1. Mensagem natalícia do nosso camarada Mário
Vitorino Gaspar (ex-Fur Mil At Art e Minas e Armadilhas da CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68):
Feliz Natal e Saudável
Ano Novo de 2016
Para o Blogue
Mário Vitorino Gaspar
No Natal Nasceu Jesus sempre Menino
Mário Vitorino Gaspar
Se o Natal tem o seu espaço…
Interregno para o descrente!
O Natal é um nó… Embaraço.
Para aquele que não o sente.
O feriado de 25 de Dezembro
… E se tenho bem presente:
– Veio à luz e bem pequenino.
Nasceu Jesus sempre menino
Para algumas bocas é a festa.
E igualmente aquela crença:
– Mas que festividade é esta?
Para outras? Qual a diferença…
Que de manhã vá à chaminé.
O pobre que não tem sapato…
Nem mesmo nada no seu pé…
Certo! Mesmo com grande fé!
Natal? Em todas as memórias…
Enorme o número de prendas…
E em todas as outras histórias?
– Rosas Senhor! São lendas!
Natal é palavra e é um nome!
Natal seria que seria que fosse:
– Repleto de amores e alegrias…
Segundos, minutos, horas e dias.
O Natal então seria verdade…
____________
Nota do editor
Último poste da série de 22 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15528: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (11): Domingos Gonçalves; J. L. Vacas de Carvalho; João Sacôto; José Teixeira; Sousa de Castro e Rui Santos
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Guiné 63/74 - P15528: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (11): Domingos Gonçalves; J. L. Vacas de Carvalho; João Sacôto; José Teixeira; Sousa de Castro e Rui Santos
1. Mensagem natalícia do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68):
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos muito importante, venho por este meio desejar a todos os colaboradores da Tabanca Grande, e respectivos visitantes, um ALEGRE E SANTO NATAL, e um ano de 2016 repleto de muitas coisas boas, em especial muita saúde.
Para todos um grande abraço.
BOAS FESTAS
É o sincero desejo do,
Domingos Gonçalves
2. Mensagem do nosso camarada J. L. Vacas de Carvalho (ex-Alf Mil Cav, Comandante do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1970/72):
Para toda a Tabanca Grande e respectivas Famílias um grande Abraço e um Feliz e Santo Natal
Zé Luís
3. Mensagem do nosso camarada João Gabriel Sacôto Martins Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66):
Para os todos os camaradas da TABANCA GRANDE, com um forte e sentido ABRAÇO,
JS
4. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):
Caras/os Amigas/os,
De novo o Natal a entrar-nos pela porta e pela alma adentro.
É o momento de lembrarmos os amigos que, embora longe, moram no nosso coração.
É o momento de tocarem os sinos a lembrarem as suas vidas, a sua saúde, a sua alegria entre os mais chegados, se possível na mesa grande aconchegados.
É o que desejo a todos, neste Natal, em que a família, por excelência, se revelou e apresentou ao Mundo como modelo e incentivo à interioridade deste tempo natalício.
É bom termos modelos a seguir, assim, diante de nós, a facilitar o nosso caminho e a consciência dele.
Aproveito a oportunidade para fazer votos de um Natal muito feliz, numa família reunida em volta de uma mesa que alimente o corpo e o espírito, numa alegria singular.
E um excelente Ano de 2016, repleto de saúde, de paz e de amor.
José Teixeira
5. Do nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74):
6. Mensagem do nosso camarada Rui Santos, (ex-Alf Mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama, 1963/65):
Festas Felizes, Feliz e Santo Natal, Ano Novo cheio de alegria, saúde, felicidades e que todos os projectos sejam executados a contento.
São os meus desejos sinceros.
Rui Santos
Nota do editor
Último poste da série de 22 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15527: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (10): Catarina Schwarz (BIssau)
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos muito importante, venho por este meio desejar a todos os colaboradores da Tabanca Grande, e respectivos visitantes, um ALEGRE E SANTO NATAL, e um ano de 2016 repleto de muitas coisas boas, em especial muita saúde.
Para todos um grande abraço.
BOAS FESTAS
É o sincero desejo do,
Domingos Gonçalves
************
2. Mensagem do nosso camarada J. L. Vacas de Carvalho (ex-Alf Mil Cav, Comandante do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1970/72):
Para toda a Tabanca Grande e respectivas Famílias um grande Abraço e um Feliz e Santo Natal
Zé Luís
************
3. Mensagem do nosso camarada João Gabriel Sacôto Martins Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66):
Para os todos os camaradas da TABANCA GRANDE, com um forte e sentido ABRAÇO,
JS
************
4. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70):
Caras/os Amigas/os,
De novo o Natal a entrar-nos pela porta e pela alma adentro.
É o momento de lembrarmos os amigos que, embora longe, moram no nosso coração.
É o momento de tocarem os sinos a lembrarem as suas vidas, a sua saúde, a sua alegria entre os mais chegados, se possível na mesa grande aconchegados.
É o que desejo a todos, neste Natal, em que a família, por excelência, se revelou e apresentou ao Mundo como modelo e incentivo à interioridade deste tempo natalício.
É bom termos modelos a seguir, assim, diante de nós, a facilitar o nosso caminho e a consciência dele.
Aproveito a oportunidade para fazer votos de um Natal muito feliz, numa família reunida em volta de uma mesa que alimente o corpo e o espírito, numa alegria singular.
E um excelente Ano de 2016, repleto de saúde, de paz e de amor.
José Teixeira
************
5. Do nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74):
************
6. Mensagem do nosso camarada Rui Santos, (ex-Alf Mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda e Bolama, 1963/65):
Festas Felizes, Feliz e Santo Natal, Ano Novo cheio de alegria, saúde, felicidades e que todos os projectos sejam executados a contento.
São os meus desejos sinceros.
Rui Santos
************
____________Nota do editor
Último poste da série de 22 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15527: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (10): Catarina Schwarz (BIssau)
Guiné 63/74 - P15527: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (10): Catarina Schwarz (BIssau)
1. Mensagem de ontem da nossa amiga, grã-tabanqueira, Catarina Schwarz, neta da nossa centenária decana Clara Schwarz, e filha de Isabel Levy Ribeiro e de Carlos Schwarz da Silva, o nosso saudoso Pepito (1949-2014):
| ||||
________________ Nota do editor: Último poste da série > 21 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15523: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (9): Abel Santos; António Paiva; Luís Fonseca; Alberto Sousa e Silva; Vasco Pires e Albino Silva |
Guiné 63/74 - P15526: Estórias cabralianas (90): A Pátria é um Natal, e o Natal é uma Pátria (Jorge Cabral)
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > "Cinco séculos de história te contemplam!", terá proclamado o alfero Cabral, perante o anónimo e estupefacto fotógrafo... A foto chegou clandestinamente à metrópole. E faz parte hoje do precioso álbum fotográfico do Jorge Cabral, advogado, criminalista, professor universitário reformado... Camaradas e amigos, esta foto vale ouro... (LG)
Foto ©: Jorge Cabral (2013). Todos os direitos reservados. {Edição e legendagem: LG]
1. Mensagem de Jorge Cabral [ex-alf mil art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá. 1969/71]:
Data: 5 de dezembro de 2015 às 15:27
Assunto: NATAL
Luís Amigo! Vem aí o Natal. E, como faço sempre, nesta época, envio este pequeno texto.ABRAÇO GRANDE! Jorge Cabral
2. Estórias cabrilianas (90) > NATAL
Foi no dia 25 de Dezembro de 1970.
