terça-feira, 24 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25975: Manuscrito(s) (Luís Graça) (255): Vindimas de 2024: menos quantidade, mas ainda de melhor qualidade do que em anos anteriores

 

Foto nº 1 > O meu sobrimho neto, com 5 anos, faz a sua primeira vindima... Mais atrás, a avõ (materna), a nossa Zezinha, a nossa "morgadinha", a primeira neta do Zé Carneiro (1911-1996) e da Maria Ferreira (1912-1995) (foi deles que herdámos Candoz, que teria já século e meio)


Foto nº 2 > Uvas da casta (nobre) "Loureiro"


Foto nº 3 > Uvas da casta Arinto (aqui diz-se "Pedernã")


Foto nº 4 : O Arinto dá cachos perfeitos e volumosos, alguns de um quilo


Foto nº 5 > O inconfundível verde e dourado da vinha de vinho verde em setembro


Foto nº 6 > A entrada para a nossa Quinta de Candoz, a cerca de 3 km da estrada municipal nº 642 (EN nº 211, à direita, no Alto, em direção a Paços de Gaiolo, Barragem do Capatelo)



Foto nº 7 > O "afugenta-javalis"... 


Foto nº 8  > ... "made in China" (À falta de milho, o "nosso javali de estimação" gosta de uvas à brava e aprendeu depressa a fintar o chinocas do "Solae Animnal Repeller" (temos 3 no caminho que ele habitualmente utiliza).


Foto nº 8 >  A malta da cidade dá uma ajudinha...

 
Foto nº 9 > À espera de cestos... (Antigamente eram de vime, e "home" que se prezasse alombava com 50 ou mais quilos, alguns até 100, no Douro, descendo por muros e socalcos... Não havia tratores... E os "homes" náo eram homens, eram umas bestas, alimentadas a côdea de pão de milho e centeio, caldo e vinho tinto verdasco (envinagrado a partir de maio)... Danados para rachar cabeças com o varapau nas feiras e romarias e, depois, obrigados a pegar na G3 para defender a "nossa" Guiné... Gente brava, gente valente... Uma geração que já não se vê hoje nos nossos campos: morreram precomente, de AVC, de cirrose, de demência, de abandono, de solidão...




Foto nº 10 > Caras lindas...


Foto nº 11 > De manhã é que se começa o dia...


Foto nº 12 > Outro sobrinho-neto, o Chico, licencaido em ciências do desporto e já "dourorado" em vitivinicultura...


Foto nº  13 > Na bordadura ainda é preciso o escadote...



Foto nº 14 > O prazer de cortar um cacho de uvas de um quilo: o nosso amigo da Senhora da Hora, Matosinhos, que veio pela primeira vez às nossas vindumas: engenheiro técnico reformado, maestro de 2 grupos corais (inlcuindo um de cavaquinhos), António Novais Ribeiro (ex-fur mil trms, Cmd Agr 2951, Cmd Agr 2952 e Combis, Mansoa e Bissau, 1968/70), membro da Tabnca de Candoz e futuro membro da Tabanca Grande.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 


1. Por esta altura do ano eu gosto de estar em Candoz (*) ... Costumo  lá estar duas semanas, entre a festa do Castelinho, Marco de Canaveses (a 7/8 de setembro) e o início das nossas vindimas (geralmente na 3ª semana de setembro).  Apanho o fim do verão e o início do outono, as suas cores, a sua melancolia, mas também a "freima" da vindima (palavra que na região é sinónimo de "stress", mas do bom, o "eutress")...  

Conheço Candoz ( a região do Vale do Tàmega) há 49 anos nos e há sempre coisas novas para descobrir. Candoz, contudo, é um ponto de observação interessante para se dar contar das profundas mudanças por que passou este país. No poste P24694 listei 50 (cinquenta) dessas mudanças... a título meramente exemplificativo (e não exaustivo) (**).

Nalguns sítios (e sobretudo nas grandes quintas do sul e da região do Douro, mas também na região do Vinho Verde, por exemplo, a Aveleda) as vindimas (tal como a poda) já são  mecanizadas...  A lógica da gestão moderna e a ditadura do mercado a isso obrigam: já não há mão de obra disponível para a apanha manual da uva, cacho a cacho, videira a videira... A mecanização chegou às explorações agrícolas... (mas em 1975 quando conheci Candoz não havia ainda tratores na região, ainda era o velho e ronceiro carro de bois quem mais ordenava)!... 

Todavia, todo o "pitoresco" (e o convívio entre vizinhos que se entreajudavam) se perdeu (ou se está inexoravalemente a perder), a não ser nas pequenas explorações familiares... Hoje uma giagantesca máquina vindima em poucas horas ou dias extensões e extensões de vinha, sugando tudo à sua passagem  (bagos, cachos, folhas, etc.)...

Na Quinta de Candoz (que passou a ser também, recentemente,  um dos menos de quatrocentos produtores-engarrafadores da região demaracada do Vinho Verde, num universo de mais de 13 mil produtores e de 24 mil hectares de vinha), a vindima também já não é  como "antigamente",  se bem que ainda seja (e será) manual, dada a pequena dimensão da propriedade (***). (A dimensão média das explorações na Região Demarcada dos Vinhos Verdes é inferior a dois hectares (1,832 ha), sabendo-se a área total é de 24 mil hectarea, mesmo assim uma das maiores da Europa, e o nº de produtores é de 13,1 mil.)

Aqui ficam algumas fotos da "nossa" vindima de 2024, que fizemos em três dias: primeiro loureiro, o avesso, o alvarinho, as castas "minorotárias" mas "nobres"... Depois o azal e o arinto, que são as castas "legais" da subregião de Amarante... Há ainda o trajadura... Tudo castas brancas, só temos algumas cepas de tinto como uva de mesa.

Uma parte das uvas é vendida à Alveleda (Penafiel) e  outra parte  é para fazer o vinho DOC Nita, marca registada.

