Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 10 de junho de 2018
Guiné 61/74 - P18728: Parabéns a você (1452): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador do BART 2913 (Guiné, 1967/69) e António Joaquim Alves, ex-Soldado At Cav do COMBIS (Guiné, 1972/74)
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Nota do editor
Último poste da série de 9 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18726: Parabéns a você (1451): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)
sábado, 9 de junho de 2018
Guiné 61/74 - P18727: Os nossos seres, saberes e lazeres (271): De Aix-en-Provence até Marselha (3) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 4 de Abril de 2018:
Queridos amigos,
O tempo não ajudou em Aix-en-Provence, mas rendeu o passeio pelo centro histórico e a visita aos prodigiosos museus, tinha-se em mente uns percursos para andar a namoriscar sítios onde Paul Cézanne produzira algumas das suas obras primas, mas logo as bátegas fortes da manhã dissuadiram tal intento, assim se calcorreou a cidade em tuk-tuk, se andou por museus, viu livrarias e se aproveitaram as abertas para ver os maciços deslumbrantes que cercam a velha capital da Provença.
No dia seguinte, haverá dia ensolarado e um completo deslumbramento espera o viandante em Arles, património da humanidade de uma das pérolas mais preciosas da arquitetura do romanesco provençal.
Depois, fica prometido, conta-se tudo.
Um abraço do
Mário
De Aix-en-Provence até Marselha (3)
Beja Santos
O viandante faz sempre o possível por se documentar sobre os sítios que visita. O guia Michelin enquadra historicamente Aix-en-Provence, recomenda sítios belíssimos, sem dúvida alguma, por duas vezes, mesmo com as ameaças das bátegas de água se procurou visitar a Catedral St. Sauveur, sem sucesso, o Museu Granet impressionou e protegia das chuvadas, ora o bilhete incluía uma visita à coleção Planque, e o viandante não hesitou, foi visitar a curta distância do Museu Granet XXE, aproveitou para ler o onde e como, até porque Jean Planque, para haver sinceridade, não lhe era nome familiar. A comunidade do país de Aix, para acolher esta fabulosíssima coleção, reabilitou uma antiga capela, um dos florões da arquitetura da região no século XVII. Trata-se da capela erigida em 1654 pelos penitentes brancos carmelitas, o edifício andou à deriva depois de ter sido como bem nacional após a revolução, foi usado como celeiro e armaria. Em 1886, a capela perdeu definitivamente a sua vocação religiosa, transformou-se em estabelecimento de ensino e mais tarde anexo do museu.
Antes de se falar de Jean Planque diga-se que a fundação por ele criada confiou ao Museu Granet a valorização desta coleção excecional. O resultado final é deslumbrante.
Um ângulo da capela, com destaque para o rés-do-chão onde se exibem algumas das obras-primas que vão de Van Gogh a Picasso
Outro ângulo da antiga capela onde se podem ver os dois andares onde se exibem obras artísticas da contemporaneidade
Jean Planque teve um currículo das arábias, vendeu seguros e inseticidas até que, de 1955 a 1972, se transformou em Paris no conselheiro da Galeria Beyeler, de primeiríssimo nível. Por esta forma, este homem de origem modesta foi reunindo ao acaso e de acordo com as suas oportunidades, uma coleção com mais de 100 quadros e desenhos de grandes mestres dos séculos XIX e XX. Ao princípio atraía-se mais pela pintura figurativa, depois caminhou para outros níveis. Desse período figurativo conseguiu adquirir obras de Cézanne, Van Gogh, Monet, Degas, Redon, Renoir, Gaugin, Dufy, Rouault e Bonnard, que aqui se mostra.
O cubismo está representado no rés-do-chão, já era muito procurado e vendia-se a preços altíssimos no seu tempo. Aparece representado por Braque, Juan Gris, um Dufy muito raro e pela tela emblemática de Léger que faz alusão ao amor de Planque pela pintura, o viandante andou ali à volta, era coisa, se lhe oferecessem, que trazia para casa.
Jean Planque encontrou Picasso em 1960, nasceu aí uma forte amizade. O galerista irá visitar regularmente o maior génio da pintura do século XX em Notre-Dame-de-Vie. Picasso venderá a título excecional ao galerista suíço mais de 20 quadros, facto único na história das relações do genial pintor com os seus vendedores. Assombra andar por aqui a mirar obras altamente representativas, só para regressar a este museu, confessa sem qualquer rebuço o viandante, vinha amanhã disparado até Aix-en-Provence, há aqui contemplação para uma semana e certamente que aqui voltaria nos anos seguintes…
Para chegar onde chegou, Planque foi um talentosíssimo caçador de grandes artistas. A partir de 1952, quando se preparava uma exposição de Manessier, Planque descobriu a importância da arte informal, lançou-se nas galerias de Paris e de outros locais de França para recomendar à Galeira Beyeler obras a preço mais acessível. Foi assim que ele descobriu Nicolas de Stael, Vieira da Silva e Roger Bissière.
Jean Planque começou a pintar aos 19 anos, nunca teve ilusões quanto a ter dado aquele passo decisivo que é indispensável dar para se tornar um criador a corpo inteiro, ele tinha consciência das suas limitações e sentia-se paralisado pela admiração que dedicava aos seus mestres, e por isso se dizia que pintava «à maneira de» e não escondia que colecionava os quadros que desejava ter podido pintar.
Nos andares superiores encontramos sinais das amizades de Jean Planque e mais adiante aparecerá o artista, expoente da arte bruta, que ele mais admirava, Jean Dubuffet, e por aí o visitante deambula, encontrará peças do seu amigo Kosta Alex e outros.
A fundação Jean e Suzanne Planque decorre do desaparecimento do galerista em agosto de 1998, um conjunto de artistas manifestou-se a favor da criação da fundação para honrar a memória do colecionador. Para além de 30 esculturas, colagens e desenhos oferecidos por Kosta Alex, houve ofertas de Alexandre Holan e Sorel Etrog, as ofertas nunca mais pararam.
O viandante também teve oportunidade de visitar a bela coleção de livros ilustrados com estampas de Picasso, Debuffet e Miró.
Concluída a visita à exposição, percorre-se a cidade para nela simplesmente flanar. Há que deitar cedo e rumar para o comboio. Arles é a nova etapa do programa, mal sabe o viandante as gratas surpresas que o esperam…
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 2 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18703: Os nossos seres, saberes e lazeres (270): De Aix-en-Provence até Marselha (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O tempo não ajudou em Aix-en-Provence, mas rendeu o passeio pelo centro histórico e a visita aos prodigiosos museus, tinha-se em mente uns percursos para andar a namoriscar sítios onde Paul Cézanne produzira algumas das suas obras primas, mas logo as bátegas fortes da manhã dissuadiram tal intento, assim se calcorreou a cidade em tuk-tuk, se andou por museus, viu livrarias e se aproveitaram as abertas para ver os maciços deslumbrantes que cercam a velha capital da Provença.
No dia seguinte, haverá dia ensolarado e um completo deslumbramento espera o viandante em Arles, património da humanidade de uma das pérolas mais preciosas da arquitetura do romanesco provençal.
Depois, fica prometido, conta-se tudo.