Talvez porque o Spinola nos havia visitado há pouco,
o Sitafá, o puto que vivia connosco, interrogou-me:
– Alfero, o que é a Pátria?
Revi o velho Cais das Colunas,
o vendedor de castanhas no Campo Pequeno
e as belas raparigas que quase levitavam no Rossio à hora do cansaço,,,
– Sabes que dia é hoje, Sitafá? É Natal!... A Pátria é um Natal! E o Natal é uma Pátria!
J. Cabral (**)
_________________
Notas do editor;
(*) Vd. poste de 18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9223: Estórias cabralianas (69): Onde mora o Natal, alfero ? (Jorge Cabral)
(...) Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada, os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais.
Dizia um:
– Na minha terra…
E acrescentava outro:
– A minha Mãe fazia… (...)
Data: 5 de dezembro de 2015 às 15:27
Assunto: NATAL
Luís Amigo! Vem aí o Natal. E, como faço sempre, nesta época, envio este pequeno texto.ABRAÇO GRANDE! Jorge Cabral
2. Estórias cabrilianas (90) > NATAL
Foi no dia 25 de Dezembro de 1970.
Talvez porque o Spinola nos havia visitado há pouco,
o Sitafá, o puto que vivia connosco, interrogou-me:
– Alfero, o que é a Pátria?
Revi o velho Cais das Colunas,
o vendedor de castanhas no Campo Pequeno
e as belas raparigas que quase levitavam no Rossio à hora do cansaço,,,
– Sabes que dia é hoje, Sitafá? É Natal!... A Pátria é um Natal! E o Natal é uma Pátria!
J. Cabral (**)
_________________
Notas do editor;
(*) Vd. poste de 18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9223: Estórias cabralianas (69): Onde mora o Natal, alfero ? (Jorge Cabral)
(...) Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada, os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais.
Dizia um:
– Na minha terra…
E acrescentava outro:
– A minha Mãe fazia… (...)
(**) Último poste da série > 3 de setrembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15070: Estórias cabralianas (89): Os filhos do sonho (Jorge Cabral)
Guiné 63/74 - P15525: Agenda cultural (449): Joana Graça, exposição de pintura, na livraria Ler Devagar, LXFactory, Alcântara, Lisboa, até 26 deste mês
Cortesia de: Joana Graça – A kind of blue (2009). Técnica mista sobre tela. Exposição de pintura, Livraria Ler Devagar, LXFactory, Lisboa, de 16 a 26/12/2015.
Lisboa > Alcântara > LXFactory > Livraria Ler Devagar > Instalada num gigantesca rotativa de 3 pisos... Há magia neste lugar...E dezenas de milhares de livros a treparem pelas paredes,,,
1. Há uma Lisboa desconhecida que espera por nós... O LXFactory é desses sítios...
.
"É no ano de 1846 que a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, um dos mais importantes complexos fabris de Lisboa, se instala em Alcântara. Esta área industrial de 23.000 m2 foi nos anos subsequentes, ocupada pela Companhia Industrial de Portugal e Colónias, tipografia Anuário Comercial de Portugal e Gráfica Mirandela.
"Uma fracção de cidade que durante anos permaneceu escondida é agora devolvida à cidade na forma da LXFACTORY. Uma ilha criativa ocupada por empresas e profissionais da indústria também tem sido cenário de um diverso leque de acontecimentos nas áreas da moda, publicidade, comunicação, multimédia, arte, arquitectura, música, etc. gerando uma dinâmica que tem atraído inúmeros visitantes a re-descobrir esta zona de Alcântara.
"Em LXF, a cada passo vive-se o ambiente industrial. Uma fábrica de experiências onde se torna possível intervir, pensar, produzir, apresentar ideias e produtos num lugar que é de todos, para todos."
(Fonte: LXFactory, com a devida vénia)
2. LER DEVAGAR
"FÁBRICA A FÁBRICA, A LER DEVAGAR CHEGOU À LXFACTORY Dez anos depois de ter nascido numa Litografia do Bairro Alto em Lisboa, é à volta de uma rotativa de três andares que está instalada a Ler Devagar. Instalações, performances, debates, conferências, poesia, teatro, dança, música: fado, jazz, música portuguesa, francesa, brasileira, africana, clássica e experimental instalações , performances, debates, conferências, poesia, teatro, dança, música: fado, jazz, música portuguesa, francesa, brasileira, africana, clássica e experimental."
2. LER DEVAGAR
"FÁBRICA A FÁBRICA, A LER DEVAGAR CHEGOU À LXFACTORY Dez anos depois de ter nascido numa Litografia do Bairro Alto em Lisboa, é à volta de uma rotativa de três andares que está instalada a Ler Devagar. Instalações, performances, debates, conferências, poesia, teatro, dança, música: fado, jazz, música portuguesa, francesa, brasileira, africana, clássica e experimental instalações , performances, debates, conferências, poesia, teatro, dança, música: fado, jazz, música portuguesa, francesa, brasileira, africana, clássica e experimental."
(Fonte: LXFactory, com a devida vénia)
3. Jona Graça
Psicóloga, pintora, ilustradora e contadora de estórias... Está aqui no Facebook. E com algumas das suas obras na Ler Devagar, no LXFactory, até 26 deste mês.
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15519: Agenda cultural (448): Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa, hoje, dia 21, 19h00: conferência de Natal do Programa Ciência Viva com o paleontólogo Octávio Mateus, investigador no Museu da Lourinhã, e a quem se deve a descoberta do primeiro dinossauro de Angola
Último poste da série > 21 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15519: Agenda cultural (448): Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa, hoje, dia 21, 19h00: conferência de Natal do Programa Ciência Viva com o paleontólogo Octávio Mateus, investigador no Museu da Lourinhã, e a quem se deve a descoberta do primeiro dinossauro de Angola
Guiné 63/74 - P15524: Parabéns a você (1005): Miguel Vareta, ex-Fur Mil Com da 38.ª CCOM (Guiné, 1972/74)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 20 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15511: Parabéns a você (1004): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Especias da CCAV 8350 e CCAÇ 11 (Guiné, 1972/74)
Nota do editor
Último poste da série de 20 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15511: Parabéns a você (1004): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Especias da CCAV 8350 e CCAÇ 11 (Guiné, 1972/74)
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Guiné 63/74 - P15523: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (9): Abel Santos; António Paiva; Luiz Fonseca; Alberto Sousa e Silva; Vasco Pires e Albino Silva
1. Do nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69):
2. Do nosso camarada António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70:
3. Do nosso camarada Luiz Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, o seu postal natalício:
4. Postal de Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70
5. Mensagem natalícia do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72):
Luís e Carlos,
Aqui de longe (mas tão perto) envio votos de Boas Festas a toda a Tabanca Grande.
Porém, nas posso deixar passar a oportunidade de saudar toda equipa editorial, pela dedicação e perseverança para manter viva a voz de uma geração, que muitos gostariam de calar, como se assim pudessem sepultar o passado próximo.
Forte abraço a todos
Vasco Pires
6. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70:
Boas Festas para a Tabanca Grande e todos os Tertulianos, mas Também e em Especial para os Chefes de Tabanca e ao Carlos Vinhal.