Teremos tido menos quantidade (menos uma tonelada), mas melhor qualidade do que em 2023. O estado sanitário das uvas era muito bom. E o grau alcoólico continua a manter-se nos 13º. Vai ser um bom ano para os Verdes, cujas exportações, de resto,  têm vindo a crescer, dizem os tipos da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes... E de tal maneira que os "mouros" (Ermelinda, Santos Lima, Esporão, e outros) estão a comprar quintas na região demarcada do vinho verde... De "criado" do Vinho do Porto (servia para queimar há um século atrás e enriquecer o vinho fino), o verdinho (branco) já se tornou "fidalgo"...

(Continua)

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25974: (In)citações (262): "No dia em que deixarmos de sonhar, mandem-nos flores brancas!" (Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 - Mansoa, 1964/66)



O nosso jovem aniversariante de hoje, o Tony Borié que completa 82 primaveras, presenteou-nos com mais dois trabalhos de composição fotográfica, como fazia nos tempos em que partilhava connosco as suas memórias de Mansoa dos idos anos de 1964/65/66.

Como a quase todos nós, a paciência vai-lhe faltando, suponho eu, para continuar a partilhar as suas fotos e textos, estes com algum humor à mistura.

Ao Tony, desejamos que mantenha a sua jovialidade por muitos e bons anos.
A tertúlia e os editores

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Notas do editor

Vd. post de hoje, 23 de Setembro > Guiné 61/74 - P25969: Parabéns a você (2315): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)

Último post da série de 17 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25950: (In)citações (261): tudo o que temos pedido é que forneçam professores devidamente acreditados para a Escola de São Francisco de Assis (ESFA), nas montanhas de Liquiçá, Timor Leste (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Guiné 61/74 - P25973: Notas de leitura (1729): "A Guerra Colonial: realidade e ficção" (livro de actas do I Congresso Internacional), organização do professor universitário e escritor Rui de Azevedo Teixeira; Editorial Notícias, 2001, com o apoio da Universidade Aberta e do Instituto de Defesa Nacional (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Maio de 2023:

Queridos amigos,

Este I Congresso Internacional sobre a guerra colonial realizou-se em 2000, o quadro de conhecimentos, o acervo literário, o jornalismo e a literatura e as artes plásticas precisam de uma atualização, quase um quarto de século depois. Agora, quando se esboça o plano das comemorações para os 50 anos do 25 de Abril, bom seria que a comissão organizadora não se esquecesse da guerra colonial em si, do salto que deu a investigação histórica, da explosão literária (se bem que, pelas minhas contas, as peças mais originais e destinadas à galeria dos clássicos, tenham aparecido entre os anos 1980 e 1990, das séries televisivas, das reportagens, do cinema e da televisão e da avalanche de literatura memorial que é a tónica dominante dos últimos anos. 

Há que agradecer a Rui de Azevedo Teixeira, João de Melo, Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes e a Madalena Calafate Ribeiro o empenho de, através de eventos, ter convocado as vozes intervenientes e as plasmado em livro. Talvez mais acertado fosse trazer agora à cena historiadores da Guiné, Angola e Moçambique e os investigadores que ainda subsistem na outra cena internacional para se fazer o ponto de situação atualizado, meio século depois das armas se terem calado. Seria um belíssimo brinde à boa convivência lusófona, não vos parece?

Um abraço do
Mário



A Guerra Colonial: realidade e ficção (livro de atas do I Congresso Internacional) (3)

Mário Beja Santos

O volume A Guerra Colonial: realidade e ficção (livro de atas do I Congresso Internacional), teve como organizador o professor universitário e escritor Rui de Azevedo Teixeira, Editorial Notícias, 2001, com o apoio da Universidade Aberta e do Instituto de Defesa Nacional. Participaram dezenas de comunicadores. Na altura em que foi editada, a obra era assim apresentada:

“Neste livro, que recusa a tirania da coisa política sobre a História ou a Literatura ou a insidiosa pressão do mediaticamente correto, correm textos de estudiosos da guerra e de grandes guerreiros, de portugueses e estrangeiros (lusófilos, lusófobos e lusófonos), de homens e de mulheres, de nomes consagrados e de novos investigadores da temática da Guerra Colonial ou Guerra do Ultramar. Académicos, militares, académicos militares, escritores, psiquiatras, cineastas, jornalistas, gestores e outros contribuem nesta obra para uma compreensão mais alargada e mais profunda da guerra de guerrilha que, fechando o Império, obrigou a uma definitiva mudança de paradigma da nossa História.”

Recomendo aos interessados a leitura dos testemunhos de guerra, Guilherme de Melo, Mário Pádua, António Viana, José Manuel Barroso dão conta das suas observações de como viram e agiram na guerra. O então capitão José Manuel Barroso debruça-se sobre Spínola e relata assim o seu depoimento:

“Eu venho a Lisboa no outono de 73, ele lê-me algumas passagens do livro e diz-me com ar muito divertido: ‘Os tipos estão à rasca, não sabem o que me hão de fazer, não sabem onde me hão de colocar, mas Portugal e o Futuro vai ser publicado’. Na verdade, Spínola, neste momento, também tinha compreendido uma coisa: com a vinda dele para Lisboa, o território Spínola, essa parte dele viera com ele próprio, a Guiné, que, depois de Gadamael já não era o mesmo e que também se estava autonomizando, pelo efeito dos terríveis ataques e pela enorme instabilidade psicológica que isso criara nas tropas. Quando eu regresso à Guiné, Spínola já sabe que vai ser Vice-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e diz-me: ‘Eles pensam que, com esta nomeação, não vão levar com o livro, mas vão levar com ele!’ Eu lembrei-me nessa altura de uma conversa que havíamos tido em Bissau em que a certa altura lhe disse: ‘Meu general, o senhor qualquer dia é uma espécie de segundo Delgado.’ ‘Segundo Delgado? Nunca. Há uma coisa que eu nunca farei: é sair do sistema, e é dentro do sistema que vou agir.’”

