Quadra de António São Romão (pseudóni9mo do poeta Almeida Mattos, reproduzida npo "Notícias de Fafe", 13 de maio de 1967. In: "O Concelho de Fafe e a guerra colonial, 1961--1974". pág. 164. (Almeida Mattos, Fafe, 1944 - Porto, 2020, era programador cultural, e poeta, muito querido na sua terra, e com projeção nacional; fez o serviço militar na Guiné, em 1967/69)
Concelho de Fafe - Lista dos mortos durante a guerra colonial, no TO da Guiné, no período de 1967 a 1973
Capa do livro |
Fonte: SILVA, Jaime Bonifácio da - Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar : uma visão pessoal- In: Artur Ferreira Coimbra... [et al.]; "O concelho de Fafe e a Guerra Colonial : 1961-1974 : contributos para a sua história". [Fafe] : Núcleo de Artes e Letras de Fafe, 2014, pp. 58-59.
1. Estamos a reproduzir, por cortesia do autor (e com algumas correções de pormenor), excertos do extenso estudo do nosso camarada e amigo Jaime Silva, sobre os 41 mortos do concelho de Fafe, na guerra do ultramar / guerra colonial. Nesta parte são os respeitantes ao TO da Guiné (pp. 58-61).
Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar – Uma visão pessoal [ Excertos ] - Parte IV: mortos na Guiné (pp. 58-61)
2.1 (...) B. GUINÉ > QUADRO 2 – Lista dos mortos de Fafe na Guiné [vd. acima ]
(...) O quadro referência com a identificação dos nomes dos militares de Fafe mortos indica-nos que na Guiné morreram onze militares de Fafe.
As causas da morte foram:
Feridos – dois soldados do mesmo pelotão do José Félix; do Pelotão de Morteiros 1039, um alf mil de armas pesadas e um soldadoda CCAÇ 1549, quatro soldados; do Batalhão de Engenharia 447 (adido à CCS), um soldado; da Companhia de Comandados e Serviços (CCS) um alf mil art.
Total das nossas baixas no ataque ao quartel: 10 feridos e um morto.# (.,,)
Na ficha individual do José Félix, consta que em julho de 1966, mês do embarque para a Guiné, gozou dos dez dias de licença de 4 a 14.
____________
As causas da morte foram:
- Combate, 7 (Combate, um; ferimentos em combate, seis) (63,6%);
- Acidente, 2 (Afogamento, 1; Arma de fogo, 1) (18,2%);
- Doença, 2 (18,2%)
Quanto ao posto e especialidade: três são 1.ºs cabos e oito são soldados. Quanto aos 1.ºs Cabos, um era apontador da metralhadora Daimler (José Félix, de Fafe), outro Sapador (Armando Nogueira) e um terceiro Atirador (António Costa, de Estorãos).
Podemos verificar que há um militar fafense sepultado na Guiné no cemitério de Bissau. Trata-se do João David Oliveira, natural de Fornelos e falecido a 15 de junho de 1967, por ferimentos em combate. Pertencia à CCÇ 1588 / BCAÇ 1894.
O primeiro militar de Fafe a tombar na Guiné foi o José Félix Lopes, 1.º cabo 1639/65, o único militar casado antes de ser incorporado nas Forças Armadas.
De acordo com o Arquivo Geral do Exército, é natural da freguesia de Fafe, tinha o posto de 1.º cabo apontador da Metralhadora Daimler e estava destacado no quartel em Tite, vindo a falecer a 1 de março de 1967, três anos após o início da guerra na Guiné, por ferimentos em combate. Está sepultado no cemitério de Fafe. Tinha casado com Maria Alice Bastos Lopes em 10 de janeiro de 1965 e tinham um filho nascido em 21 outubro de 1965.
Consultei o seu processo no Arquivo Geral do Exército em Lisboa, no dia 14 de janeiro de 2014, por deferência da esposa, que agradeço. No seu processo encontrei um documento, na altura confidencial, que nos dá a conhecer as causas da sua morte.
Trata-se do “Relatório do ataque ao Aquartelamento de Tite na noite de 1 mar 67” pelos guerrilheiros do PAIGC e assinado pelo comandante do BCAÇ 1860, ten cor Francisco Manuel da Costa Almeida:
Consultei o seu processo no Arquivo Geral do Exército em Lisboa, no dia 14 de janeiro de 2014, por deferência da esposa, que agradeço. No seu processo encontrei um documento, na altura confidencial, que nos dá a conhecer as causas da sua morte.
Trata-se do “Relatório do ataque ao Aquartelamento de Tite na noite de 1 mar 67” pelos guerrilheiros do PAIGC e assinado pelo comandante do BCAÇ 1860, ten cor Francisco Manuel da Costa Almeida:
(...) "Em consequência dos rebentamentos de granadas as NT sofreram as seguintes baixas:
Morto - 1.º Cabo n.º 1639/65, José Félix Lopes, do Pel Aut Metr Daimler 1131.
Morto - 1.º Cabo n.º 1639/65, José Félix Lopes, do Pel Aut Metr Daimler 1131.
