
Mário Beja Santos, ex-Alf Mil Inf
CMDT Pel Caç Nat 52
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Deembro de 2025:
Queridos amigos,
O que seria Granada sem o esplendor muçulmano? Talvez uma cidade com património do plateresco e do barroco e com o significado histórico de o reino de Espanha se ter firmado aqui com a queda do reino Mouro, em 1492. A Alhambra e o Generalife fazem parte da lista dos monumentos históricos mais visitados do mundo. Sem condições para visitar o interior da Alhambra (tudo esgotado até ao fim da temporada, em dezembro), comecei pelo Bairro da Catedral, primeiro a Madraça ou a Universidade Muçulmana construída no século XIV, meti-me ao caminho pela Carrera del Darro, um percurso encantador com diferentes pontes sobre o Rio Darro, dali se avistam as colinas míticas da Alhambra e do Albaícin, no regresso, após um almoço de regalo, dei-me ao cuidado de começar a tarde no Museu Arqueológico. Eu depois conto o resto do dia e a estafa que me está reservada para o dia seguinte.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (236):
Granada, ainda com a Alhambra à distância - 3
Mário Beja Santos
A visita desta manhã começa na Capela Real que confina com a Catedral. Mas que o leitor me permita um curto apontamento histórico. Granada ganha importância com a chegada dos árabes, há indícios de outras presenças como os iberos e os romanos. Em 713 Tarik submeteu a cidade, o núcleo original estendia-se pelas colinas da Alhambra e o Albaícin. Durante o Califado de Córdova, a cidade dependia dele, e quando se desagregou, em 1013, converteu-se numa taifa (reino independente) e aqui se instalou a dinastia Zirí. Em 1090 a cidade caiu nas mãos dos Almorávidas, foi depois arrebatada pelos Almóadas em meados do século XII. Com a chegada da dinastia Nazarí, em 1238, começou a idade de ouro da cidade. Havia um acordo firmado entre Fernando III e Muhammad in Nasr, fundador da dinastia, o muçulmano reconhecia-se vassalo do Rei Cristão. Este reino de Granada abarcava as Províncias de Almeria, Málaga, Sevilha, Córdova e Jaén. É então que se constrói a Alhambra, no século XIV e Granada torna-se uma cidade importantíssima. O século XV é uma época marcada de lutas internas o que facilitou a tarefa dos cristãos; em 2 de janeiro de 1492, os Reis Católicos tomaram a cidade. O esplendor não se perdeu, vieram riquezas das Índias Ocidentais que se refletem num conjunto de monumentos grandiosos.
Não se pode tirar imagens na Capela Real, no texto anterior mostrei pormenores das edificações, o interior é esplendoroso é ali que estão sepultados os Reis Católicos e também a filha, Joana, a Louca, e Filipe, o Belo, os pais do imperador Carlos V. O retábulo do altar-mor, arte renascentista é dedicado a S. João Evangelista e S. João Batista. As cenas, totalmente esculpidas e em relevo, são talhadas em madeira e divididas em pequenos painéis com imagens. Na sacristia encontram-se trabalhos da escola de pintura flamenca de grandes mestres como Rogier van der Weyden, van Eyck, Memling e Dieric Bouts.
Finda a visita, tomou-se o caminho da Catedral, o edifício gigantesco começado no século XVI e concluído no início do século XVIII. Uma catedral de cinco naves, com um único transepto e um deambulatório com capelas. O portal principal é arte plateresca. O interior é uma mistura de planificação gótica e renascentista, pilares de altura desmesurada, riqueza por toda a parte.
Deambulação até fartar, arroz à valenciana na Praça do Triunfo, retomada a energia foi-se percorrer os bairros castiços de Granada, para cima em minibus, calcorreou-se depois até ao centro histórico. Não havendo bilhetes disponíveis para visitar a Alhambra, fez-se inscrição para uma visita guiada no dia seguinte no exterior e com visita ao Palácio de Carlos V. regressou-se a um dos pontos mais adoráveis do centro histórico a Carrera del Darro, aproveitou-se a visita ao Museu Arqueológico, aos banhos árabes e à Igreja de S. Pedro e Paulo, tudo somado foi uma caminhada de estalo.
O que nos mostra o Museu Arqueológico são patrimónios pré-históricos que vêm de 5000 a.C., passamos depois para as colonizações em que intervieram fenícios, entre outros, depois deu-se a presença romana; o Museu mostra-nos também património moçárabe, paleocristão e belos espécimes da presença romana. Foi na galeria superior e no terraço que tirei as últimas imagens com que hoje me despeço do leitor. Amanhã, entre outras incursões a inolvidável Alhambra e o Palácio de Carlos V.
Retábulo principal da Capela Real de Granada
Igreja do Sagrario (Sacrário), anexa à Catedral de Granada, possui este belíssimo púlpito barroco
Retábulo na Igreja do Sagrario com a representação da Crucificação de Jesus
Fachada e o interior da Catedral de Granada
Fachada da Catedral de Granada ao longe
A Alhambra vista do terraço do Museu Arqueológico de Granada
Na Praça Nova de Granada, vindo da Carrera del Darro apanhei um minibus para visitar El Albaícin e o Sacromonte, a zona mais característica da cidade. No Albaícin construiu-se a primeira fortaleza árabe de Granada, só restam vestígios das muralhas. Temos um labirinto de ruas e ruelas a trepar pela colina, há o pitoresco das pracetas, nada como andar a pé para captar todo o encanto do bairro de traçado árabe.El Albaícin com a Serra Nevada ao fundo
Até à última grande insurreição moura, em 1568, tanto Albaícin como o Sacromonte eram habitados por mouros que tinham fugido para Granada após as perseguições cristãs em Baeza. É bom que se diga que o bairro é uma pitoresca área residencial, na qual voltou a constituir-se uma comunidade muçulmana, temos aqui um santuário do Flamenco, uma herança cigana que chegou aos nossos dias. À porta de um estabelecimento onde se exibe o flamenco não resisti a fotografar esta composição azulejar com a Serra Nevada ao fundo.Outra recordação deste mesmo estabelecimento
Uma outra perspetiva da Alhambra tirada do Sacromonte
Mosaico da Vila Romana dos Mondragones, segunda metade do século IV
Couraça anatómica grega, encontrada perto de Almuñécar, século IV a.C.
Homem togado, escultura que se identifica com o Imperador Cláudio, encontrado perto de Piñar, século I d.C.
Uma outra panorâmica da Alhambra tirada do piso superior do Museu Arqueológico de Granada
E mais outra panorâmica da Alhambra
_____________
Nota do editor
Último post da série de 20 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27552: Os nossos seres, saberes e lazeres (714): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (235): A Sevilha de um viajante apressado, nem pode acudir à Sevilha essencial: La Giralda, o Parque de María Luísa, Torre del Oro e algo mais; a caminho de Granada - 2 (Mário Beja Santos)

















Sem comentários:
Enviar um comentário