A psicóloga clínica Teresa Infante abordou as consequências psicológicas da guerra nos indivíduos com stress pós-traumático, isto na qualidade que tinha de ser consultora da ADFA, associação que desde 1987 se dedica ao despiste, avaliação e encaminhamento dos doentes com stress pós-traumático, e procura partilhar com a assistência algumas reflexões sobre as consequências psicológicas destes doentes no meio familiar e social. Refere os sonhos, pesadelos, pensamentos constantes sobre a guerra, frieza afetiva, grande impulsividade, depressão, alcoolismo e até incapacidade de hierarquizar a resolução das situações. Há doentes que partilham com as famílias as vivências da guerra, o que ajuda os familiares a procurarem perceber o que eles sofreram. Há, também, aqueles que nunca disseram nada do que viram ou foram forçados a fazer e há aqueles que foram marginalizados pelos colegas de trabalho e pela sociedade em geral e os tratam como assassinos, nestes casos fecham-se e não partilham com ninguém as suas experiências. Adotam comportamentos extravagantes como verificar antes de se irem deitar se não está ninguém debaixo da cama, saltarem desta ou gritarem a meio da noite, porque alguém os está a atacar, ou manifestarem explosões de raiva que conduzem a agressões físicas, como também têm medo de perder o controlo e querem sempre passar à ação. Em suma, é uma gama de situações que geram um ambiente familiar completamente desadequado, em permanente sobressalto, ambiente familiar disfuncional.

A psicóloga refere a importância do papel das mulheres e dos filhos e põe em equação o doente com stress pós-traumático e o seu trabalho: falta de interesse, problemas de concentração, dificuldade em decidir ou completar uma tarefa, dificuldade em aceitar ordens que eles consideram incorretas (é oportuno lembrar o leitor de que estamos a falar de um relato datado de 2000, teria o maior interesse em conhecer hoje o diagnóstico destes stressados, seguramente que numa situação de reforma).

Na sequência deste depoimento da psicóloga Teresa Infante tomou a palavra Humberto Sertório, então presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas que expôs as reivindicações que então se faziam para um quadro de proteção aos deficientes militares. Iriam depois depor escritores, investigadores, jornalistas e cineastas sobre a dimensão da ficção com que é vista a guerra. O livro procede a um levantamento dos filmes que passaram em circuito comercial ou na televisão, intervieram escritores e investigadores (Joana Ruas, Manuel Barão da Cunha, Álvaro Guerra, Leonel Cosme, Armandina Maia), fizeram-se exposições sobre importantes obras da literatura da guerra, caso de Os Cus de Judas, de António Lobo Antunes, Lugar de Massacre, de José Martins Garcia, a análise da obra de Manuel Seabra, Maria Velho da Costa e Lídia Jorge; igualmente foram apreciadas as crónicas testemunhais de Vasco Lourenço e Salgueiro Maia. O painel dos jornalistas ofereceu depoimentos de grande interesse, caso de Adelino Gomes, Acácio Barradas, Fernando da Costa e João Paulo Guerra. Por último, falou-se da guerra e do cinema, e quem testemunhou foram mesmo os cineastas.

Esta obra encontra-se presentemente esgotada, faria mais do que sentido diligenciar-se a realização de novo congresso e incluí-lo nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, muito mais se tem escrito, filmado, televisionado, investigado sobre a guerra colonial, enfim a realidade e a ficção ganharam mais densidade, os 50 anos ficariam abrilhantados com o ponto de situação atualizado quer quanto a estudos, quer quanto a literatura e o que as artes plásticas vieram denunciar no entretanto.

Aqui fica o desafio, a quem de direito.

Mensagens de Natal, Moçambique, imagem retirada da RTP, com a devida vénia
Guerrilheiros do PAIGC deslocando-se num carro blindado na Guiné-Bissau. Imagem retirada da Casa Comum, Mário Pinto de Andrade, com a devida vénia
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Nota do editor

Vd. post de 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25948: Notas de leitura (1727): "A Guerra Colonial: realidade e ficção" (livro de actas do I Congresso Internacional), organização do professor universitário e escritor Rui de Azevedo Teixeira; Editorial Notícias, 2001, com o apoio da Universidade Aberta e do Instituto de Defesa Nacional (2) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 20 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25961: Notas de leitura (1728): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1875 e 1876) (21) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25972: In Memoriam (511): Trasladação de Lisboa para Vila Pouca de Aguiar dos restos mortais do Soldado At Inf da CCAÇ 4150, Manuel Agostinho Mendonça de Oliveira (1952 - †1974), vítima de acidente com arma de fogo em Guidaje, a ter lugar no próximo dia 6 de Outubro de 2024 (Albano Costa)

IN MEMORIAM

Soldado At Inf Manuel Agostinho Mendonça de Oliveira (1952 - †1974)
Vítima de acidente com arma de fogo


1. Mensagem do nosso camarada e amigo Albano Costa, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 4150 (Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de hoje, 23 de setembro de 2024:

Caros amigos "Apaches " da CCaç 4150 e Antigos Combatentes.
Finalmente ao fim de 50 anos vamos fazer a trasladação do nosso amigo Manuel Agostinho Mendonça Oliveira, falecido na Guiné, em Guidage, no dia 2 de Abril de 1974, em acidente com uma granada de mão.

O seu corpo ficou durante 50 anos "encalhado" em Lisboa por falta na altura, e ainda hoje, das obrigações do Estado Português.
O Manuel Agostinho Mendonça Oliveira ficou todos estes anos à espera deste dia para chegar à sua terra natal na freguesia de Pensalvos, em Vila Pouca de Aguiar.
Primeiro, foi sepultado no cemitério do exército, no Lumiar, na campa n.° 14. Segundo, no dia 22 de Maio de 1984, continuou o seu calvário, e foi trasladado para o cemitério do Alto de S. João, para a Cripta n.° 6358, ficando ao cuidado da Liga dos Combatentes.

Este género de feridas nunca cicatrizam. Os políticos julgam que passam com o tempo, não, não passam, enquanto por cá andarmos carregando sempre este "fardo".
A prova é que a sua família biológica, e também a família de guerra os "Apaches" nunca se esqueceram que o Mendonça Oliveira ainda não tinha chegado à sua verdadeira casa.
Finalmente ao fim de 50 anos vamos fazer a sua trasladação para o seu verdadeiro local.
O único morto que a nossa companhia teve por terras da Guiné.

