domingo, 1 de dezembro de 2024

Guiné 61/74 - P26222: O Spínola que eu conheci (38): Nunca o vi com um fotógrafo atrás, no mato (António Martins de Matos / Luís Graça / Valdemar Queiroz / Virgílio Teixeira)... Havia um fotógrafo fardado, que tirava fotos de forma muito dsicreta (Domingos Robalo)



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Guiné > Algures > Maio de 1973 > Costa Gomes, Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, dá início, a 25 de maio de 1973, a uma visita ao Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG), para se inteirar do agravamento da situação militar e analisar medidas a tomar com vista a garantir o espaço de manobra do poder politico em Lisboa. 

Na foto, vê-se o Gen Costa Gomes à direita de Spínola, falando com milícias guineenses. Foto do francês Pierre Fargeas (técnico que fazia a manutenção dos helis AL III, na BA 12, Bissalanca), gentilmente enviada pelo nosso camara Jorge Félix (ex-Alf Mil Pil Heli, BA12, Bissalanca, 1968/70).

Foto (e legenda): © Pierre Fargeas / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados. [Edução e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P26179(*): 


(i) Virgílio Teixeira:

Infelizmente não conheço, não conheci, e não sabia de um fotografo oficial do nosso General Spínola.

Encontrei-o algumas vezes em Bissau, quer no Grande Hotel, quer no Solar dos Dez, em Bissau.

Mas nunca falei com ele.

Vi nele sempre uma pessoa acima de tudo e todos. Gostei dele, e o fotografo não vi!
 
22 de novembro de 2024 às 15:05


(ii) Valdemar Queiroz:

Estive por duas vezes a um palmo do Spínola.

A primeira vez foi quando assistiu a tiros de morteiro 60mm de recrutas, na bolanha de Contuboel, e calhou ser o Umaru Baldé do meu Pelotão a disparar uma granada que nunca mais caía e acertar no bidon-alvo. Alguns dos presentes deram uns passos nervosos, mas eu fiquei ao lado de Spínola que não se mexeu e fez um sinal quase imperceptível de "calma".

A segunda vez foi no Hospital Militar em Bissau, quando estive internado devido a uma intervenção cirúrgica. Ele todos os dias ia de manhã ao Hospital visitar, principalmente, quem tinha chegado ferido, tendo visitado um oficial que estava no meu quarto mais outros dois doentes. Esse oficial doente tinha a cara cheia de feridas devido a uma explosão de uma mina A/P, o Spínola olhou pra mim como me conhecendo e disse ao oficial ferido, que era um magricelas, "dos fracos não reza a historia".

Tenho a ideia que o oficial disse qualquer coisa, quando o Spínola saiu, que os outros riram-se.

22 de novembro de 2024 às 17:03

(iii) Luís Graça:

Náo estou a ver um militar a ficar 5 anos ao lado do Spínola para lhe bater as "chapas"... Ajudantes de campo, teve 3, se não me engano...E fotógrafos oficiais deve ter tido mais do que um...O Geraldo terá sido um deles...

A questão é de saber se era civil ou militar ("fotocine", por exemplo, a menos que fosse também da arma de cavalaria, como os ajudantes de campo...).

22 de novembro de 2024 às 23:14


(iv) António Martins Matos:

Via assiduamente o general Spínola, na Base Aérea nº 12, em Biossalanca, a partir para as suas visitas a aquartelamentos, de DO-27 ou AL-III. 

Nunca vi que levasse algum fotógrafo a reboque.

23 de novembro de 2024 às 08:51
 
(v) Luís Graça:

Catarina, o gen Spínola cuidadava da sua imagem, era de cavalaria, foi vedeta no hipismo, mas não ao ponto de andar com um "fotógrafo pessoal, oficial" atrás de si, e muito menos no mato, na Guiné...

Levava o ajudante de campo, que era também seu guarda-costas... Nunca ninguém o viu armado, e correu riscos...

Em Bissau, nas cerimónias militares, oficiais, é possível que o palácio do governador recorresse a algum fotógrafo civil, com estúdio montado na cidade... Ainda não sabemos se esse Geraldo era civil ou militar.