Um abraço do
Mário
De Aix-en-Provence até Marselha (3)
Beja Santos
O viandante faz sempre o possível por se documentar sobre os sítios que visita. O guia Michelin enquadra historicamente Aix-en-Provence, recomenda sítios belíssimos, sem dúvida alguma, por duas vezes, mesmo com as ameaças das bátegas de água se procurou visitar a Catedral St. Sauveur, sem sucesso, o Museu Granet impressionou e protegia das chuvadas, ora o bilhete incluía uma visita à coleção Planque, e o viandante não hesitou, foi visitar a curta distância do Museu Granet XXE, aproveitou para ler o onde e como, até porque Jean Planque, para haver sinceridade, não lhe era nome familiar. A comunidade do país de Aix, para acolher esta fabulosíssima coleção, reabilitou uma antiga capela, um dos florões da arquitetura da região no século XVII. Trata-se da capela erigida em 1654 pelos penitentes brancos carmelitas, o edifício andou à deriva depois de ter sido como bem nacional após a revolução, foi usado como celeiro e armaria. Em 1886, a capela perdeu definitivamente a sua vocação religiosa, transformou-se em estabelecimento de ensino e mais tarde anexo do museu.
Antes de se falar de Jean Planque diga-se que a fundação por ele criada confiou ao Museu Granet a valorização desta coleção excecional. O resultado final é deslumbrante.
Exterior da antiga capela dos penitentes brancos carmelitas, do século XVII
La collection Planque va à Aix-en-Provence,
desenho de Burki, 2010
Um ângulo da capela, com destaque para o rés-do-chão onde se exibem algumas das obras-primas que vão de Van Gogh a Picasso
Outro ângulo da antiga capela onde se podem ver os dois andares onde se exibem obras artísticas da contemporaneidade
L’escalier du Cannet, Pierre Bonnard
Jean Planque teve um currículo das arábias, vendeu seguros e inseticidas até que, de 1955 a 1972, se transformou em Paris no conselheiro da Galeria Beyeler, de primeiríssimo nível. Por esta forma, este homem de origem modesta foi reunindo ao acaso e de acordo com as suas oportunidades, uma coleção com mais de 100 quadros e desenhos de grandes mestres dos séculos XIX e XX. Ao princípio atraía-se mais pela pintura figurativa, depois caminhou para outros níveis. Desse período figurativo conseguiu adquirir obras de Cézanne, Van Gogh, Monet, Degas, Redon, Renoir, Gaugin, Dufy, Rouault e Bonnard, que aqui se mostra.
La Rose et le compas, Fernand Léger
O cubismo está representado no rés-do-chão, já era muito procurado e vendia-se a preços altíssimos no seu tempo. Aparece representado por Braque, Juan Gris, um Dufy muito raro e pela tela emblemática de Léger que faz alusão ao amor de Planque pela pintura, o viandante andou ali à volta, era coisa, se lhe oferecessem, que trazia para casa.
Nu et homme à la pipe (La Conversation), Picasso
Jean Planque encontrou Picasso em 1960, nasceu aí uma forte amizade. O galerista irá visitar regularmente o maior génio da pintura do século XX em Notre-Dame-de-Vie. Picasso venderá a título excecional ao galerista suíço mais de 20 quadros, facto único na história das relações do genial pintor com os seus vendedores. Assombra andar por aqui a mirar obras altamente representativas, só para regressar a este museu, confessa sem qualquer rebuço o viandante, vinha amanhã disparado até Aix-en-Provence, há aqui contemplação para uma semana e certamente que aqui voltaria nos anos seguintes…
Paysage Marine, Nicolas de Stael
Para chegar onde chegou, Planque foi um talentosíssimo caçador de grandes artistas. A partir de 1952, quando se preparava uma exposição de Manessier, Planque descobriu a importância da arte informal, lançou-se nas galerias de Paris e de outros locais de França para recomendar à Galeira Beyeler obras a preço mais acessível. Foi assim que ele descobriu Nicolas de Stael, Vieira da Silva e Roger Bissière.
Composition, bleu, blanc, rouge, Jean Planque
Jean Planque começou a pintar aos 19 anos, nunca teve ilusões quanto a ter dado aquele passo decisivo que é indispensável dar para se tornar um criador a corpo inteiro, ele tinha consciência das suas limitações e sentia-se paralisado pela admiração que dedicava aos seus mestres, e por isso se dizia que pintava «à maneira de» e não escondia que colecionava os quadros que desejava ter podido pintar.
The Man of Kalahari, Kosta Alex
Nos andares superiores encontramos sinais das amizades de Jean Planque e mais adiante aparecerá o artista, expoente da arte bruta, que ele mais admirava, Jean Dubuffet, e por aí o visitante deambula, encontrará peças do seu amigo Kosta Alex e outros.
A fundação Jean e Suzanne Planque decorre do desaparecimento do galerista em agosto de 1998, um conjunto de artistas manifestou-se a favor da criação da fundação para honrar a memória do colecionador. Para além de 30 esculturas, colagens e desenhos oferecidos por Kosta Alex, houve ofertas de Alexandre Holan e Sorel Etrog, as ofertas nunca mais pararam.
O viandante também teve oportunidade de visitar a bela coleção de livros ilustrados com estampas de Picasso, Debuffet e Miró.
Concluída a visita à exposição, percorre-se a cidade para nela simplesmente flanar. Há que deitar cedo e rumar para o comboio. Arles é a nova etapa do programa, mal sabe o viandante as gratas surpresas que o esperam…
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 2 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18703: Os nossos seres, saberes e lazeres (270): De Aix-en-Provence até Marselha (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P18726: Parabéns a você (1451): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)
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Nota do editor
Último poste da série de 8 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18721: Parabéns a você (1450): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74) e João Gabriel Sacôto, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 617 (Guiné, 1964/66)
Nota do editor
Último poste da série de 8 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18721: Parabéns a você (1450): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74) e João Gabriel Sacôto, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 617 (Guiné, 1964/66)
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Guiné 61/74 - P18725: In Memoriam (315): Arquitecto e Urbanista Luís Vassalo Rosa (1935-2018), ex-Cap Mil. CMDT da CART 1661 (Guiné, 1967)
IN MEMORIAM
LUÍS VASSALO ROSA, ARQUITECTO E URBANISTA, EX-CAP MIL, CMDT DA CART 1661 (GUINÉ, 1967)
São Pedro de Moel > 2010 > Convívio da CART 1661 e Pel Caç Nat 54
> O ex-Cap Mil Luís Vassalo Rosa
Notícia inserta no DN online de hoje, aqui reproduzida com a devida vénia:
Tinha 83 anos. A morte do urbanista Luís Vassalo Rosa, na quinta-feira, foi comunicada pela Associação Portuguesa de Urbanistas. O atual provedor da Arquitetura, função que desempenhava desde 2011, e Grande Oficial da Ordem de Mérito, foi o responsável pelo Plano de Urbanização, coordenação e gestão urbanística da zona de intervenção da Expo'98, a que se juntariam nomes como o do arquiteto Manuel Salgado.
Em 1975 recebeu o Prémio Valmor, enquanto coautor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, assinada por Nuno Portas e Nuno Teotónio Pereira. Foi seu também o Primeiro Prémio nos Concursos para a Nova Sé Catedral de Bragança, Novos Tribunais de Monsanto e Recuperação do Palácio do Alvito de Lisboa.
Luís Vassalo Rosa foi assessor do Secretário de Estado da Habitação e vogal da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa após o 25 de abril.
Formado na Escola de Belas-Artes de Lisboa, o arquiteto fez ainda especialização em Planeamento Urbanístico na Universidade de Sussex e estágios em Espanha, França, Inglaterra, República Federal Alemã e Estados Unidos da América, lê-se no site da Ordem dos Arquitetos.