Feliz Natal e um Novo Ano cheio de coisas Boas entre elas muita Saúde.
Junto um Grande Abraço,
Albino Silva
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15521: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (8): Luciana Saraiva Guerra, empresária luso-brasileira, sobrinha do ex-capitão comando Maurício Saraiva
************
2. Do nosso camarada António Paiva, ex-Soldado Condutor Auto no HM 241, Bissau, 1968/70:
Boas Festas e Feliz Natal para toda a Tertúlia
************
3. Do nosso camarada Luiz Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, o seu postal natalício:
************
4. Postal de Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70
************
5. Mensagem natalícia do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72):
Luís e Carlos,
Aqui de longe (mas tão perto) envio votos de Boas Festas a toda a Tabanca Grande.
Porém, nas posso deixar passar a oportunidade de saudar toda equipa editorial, pela dedicação e perseverança para manter viva a voz de uma geração, que muitos gostariam de calar, como se assim pudessem sepultar o passado próximo.
Forte abraço a todos
Vasco Pires
************
6. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70:
Boas Festas para a Tabanca Grande e todos os Tertulianos, mas Também e em Especial para os Chefes de Tabanca e ao Carlos Vinhal.
Feliz Natal e um Novo Ano cheio de coisas Boas entre elas muita Saúde.
Junto um Grande Abraço,
Albino Silva
____________
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15521: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (8): Luciana Saraiva Guerra, empresária luso-brasileira, sobrinha do ex-capitão comando Maurício Saraiva
Guiné 63/74 - P15522: Ser solidário (192): A Associação Tabanca Pequena de Matosinhos - Grupo de Amigos da Guiné-Bissau continua a sua ação de apoio às comunidades locais (José Teixeira)
1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), falando-nos da Associação Tabanca Pequena - Grupos de Amigos da Guiné-Bissau, que não desarma na sua missão de ajudar as comunidades locais daquele país tão pobre, logo bem necessitado da ajuda de todos:
A Associação Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, continua a sua ação de apoio às comunidades locais da Guiné-Bissau. São muitas as necessidades e muitas as formas possíveis para as minimizar, com a nossa ajuda e com a participação ativa dos povos autóctones.
Há diversas Associações no terreno, cada qual com as suas especificidades. A Tabanca Pequena voltou-se para a saúde e bem-estar, o apoio à infância e o desenvolvimento local, entre outras formas de agir em prol do desenvolvimento local.
Apostou na qualidade da água e sobretudo em “trazê-la” para a tabanca. Na realidade ela anda por perto, mas a cerca de vinte metros abaixo da superfície e as populações vão buscá-la, por vezes a três/quatro quilómetros de distância. A solução foi abrir poços nas Tabancas. Abrimos seis e estamos a caminho do sétimo.
Outra aposta foi a fixação da juventude na sua terra, através do investimento local em formas de desenvolvimento. Uma das soluções foi enviar máquinas de costura e fomentar a criação de pequenas associações de mulheres nas tabancas do interior para a aprendizagem da arte de costurar. Já lá estão trinta e três máquinas tipo Singer. Dinamizaram-se associações de jovens bajudas em Iemberém, Catesse e Cabedú. Fomentou-se a criação de uma escola de costura em S. Domingos e estão previstas a abertura de uma escola de tinturaria artesanal e costura em Bissau e outra em Varela. Colocaram-se máquinas em Colibuia, Gandembel, Gadamael, Sangonhá e Djabicunda
No apoio à educação, apoiamos com material pedagógico, brinquedos, livros, mesas e cadeiras um infantário. Enviamos milhares de livros para as bibliotecas escolares, livros escolares e material escolar e pedagógico para diversas escolas.
Fizemos parcerias com outras ONGD nacionais e locais para melhor atingirmos os projetos de interesse e envolvimento comum.
Partimos agora para uma experiência nova – A BIBLIOMOTA.
Em parceria com a ONGD Na Rota dos Povos que tem desenvolvido um excelente trabalho no campo de apoio ao ensino nas Tabancas do Sul da Guiné, vamos dinamizar um projeto de leitura “todo o terreno”.
Uma das grandes dificuldades das crianças, jovens e mesmo até os adultos é ter livros de qualidade para ler. Foram-se criando bibliotecas numa ou noutra escola, mas as tabancas são muitas, algumas não têm escola e as que têm essa sorte, deparam-se com muitas dificuldades desde o espaço físico à falta do mais diverso material e livros. Urge dinamizar a leitura de português.
Nada melhor do que em parceria com a Rota dos Povos e uma ONGD local, pôr no terreno uma moto adaptada, para alguém andar de tabanca em tabanca, em circuitos devidamente organizados e levar e recolher livros de leitura em português.
O Plano está em marcha e a mota já seguiu para a Guiné.
Juntamos fotografias de alguns dos trabalhos desenvolvidos pela ONGD Na Rota dos Povos e naturalmente algumas fotos da “menina dos nossos olhos - a BILBLIOMOTA
____________
Nota do editor
Último poste da série de 20 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15512: Ser solidário (191): Agora quem ajuda a "Ajuda Amiga"? (...) "Vamos ficar sem armazéns na Amadora, procuramos um novo espaço, não paramos... Seguem em janeiro de 2016, para a Guiné-Bissau, dois contentores com mais de 1400 volumes, são cerca de 22 toneladas... Com este envio ultrapassamos as 200 toneladas de bens enviados, e entre eles mais de 200 mil livros"... (Carlos Fortunato / Carlos Silva)
A Associação Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau, continua a sua ação de apoio às comunidades locais da Guiné-Bissau. São muitas as necessidades e muitas as formas possíveis para as minimizar, com a nossa ajuda e com a participação ativa dos povos autóctones.
Há diversas Associações no terreno, cada qual com as suas especificidades. A Tabanca Pequena voltou-se para a saúde e bem-estar, o apoio à infância e o desenvolvimento local, entre outras formas de agir em prol do desenvolvimento local.
Apostou na qualidade da água e sobretudo em “trazê-la” para a tabanca. Na realidade ela anda por perto, mas a cerca de vinte metros abaixo da superfície e as populações vão buscá-la, por vezes a três/quatro quilómetros de distância. A solução foi abrir poços nas Tabancas. Abrimos seis e estamos a caminho do sétimo.
Outra aposta foi a fixação da juventude na sua terra, através do investimento local em formas de desenvolvimento. Uma das soluções foi enviar máquinas de costura e fomentar a criação de pequenas associações de mulheres nas tabancas do interior para a aprendizagem da arte de costurar. Já lá estão trinta e três máquinas tipo Singer. Dinamizaram-se associações de jovens bajudas em Iemberém, Catesse e Cabedú. Fomentou-se a criação de uma escola de costura em S. Domingos e estão previstas a abertura de uma escola de tinturaria artesanal e costura em Bissau e outra em Varela. Colocaram-se máquinas em Colibuia, Gandembel, Gadamael, Sangonhá e Djabicunda
No apoio à educação, apoiamos com material pedagógico, brinquedos, livros, mesas e cadeiras um infantário. Enviamos milhares de livros para as bibliotecas escolares, livros escolares e material escolar e pedagógico para diversas escolas.