Era importante, por outro lado, saber se o jornal "A Voz da Guiné" tinha algum fotógrafo ou fotojornalista no seu quadro de pessoal. Ou se as fotos que publicava tinham autor.

Os únicos "paparazzi" que o fotografavam, no mato, eram os militares das unidades e subunidades que ele visitava, muitas vezes de surpresa. Não se batia à fotografia, mas também não se importava que o fotografassem..

23 de novembro de 2024 às 11:44 

(vi) Domingos Robalo:

Tive três contactos com o general Spínola. 

O primeiro numa visita que este fez a Fulacunda, onde estava sediada a CCAV 2482, “Os Bpoinas Negras”. Era eu comandante do 22° Pel Art, em apoio a esta Companhia comandada pelo capitão H. Morais. 

A segunda vez, estando eu de Sargento da Guarda no QG, em Bissau,o general passando o portão a pé recebeu as honras da “Guarda”. Assim que passou mandei destroçar a secção. O general voltou atrás e de forma pedagógica falou; “A guarda não destroça, recolhe”. Nunca mais me esqueci. 

A terceira vez, foi na parada da minha Unidade, a BAC1, que ia passar a Grupo, por aumento significativo de forças e material de artilharia. Nesse mesmo dia e nessa cerimónia, foi homenageado o Sargento de Artilharia, morto em combate, sendo dado o seu nome à parada da unidade; “Parada Issa Jao”. 

4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...



Não é a informação que a investigadora Catarina Laranjeiro queria (e precisava...) mas é a possível sobre o tal fotógrafo oficial do gen Spínola, enquanto governador e com-chefe na Guiné (1968/73)...

É provável que ele tivesse um fotógrafo, civil ou militar (e porque não um fotojornalista do semanário "A Voz da Guiné" ? )... Sobretudo para as cerimónias,. civis e militares, em Bissau...

No mato, fora de Bissau, nenhum de nós o viu com fotógrafo a reboque... (Para além das questões de segurança, havia também um problema logístico: os helis e as avionetas da FAP tinham uma lotação limitada...).

Quem pode dar mais pistas sobre o tal Geraldo são (ou eram, espero que ainda estejam vivos) os chefes de gabinete do Spínola no CTIG, Nunes Barata e depois José Blanco...

O Arquivo de Spínola parece que está ao cuidado da família Campos Coelho. segundo informção do biógrafo, Luís Nuno Rodrigues.

Boa saúde, bom trabalhio. Luís

Morais Silva disse...

O senhor General Spínola visitava os trabalhos da estrada Mansabá-Farim com muita frequência. Ao tempo eu alternava com o cmdt da Cart 2732 o comando das forças de segurança imediata e próxima dos trabalhos e sempre vi o CmdtChefe acompanhado apenas pelo seu ajudante de campo. Mais tarde, em Gadamael, aconteceu de igual modo. Há fotos mas tiradas pelo meu pessoal.

Joaquim Costa disse...

Em 1972, ainda em Aldeia Formosa, e ainda periquito, na qualidade de Sargento de dia ao quartel, prestei honras militares ao General Spínola, na sua visita ao mesmo. Dei ordem de apresentar armas, quase gaguejando, e fiz a continência a tão ilustre personalidade que se aproximou de mim, saudando-me, fazendo também a continência. Por momentos pensei que o homem se dirigia a mim para fazer algum reparo do aprumo, pelo que quase desfalecia. Tinha pouco mais de 15 dias de Guiné pelo que a sua pose de luvas Monóculo e pengalim me intimidaram mesmo…
Com o tempo fomo-nos habituando à sua presença, com duas visitas ao Cumbijã e uma a Nhacobá.
Joaquim Costa.

Valdemar Silva disse...

Esta fotografia de Spínola mostra a misteriosa dobra das mangas do seu camuflado.
As nossas e do Gen. Costa Gomes faziam um grande enchumaço e as dele não.
Diziam que era devido às mangas serem cortadas e depois só uma dobra cosida com pouca espessura.
Seria um camuflado de manga curta!
Valdemar Queiroz