me armar em esperto.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
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