Fizemos parcerias com outras ONGD nacionais e locais para melhor atingirmos os projetos de interesse e envolvimento comum.
Partimos agora para uma experiência nova – A BIBLIOMOTA.
Em parceria com a ONGD Na Rota dos Povos que tem desenvolvido um excelente trabalho no campo de apoio ao ensino nas Tabancas do Sul da Guiné, vamos dinamizar um projeto de leitura “todo o terreno”.
Uma das grandes dificuldades das crianças, jovens e mesmo até os adultos é ter livros de qualidade para ler. Foram-se criando bibliotecas numa ou noutra escola, mas as tabancas são muitas, algumas não têm escola e as que têm essa sorte, deparam-se com muitas dificuldades desde o espaço físico à falta do mais diverso material e livros. Urge dinamizar a leitura de português.
Nada melhor do que em parceria com a Rota dos Povos e uma ONGD local, pôr no terreno uma moto adaptada, para alguém andar de tabanca em tabanca, em circuitos devidamente organizados e levar e recolher livros de leitura em português.
O Plano está em marcha e a mota já seguiu para a Guiné.
Juntamos fotografias de alguns dos trabalhos desenvolvidos pela ONGD Na Rota dos Povos e naturalmente algumas fotos da “menina dos nossos olhos - a BILBLIOMOTA
____________
Nota do editor
Último poste da série de 20 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15512: Ser solidário (191): Agora quem ajuda a "Ajuda Amiga"? (...) "Vamos ficar sem armazéns na Amadora, procuramos um novo espaço, não paramos... Seguem em janeiro de 2016, para a Guiné-Bissau, dois contentores com mais de 1400 volumes, são cerca de 22 toneladas... Com este envio ultrapassamos as 200 toneladas de bens enviados, e entre eles mais de 200 mil livros"... (Carlos Fortunato / Carlos Silva)
Guiné 63/74 - P15521: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (8): Luciana Saraiva Guerra, empresária luso-brasileira, sobrinha do ex-capitão comando Maurício Saraiva
Cartão de boas festas mandado pela nossa amiga luso-brasileira, Luciana Andrade Guerra, ou Luciana Saraiva Guerra, empresária a viver em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, sobrinha do ex-capitão comando Maurício Saraiva (, condecorado em 1970, com o grau de oficial da Ordem Miitar da Torre e Espada, falecido com o posto de coronel), e nossa grã-tabanqueira nº 616.
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15517: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (7): Os nossos Natais (Francisco Baptista)
Último poste da série > 20 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15517: Feliz Natal / Filis Natal / Merry Christmas / Feliz Navidad / Bon Nadal / Joyeuz Noël / Buon Natale / Frohe Weihnachten / God Jul / Καλά Χριστούγεννα / חַג מוֹלָד שָׂמֵח / عيد ميلاد مجيد / 聖誕快樂 / С Рождеством (7): Os nossos Natais (Francisco Baptista)
Guiné 63/74 - P15520: Notas de leitura (790): “Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973 (1) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Março de 2015:
Queridos amigos,
Há soberbos relatos de caçadas na Guiné, basta recordar João Augusto Silva, irmão de Artur Augusto Silva, este marido da Sr.ª D.ª Clara Schwarz. Mas esta obra de Júlio de Araújo Ferreira surpreende-nos a todos: aquela Guiné de finais de 1940 já não existia, literalmente já não existia, quando ali chegámos.
O caçador fala deslumbrado de Guileje e Madina do Boé, e nós perguntamos se foi mesmo assim, mas todo este relato é apaixonado, está cinzelado pelo permanente arrebatamento do caçador.
Uma obra que merecia ser reeditada, uma memória única, alguém que, 25 anos depois, em 1973, desvela os seus amores pelas terras, pelas gentes e pelos bichos.
Comove e dá que pensar.
Um abraço do
Mário
Bichos da Guiné, por Júlio de Araújo Ferreira (1)
Beja Santos
“Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973, permite uma leitura fascinante sobre o mundo cinegético guineense na segunda metade dos anos 1940, em localidades que nos deixarão estupefactos, este caçador calcorreou de Contabane a Madina do Boé, deliciou-se no Cantanhez e com Guileje, irá falar de elefantes, búfalos, antílopes, hipopótamos, de muitas aves, dissertará sobre a proteção das espécies e podemos ouvi-lo glorificar, extasiado, a Lagoa de Cufada.
Viveu na Guiné de 1945 a 1948 e diz abertamente que a matéria deste livro é apenas fruto da sua observação pessoal. O seu primeiro relato é a viagem que faz de Contabane ao Boé e Banjara. É um autor que não esconde o estilo caligráfico muito impressivo dos naturalistas, ei-lo a sair de Bolama a caminho do continente: “Nas águas estanhadas, apenas uma suave ondulação. Os remadores manobram com desenvoltura os remos toscos, talhados a catana. De tempos a tempos, para dar maior poder à remada, levantam-se por completo no banco que lhes fica em frente, onde apoiam os pés. Uma cantilena bárbara, anima-os e dá-lhes o ritmo. Verdadeiros bronzes; nos corpos nus, lustrosos de suor, os músculos desenham-se a cada movimento, com uma nitidez impressionante”. Durante a viagem regista a presença de melros, de rolas, perdizes, gazelas, porcos. O grande espetáculo são os macacos cães. Contabane, escreve, era uma simpática tabanca de Fulas. Descansa, pois tem duzentos quilómetros à frente até Pitche. Ficamos então a saber que é militar. Parte com o pisteiro, Bárcar Baldé, e o cozinheiro, um rapaz Balanta conhecido por “Um”. Fala das suas armas: um revólver "ponto" 357 Magnum, três carabinas e a inseparável caçadeira, uma velha Sarasqueta calibre 12. Pelo caminho, vai observando as manifestações da vida animal: Búfalos e búbalos, gazelas, vários antílopes. Demora-se a fotografar baga-baga. E chegam a Saala, precisam de comida e ele abate um “frintambá” (cabra de mato). E fala de uma operação curiosa: “A água da cacimba está bastante turva, leitosa. Findo o jantar experimento filtrá-la, fazendo-a passar através de umas ligeiras camadas de areia, que coloquei, alternadamente com outras de carvão da fogueira, dentro de uma lata de Ovomaltine, no fundo da qual abri alguns buracos. Consegui que a água saísse límpida, mas o nosso improvisado filtro deu pouco rendimento”. Mal amanhece, vão montear. Descobrem rastos frescos de um pequeno grupo de elefantes. Lá vão, pé ante pé, à procura de um búfalo. E temos o caçador a falar tecnicamente a sua caça, depois de o abater: “É um bonito bicho, um dos melhores exemplares que me foi dado ver na Guiné. Encontro 1,37 m de altura no garrote e 2,26 m de comprimento do focinho à raiz da cauda. Um olho perdido, em resultado de qualquer antiga refrega, que lhe produziu um extenso ferimento, já cicatrizado”.