Numa recente entrevista à Rádio Renascença, por ocasião dos 20 anos da EXPO'98, Vassalo Rosa mostrou o seu desagrado pelo nome Parque das Nações, a área urbana cuja coordenação do plano urbanístico assinou: "O tema eram os oceanos, razão pela qual eu acho que devia ser Bairro dos Oceanos ou então deixassem lá estar Expo 98. Nunca Parque das Nações, que é um desastre."
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Em 12 de Agosto de 2017, no Poste 17666[1], escrevia Mário Beja Santos:
Luís Vassalo Rosa é nome proeminente da arquitetura portuguesa da segunda metade do século XX, tem trabalho reconhecido por colegas de ofício e amigos como Fernando Peres, Armando Lucena, Maurício de Vasconcelos, Raul Chorão Ramalho, Nuno Teotónio Pereira, Manuel Tainha, entre outros.
Começou a carreira profissional em Pangim, Goa, será capitão de artilharia na Guiné, em 1966, virá evacuado depois de contrair tuberculose.
A sua obra mais importante será a Sé de Bragança, Catedral de Nossa Senhora Rainha. A Câmara Municipal de Almada dedicou-lhe na Casa da Cerca, entre finais de 2007 e Março de 2008 uma exposição a pretexto de ter recebido o Prémio Municipal de Arquitetura Cidade de Almada, a exposição permitia ao visitante acompanhar o percurso desde o seu primeiro projeto, o Jardim-Escola João de Deus, em Torres Novas, de 1957, até ao estudo para a cidade desportiva de Sines, em 2007.
Pelo caminho, as suas diversificadas intervenções no plano de urbanização de Chelas, no plano integrado de Almada - Monte da Caparica, no estudo preliminar para a recuperação e valorização conjunta do Castelo de Almourol e da Igreja de Nossa Senhora do Loreto em Vila Nova da Barquinha, o Palácio da Justiça de Setúbal, a recuperação do Palácio do Alvito, Plano Diretor Municipal de Salvaterra de Magos, Marina de Portimão, e muito mais.
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À família enlutada, a tertúlia deste Blogue apresenta as mais sentidas condolências.
CV
Co-editor
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Notas do editor
[1] - Vd. poste de 12 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 2 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18593: In Memoriam (314): Luís Encarnação (1948-2018), ex-Fur Mil Cav, MA, CCAV 2748 (Canquelifá, 1970/72). O funeral é hoje, em Barcarena, às 15 horas. Entra, a título póstumo, para a Tabanca Grande, sob o n.º 773
Guiné 61/74 - P18724: Tabanca Grande (464): Fernando Maria Neves Teixeira, ex-1.º Cabo Aux-Enfermeiro da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852, Teixeira Pinto, Binar e Mansambo, 1968/70
1. Mensagem do nosso camarada Fernando Maria Neves Teixeira (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852, Teixeira Pinto, Binar e Mansambo, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2018:
Boa tarde caro amigo Carlos Vinhal
Desde já agradeço o seu email de resposta.
Envio os dados que me solicitou para ser apresentado no site Luís Graça & Camaradas da Guiné.
- Chamo-me Fernando Maria Neves Teixeira
- Nasci a 27 de Junho de 1946
- Fui incorporado em 1967 no GACA 3, em Paramos, Espinho, para fazer a Escola de Recrutas
- Em 24 de Fevereiro de 1968 terminei a Escola Cabos na Especialidade de Auxiliar de Enfermeiro com a classificação de 13,02
- Em 25 de Fevereiro de 1968 fui promovido a 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
- No dia 27 de Fevereiro de 1968 fui para o RI 3 e
- No dia 5 de Junho para o RI 2 para formar Batalhão
- Embarquei para a Guiné em 24 de Julho de 1968 integrado na CCAÇ 2404/BCAÇ 2852
- Fui louvado pelos serviços prestados como Auxiliar de Enfermeiro, pelo Comandante do Batalhão de Caçadores 2852. O.S. 96/70
- Terminada a Comissão de Serviço, desembarquei em Lisboa a 25 de Junho de 1970
2. Comentário do editor:
Caro Fernando
Se não te importas, seguindo as regras da tertúlia, vamo-nos tratar por tu.
Existe já um marcador Fernando Teixeira, pelo que não te vou considerar como novo tertuliano, mas sim com a "antiguidade" desde 10 de Junho de 2008, quando dirigiste esta mensagem[1] ao Blogue:
Caro companheiro Luís
Parabéns pelo site e tertúlia que você deve ser o cérebro deste feito. Está muito bom. E ainda não me de debrucei em pormenor. Ler com calma e perceber coisas que eu mesmo já tinha esquecido. Aliás, consegui esquecer-me de muitas coisas que passei. Nem me interessa, para já, recordar.
Apresento-me: Fernando Maria Neves Teixeira, 1.º Cabo Enfermeiro.
Desembarquei em Bissau em 30 de Julho de 1968, passei por Teixeira Pinto, Binar, Bambadinca e desembarquei em Lisboa no dia 25 de Junho de 1970.
Pertenci à CCAÇ 2404/BCAÇ 2852.
Como estou reformado, vou conseguindo algum tempo e irei consultar mais em pormenor a Tertúlia através do seu blogue.
Enviei um email ao colega Carlos Fortunato a solicitar-lhe informações de contactos do meus colegas de Companhia. Se souber alguns contactos desde já agradeço.
As minhas saudações fraternas;
Fernando Teixeira
Nem te lembrarás já que há precisamente 10 anos nos escreveste prometendo voltar.
Se portanto bem reaparecido, instala-te, lê o conteúdo da nossa página e se quiseres contribuir para aumentar as memórias escritas ou fotográficas do nosso Blogue, manda o teu material que o publicaremos com prazer.
Agora sim, estás formalmente apresentado à tertúlia.
Recebe em nome da tertúlia e dos editores um abraço.
Carlos Vinhal
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Notas do editor
[1] - Vd. poste de 17 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2957: O Nosso Livro de Visitas (18): Fernando Teixeira, 1.º Cabo Enf da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 (Guiné 1968/70)
Último poste da série de 3 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18599: Tabanca Grande (463): Luís Encarnação (1948-2018), nosso grã-tabanquieiro nº 773, a título póstumo (Francisco Palma / Hélder Sousa)
Boa tarde caro amigo Carlos Vinhal
Desde já agradeço o seu email de resposta.
Envio os dados que me solicitou para ser apresentado no site Luís Graça & Camaradas da Guiné.
- Chamo-me Fernando Maria Neves Teixeira
- Nasci a 27 de Junho de 1946
- Fui incorporado em 1967 no GACA 3, em Paramos, Espinho, para fazer a Escola de Recrutas
- Em 24 de Fevereiro de 1968 terminei a Escola Cabos na Especialidade de Auxiliar de Enfermeiro com a classificação de 13,02
- Em 25 de Fevereiro de 1968 fui promovido a 1.º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
- No dia 27 de Fevereiro de 1968 fui para o RI 3 e
- No dia 5 de Junho para o RI 2 para formar Batalhão
- Embarquei para a Guiné em 24 de Julho de 1968 integrado na CCAÇ 2404/BCAÇ 2852
- Fui louvado pelos serviços prestados como Auxiliar de Enfermeiro, pelo Comandante do Batalhão de Caçadores 2852. O.S. 96/70
- Terminada a Comissão de Serviço, desembarquei em Lisboa a 25 de Junho de 1970
Depois de uma operação
Com a farda n.º 2
********************
2. Comentário do editor:
Caro Fernando
Se não te importas, seguindo as regras da tertúlia, vamo-nos tratar por tu.