O funeral vai ser no próximo dia 6 de Outubro de 2024, domingo.
Vai sair de Lisboa para a igreja de Pensalvos, em Vila Pouca de Aguiar, ficará na igreja até à hora do funeral que vai ser durante a missa dominical das 9h30.
Depois das cerimónias religiosas vai ser sepultado em jazigo de família.


Quem puder e quiser estar presente no dia, vai ser a ocasião de se fazer a homenagem que ja havia de ter sido feita há 50 anos.

Aproveito para agradecer a todos os "Apaches" pela solidariedade que mostraram desde a primeira hora para ajudar na sua trasladação. Mostramos ser uma verdadeira família de guerra em prol desta causa.

Um abraço.
Albano Costa

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Nota do editor

Último post da série de 23 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25971: In Memoriam (510): António Rodrigues (c. 1940-2024): (i) um mordomo da elite portuguesa dos mordomos da elite de Nova Iorque, que era natural da Batalha; (ii) um grande ativista de causas sociais (cofundador do LAMETA); e sobretudo (iii) "o meu irmão mais velho que eu nunca tive"! (João Crisóstomo, Nova Iorque)

Guiné 61/74 - P25971: In Memoriam (510): António Rodrigues (1940-2024): (i) um mordomo da elite portuguesa dos mordomos da elite de Nova Iorque, que era natural da Batalha; (ii) um grande ativista de causas sociais (cofundador do LAMETA); e sobretudo (iii) "o meu irmão mais velho que eu nunca tive"! (João Crisóstomo, Nova Iorque)


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3  


Foto nº 4


Foto nº 5 


Foto nº 6


Fotos (e legendas): ©  João Crisóstomo (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Crisóstomo: 


Data - 23 set 2024 01:16 

Caro Luís Graca,

Desculpa o atraso. Tem sido um dia difícil.

Para o nosso querido amigo António Rodrigues, nascido na Batalha em 4 de setembro de 1940, acabaram-se as suas muitas batalhas (*): 

  • primeiro,  a de Foz Coa ; 
  • depois a de Timor Leste (que tem para com ele um grande débito de gratidão, pois nunca foi reconhecido);
  •  e a de Aristides de Sousa Mendes, cuja casa recebeu, especialmente dele, a primeira reparação em 2004. (**)

Embora fosse uma reparação temporária, que consistiu em tapar um enorme buraco no telhado, (um trabalho que três “contractors" acharam era impossível de execução ) e que ele conseguiu fazer quase sozinho. 

Foi reparação uma provisória (ao fim de sete anos o telhado começou a ruir outra vez) mas que foi o suficiente para evitar que a casa inteira ruísse completamente antes da reparação que viria a ter lugar nestes últimos anos e que foi agora inaugurada no dia 19 de Julho, como sabem bem.

Foi durante sua vida como um lutador e herói. Paz à sua alma.

Ele faleceu esta manhã (22 de Setembro) depois de longa doença resultado duma queda. Estava num estabelecimento para "long-staying treatment“ na Barreira, nos arredores de Leiria. Alguns dos seus amigos entre os quais minha esposa Vilma e eu nos contamos, fomos vê-lo, mais do que uma vez, quando em férias em Portugal.

O António nasceu e cresceu na Batalha, numa famíla numerosa de 13 irmãos. Aos 13 nos foi para Lisboa, procurando vida melhor : logo arranjou trabalho ca casa do Dr. António Judice B. Silva, presidente do Banco Lisboa e Açores. De noite estudava e fez a 4ª classe e o 2º  ano do liceu. 

E logo começou a sua vida de motorista e mordomo trabalhando para gente abastada , começando pela famíia Patino.

Cumprido o tempo militar em Braga, RI 8 e depois na base aérea nº 5 em Monte Real, voltou para a família Patino, mas logo percebeu que tinha de sair de Portugal se queria "vencer na vida”.

Primeiro foi para Paris onde se encontravam já alguns dos seus irmãos, e aí viveu algum tempo antes de resolver vir para os Estados Unidos. Mas não esqueço as experiências que ele me contou, de quando vivia em Paris que, na minha opinião, o moldaram para o resto da vida e que de alguma maneira explicam a sua sempre presente vontade de ajudar a toda a gente que ele encontrava precisando de auxílio.

À noite, contava-me ele, passava muitas vezes na zona onde se encontrava o consulado português. E tentava ajudar indivíduos que tinham passado as fronteiras a pé, enganados por passadores que tinham ficado com os seus dinheiros ... e por ali se encontravam, procurando trabalho ou alguém que os ajudassem.

Numa ocasião encontrou três indivíduos, cheios de sede bebendo água na fonte pública; para logo se aperceber que esses três indivíduos andavam à procura dum seu irmão. Que quando chegassem a Paris, assim lhes haviam recomendado que procurassem esse seu irmão … Esse encontro marcou-o.

Mas Washington e Nova Iorque eram o seu sonho. Veio e depois de uns tempos em Washington veio para Nova Iorque e começou a trabalhar para Morris Bergreen, de quem me lembro bem. Era frequente suceder os mordomos precisarem de auxílio para ocasiões especiais nas casas onde trabalhavam e de repente a minha ajuda começou a ser pedida também. A minha experiência de mordomo para a Senhora Onassis (Jaqueline Kennedy Onassis) era apreciada e foi assim que comecei a conhecer os mordomos portugueses de Nova Iorque.

Logo me apercebi que os mordomos portugueses eram a elite dos mordomos e os mordomos da elite de Nova Iorque. Facto que me me veio a ser de ajuda preciosa nas causas e envolvimentos em que me meti , pois muitas vezes era através deles que eu conseguia chegar às pessoas que pela sua influência podiam "fazer a diferença". O que sucedeu muitas vezes como sabe. Mas tudo começou pelo António Rodrigues.