Vai fazendo fotografias, enquanto o búfalo é retalhado, o “Um” prepara-lhe umas iscas estupendas. E partem para Madina Dongo, são 25 quilómetros mas parecem-lhe 100. Chegam ao Corubal, que ele acha um rio magnífico: “O Corubal começa a ser belo desde os rápidos de Cusselinta, a poucos quilómetros do Xitole. Daí para montante é um rio verdadeiramente encantador, de margens firmes, ornamentadas em grande parte por uma vegetação luxuriante, limpo, de águas claras, que se espraiam e demoram em tranquilos remansos”. Está extasiado com o rio, o pôr-do-sol parece-lhe um espetáculo feérico. As descrições sucedem-se umas às outras, o caçador vagabundo toma nota de todos os bichos que avista. Seguem de Gobige para Guileje e comenta: “A região continua a ser das mais bonitas que tenho percorrido na Guiné. Muito arborizada, com árvores de bom porte. De vez em quando, num ou noutro vale, um grupo de palmeiras. Lalas e campadas, estão semeadas, em profusão, de cogumelos de baga-baga”. E sente-se deslumbrado com as encostas do Boé. Fala de Guileje: “Impressionou-me, logo à chegada, muito favoravelmente. Uma pitoresca tabanca, melhor e mais cuidada que qualquer das anteriores, encaixilhada entre pequenas ondulações, muito verdejante e animada por passarada vária. A maior quantidade de aves aqui reunida, deve-se à existência de lavras e à própria tabanca”. Fica acordado que irão montear no dia seguinte para os lados do Corubal. Comida nunca falta, tiro aqui tiro acolá caem umas perdizes abatem-se porcos. E chegam a Madina de Boé: “O régulo, Mamadú Alfá Djaló, recebeu-nos principescamente. Na sala, um grande retrato do governador Sarmento Rodrigues com dedicatória, o governador dormira aqui em 17 de Junho de 1947”. Refere o comércio entre o Boé e Gabu Sara (Nova Lamego). Vivem muitos Fulas em Madina: Futa-Fulas Forros, Futa-Fulas Pretos, sobretudo. O caçador conversa com o régulo: “Falámos de um importante melhoramento já ordenado pelo governador: a construção de uma estrada ligando Madina do Boé a Contabane, cujo traçado deveria seguir, sem grandes alterações o itinerário que acabámos de percorrer. Escusado será enaltecer os benefícios de tal obra, permitindo prestar assistência, de vária ordem, a mais uma série de povos, encurtando consideravelmente as ligações de Madina com o mar, com Cacine, Catió, Xitole, Bolama”.
Vão visitar a Lagoa de Tchiamu, grande, com bastante água, mas inferior à de Cufada, há para ali pratos de várias famílias, gansos e frangos de água, e muitos mais, Tchiamu é um verdadeiro santuário de passarada. Nisto, rebenta uma chuvada africana: “A tempestade avançava a passos agigantados, e o céu, cada vez mais negro, revestira-se de um aspeto sinistro, medonho. E nós, míseros mortais, quase correndo, envolvidos por uma luz estranha, que parecia anunciar o fim do mundo”. Conseguem chegar à tabanca quando o céu despeja toda a água, os relâmpagos eram contínuos. E depois a chuva cessou por completo. Na manhã seguinte deixam o Boé a caminho de Gabu Saara, povoação que o autor não apreciou. A viagem segue até Bafatá, daqui passeia-se até Dando e Contuboel. Minuciosamente, regista rolas, pica-peixes, tudo quanto anda pelas árvores e pelos solos. E assim chegam a Banjara, vai à caça e abate dois hipopótamos. Chegou a hora do regresso, encaminham-se para o Xitole, depois Bambadinca, cambança do Corubal no Xitole, e depois de Buba até S. João, com uma curta paragem em Fulacunda. Faz referência a dois grandes passarões negros, os “calaos”, pássaros tristes e sombrios. Sente-se feliz e contente, traz um braçado de magníficas recordações para desbobinar nas horas chochas da velhice e dos reumatismos.
E para surpresa do leitor, naquele tempo havia mesmo elefantes na Guiné, como veremos mais adiante.
(Continua)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 18 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15503: Notas de leitura (789): “Esculturas e objetos decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar”, Edição da Junta de Investigações do Ultramar, 1971 (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Há soberbos relatos de caçadas na Guiné, basta recordar João Augusto Silva, irmão de Artur Augusto Silva, este marido da Sr.ª D.ª Clara Schwarz. Mas esta obra de Júlio de Araújo Ferreira surpreende-nos a todos: aquela Guiné de finais de 1940 já não existia, literalmente já não existia, quando ali chegámos.
O caçador fala deslumbrado de Guileje e Madina do Boé, e nós perguntamos se foi mesmo assim, mas todo este relato é apaixonado, está cinzelado pelo permanente arrebatamento do caçador.
Uma obra que merecia ser reeditada, uma memória única, alguém que, 25 anos depois, em 1973, desvela os seus amores pelas terras, pelas gentes e pelos bichos.
Comove e dá que pensar.
Um abraço do
Mário
Bichos da Guiné, por Júlio de Araújo Ferreira (1)
Beja Santos
“Bichos da Guiné, Caça, fauna, natureza”, por Júlio de Araújo Ferreira, Edição de Autor, 1973, permite uma leitura fascinante sobre o mundo cinegético guineense na segunda metade dos anos 1940, em localidades que nos deixarão estupefactos, este caçador calcorreou de Contabane a Madina do Boé, deliciou-se no Cantanhez e com Guileje, irá falar de elefantes, búfalos, antílopes, hipopótamos, de muitas aves, dissertará sobre a proteção das espécies e podemos ouvi-lo glorificar, extasiado, a Lagoa de Cufada.
Viveu na Guiné de 1945 a 1948 e diz abertamente que a matéria deste livro é apenas fruto da sua observação pessoal. O seu primeiro relato é a viagem que faz de Contabane ao Boé e Banjara. É um autor que não esconde o estilo caligráfico muito impressivo dos naturalistas, ei-lo a sair de Bolama a caminho do continente: “Nas águas estanhadas, apenas uma suave ondulação. Os remadores manobram com desenvoltura os remos toscos, talhados a catana. De tempos a tempos, para dar maior poder à remada, levantam-se por completo no banco que lhes fica em frente, onde apoiam os pés. Uma cantilena bárbara, anima-os e dá-lhes o ritmo. Verdadeiros bronzes; nos corpos nus, lustrosos de suor, os músculos desenham-se a cada movimento, com uma nitidez impressionante”. Durante a viagem regista a presença de melros, de rolas, perdizes, gazelas, porcos. O grande espetáculo são os macacos cães. Contabane, escreve, era uma simpática tabanca de Fulas. Descansa, pois tem duzentos quilómetros à frente até Pitche. Ficamos então a saber que é militar. Parte com o pisteiro, Bárcar Baldé, e o cozinheiro, um rapaz Balanta conhecido por “Um”. Fala das suas armas: um revólver "ponto" 357 Magnum, três carabinas e a inseparável caçadeira, uma velha Sarasqueta calibre 12. Pelo caminho, vai observando as manifestações da vida animal: Búfalos e búbalos, gazelas, vários antílopes. Demora-se a fotografar baga-baga. E chegam a Saala, precisam de comida e ele abate um “frintambá” (cabra de mato). E fala de uma operação curiosa: “A água da cacimba está bastante turva, leitosa. Findo o jantar experimento filtrá-la, fazendo-a passar através de umas ligeiras camadas de areia, que coloquei, alternadamente com outras de carvão da fogueira, dentro de uma lata de Ovomaltine, no fundo da qual abri alguns buracos. Consegui que a água saísse límpida, mas o nosso improvisado filtro deu pouco rendimento”. Mal amanhece, vão montear. Descobrem rastos frescos de um pequeno grupo de elefantes. Lá vão, pé ante pé, à procura de um búfalo. E temos o caçador a falar tecnicamente a sua caça, depois de o abater: “É um bonito bicho, um dos melhores exemplares que me foi dado ver na Guiné. Encontro 1,37 m de altura no garrote e 2,26 m de comprimento do focinho à raiz da cauda. Um olho perdido, em resultado de qualquer antiga refrega, que lhe produziu um extenso ferimento, já cicatrizado”.