Existe já um marcador Fernando Teixeira, pelo que não te vou considerar como novo tertuliano, mas sim com a "antiguidade" desde 10 de Junho de 2008, quando dirigiste esta mensagem[1] ao Blogue:
Caro companheiro Luís
Parabéns pelo site e tertúlia que você deve ser o cérebro deste feito. Está muito bom. E ainda não me de debrucei em pormenor. Ler com calma e perceber coisas que eu mesmo já tinha esquecido. Aliás, consegui esquecer-me de muitas coisas que passei. Nem me interessa, para já, recordar.
Apresento-me: Fernando Maria Neves Teixeira, 1.º Cabo Enfermeiro.
Desembarquei em Bissau em 30 de Julho de 1968, passei por Teixeira Pinto, Binar, Bambadinca e desembarquei em Lisboa no dia 25 de Junho de 1970.
Pertenci à CCAÇ 2404/BCAÇ 2852.
Como estou reformado, vou conseguindo algum tempo e irei consultar mais em pormenor a Tertúlia através do seu blogue.
Enviei um email ao colega Carlos Fortunato a solicitar-lhe informações de contactos do meus colegas de Companhia. Se souber alguns contactos desde já agradeço.
As minhas saudações fraternas;
Fernando Teixeira
Nem te lembrarás já que há precisamente 10 anos nos escreveste prometendo voltar.
Se portanto bem reaparecido, instala-te, lê o conteúdo da nossa página e se quiseres contribuir para aumentar as memórias escritas ou fotográficas do nosso Blogue, manda o teu material que o publicaremos com prazer.
Agora sim, estás formalmente apresentado à tertúlia.
Recebe em nome da tertúlia e dos editores um abraço.
Carlos Vinhal
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Notas do editor
[1] - Vd. poste de 17 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2957: O Nosso Livro de Visitas (18): Fernando Teixeira, 1.º Cabo Enf da CCAÇ 2404/BCAÇ 2852 (Guiné 1968/70)
Último poste da série de 3 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18599: Tabanca Grande (463): Luís Encarnação (1948-2018), nosso grã-tabanquieiro nº 773, a título póstumo (Francisco Palma / Hélder Sousa)
Guiné 61/74 - P18723: Álbum fotográfico de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71) - Parte III: Reordenamentos & Casamentos... Ou quem casa, quer casa...
Foto nº 12
Foto nº 11
Foto nº 13
Foto nº 14
Foto nº 15
Foto nº 16
Foto nº 17
Foto nº 18
Foto nº 19
Fotos (e legendas): © António Ramalho (2018) . Todos os direitos reservados (Edição e legendag complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
António Ramalho |
1. Continuação da publicação do álbum de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), membro da Tabanca Grande, nº 757, natural de Vila Fernando, Elvas (*):
CCav 2639 > Guiné 1969/1971 > Listagem de fotos (11 a 21/55)
11. Capunga > Os meus 22 anos com amigos.
12. Cpunga > A minha linda lavadeira Maria que me acompanhou até Bissum.
13. Capunga > Matéria-prima para o reordenamento.
14. Capunga > Reordenamento > Fases de Construção.(I)
15. Capunga > Reordenamento > Fases de construção. (II)
16. Casamento em Capunga > A noiva.
17. Casamento em Capunga > A bebida.
18. Casamento em Capunga > O Escanção.
19. Casamento em Capunga > Os convidados.
20. Casamento em Capunga> O serviço de Catering.
21. Casamento em Capung > Malaque pai da Sandra, Homem Grande da Tabanca.
21. Casamento em Capung > Malaque pai da Sandra, Homem Grande da Tabanca.
(Continua)
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Nota do editor:
Guiné 61/74 - P18722: Notas de leitura (1073): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (38) (Mário Beja Santos)
Fachada do BNU iluminada
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Janeiro de 2018:
Queridos amigos,
Os primeiros relatórios da década de 1960 ainda estão redigidos com a satisfação de quem vê as exportações da mancarra e coconote de vento em pompa. Mas 1962 e 1963 já falam de importações maciças de arroz, as culturas do Sul definharam.
A administração do BNU faz perguntas sobre a Sociedade Comercial Ultramarina, o seu interesse por esta empresa irá dobrar e redobrar. Deverá ter mudado o gerente em Bissau, o seu relatório de 1964 é um documento espantoso, parece ter sido redigido por um visionário da economia agrícola disfarçado de homem de Estado a explicar para a sede do BNU que aquela agricultura precisa de mudar de rumo e explica tim-tim por tim-tim tudo quanto há para fazer, desde adubos e alfaias até ao corporativismo.
É um prosélito esquecido que a Guiné já está a ferro e fogo.
Um abraço do
Mário
Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (38)
Beja Santos
Chegados à década de 1960, vamos notar que os relatórios provindos de Bissau continuam centrados sobre a economia agrícola, não deixando, em certos momentos, de trazer novidades, como a chegada, ainda a título experimental, do caju.
Seria impossível iludir as consequências da luta armada e notar-se-á bastas referências à desarticulação do território, se bem que numa linguagem muito comedida.
Falando de 1962 e 1963, adianta-se que a mancarra e o coconote são os produtos agrícolas da exportação que atingem expressão relevante. E fala-se assim do arroz:
“O arroz, uma das culturas tradicionais, falhou. A cultura orizícola, outra próspera, que chegou a exprimir números apreciáveis e cujos excedentes exportáveis constituíram, noutros tempos, razoável arrecadação de divisas, sofreu forte redução em consequência da época anormal que a Província atravessa, a ponto de para abastecimento das populações ter de se recorrer aos mercados estrangeiros. Assim, por não ter sido possível, o Sul da Guiné, colher e transportar o apreciado cereal, alimentação base dos guineenses, importaram-se 3 mil toneladas de arroz de origem norte-americana”.
O relatório referente a 1963 fala numa nítida melhoria em relação ao ano anterior devido a uma excelente produção de mancarra e do coconote, dizendo que esta fora a maior de sempre. Refere-se assim ao arroz:
“Por irregularidades de chuva, baixou a produção, provocando uma importação de 2 mil toneladas deste cereal, exagerada para as necessidades, pois se encontram ainda por vender cerca de metade do produto importado”.
A economia da Guiné, no primeiro ano da luta armada parecia sorrir. Curioso é verificar que no relatório subsequente se continua a referir a exportação da mancarra e do coconote, houve um ano agrícola de regular produção. Mas já não se iludem as dificuldades: o défice crónico da balança comercial foi agravado no ano de 1964 com mais um encargo da ordem dos 14 milhões de escudos destinados à importação de cerca de 4 mil toneladas de arroz originário da metrópole e dos EUA.
Ter-se-á mudado de gerente, tem-se agora um registo quase professoral no que toca à descrição da economia agrícola e que, como veremos adiante, será persistente no cariz pedagógico, tem-se por vezes a sensação que está ali um potencial homem de Estado a fazer recomendações a quem mais pode.
Vejamos o que ele escreve em 1964:
“Praticamente inexistente, como já se tem afirmado, a indústria guineense é representada por escassas dezenas de unidades de quase nenhuma influência do conjunto económico da Província.
E porque assim é, só podemos contar, e por muito tempo, com uma estrutura económica de base agrária que, por esta razão, deve ser consolidada racionalmente e nos aspetos que mais possibilidades ofereçam de extração de riquezas e aumento da produção. Enquanto não for possível enquadrar outros produtos além do amendoim e do coconote, a economia será sempre vulnerável. A industrialização, embora dificultada pelas condições naturais do território que impossibilitam, praticamente, o aproveitamento de energia elétrica, deverá ser tentada com perseverança, pois daí advirá, sem dúvida, apreciável contributo para o fortalecimento económico da Guiné”.