Até ao ano 2000 ele trabalhou como mordomo para o banqueiro Edmond Safra, que o estimava muito. A sua morte repentina e trágica , vítima dum incêndio no Mónaco, causado por um mordomo, abalou-o profundamente e ele resolveu deixar tudo e voltar para Portugal. E não quis voltar mais.

Quando eu ia a Portugal o António acompanhava-me muitas vezes aos meus “encontros", fossem eles familiares ou encontros de camaradas da Guiné e portanto é natural que alguns camaradas nossos ainda se lembrem dele. Por isso se quiseres fazer uma menção dele no nosso blogue, não será de todo impertinente.

Junto algumas fotos que te poderão ser úteis, se quiseres aproveitar alguma. Eu sei que as minhas fotos são de pouca qualidade. Talvez encontres muito melhores de outras fontes que até já terão aparecido no blogue.

Se escreveres algo, podes então dar a conhecer que hoje mesmo providenciei uma "missa de sétimo dia”, para o próximo domingo, como segue:

Info: sobre a "missa de 7º dia”:

Próximo domingo, dia 29 Setembro às 10.30 AM

Endereço:

na Igreja de S. Cyril, 62 St. Marks' Place em Nova Iorque.



É uma pena que muitos dos seus colegas destas lutas já tenham partido. Agora somos todos “voluntários" na linha da frente, com boa ou má vontade…

Para os que ainda cá estamos, convidamos quem puder a participar nesta missa. Depois da missa podemo-nos reunir no salão para um café , um pequeno refresco ou talvez mesmo só um abraço de mutuo apoio. Por mim preciso bem dele.

Crescido no meio de uma família numerosa, em que eu fui o único rapaz , ele foi para mim aqui nos Estados unidos "o meu irmão mais velho" que eu nunca tive. Sei bem que tenho muitos “irmãos" em Portugal como felizmente tenho ainda aqui. Mas... custa tanto tanto perder um amigo!


Um grande abraço,

João
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Legendas: 

As 1ª e 2ª fotos não precisam legenda: elas falam por si. 

 A 3ª foto foi tirada no 10º aniversario da paragem da barragem: no meio o então dono dos vinhos “Ervamoira” cuja quinta ia ficar completamente submergida pelas águas da planeada barragem. 

A 4ª: na Casa do Passal em Setembro de 2004: início de remoção do lixo, ainda antes de começarmos a pensar sequer em reparar o telhado.

Foto nº 5: para o nosso casamento (meu e da Vilma)  ele veio a Nova Iorque.

Foto nº 6: Capa da brochura Lameta : na foto, eu e ele muma manifestação contra a ocupação de Timor pela Indonésia. 



S/l> S/d (c. 1996-2006) > O então presidente da República Jorge Sampaio, tendo à sua esquerda o João Crisóstomo e à sua direita o António Rodrigues. Foto do arquivo de João Crisóstomo (2015) 


Lisboa > Centro Cultural Franciscano > Largo da Luz, nº 11, Carnide >  Dia da Consciência, 17 de junho de 2015, celebrado em Lisboa: sessão de homenagem a Artistides de Sousa Mendes, por ocasião dos 75 anos da sua decisão histórica  (1940-2015)

Na foto, da esquerda para a direita:

  • a Alice Carneiro;
  • o João Crisóstomo:
  • uma amiga do João (que vive em Leiria);
  • o António Rodrigues (que vive na Batalha, e é também ativista de causas sociais, foi ele com o João quem salvou da ruina completa a Casa do Passal, em 2004 (**); emigrou para os EUA em 1967, depois de ter feito o serviço militar na Base de Monte Real, como voluntário na FAP);
  • a Mariana Abrantes de Sousa (outra grande ativista da causa de Aristides de Sousa Mendes, igualmente da diáspora lusitana nos EUA):
  •  e a esposa do António Rodrigues

Foto (e legenda): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 10 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25929: In Memoriam (509): Rui Baptista (1949-2023), ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3489 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1971/74)

Guiné 61/74 - P25970: Timor: passado e presente (22): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Anexo I: Lista dos cerca de uma centena de portugueses mortos durante a ocupação japonesa

 





Timor > s/l > 10938 >  Fotos da Missão Geográfica e Geolõgica de Timor: as duas primeiras parecem-nos ser relativas à construção de um marco geodésico. A última é de um habitante local.  (Grande parte das 558 fotos do Álbum Fontoura não trazem legenda, embora estejam organizadas por área temática; estas três pertencem à série 6 "Ação Civilizadora e Colonizadora" 

Foto do Arquivo de História Social > Álbum Fontoura. Imagem do domínio público, de acordo com a Wikimedia Commons. Editada (e legendada) por blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)


O Álbum «Colónia Portuguesa de Timor», mais conhecido por «Álbum Fontoura», nome do governador que o mandou elaborar em finais dos anos 30, e coincidindo, então, com a permanência em Timor de uma missão geográfica e geológica, chefiada pelo geógrafo Jorge Castilho, contém 549 fotografias relativas a «grupos étnico-linguísticos e tipos em geral», «trajos, ornamentos, pertences e armas», «vida familiar e social», «formas de trabalho (…), arte indígena e instrumentos musicais» e «acção civilizadora e colonizadora». O exemplar do álbum, recuperado após Abril de 1974 pelo antropólogo, professor António de Almeida, foi depositado no AHS (Arquivo Histório Social, ISC/UL, pela «Família Almeida», através do Doutor Pedro Cardim. (Fonte: AHS/Album Fontoura)




Capa do livro de José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, 208 pp. Cortesia de Internet Archive. O livro é publicado trinta anos depois dos acontecimentos. O autor terá nascido na primeira década do séc. XX.



1. Chegámos  ao fim das notas de leitura e excertos do livro do médico de saúde pública José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (*), disponível em formato digital no Internet Archive.

Há, no entanto, alguma informação  em anexo que vale a pena disponibilizar ao leitor que se interessa pela história de Timor durante a II Guerra mundial.

Começamos pela listagem dos portugueses mortos durante a ocupação japonesa (n=80,  incluindo 16 deportados).