Vai fazendo fotografias, enquanto o búfalo é retalhado, o “Um” prepara-lhe umas iscas estupendas. E partem para Madina Dongo, são 25 quilómetros mas parecem-lhe 100. Chegam ao Corubal, que ele acha um rio magnífico: “O Corubal começa a ser belo desde os rápidos de Cusselinta, a poucos quilómetros do Xitole. Daí para montante é um rio verdadeiramente encantador, de margens firmes, ornamentadas em grande parte por uma vegetação luxuriante, limpo, de águas claras, que se espraiam e demoram em tranquilos remansos”. Está extasiado com o rio, o pôr-do-sol parece-lhe um espetáculo feérico. As descrições sucedem-se umas às outras, o caçador vagabundo toma nota de todos os bichos que avista. Seguem de Gobige para Guileje e comenta: “A região continua a ser das mais bonitas que tenho percorrido na Guiné. Muito arborizada, com árvores de bom porte. De vez em quando, num ou noutro vale, um grupo de palmeiras. Lalas e campadas, estão semeadas, em profusão, de cogumelos de baga-baga”. E sente-se deslumbrado com as encostas do Boé. Fala de Guileje: “Impressionou-me, logo à chegada, muito favoravelmente. Uma pitoresca tabanca, melhor e mais cuidada que qualquer das anteriores, encaixilhada entre pequenas ondulações, muito verdejante e animada por passarada vária. A maior quantidade de aves aqui reunida, deve-se à existência de lavras e à própria tabanca”. Fica acordado que irão montear no dia seguinte para os lados do Corubal. Comida nunca falta, tiro aqui tiro acolá caem umas perdizes abatem-se porcos. E chegam a Madina de Boé: “O régulo, Mamadú Alfá Djaló, recebeu-nos principescamente. Na sala, um grande retrato do governador Sarmento Rodrigues com dedicatória, o governador dormira aqui em 17 de Junho de 1947”. Refere o comércio entre o Boé e Gabu Sara (Nova Lamego). Vivem muitos Fulas em Madina: Futa-Fulas Forros, Futa-Fulas Pretos, sobretudo. O caçador conversa com o régulo: “Falámos de um importante melhoramento já ordenado pelo governador: a construção de uma estrada ligando Madina do Boé a Contabane, cujo traçado deveria seguir, sem grandes alterações o itinerário que acabámos de percorrer. Escusado será enaltecer os benefícios de tal obra, permitindo prestar assistência, de vária ordem, a mais uma série de povos, encurtando consideravelmente as ligações de Madina com o mar, com Cacine, Catió, Xitole, Bolama”.
Vão visitar a Lagoa de Tchiamu, grande, com bastante água, mas inferior à de Cufada, há para ali pratos de várias famílias, gansos e frangos de água, e muitos mais, Tchiamu é um verdadeiro santuário de passarada. Nisto, rebenta uma chuvada africana: “A tempestade avançava a passos agigantados, e o céu, cada vez mais negro, revestira-se de um aspeto sinistro, medonho. E nós, míseros mortais, quase correndo, envolvidos por uma luz estranha, que parecia anunciar o fim do mundo”. Conseguem chegar à tabanca quando o céu despeja toda a água, os relâmpagos eram contínuos. E depois a chuva cessou por completo. Na manhã seguinte deixam o Boé a caminho de Gabu Saara, povoação que o autor não apreciou. A viagem segue até Bafatá, daqui passeia-se até Dando e Contuboel. Minuciosamente, regista rolas, pica-peixes, tudo quanto anda pelas árvores e pelos solos. E assim chegam a Banjara, vai à caça e abate dois hipopótamos. Chegou a hora do regresso, encaminham-se para o Xitole, depois Bambadinca, cambança do Corubal no Xitole, e depois de Buba até S. João, com uma curta paragem em Fulacunda. Faz referência a dois grandes passarões negros, os “calaos”, pássaros tristes e sombrios. Sente-se feliz e contente, traz um braçado de magníficas recordações para desbobinar nas horas chochas da velhice e dos reumatismos.
E para surpresa do leitor, naquele tempo havia mesmo elefantes na Guiné, como veremos mais adiante.
(Continua)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 18 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15503: Notas de leitura (789): “Esculturas e objetos decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar”, Edição da Junta de Investigações do Ultramar, 1971 (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P15519: Agenda cultural (448): Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa, hoje, dia 21, 19h00: conferência de Natal do Programa Ciência Viva com o paleontólogo Octávio Mateus, investigador no Museu da Lourinhã, e a quem se deve a descoberta do primeiro dinossauro de Angola
Conferência de Natal do Programa Ciência Viva
com o paleontólogo Octávio Mateus, investigador no Museu da Lourinhã
O programa Ciência Viva vai realizar mais uma conferência de Natal. A deste ano é subordinada ao tema "Na peugada dos dinossauros". O orador é o paleontólogo Octávio Mateus, investigador no Museu da Lourinhã, e vai realizar-se no próximo dia 21 de dezembro, às 19h, no Teatro D. Maria II em Lisboa.
O nosso blogue associa-se com gosto a esta iniciativa, que conta com a colaboração do Museu da Lourinhã, a que o nosso editor Luís Graça está de há muito ligado, como sócio e antigo membro dos corpos sociais.
A participação nesta atividade é gratuita, carecendo, contudo, de inscrição prévia. Os nossos leitores, interessados neste campo apaixonante das ciências da terra e da vida, poderão fazer a sua inscrição através deste link. (Fonte: adaptado de Museu da Lourinhã > Notícias)
(i) é biólogo (pela Universidade de Évora) e paleontólogo, doutorado pela Universidade Nova de Lisboa (em 2005);
(ii) vive na Lourinhã, onde colabora com o Museu da Lourinhã, conhecido pela sua importante colecção de dinossauros;
(iii) tem-se empenhado no estudo dos dinossauros do Jurássico Superior de Portugal;
(iv) tem publicado vários artigos científicos nas revistas nacionais e internacionais da especialidade, incluindo na prestigiada revista Nature;
(v) batizou, como novas espécies para a Ciência, os dinossauros Lourinhanosaurus antunesi (1998), Dinheirosaurus lourinhanensis (1999), Tangvayosaurus hoffeti (1999), Draconyx loureiroi (2001), Lusotitan atalaiensis (2003), Europasaurus holgeri (2006), e Allosaurus europaeus (2006), Angolatitan adamastor (2011);
(vi) desde 1991 que todos os anos realiza escavações de dinossauros e outros vertebrados;
(vi) desde 1991 que todos os anos realiza escavações de dinossauros e outros vertebrados;
(vii) em Angola descobriu o primeiro dinossauro daquele país, no âmbito de um projecto na área de paleontologia de vertebrados entre Portugal e este país;
(viii) colabora com diversas instituições científicas internacionais, sendo o conselheiro científico da fundação alemã Verein zur Förderung der niedersächsischen Paläontologie;
(ix) o seu interesse por dinossauros fizeram-no viajar pelos Estados Unidos, Brasil, Laos, Tunísia, Moçambique, Marrocos, Mongólia, África do Sul e Angola.