Em Maio de 1965, o administrador Castro Fernandes escreve para a gerência em Bissau, a propósito do relatório referente ao ano anterior:
“Recebemos a primeira parte do relatório que passamos a apreciar. Da sua leitura fica-nos a agradável impressão de existir por parte dessa gerência o firme desejo de aproveitar ao máximo as possibilidades da sua atuação numa praça que, felizmente parece ter registado maior desafogo em consequência de um regular ano agrícola e de um mais compensador comércio de importação e exportação. Como, porém, tais circunstâncias favoráveis não assentam em condições estáveis, dado que a produção agrícola está sujeita a fatores de diversa ordem e a permanência de elevados efetivos militares obedece a uma situação anormal, forçoso é reconhecer que são muito limitadas as perspetivas de resultados mais substanciais, sem abandonar a prudência de que desejamos ser sempre observada”.
“Cremos que para o surto de prosperidade económica e desafogo financeiro, além da circunstância apontada relativa à expansão demográfica, também não deve ser estranha uma melhor cotação dos produtos locais, pelo que nos ocorre perguntar se, na vossa opinião, existem melhores perspetivas futuras para a Sociedade Comercial Ultramarina que, ao contrário do que sucede com a maioria do restante comércio da praça não acusa melhoria na situação das suas contas no nosso banco”.
Na segunda parte do relatório escrito em Bissau voltava a referir-se a existências das três instituições (Caixa Económica Postal, Caixa de Previdência dos Funcionários Públicos da Guiné e Montepio das Alfândegas da Guiné) que faziam algumas operações com caraterísticas bancárias, tais como empréstimos garantidos por letras, declarações de dívida e hipotecas, destinados, em parte, à construção de habitações, tudo minuciosamente explicado.
E é aqui que começa um relambório totalmente inusitado, como houvesse necessidade de esclarecer a administração em Lisboa do bê-á-bá da agricultura guineense, até parece prosápia de quem se dirige a um auditório de ignorantes:
“A estrutura agrícola da Província assenta exclusivamente no rotineiro agricultor nativo, sem organização e sem meios capazes de por si só aumentar as suas produções.
“O arroz, uma das culturas tradicionais, falhou. A cultura orizícola, outra próspera, que chegou a exprimir números apreciáveis e cujos excedentes exportáveis constituíram, noutros tempos, razoável arrecadação de divisas, sofreu forte redução em consequência da época anormal que a Província atravessa, a ponto de para abastecimento das populações ter de se recorrer aos mercados estrangeiros. Assim, por não ter sido possível, o Sul da Guiné, colher e transportar o apreciado cereal, alimentação base dos guineenses, importaram-se 3 mil toneladas de arroz de origem norte-americana”.
O relatório referente a 1963 fala numa nítida melhoria em relação ao ano anterior devido a uma excelente produção de mancarra e do coconote, dizendo que esta fora a maior de sempre. Refere-se assim ao arroz:
“Por irregularidades de chuva, baixou a produção, provocando uma importação de 2 mil toneladas deste cereal, exagerada para as necessidades, pois se encontram ainda por vender cerca de metade do produto importado”.
A economia da Guiné, no primeiro ano da luta armada parecia sorrir. Curioso é verificar que no relatório subsequente se continua a referir a exportação da mancarra e do coconote, houve um ano agrícola de regular produção. Mas já não se iludem as dificuldades: o défice crónico da balança comercial foi agravado no ano de 1964 com mais um encargo da ordem dos 14 milhões de escudos destinados à importação de cerca de 4 mil toneladas de arroz originário da metrópole e dos EUA.
Ter-se-á mudado de gerente, tem-se agora um registo quase professoral no que toca à descrição da economia agrícola e que, como veremos adiante, será persistente no cariz pedagógico, tem-se por vezes a sensação que está ali um potencial homem de Estado a fazer recomendações a quem mais pode.
Vejamos o que ele escreve em 1964:
“Praticamente inexistente, como já se tem afirmado, a indústria guineense é representada por escassas dezenas de unidades de quase nenhuma influência do conjunto económico da Província.
E porque assim é, só podemos contar, e por muito tempo, com uma estrutura económica de base agrária que, por esta razão, deve ser consolidada racionalmente e nos aspetos que mais possibilidades ofereçam de extração de riquezas e aumento da produção. Enquanto não for possível enquadrar outros produtos além do amendoim e do coconote, a economia será sempre vulnerável. A industrialização, embora dificultada pelas condições naturais do território que impossibilitam, praticamente, o aproveitamento de energia elétrica, deverá ser tentada com perseverança, pois daí advirá, sem dúvida, apreciável contributo para o fortalecimento económico da Guiné”.
Documento pertencente ao Arquivo Histórico do BNU
Em Maio de 1965, o administrador Castro Fernandes escreve para a gerência em Bissau, a propósito do relatório referente ao ano anterior:
“Recebemos a primeira parte do relatório que passamos a apreciar. Da sua leitura fica-nos a agradável impressão de existir por parte dessa gerência o firme desejo de aproveitar ao máximo as possibilidades da sua atuação numa praça que, felizmente parece ter registado maior desafogo em consequência de um regular ano agrícola e de um mais compensador comércio de importação e exportação. Como, porém, tais circunstâncias favoráveis não assentam em condições estáveis, dado que a produção agrícola está sujeita a fatores de diversa ordem e a permanência de elevados efetivos militares obedece a uma situação anormal, forçoso é reconhecer que são muito limitadas as perspetivas de resultados mais substanciais, sem abandonar a prudência de que desejamos ser sempre observada”.
E, mais adiante, a finalizar:
“Cremos que para o surto de prosperidade económica e desafogo financeiro, além da circunstância apontada relativa à expansão demográfica, também não deve ser estranha uma melhor cotação dos produtos locais, pelo que nos ocorre perguntar se, na vossa opinião, existem melhores perspetivas futuras para a Sociedade Comercial Ultramarina que, ao contrário do que sucede com a maioria do restante comércio da praça não acusa melhoria na situação das suas contas no nosso banco”.
Na segunda parte do relatório escrito em Bissau voltava a referir-se a existências das três instituições (Caixa Económica Postal, Caixa de Previdência dos Funcionários Públicos da Guiné e Montepio das Alfândegas da Guiné) que faziam algumas operações com caraterísticas bancárias, tais como empréstimos garantidos por letras, declarações de dívida e hipotecas, destinados, em parte, à construção de habitações, tudo minuciosamente explicado.
E é aqui que começa um relambório totalmente inusitado, como houvesse necessidade de esclarecer a administração em Lisboa do bê-á-bá da agricultura guineense, até parece prosápia de quem se dirige a um auditório de ignorantes:
“A estrutura agrícola da Província assenta exclusivamente no rotineiro agricultor nativo, sem organização e sem meios capazes de por si só aumentar as suas produções.
Ecologicamente a Província divide-se em duas grandes zonas: a Litoral, com excelentes condições para o desenvolvimento da orizicultura, nas terras baixas, os palmares naturais pouco explorados, e as zonas do centro e interior, onde a principal cultura é a da mancarra. A estas zonas correspondem, naturalmente, a distribuição de tribos que se adaptam a um género de exploração agrícola: arroz, coconote e mancarra.
Sendo a mancarra a base da economia da Guiné, e por alguns anos sê-lo-á ainda, até que se consiga a diversificação da produção agrícola, verifica-se que a cultura se processa por métodos anacrónicos que há a combater.