Feridos – dois soldados do mesmo pelotão do José Félix; do Pelotão de Morteiros 1039, um alf mil de armas pesadas e um soldadoda CCAÇ 1549, quatro soldados; do Batalhão de Engenharia 447 (adido à CCS), um soldado; da Companhia de Comandados e Serviços (CCS) um alf mil art.
Total das nossas baixas no ataque ao quartel: 10 feridos e um morto.# (.,,)
Na ficha individual do José Félix, consta que em julho de 1966, mês do embarque para a Guiné, gozou dos dez dias de licença de 4 a 14.
(...) "Tomou parte nos exercícios do campo do IAO nos dias 15,16 e 17. Marchou em 29 pelas 23H50, para Lisboa, nos termos da alínea a) do N.º 3 da O.T. N.º 41 da DSP/RSP/ME de 23.7.66, a fim de se apresentar no Cais da Rocha Conde de Óbidos, para embarcar para o Ultramar no dia 30.7.66." (...)
Chega à Guiné a 5/8/66. É promovido a 1.º cabo em 30 de julho de 1966. Recebe medalha de Segunda Classe de Comportamento (Art.º 188.º do RDM) a 2 de novembro de 1965.
- Fernando Martins Castro, sold at inf, CCS/QG
O último fafense a tombar na Guiné foi o soldado atirador Fernando Martins Castro, filho de Albino de Castro Pereira e Maria Rosa Martins Guimarães, natural da freguesia de Paços, solteiro e pertencente à CCS / Quartel-General (Messe de Oficiais).
Morreu a 12 de setembro de 1973, e na relação dos militares de Fafe mortos no Ultramar, fornecida pelo Arquivo Geral do Exército, consta que faleceu no Hospital Militar de Bissau na sequência de afogamento por acidente. Está sepultado no cemitério de Paços.
2. Comentário do editor LG:
2. Comentário do editor LG:
De quase todas as subunidades a que pertenciam os fafenses falecidos no TO da Guiné, te,os referências no nosso blogue. Sensibiliza-me particularmente o nonme do Fernando Soares, morto em combate na Op Abencerragem Candente, em 26/11/1970, no subsetor do Xime (setor L1, Bambadinca), em que eu também participei, e ajudei a resgartar e a transportar os corpos das vítimas (seis mortos, com o Fernando Soares, e mais nove feridos graves ). Pertencia à CART 2917 / BART 2917 (Xime, 1970/72).
Lidando com extensas listas alfanuméricas de militares que tiveram a infelicidade de morrer na guerra (em combate ou por acidente ou doença), não nos apercebemos muitas vezes que esses nossos camaradas tinham pai e mãe, irmãos, mulher ou namorada (e alguns,l filhos), além de amigos e vizinhos, e tinham nascido, tal como nós, numa qualquer aldeia, vila ou cidade do nosso querido Portugal. Têm ou tiveram uma história de vida. Importa não os esquecer. Paz às suas almas.
- Pel Rec Daimler 1077;
- CCAÇ 2658 / BCAÇ 2905;
- 3ª C/BCAÇ 4610;
- CCS / BCAÇ 2929, em diligência no Comd Agr 2952;
- CCS/ QG (Messe de Oficiais);
- CART 2715 / BART 2917;
- CCAÇ 2797;
- CCAÇ 1588 / BCAÇ 1894
- Pel Rec Daimler 1131;
- CCAÇ 2780;
- CCAÇ 2313.
Nota do editor:
(*) Último poste da série > 6 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25812: Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar : uma visão pessoal (Excertos) (Jaime Silva) - Parte III: mortos em Angola
(*) Último poste da série > 6 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25812: Contributo para o estudo da participação dos militares de Fafe na Guerra do Ultramar : uma visão pessoal (Excertos) (Jaime Silva) - Parte III: mortos em Angola
3 comentários:
Jaime, agora ficamos â espera que acabes o livro sobre os combatentes da Lourinhã que morreram na guerra de África (n=20). Sei que já gastaste umas largas centenas de horas não só na pesquisa (entrevistas, arquivos, etc.) como na redação do texto. De resto, só tu, na nossa terra, tens motivção e energia para levar a bom porto este projeto. Os "antigos combatentes", intelizmente, continuam apenas a ser, em todo o lado, um "arma de arremesso" para uso das campanhas eleitorais...
Caro Jaime:
Este teu trabalho é altamente meritório e é pena que não tenha sido sido levado a cabo em todos os municípios de Portugal. Em Gondomar existe um monumento de homenagem aos combatentes do concelho, erigido ainda antes do 25 de Abril. Mais tarde , as Juntas de Freguesia do concelho forneceram os nomes dos nossos camaradas falecidos nas três frentes e foram os mesmos inscritos no monumento, entretanto ligeiramente alterado, . Constam assim, nesse monumento, os nomes dos 83 nossos camaradas com a indicação dos territórios onde tombaram e das freguesias de onde eram naturais e residentes.
Carvalho de Mampatá
O Jaime já não é "periquito" nestas andanças de cultivador e guardião de memórias da nossa guerra e da nossa terra, Lourinhã... 19 de agosto de 2009
Guiné 63/74 - P4836: Agenda cultural (23): Exposição evocativa da participação dos jovens do Seixal, Lourinhã, na guerra colonial (Luís Graça)
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