Fonte: página pessoal de Octávio Mateus (com a devida vénia)
____________
Nota do editor:
Último poste da série > 14 de dezembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15489: Agenda cultural (447): Lançamento do 22.º livro, "As Guerras do Capitão Agostinho", de Carlos Gueifão e da reedição do 5.º livro, "Arcanjos e Bons Demónios", de Daniel Gouveia, no dia 15 de Dezembro de 2015, pelas 15 horas, na Livraria-Galeria Municipal Verney/Colecção Neves e Sousa, Oeiras (Manuel Barão da Cunha)
domingo, 20 de dezembro de 2015
Guiné 63/74 - P15518: Efemérides (206): Há 44 anos estávamos nos preparativos para embarcar, o que se veio a efectivar no dia 18 de Dezembro de 1971 (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas)
1. Mensagem do nosso camarada Juvenal
Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 14 de Dezembro de 2015:
Caros camaradas
Há 44 anos estávamos nos preparativos para embarcar o que se veio a efectivar no dia 18 de Dezembro de 1971.
De madrugada, depois de andarmos toda a noite de comboio, embarcamos e é uma das fotos do nosso embarque que vos mando.
Juvenal Amado
Detesto chuva
Chuva e frio ainda mais. Se pudesse, passaria os verões em Portugal e os invernos nos brasis com caipirinhas, churrascos, banhos de mar e a ouvir aquela música maravilhosa que eles têm.
Se calhar tenho uma veia tropicalíssima, pois por lá também não gostam de chuva. Há até uma pequena estória da autoria de Juca Chaves sobre os soldados brasileiros que combateram na II Guerra Mundial, que se me dão licença passo a resumir.
Estavam os batalhões mobilizados* em parada, a ouvir o comandante-chefe enaltecer o patriotismo, a coragem, a solidariedade, a capacidade de sacrifício, a prometer que eles defenderiam o bom nome brasileiro até à última gota de sangue, quando se ouviu lá do meio das fileiras:
- Meu general e se "chovê?”
E logo perante a satisfação geral, ele respondeu no tom mais marcial possível
- Bem, se "chovê", não vamos!
O assunto ficou logo ali arrumado.
Ao contrário por cá, também tivemos grandes discursos, e alguns camaradas que iam para Angola, viram os aviões a meio da noite desviados da sua rota. Eles que iam um bocado mais descansados quanto ao destino, Angola, acordaram para sua surpresa na Guiné.
Chamou-se a isso ter o pesadelo não quando dormiam, mas quando acordaram.
Bem eu não fui enganado, diga-se de passagem, e vi aquele horizonte vermelho vir ao meu encontro lentamente.
Então passei a sofrer de uma secura que não passava de maneira nenhuma, para mais que tinha saído de cá depois de ter apanhado com alguns rigores do Inverno, que nos dá Novembro e Dezembro.
Cá andava então gelado, com os lábios gretados e frieiras até na ponta das orelhas 24 horas por dia, em especial na “colónia de férias” que era Santa Margarida, a seguir Abrantes também pouco melhor, que até fiquei satisfeito pela mobilização. Ao menos acabava-se com o frio.
Mas como diz o ditado, não há fome que não dê em fartura, durante 27 meses não dei vazão às suadelas, à micose e à lica. Passava assim da fórmula 5 para fórmula 8 e era ver quem os tinha mais em sangue na hora do tratamento.
Talvez pior que a sede fosse o nosso organismo a clamar por fresquidão. Só na fase final da comissão comecei a ter frio nas noites de cacimbo.
Voltando à chuva, um dia levantou-se um vento fortíssimo com rodopios a levantar pó, que não se via nada. Vieram as trovoadas de caminho, parecia que os céus se abriam em cascatas de água suja de pó. A malta correu para a chuva tão ansiada em cuecas, em calções alguns, até com sabão na mão, mas acabamos por ficar cheios de lama e a ter que recorrer ao famoso banho fula para a limparmos. O tempo refrescou por momentos e foi uma sensação agradável.
Depois apanhei grandes molhas nas colunas. Pior que ficar com a farda molhada era o sol abrasador que vinha a seguir, em que víamos a água a evaporar, a percentagem de humidade a dificultar-nos a respiração e um cansaço difícil de suportar.
Um amigo de Alcobaça estava no Ralis em Lisboa quando fui fazer o espólio no dia 4 de Abril de 1974. Disse-me há dias que se lembra de eu chegar e a cor que trazia era cor-de-terra. Quase não me conheceu, pois para além da cor, pelo nosso comportameno, não éramos os mesmos que tínhamos ido para lá. Trouxemos aquela terra vermelha no espírito mas na cara é que ela se via.
Um abraço
Notas:
- A pequena estória sobre os soldados brasileiros não é de forma nenhuma menosprezá-los e considerá-los menos valentes que os demais soldados de todo o Mundo.
*- Algumas notas sobre a participação dos soldados brasileiros na II Guerra Mundial retiradas do Google.
- Desde 1939, início do conflito, o Brasil assumiu uma posição neutra na Segunda Guerra Mundial. O presidente do Brasil na época era Getúlio Vargas.
Ataques nazis e entrada do Brasil na 2.ª Guerra Mundial
Porém, esta posição de neutralidade acabou em 1942, quando algumas embarcações brasileiras foram atingidas e afundadas por submarinos alemães no Oceano Atlântico. A partir deste momento, Vargas fez um acordo com Roosevelt (Presidente dos Estados Unidos) e o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética, entre outros). Era importante para os Aliados que o Brasil ficasse ao lado deles, em função da posição geográfica estratégica do país e de seu vasto litoral.
Participação efectiva no conflito
A participação militar brasileira foi importante na Segunda Guerra Mundial, pois somou forças na luta contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). O Brasil enviou para a Itália (ocupada pelas forças nazis), em Julho de 1944, 25 mil militares da FEB (Força Expedicionária Brasileira), 42 pilotos e 400 homens de apoio da FAB (Força Aérea Brasileira).
As dificuldades foram muitas, pois o clima era muito frio na região dos Montes Apeninos, além do que os soldados brasileiros não eram acostumados, com relevo montanhoso.
Vitórias
Os militares brasileiros da FEB (também conhecidos como pracinhas) conseguiram, ao lado de soldados aliados, importantes vitórias. Após duras batalhas, os militares brasileiros ajudaram na tomada de Monte Castelo, Turim, Montese e outras cidades.
Apesar das vitórias, centenas de soldados brasileiros morreram em combate. Na Batalha de Monte Castelo (a mais difícil), cerca de 400 militares brasileiros foram mortos.
Outras formas de participação
O Brasil também cedeu bases militares aéreas e navais aos aliados. A principal foi a base militar da cidade de Natal (Rio Grande do Norte) que serviu de local de abastecimento para os aviões dos Estados Unidos.