Todos os anos o nativo, perante a área esgotada, derruba a floresta ou a savana que submete à nova cultura e depois deixa de pousio ao fim de três ou quatro anos, ao sabor do capim e da queimada, ciclo vicioso que irá conduzir estas terras à laterização. Floresta ou savana: mancarra-capim – eis a trilogia das regiões do interior e parte litoral da Guiné a que poderá associar-se com uma relação causa-efeito: nativo-queimada – desertificação.
O fator condicionante da extensão agrícola é a água. Uma prolongada época seca, cerca de seis a oito meses, não permite nestas regiões culturas anuais de sequeiro; no entanto, analisados os problemas das diversas regiões da Província, verifica-se que poderia haver uma melhor ocupação da mão-de-obra humana. Assim, nas regiões de Bafatá-Gabu, a par do cultivo da mancarra na época pluviosa e das culturas alimentares, seria possível, à custa de regadios e portanto com pequenas barragens de terra, armazenar água para conseguir ocupar a mão-de-obra não utilizada. Região rica em gado, o cultivo de forragens para encilar seria certamente um dos caminhos a seguir. O fomento apícola naquelas regiões e nas extensas savanas e florestas abertas de Farim, ricas em espécies melíferas, poderia contribuir para uma substancial melhoria do nível de vida da população autóctone.
Em resumo, as áreas de Bafatá-Gabu e parte de Farim deveriam destinar-se a: mancarra-milho-culturas alimentares-exploração pecuária-mel.
O fator condicionante da extensão agrícola é a água. Uma prolongada época seca, cerca de seis a oito meses, não permite nestas regiões culturas anuais de sequeiro; no entanto, analisados os problemas das diversas regiões da Província, verifica-se que poderia haver uma melhor ocupação da mão-de-obra humana. Assim, nas regiões de Bafatá-Gabu, a par do cultivo da mancarra na época pluviosa e das culturas alimentares, seria possível, à custa de regadios e portanto com pequenas barragens de terra, armazenar água para conseguir ocupar a mão-de-obra não utilizada. Região rica em gado, o cultivo de forragens para encilar seria certamente um dos caminhos a seguir. O fomento apícola naquelas regiões e nas extensas savanas e florestas abertas de Farim, ricas em espécies melíferas, poderia contribuir para uma substancial melhoria do nível de vida da população autóctone.
Em resumo, as áreas de Bafatá-Gabu e parte de Farim deveriam destinar-se a: mancarra-milho-culturas alimentares-exploração pecuária-mel.
O nativo tudo faz com o seu esforço próprio. Não alia á exploração agrícola, ou só raramente o faz, o auxílio valioso da tração animal. À custa do trabalho braçal, do arado Balanta ou da enxada Fula, tudo se consegue”.
Em nenhum outro relatório alguma vez se lera tal entusiasmo em descrever tal massa monumental de noções da economia agrícola para os administradores do Banco do Império. O gerente não se fica por aí, quer revolucionar o sistema, reclama formação, faz apelos ao corporativismo, ao recurso de adubos, como veremos em próximo texto. Lê-se este documento com um misto de perplexidade e admiração pela coragem deste neófito doutrinador, que talvez idealizasse que a partir do sistema bancário se iria inverter todo o processo agrícola naquele território cada vez mais marcado pela guerra subversiva.
(Continua)
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Notas do editor
Poste anterior de 1 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18700: Notas de leitura (1071): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (37) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 4 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18707: Notas de leitura (1072): História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema; Editorial Franciscana, Braga, 1982 (3) (Mário Beja Santos)
Em nenhum outro relatório alguma vez se lera tal entusiasmo em descrever tal massa monumental de noções da economia agrícola para os administradores do Banco do Império. O gerente não se fica por aí, quer revolucionar o sistema, reclama formação, faz apelos ao corporativismo, ao recurso de adubos, como veremos em próximo texto. Lê-se este documento com um misto de perplexidade e admiração pela coragem deste neófito doutrinador, que talvez idealizasse que a partir do sistema bancário se iria inverter todo o processo agrícola naquele território cada vez mais marcado pela guerra subversiva.
Equipa de basquetebol do BNU
(Continua)
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Notas do editor
Poste anterior de 1 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18700: Notas de leitura (1071): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (37) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 4 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18707: Notas de leitura (1072): História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema; Editorial Franciscana, Braga, 1982 (3) (Mário Beja Santos)
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Guiné 61/74 - P18721: Parabéns a você (1450): Antero Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3566 e CCAÇ 18 (Guiné, 1972/74) e João Gabriel Sacôto, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 617 (Guiné, 1964/66)
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Nota do editor
Último poste da série de 7 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18718: Parabéns a você (1449): Ernesto Marques, ex-Soldado TRMS Inf da CCAÇ 3306 (Guiné, 1971/73)
quinta-feira, 7 de junho de 2018
Guiné 61/74 - P18720: Agenda cultural (640): Lançamento do volume n.º 16 dos Cadernos de Estudos Leirienses, com textos de José Eduardo Oliveira e José Marcelino Martins, dia 9 de Junho, pelas 15 horas, na sede do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes
Estimados Amigos,
Informamos que o lançamento do volume n.º 16 dos CADERNOS DE ESTUDOS LEIRIENSES, todo ele dedicado à participação dos militares do Distrito de Leiria na 1.ª Grande Guerra, vai ser no próximo dia 9 de Junho, às 15h30, nas instalações do Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes (Av. 25 de Abril, Lote 12, r/c Dto., próximo das instalações do Orfeão de Leiria e do Estádio - ver planta em anexo).
A apresentação será feita pelo senhor Coronel Ismael Alves.
Teríamos muito gosto que estivesse presente.
Os melhores cumprimentos.
Carlos Fernandes / Textiverso
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Notas do editor
Este Caderno tem textos dos nossos camaradas tertulianos José Eduardo Rodrigues Oliveira (JERO) e José Marcelino Martins
Último poste da série de 6 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18717: Agenda cultural (639): Programa "Fronteiras XXI", RTP3, hoje, 4ª feira, dia 6, às 22h: o quinto programa, a não perder: "Em Português é que nos entendemos"... Debate: convidados, o escritor cabo-verdiano e Prémio Camões 2018, Germano Almeida; o músico e compositor brasileiro Ivan Lins; e o poeta e cronista português Pedro Mexia
Guiné 61/74 - P18719: Ser solidário (212): Gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas em Candamã e quando é que costumam celebrar o convívio anual (Luís Branquinho Crespo)
1. Mensagem do nosso camarada Luís Branquinho Crespo (ex-Alf Mil da CART 2413, Xitole e Saltinho, 1968/70), com data de 26 de Maio de 2018:
Meus Caros Amigos
A associação a que pertenço com alguns amigos e amigas e que constituí chamada de Associação Humanitária Para a Cooperação e Desenvolvimento, Resgatar Sorrisos, e já constituída em ONGD, iniciou em Março a construção de uma Escola para a 5.ª e 6.ª Classes em Candamã[1], junto a Bambadinca e entre esta localidade e o Xitole.
Com uma equipa de vários homens fizemos as fundações, colocámos ferro, depositámos brita, cimentámos as fundações, fizemos subir pilares e com a ajuda da população a escola vai crescendo.
Sei, porque no local ainda existem restos físicos da passagem de militares nossos pela zona (há registos gravados em pedra de por lá terem passado em 1969 os Viriatos), gostaria de saber as companhias que passaram e estiveram sediadas nessa tabanca e quando é que costumam celebrar o convívio anual e com quem posso contactar, indicando-me o nome e telemóvel ou modo de os obter.
Estou convicto e convencido que tinham todo o interesse em saber do nosso projecto e talvez até queiram colaborar.