Dos timorenses que morreram durante este trágico período da sua história (e terão sido algumas dezenas de milhares), só sabemos os nomes de alguns dos seus chefes tradicionais ("liurais"), que se mantiveram leais à bandeira portuguesa (n  > 11).
  


Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) 

Anexo I:   Lista dos cerca de uma centenas de portugueses mortos durante a ocupação japonesa  (pp. 127-132)  
 


(A) Alguns Portugueses Mortos  em Combate Durante a Ocupação Japonesa (n=10)


1 — Paulo Moreira. Cabo de infantaria. Em Lébus, a 5 de setembro de 1942. 

2 — Abel Soares dos Santos. Soldado. Em Lébus, a 5 de setembro de 1942. 

3 — António Fernão Magalhães. Natural de Macau, servindo de enfermeiro numa coluna expedicionária. Em Lébus,  a 5 de setembro de 1942. 
 
4 — Evaristo Gregório Madeira, Cabo de infantaria. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

5 — Júlio António da Costa. Cabo de infantaria. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

6 — Álvaro Henrique Maher. Soldado. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

7 — João Florindo. Soldado. Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

8 — Dr. João Mendes de Almeida. Licenciado em Letras e administrador de circunscrição. Em Manatuto, a 13 de  novembro de/1942. 

9 — Augusto Pereira Padinha. Chefe de posto administrativo, licenciado pela Escola Superior Colonial. Em Manatuto,  a 13 de novembro de 1942. 

10 — Eduardo Felner Duarte. Deportado. Nas faldas do monte Ramelau, nos arredores de Ainaro, em maio de 1943. 


(B) Alguns Portugueses Assassinados Durante a Ocupação Japonesa  (n=37)

1 — Francisco Ramos Graça. Deportado. No Remexio, em março de 1942. 

2 — Fernando Martins. Deportado. Em Díli, em março de  1942. 

3 — Alfredo Baptista. Cabo de infantaria e chefe de poste  administrativo. Em Fátu-Lúlic, em agosto de 1942. 

4 — Francisco Martins Coelho. Cabo de infantaria e chefe de  posto administrativo. Em Maubisse, em agosto de 1942. 

5 — José Faria Braga. Deportado. Em Maubisse, em agosto  de 1942. 

6 — Fernando Augusto Mariz. Deportado. Na circunscrição  da Fronteira, em agosto de 1942. 

7 — Sebastião da Costa. Agricultor. Na circunscrição de  Aileu, junto ao limite com Laulara, em setembro de 1942. 

8 — Luísa Pereira da Costa. Esposa do anterior. Idem. 

9 — Maria Elisa Vigário. Filha do casal anterior e esposa de  João Pereira Vigário. Idem. 

10  — Alice Pereira Vigário. Filha da anterior. Idem. 

11 — Uma criança de três meses, filha de Manuel Albano dá  Costa. Idem. 

12 — Padre António Manuel Pires. Missionário. Em Ainaro, a 2 de outubro de 1942. 

13 — Padre Norberto de Oliveira Barros. Missionário. Idem. 

14 — Luís Ferreira da Silva, Deportado. Idem. 

15 — Emílio Augusto Caldeira. Deportado. Em Lete-Fóho, em  agosto de 1942. ;. 

16 — João Romano da Silva. Deportado. Idem. 

17 — Joaquim Pereira Vigário. Agricultor. Em Aileu — Laulara, a 3 de novembro de 1942. 

18 — Manuel Ribeiro. Agricultor. Idem. 

19 — Manuel Arroio Estanislau de Barros. Administrador de  circunscrição. Na área da sede da circunscrição de Lautém, a 17 de novembro de 1942. 

20 — Maria das Dores de Barros. Esposa do anterior. Idem. 

21 — António Teixeira. Deportado. Em Lautém, em novembro  de 1942. 

22 — Raul Monteiro. Deportado. Em Fuiloro. 

23 — Mário Gonçalves. Deportado, Em Lautém. 

24 — Alípio Ferreira. Alferes reformado. Em Cribas, em data  ignorada. 

25 — Alberto Ferreira. Filho do anterior. Idem. 

26 — António Xavier de Jesus Araújo. Secretário de circunscrição aposentado, natural de Timor. Em Díli, a 28 de  janeiro de 1943. 

27 — Helena Barros de Araújo. Mãe do anterior. Idem. 

28 — Fernando José Maria Senanes. Ajudante de enfermeiro. Na região de Luca, antes de 28 de fevereiro de 1943. 

29 — Manuel Albano da Costa. Agricultor. Em terras de Malua, em data ignorada, (Filho do n.° 7 desta lista, Sebastião da Costa) . 

30 — Padre Abílio Caldas. Missionário, natural de Timor. Em  Barique, em data ignorada. 

31  — Romualdo Aniceto. Soldado. Em Leu-Moa (Ainaro), em  abril ou maio de 1943. 

32 — José Cachaço. Soldado. Idem. 

33 — José Estêvão Alexandrino. Na Ermera, em junho de  1943. 

34 — João Brás. Cabo de infantaria e chefe de posto administrativo. Em Vátu-Carabau, depois de junho de 1943. 

35 — José Rebelo, Cabo de infantaria. Fuzilado pelos japoneses  em Lautém, em agosto de 1945. 

36 — Armindo Fernandes. Soldado. Idem 

37 — José Carvalho. Filho de um antigo liurai de Liquiçá e  educado na Casa Pia de Lisboa. Fusilado pelos japoneses  em Lautem, em agosto de 1945. 


(C) Alguns Portugueses Mortos na Prisão (n=8)

1 — José Plínio dos Santos Tinoco. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, a 8 de abril de 1944. 

2 — Manuel de Jesus Pires, Tenente de infantaria e administrador de circunscrição. Na cadeia de Díli, em data ignorada de 1944. 

3 — Cipriano Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

4 — João Vieira. Cabo de infantaria. Idem. 

5 — Serafim Joaquim Pinto. Enfermeiro. Na cadeia de Díli antes de 29 de abril de 1944. 

6 — Augusto Leal de Matos e Silva. Chefe de posto administrativo. Na cadeia de Díli, possivelmente em 9 de maio de 1944. 