Foi importante também a participação da Marinha brasileira, que realizou o patrulhamento e a protecção do litoral do seu próprio país, fazendo também a escolta de navios mercantes brasileiros para garantir a defesa contra ataques de submarinos alemães.
Curiosidade:
Nas batalhas em que os militares brasileiros participaram na Segunda Guerra Mundial, cerca de 14 mil soldados alemães se renderam a eles.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 14 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15487: Efemérides (205): Imposição de Medalhas Comemorativas aos Combatentes, dia 8 de Dezembro de 2015, no Regimento de Infantaria 13 de Vila Real (Fernando Súcio)
Caros camaradas
Há 44 anos estávamos nos preparativos para embarcar o que se veio a efectivar no dia 18 de Dezembro de 1971.
De madrugada, depois de andarmos toda a noite de comboio, embarcamos e é uma das fotos do nosso embarque que vos mando.
Juvenal Amado
Detesto chuva
Chuva e frio ainda mais. Se pudesse, passaria os verões em Portugal e os invernos nos brasis com caipirinhas, churrascos, banhos de mar e a ouvir aquela música maravilhosa que eles têm.
Se calhar tenho uma veia tropicalíssima, pois por lá também não gostam de chuva. Há até uma pequena estória da autoria de Juca Chaves sobre os soldados brasileiros que combateram na II Guerra Mundial, que se me dão licença passo a resumir.
Estavam os batalhões mobilizados* em parada, a ouvir o comandante-chefe enaltecer o patriotismo, a coragem, a solidariedade, a capacidade de sacrifício, a prometer que eles defenderiam o bom nome brasileiro até à última gota de sangue, quando se ouviu lá do meio das fileiras:
- Meu general e se "chovê?”
E logo perante a satisfação geral, ele respondeu no tom mais marcial possível
- Bem, se "chovê", não vamos!
O assunto ficou logo ali arrumado.
Ao contrário por cá, também tivemos grandes discursos, e alguns camaradas que iam para Angola, viram os aviões a meio da noite desviados da sua rota. Eles que iam um bocado mais descansados quanto ao destino, Angola, acordaram para sua surpresa na Guiné.
Chamou-se a isso ter o pesadelo não quando dormiam, mas quando acordaram.
O nosso embarque - Lisboa, 18 de Dezembro de 1971
Bem eu não fui enganado, diga-se de passagem, e vi aquele horizonte vermelho vir ao meu encontro lentamente.
Então passei a sofrer de uma secura que não passava de maneira nenhuma, para mais que tinha saído de cá depois de ter apanhado com alguns rigores do Inverno, que nos dá Novembro e Dezembro.
Cá andava então gelado, com os lábios gretados e frieiras até na ponta das orelhas 24 horas por dia, em especial na “colónia de férias” que era Santa Margarida, a seguir Abrantes também pouco melhor, que até fiquei satisfeito pela mobilização. Ao menos acabava-se com o frio.
Mas como diz o ditado, não há fome que não dê em fartura, durante 27 meses não dei vazão às suadelas, à micose e à lica. Passava assim da fórmula 5 para fórmula 8 e era ver quem os tinha mais em sangue na hora do tratamento.
Talvez pior que a sede fosse o nosso organismo a clamar por fresquidão. Só na fase final da comissão comecei a ter frio nas noites de cacimbo.
Voltando à chuva, um dia levantou-se um vento fortíssimo com rodopios a levantar pó, que não se via nada. Vieram as trovoadas de caminho, parecia que os céus se abriam em cascatas de água suja de pó. A malta correu para a chuva tão ansiada em cuecas, em calções alguns, até com sabão na mão, mas acabamos por ficar cheios de lama e a ter que recorrer ao famoso banho fula para a limparmos. O tempo refrescou por momentos e foi uma sensação agradável.
Depois apanhei grandes molhas nas colunas. Pior que ficar com a farda molhada era o sol abrasador que vinha a seguir, em que víamos a água a evaporar, a percentagem de humidade a dificultar-nos a respiração e um cansaço difícil de suportar.
Um amigo de Alcobaça estava no Ralis em Lisboa quando fui fazer o espólio no dia 4 de Abril de 1974. Disse-me há dias que se lembra de eu chegar e a cor que trazia era cor-de-terra. Quase não me conheceu, pois para além da cor, pelo nosso comportameno, não éramos os mesmos que tínhamos ido para lá. Trouxemos aquela terra vermelha no espírito mas na cara é que ela se via.
Um abraço
******
Notas:
- A pequena estória sobre os soldados brasileiros não é de forma nenhuma menosprezá-los e considerá-los menos valentes que os demais soldados de todo o Mundo.
*- Algumas notas sobre a participação dos soldados brasileiros na II Guerra Mundial retiradas do Google.
- Desde 1939, início do conflito, o Brasil assumiu uma posição neutra na Segunda Guerra Mundial. O presidente do Brasil na época era Getúlio Vargas.
Ataques nazis e entrada do Brasil na 2.ª Guerra Mundial
Porém, esta posição de neutralidade acabou em 1942, quando algumas embarcações brasileiras foram atingidas e afundadas por submarinos alemães no Oceano Atlântico. A partir deste momento, Vargas fez um acordo com Roosevelt (Presidente dos Estados Unidos) e o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados (Estados Unidos, Inglaterra, França, União Soviética, entre outros). Era importante para os Aliados que o Brasil ficasse ao lado deles, em função da posição geográfica estratégica do país e de seu vasto litoral.
Participação efectiva no conflito
A participação militar brasileira foi importante na Segunda Guerra Mundial, pois somou forças na luta contra os países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália). O Brasil enviou para a Itália (ocupada pelas forças nazis), em Julho de 1944, 25 mil militares da FEB (Força Expedicionária Brasileira), 42 pilotos e 400 homens de apoio da FAB (Força Aérea Brasileira).
As dificuldades foram muitas, pois o clima era muito frio na região dos Montes Apeninos, além do que os soldados brasileiros não eram acostumados, com relevo montanhoso.
Vitórias
Os militares brasileiros da FEB (também conhecidos como pracinhas) conseguiram, ao lado de soldados aliados, importantes vitórias. Após duras batalhas, os militares brasileiros ajudaram na tomada de Monte Castelo, Turim, Montese e outras cidades.
Apesar das vitórias, centenas de soldados brasileiros morreram em combate. Na Batalha de Monte Castelo (a mais difícil), cerca de 400 militares brasileiros foram mortos.
Outras formas de participação
O Brasil também cedeu bases militares aéreas e navais aos aliados. A principal foi a base militar da cidade de Natal (Rio Grande do Norte) que serviu de local de abastecimento para os aviões dos Estados Unidos.
Foi importante também a participação da Marinha brasileira, que realizou o patrulhamento e a protecção do litoral do seu próprio país, fazendo também a escolta de navios mercantes brasileiros para garantir a defesa contra ataques de submarinos alemães.
Curiosidade:
Nas batalhas em que os militares brasileiros participaram na Segunda Guerra Mundial, cerca de 14 mil soldados alemães se renderam a eles.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 14 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15487: Efemérides (205): Imposição de Medalhas Comemorativas aos Combatentes, dia 8 de Dezembro de 2015, no Regimento de Infantaria 13 de Vila Real (Fernando Súcio)
Subscrever:
Mensagens (Atom)