Será que os meus amigos podem ajudar e responder informando-me do nome e dos possíveis contactos?
Aguardo pelas v/ informações.
Desde já o meu agradecimento.
Um abraço meu e o reconhecimento da
RESGATAR SORRISOS (ONGD)[2]
Atentamente
Luís Branquinho Crespo
Infografia: Projeto da escola de Candamã, Bambadinca, Bafatá, Guiné-Bissau.
Luís Branquinho Crespo (2018)
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2. Ontem mesmo, dia 6, recebemos do camarada José Martins, nosso consultor para assuntos militares, a seguinte mensagem:
Boa noite
Nas minhas notas só tenho com passagem por Candamã:
CCAÇ 1551 de Maio a Novembro de 1966
CCAÇ 1550 de Janeiro de 1967 a Janeiro de 1968
CART 2339 de Setembro de 1968 a Novembro de 1969
CCAÇ 2404 de Novembro de 1969 a Março de 1970
Sendo Candamã um destacamento de nível pelotão/pelotão reforçado, há "espaços de tempo" entre a saída e entrada de nova unidade, o que pode não ter acontecido na realidade. As minhas notas são baseadas nas informações do Volume VII da CECA, pelo que pode haver omissões.
Nota:
Sábado é apresentado no Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes (15h30), mais um "Caderno de Estudos Leirienses", sobre a Grande Guerra, em que existem textos de, pelo menos, dois tabanqueiros, que têm ligações afectivas a Leiria.
Abraço
Zé Martins
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Notas do editor:
[1] - Vd. poste de 22 de janeiro de 2018 Guiné 61/74 - P18240: Ser solidário (209): Construção de Escola em Candamã, iniciativa da Associação Humanitária Resgatar Sorrisos (Mário Beja Santos / Luís Branquinho Crespo)
[2] - Vd. poste de 24 de fevereiro de 2018 Guiné 61/74 - P18351: Ser solidário (210): A ONGD Resgatar Sorrisos apresenta-se à Tabanca Grande e agradece desde já quaisquer apoios para poder construir a escola de Candamã (, no antigo subsetor de Mansambo) (Luís Branquinho Crespo)
Último poste da série de 14 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18414: Ser solidário (211): Concentração cívica (hoje, 4ª feira, às 18h00, no antigo Hospital Militar Principal, Estrela, Lisboa) e petição pública a favor do apoio social e clínico aos militares e seus agregados familiares, incluindo os antigos combatentes da Guerra em África
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Resgatar Sorrisos (ONGD),
ser solidário
Guiné 61/74 - P18718: Parabéns a você (1449): Ernesto Marques, ex-Soldado TRMS Inf da CCAÇ 3306 (Guiné, 1971/73)
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Nota do editor
Último poste da série de 6 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18714: Parabéns a você (1448): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista dos STM/CTIG (Guiné, 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 6 de Junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18714: Parabéns a você (1448): Belarmino Sardinha, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista dos STM/CTIG (Guiné, 1972/74)
quarta-feira, 6 de junho de 2018
Guiné 61/74 - P18717: Agenda cultural (639): Programa "Fronteiras XXI", RTP3, hoje, 4ª feira, dia 6, às 22h: o quinto programa, a não perder: "Em Português é que nos entendemos"... Debate: convidados, o escritor cabo-verdiano e Prémio Camões 2018, Germano Almeida; o músico e compositor brasileiro Ivan Lins; e o poeta e cronista português Pedro Mexia
Sítio do projeto Fronteiras XXI, uma parceria entre a Fundação Francisco Manuel dos Santos
e a RTP 3
1. PROGRAMA FRONTEIRAS XXI: OS TEMAS QUE DESAFIAM PORTUGAL E O MUNDO > Nº 5, "EM PORTUGUÊS É QUE NOS ENTENDEMOS" >
RTP 3, HOJE, 6 DE JUNHO DE 2018, ÀS 22H00
Sinopse >
"No mundo haverá mais de 260 milhões de pessoas que falam português. Vai a língua portuguesa continuar em expansão acompanhando o crescimento demográfico em África e no Brasil? Que poder tem a nossa língua? Que património cultural arrasta e que estratégia deve haver para a manter viva?
Não perca na quarta-feira, 6 de Junho, às 22 horas, na RTP3.
Para Fernando Pessoa a língua portuguesa era a “pátria”, para Mia Couto “a língua da moçambicanidade” e um “instrumento de contacto com o mundo” para o escritor cabo-verdiano Germano Almeida.
Do Brasil, a África, passando pela Índia, Timor-Leste ou Macau serão mais de 260 milhões aqueles que falam português, apontam os dados oficiais. O idioma é língua oficial de nove países e deixou vestígios em mais de uma centena de línguas e dialectos, dizem os especialistas.
Ainda divididos pela ortografia, segundo as previsões, o número de falantes do português continuará a crescer, acompanhando a explosão demográfica no hemisfério Sul: atingirá os 395 milhões em 2050, revelam as estimativas das Nações Unidas.
Se é em português que nos entendemos, que estratégia existe para a língua e a sua afirmação no futuro? Que património cultural arrasta? Que poder tem e quanto vale hoje falar português?
Para responder a estas e outras questões estarão no programa o escritor cabo-verdiano e Prémio Camões 2018 Germano Almeida, o músico e compositor brasileiro Ivan Lins e o poeta e cronista português Pedro Mexia.
O programa contará também com um vídeo original do actor, humorista e escritor brasileiro, Gregório Duvivier, um dos criadores da série Portas dos Fundos. E com o fadista Ricardo Ribeiro a actuar em directo.
A moderação é do jornalista da RTP Carlos Daniel. Não perca o próximo Fronteiras XXI, no dia 6 de Junho, às 22h, na RTP3.
Quer assistir ao vivo?
2. O PROJECTO FRONTEIRAS XXI
"Debater os grandes temas que desafiam Portugal e o mundo, colocando frente a frente conceituados especialistas nacionais e/ou internacionais e uma plateia seleccionada. É este o desafio do Fronteiras XXI, o novo programa mensal da RTP3 que resulta de uma parceria entre a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e a RTP.
"Com estreia a 1 de Fevereiro, o Fronteiras XXI pretende alargar o debate às plataformas digitais, desafiando o público a participar no programa antes, durante e após o debate. Pode faze-lo através deste site ou colocando as questões ao vivo durante a emissão.
"Ao longo de dez programas de 90 minutos, moderados pelo jornalista da RTP Carlos Daniel, vão discutir-se alguns temas que marcam a actualidade, mas também outros, menos mediáticos que afectam o nosso dia a dia. Vamos falar do presente a pensar no futuro.
"Serão também apresentados resultados inéditos sobre os mais recentes estudos e projectos de investigação apoiados pela Fundação. O programa é transmitido em sinal aberto na RTP3.
"David Azevedo Lopes
"Administrador e Director-geral da FFMS [, Fundação Francisco Manuel dos Santos]"
[Com a devida vénia: Fronteiras XXI]
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Nota do editor:
Último poste da série > 27 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18685: Agenda cultural (638): Lançamento do novo livro de Catarina Gomes, "Furriel Não É Nome de Pai: Os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial" (Tinta da China, 2018, 224 pp.): Em Lisboa, na Feira do Livro, domingo, 3 de junho, 16h00; no Porto, Mira - Artes Performtivas, sábado, dia 2 de junho, 15h00
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Guiné 61/74 - P18716: Historiografia da presença portuguesa em África (117): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Janeiro de 2018::
Queridos amigos,
Tenho razões fundadas para considerar esta obra como de grande relevo para a compreensão da mentalidade colonial do início da década de 1940.