7 — Artur do Canto Resende. Engenheiro-geógrafo. Em Kalabai, na ilha holandesa de Alor, a 23 de Fevereiro de 1945. 

8 — João Jorge Duarte. Gerente da filial do Banco Nacional  Ultramarino de Díli. Em Kalabai, Alor, a 25 de março de 1945. 


(D) Portugueses de que Consta  Terem-se Suicidado (n=16)

1 — António Maria Freire da Costa. Capitão de infantaria.  Em Aileu, a 1 de outubro de 1942. 

2 — Maria Eugenia Freire da Costa. Esposa do anterior  Idem. 

3 — Dr. Diniz Ângelo de Arriarte Pedroso. Médico. Idem. 
 
4 — José Gouveia Leite. Secretário de circunscrição. Idem. 

5 — António Afonso. Chefe de posto administrativo auxiliar. Idem. 

6 — Dr. José Aníbal Torres Correia Teles. Médico. Na região  de Viqueque, em fevereiro de 1943. 


(E) Alguns Portugueses Falecidos no Mato Onde Andaram Foragidos (n=19)


1 — Jacinto José Ansejo. Guarda da polícia de Macau. Em  Manatuto, em data ignorada. 

2 — Luís Baptista. Aspirante administrativo. Na região de  Manatuto, em data ignorada. 

Padre Francisco Madeira. Missionário. Na região de  Lacluta, em data ignorada. 

 José Armelim Mendonça. Aspirante administrativo. Em  Barique, em abril de 1943. 

5 — Narcisa Mendonça. Esposa do anterior. Idem. 

6/7/8/9 — Crianças, filhas do casal anterior. 

10 — Carlos Drumond Meneses de Jesus. Secretário de circunscrição. Em Barique, em junho de 1943. 

11 —Orlando Vai do Rio Paiva. Agente técnico de engenharia.  Na região de Dilor, em data ignorada. 

12 — Manuel Simões Miranda. Deportado. Idem. 

13 — António Dias. Deportado, Local e data ignorados. 

14 — Dionísio Teixeira. Deportado. Na região de Dilor, em data ignorada. 

15 — Raimundo de Carvalho. Deportado. Local e data ignorados. 

16 — Alcino José Gregório Madeira. Ajudante de enfermeiro. Local e data ignorados. 

17 — Acácio de Oliveira. Cabo de infantaria, Idem. 

18 — António Mendes. Cabo de infantaria. Idem. 

19 — Venceslau Pereira. Escrivão da comarca de Díli. Idem. 


(F) Alguns Timorenses  Assassinados  ou Mortos na Prisão  (n > 11)


1 — D. Aleixo Corte Real, liurai do reino do Suro. 

2 — Todos os filhos de D. Aleixo, que ao seu lado morreram. 

3 — Francisco Costa, liurai de Hátu-trdo e companheiro de armas de D. Aleixo. 

4 — Liurai Cipriano, de Atsabe. 

5 — Liurai Tálu-Bere, da Maliana. 

6 — Liurai Paulo, de Ussuroa. 

7 — Chefe de Suco  D. Jeremias dos Reis Amaral, de Luca. 

8 — Liurai Luís Noronha, de Lacló, Manatuto. 

9 — Liurai coronel D. Moisés, de Fátu-Ãhi. 

10 — Cosms Soares, primo do liurai Paulo de Ussuroa. 

11 — Liurai de Maubisse, Evaristo de Sá e Benevidas, de Hai-Hou, assassinado com toda a sua família, exceto  um filho, depois de ter sido preso por demonstrar inteira  lealdade a Portugal.






Mapa de Timor em 1940. In: José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, pág. 11. (Com a devida vénia). Assinalado a vermelho a posição relativa de Maubara e Liquiçá, a oeste de Díli, onde se situava a zona de detenção dos portugueses, imposta pelos japoneses (finais de 1942 - setembro de 1945)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2024)

(Seleção, revisão / fixação de texto, excertos: LG) 


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Nota do editor

14 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25941: Timor: passado e presente (21): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Parte XII: O regresso à Pátria e o fim do anátema de 'deportado' (pp. 102-107)

Guiné 61/74 - P25969: Parabéns a você (2315): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)

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Nota do editor

Último post da série de 22 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25964: Parabéns a você (2314): Carlos Arnaut, ex-Alf Mil Art, CMDT do 16.º Pel Art (Binar, Cabuca e Dara, 1970/72)

domingo, 22 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25968: Agenda cultural (860): Convite para o lançamento do livro "Poemas de Han Shan", organizado e traduzido por António Graça de Abreu, dia 26 de Setembro de 2024, pelas 18h30, no Auditório CCCM, Rua Guerra Junqueira, 30 - Lisboa



Lançamento do Livro "Poemas de Han Shan" | 26 Setembro | 18h30 | CCCM

Informa-se que nesta iniciativa haverá captação de vídeo, áudio e fotografia e que os ficheiros captados poderão ser utilizados para fins de comunicação institucional e/ou promocional nos diversos canais, físicos e/ou digitais, do CCCM. O tratamento dos dados pessoais é realizado de Acordo com a Política de Proteção de Dados e de Privacidade, disponível em www.cccm.gov.pt. Para efeitos de informações ou de exercício de direitos, os titulares de dados deverão contactar dpo@cccm.gov.pt.
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Nota do editor

Último post da série de 19 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25958: Agenda cultural (859): Convite para a sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, dia 10 de Outubro de 2024, pelas 16h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa

Guiné 61/74 - P25967: S(C)em Comentários (47): A visita do Yussuf Baldé, filho do Cherno Baldé, ao Valdemar Queiroz




Sintra > Sintra > Agualva-Cacém > Rua de Colaride > Julho de 2024> "Da minha varanda continuo a ver o mundo"... São vizinhos do Valdemar que ele conhece e que estima, e que eles também o conhecem e estimam... E nenhum deles é identificável... São fotos tiradas ao longe e de perfil...

Fotos (e legenda): © Valdemar Queiroz (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Valdemar Queiroz:

Data - quarta, 18/09, 17:55 

Assunto - visita do Yussuf Baldé


Luis, anexo duas fotos da visita do Yussuf Baldé a minha casa.

No comentário ao poste da Moderação dos Comentários (*) está um escrito sobre esta visita.

Abraço e boa vindima
Valdemar

2. Comentário do Valdemar Silva ao poste P25949 (*):

(...) Ontem tive uma visita a minha casa de uma pessoa inesperada. Tratou-se do jovem Yussuf  Baldé, filho do nosso amigo guineense Cherno Baldé.

Ele mora, não muito longe de minha casa, e ligou-me via whatsapp para me conhecer e cumprimentar.

Achei haver muita simpatia por parte dele e convidei-o para vir a minha casa, e assim aconteceu no Domingo.

Tivemos uma tarde com vários conversas das nossas vidas que não faltou falar sobre a Guiné e dos tempos da guerra na Guiné.

Uma grande desilusão da minha parte foi não ter sequer uma bebida refrigerante ou outra coisa para o lanche para lhe oferecer.

Ficará para nova oportunidade.

Já não estava habituado à calma, com que sempre os nossos soldados fulas nos tratavam, sem se quer alterar o tom de voz. (**)

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Notas do editor:

(*) 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25949: O nosso livro de estilo (16): O blogue não foi feito para a gente se chatear.. Por isso, às vezes é preciso reintroduzir a moderação ou triagem de comentários 

Guiné 61/74 - P25966: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (36): "Terra e poesia"

Adão Pinho Cruz
Ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547
Autor do livro "Contos do Ser e Não Ser"

Terra e poesia

Tenho falado com alguns poetas sobre o que entendem por poesia, poetas de muito nome. Cada um deles, diz-me o que sente, mas ninguém me diz que a poesia nasce como nasce a água da fonte.

O homem veio consultar-me. Sentia, sobretudo ao levantar da cama e com os esforços, uma dor em barra sobre a tábua do peito que o imobilizava por completo. Era um homem alto, seco, de carnes magras e duras, sem qualquer mazela que se visse. Nunca estivera doente, por isso, este bloqueamento o intrigava tanto, parecia que tinha a mó de um moinho em cima do peito, quebrando-lhe as costelas.

Não era homem de queixumes, mas coisa séria haveria de ser para o pôr naquele estado. Até já lhe haviam dito que o mal seria, sabe-se lá, uma angina de peito.

- O senhor tem, de facto, uma angina de peito.
- Sr. Doutor, eu nunca estive doente em oitenta anos de vida, sou um privilegiado, não tenho medo da morte, pois todos temos de morrer mais tarde ou mais cedo, mas tenho pena de deixar o trabalho, sem trabalhar não sei viver.
- Diga-me, Sr. Doutor, com a verdade que muito lhe agradeço, se poderei fazer alguma coisa. Faço-lhe esta pergunta porque sempre trabalhei no campo, casado com a natureza e beijado pelo nascer do sol. Tenho pena, porque a enxada nas minhas mãos era uma viola e eu fazia nascer da terra a música que queria.

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Nota do editor

Último post da série de 15 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25946: Contos do ser e não ser: Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (35): "O Paquete"

Guiné 61/74 - P25965: Convívios (1006): 57º Convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Algés, 5ª feira, 26 de setembro de 2024: 60 inscritos até hoje





57º Convíviuo da Tabanca da Linha > Algés > 26 de setembro de 2024 > Lista (provisória) dos 60 inscritos.

Destaque para os camaradas que vêm de fora da Área Metropolitana de Lisboa:
  • Eduardo Estrela (Vila Real de Santo António)
  • José Marreiros Alves (Albufeira)
  • José Serrano Matias (Évora)
  • José Teixeira (Matosinhos)
  • Luís Graça (Lourinhã)
  • Manuel Jesus B. Aleixo (Mação)
  • Mário Santos (Loulé)
57º CONVÍVIO DA MAGNÍFICA TABANCA DA LINHA | Algés | 5ª feira |  26-09-2024


RESTAURANTE: CARAVELA DE OURO (Algés)

Morada: Alameda Hermano Patrone, 1495 Algés
 Telefone: 214 118 350

Estacionamento em frente tem sistema de "Via Verde Estacionar"

I N S C R I Ç õ E S

Inscrições até ao dia 23 de Setembro de 2024

Manuel Resende: Tel - 919 458 210
manuel.resende8@gmail.com
magnificatabancadalinha2@gmail.com
dizendo "vou" ao convite no nosso grupo no Facebook

Estarei atento ao grupo do Whatsapp para quem se inscrever aqui.

Agradeço que só respondam os que puderem vir (não digam “talvez”).

+ + + E M E N T A + + +

Começamos com aperitivos e entradas às 12,30 horas | O almoço será servido às 13 horas.

APERITIVOS DIVERSOS

Bolinhos de bacalhau - Croquetes de vitela - Rissóis de camarão - Tapas de queijo e presunto
Martini tinto e branco - Porto seco - Moscatel.

SOPAS
Canja de galinha | ou Creme de Marisco

PRATO PRINCIPAL

Lombinhos de pescada com arroz de marisco

SOBREMESA

Salada de fruta | ou Pudim

Café

BEBIDAS INCLUIDAS

Vinho branco e tinto “Ladeiras de Santa Comba" ou outro | Águas - Sumos - Cerveja

PREÇO POR PESSOA ... 25.00€

(Crianças dos 5 aos 10 anos se aparecerem, pagam metade)

Peço que tragam a quantia certa para evitar trocos. Ajudem os organizadores.
Quem quiser pagar por Multibanco, vá ao Rés-do-Chão e, ao entrar para a sala, apresente o duplicado.
 
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Guiné 61/74 - P25964: Parabéns a você (2314): Carlos Arnaut, ex-Alf Mil Art, CMDT do 16.º Pel Art (Binar, Cabuca e Dara, 1970/72)

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Nota do editor

Último post da série de 21 de Setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25962: Parabéns a você (2313): José Macedo ex-2.º Tenente Fuzileiro Especial do DFE 21 (Bissau, 1973/74)