Desconheço inteiramente qualquer tipo de iniciativa governamental como esta, uma conferência bem organizada, foram enviados despachos para os administradores e altos funcionários e corrigiram-se elementos relevantes nas memórias produzidas. Poderá questionar-se por que razão o Capitão Vaz Monteiro não abordou obras públicas e comunicações. A resposta parece ser simples, se pensarmos que estamos no auge da guerra, não há dinheiro, pode mesmo tomar-se esta iniciativa como o fazer das tripas coração e aproveitar a boleia da austeridade como um novo vetor de importantes mudanças, que o governador reconhecia como urgentíssimas, desde a economia agrícola, à dinâmica exportadora e ao uso da língua portuguesa.
Uma grande surpresa, esta conferência para administradores, em 1941.
Um abraço do
Mário
Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (2)
Beja Santos
Não posso deixar de confessar a grande surpresa que foi a leitura deste documento que, tanto quanto me parece, tem passado despercebido aos estudiosos da Guiné. O Capitão de Artilharia Ricardo Vaz Monteiro foi Governador da Guiné entre 1941 e 1945. Não conheço nenhuma iniciativa precedente deste jaez. No final de 1941, mais propriamente entre os dias 3 e 8, o Governador que enviara um conjunto de despachos aos administradores de circunscrição e responsáveis pelos serviços públicos da colónia, na presença do Ministro das Colónias, Francisco Vieira Machado, abriu uma conferência que, no seu dizer, tinha de ser franca, seria permitido a cada um dos participantes dar parecer sobre a matéria dos despachos. É uma edição bem estranha, não se sabe quem é o responsável pela edição, onde e como foi publicada, tem uma capa singela intitulada Conferência dos Administradores, Atas das Sessões Realizadas em 1941, sob a Presidência do Governador da Colónia, Capitão Ricardo Vaz Monteiro, seguidas de Despachos e Memórias.
Impressiona a preparação do governador, a exaustão dos temas e a competência que mostra no final de cada um dos debates, foi esta a matéria do texto anterior cuja leitura se recomenda para que a leitura deste ganhe mais transparência.
Em Novembro desse ano, o governador enviara a todos os participantes um rol de despachos, abarcando matérias tão diversas como: sementes e culturas; licenças para o exercício do comércio fora das povoações comerciais; utilização dos serviços dos ajudantes de pecuária, fiscais do Conselho Técnico de Agricultura e guardas florestais; melhoramento das condições de exploração agrícola indígena; cultura do milho; exportação do gado bovino; produção de couros; apicultura; concessões de terrenos; língua portuguesa e religião dos portugueses; pomares, palmares, hortas e viveiros; aumento das manadas e melhoramento das espécies; política indígena dos chefados e regulados; projetos dos orçamentos privativos dos concelhos e das circunscrições civis.
Cada um dos despachos inclui reflexões. Só alguns exemplos.
No despacho n.º 1, sugeria-se a escolha em cada região dos campos de mancarra com melhor aspeto. Depois de escolhida e convenientemente seca esta mancarra, ela devia ser conservada nos celeiros comunais. E o governador avançava com desafios: “Os administradores devem propor as medidas que julgarem convenientes para se aumentar a produção da mancarra, quer por compra de semente, quer por exigência indígena de maiores quantidades para os celeiros. Os administradores devem dar parecer sobre a conveniência de se manterem os atuais celeiros individuais, de povoação, dos postos e das sedes de circunscrição”.
No despacho n.º 2, entre outras reflexões, havia esta: “Não se tem cumprido a exigência do aproveitamento do terreno das concessões e das propriedades. Este facto muito tem contribuído para que o melhoramento das condições económicas da Colónia venha sendo prejudicado desde há longos anos”.
No despacho n.º 13, referente à política indígena, punham-se questões muito concretas: “Qual a maneira de evitar que o regime de chefados e dos regulados não provoque a agitação constante que se nota entre os pretendentes e os seus partidários?” e pediam-se comentários à seguinte consideração: “Tanto no caso de haver sucessão pacífica de conformidade com o direito consuetudinário como nos casos em que resulte interregno ou haja litígio, a experiência aconselha que a nomeação destas autoridades gentílicas seja feita pelos chefes dos postos, pelos administradores, pela Repartição Central dos Serviços da Administração Civil ou pelos governadores”.
Se há já surpresa na natureza desta iniciativa, ao que se crê sem precedentes, se se perceciona o alto calibre dos despachos, lê-se também com grande surpresa os elementos carregados pelas memórias trazidas pelos administradores e altos funcionários dos Serviços da Administração. Matéria de maior interesse, escolhemos hoje um conjunto de elementos fornecidos por alguns administradores, deixando os restantes para um terceiro e último texto.
O administrador do concelho de Bissau, a propósito do exercício do comércio fora das povoações comerciais apresentou a seguinte proposta: fiscalizar a ação dos senhores feudais, dizendo explicitamente que “na área de Bissau existe uma propriedade medindo cerca de 546 hectares onde a fiscalização das autoridades não pode ser exercida devido à oposição do proprietário. Neste vasto feudo, o seu detentor chega ao ponto de protestar pelos impostos que incidem sobre os seus (!) indígenas”. E foi opinativo sobre o crioulo: “O crioulo da Guiné, que difere do crioulo de Cabo Verde, é constituído por vocábulos diversos do português arcaico, inglês, francês, espanhol, línguas étnicas, dos povos que têm exercido influência na colonização da Guiné. Em nossa opinião, só uma ação persistente das autoridades e a criação de escolas móveis conduzirão o indígena, no fim de um certo número de anos, a familiarizar-se com a língua portuguesa”.
O administrador do concelho de Bafata observou que: “80% dos indígenas não sabem para que queremos nós a mancarra que lhe compramos e os restantes dirão que é para a comermos. Evidentemente que não se apercebe da conveniência em a apresentar livre de impurezas e com melhor aspeto. O que sabe é que isso representa para ele, um acréscimo de trabalho e uma diminuição de proventos. Se o comerciante lhe apresenta à venda em más condições, este habituar-se-ia a apresentá-los limpos, por fim convencido de que com má apresentação os não conseguimos vender em parte nenhuma, mas uma parte do comércio compra tudo: pedras, paus, terra e cascas”.
Veremos então no próximo texto outras observações e comentários de administradores de circunscrição, não se pode negar que se trata de um repositório invejável de notas que permitem, de algum modo, ajudar a qualificar a administração colonial na Guiné, no início dos anos 1940.
Nota:
Estas imagens foram retiradas da revista Defesa Nacional, um número de 1946 dedicado às comemorações do V Centenário da descoberta da Guiné, a primeira imagem é hoje um clássico, o soldado vigilante na fortaleza da Amura, a segunda mostra os bijagós à volta de um momento dedicado à pacificação e a terceira é para mim um achado, sempre ouvi falar nos cristãos de Geba e na importância da paróquia de Geba, nunca vira qualquer fotografia, a minha curiosidade está satisfeita.
(Continua)
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Notas do editor:
Poste anterior de 16 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18641: Historiografia da presença portuguesa em África (114): Uma reunião invulgar: a Conferência dos Administradores, Bissau, 1941 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 17 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18644: Historiografia da presença portuguesa em África (115): Otto Schacht, um comerciante alemão, que deu dores de cabeça às autoridades da colónia e à diplomacia portuguesa... e que terá sido avô de um outro Otto Schacht, futuro dirigente do PAIGC, assassinado em 14 de novembro de 1980, data do golpe de Estado de 'Nino' Vieira (Armando Tavares da Silva)
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