quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21820: Usados & Achados: pensamentos para aumentar a nossa resiliência em mais um "annus horribilis"(5): Contra a Covid-19 e a pérfida caixinha de Pandora que vem sempre associada às pandemias, a palavra de ordem é: Confinemo-nos, sim, camaradas!... Mas não nos (con)finemos, ámen! (Luís Graça)



Um livro que ando a ler e recomendo...


Focha técnica:

Título: Epidemias e Socieade: da Peste Negra ao presnete.
Autor: Frank M. Snowden
Editora: Edições 70 [Grupo Almedina]
Coleção: História Narrativa
Ano: 2020
Nº páginas: 689 
ISBN: 9789724423692
Preco de capa: c.35 € / 30 e
Número de páginas: 700
Capa: Brochado
 

Sinopse_ (...)  O livro recomendado pelo The World Economic Forum no contexto do surto de coronavírus .

Uma análise ambiciosa ao impacto das epidemias que mostra como os surtos infecciosos de grande escala moldaram a sociedade desde a Peste Negra até ao presente. Num estilo claro e acessível, Frank M. Snowden argumenta que as doenças não se limitaram a influenciar as ciências médias e a saúde pública, mas também transformaram as artes, a religião, a história intelectual e a guerra.

Esta investigação comparativa e multidisciplinar da história da medicina e da história social aborda temas como a evolução das terapêuticas, a literatura sobre a peste, a pobreza, o ambiente e a histeria coletiva. 

Além de fornecer uma perspetiva histórica sobre doenças como a varíola, a cólera e a tuberculose, Snowden analisa ainda a repercussões de epidemias recentes como o VIH/SIDA, o Ebola ou a SARS-COVID, ao mesmo tempo que se questiona sobre se o mundo estará preparado para a nova geração de doenças infecciosas. (...)

 
Portuguezes pocos, y eses locos... 

1. Terão razão os nossos vizinhos espanhóis quando se dignam olhar para nós, confinados no "jardim à beira mar plantado", lá do alto dos Picos da Europa  com o olhar altivo do Dom Quixote de la Mancha,  e nos mimoseiam com este secular apodo ?!

Que são poucos, são... e que às vezes parecem loucos, parecem!...  

Vejam (mas não ouçam, ou só o q.b....) os virologistas, geneticistas, infecciologistas, pneumologistas, intensivistas, epidemiologistas, sanitaristas,  economicistas, futurologistas, moralistas, jornalistas, analistas, bloguistas, catrastrofistas e outros especialistas da Covid-19 (de que Deus nos livre!)...  

Se não todos/as, pelo menos bastantes,  parece adorarem pôr-se em bicos de pés, para terem o seu minuto de fama & glória à hora do telejornal, ao predizerem quantos vão ser infectados e quantos vão morrer, para a semana, daqui a um mês, daqui a um ano, dos tais portugueses, poucos e loucos... 

Estar informado, sim, e saber mais,  também... Mas a "overdose" diária de (des)informação sobre a pandemia, não faz bem à saúde mental... nem à nossa democracia.

2. Em 1918/19, de "gripe espanhola" (!), morreram 120 mil dos tais portugueses poucos e loucos (, estimam os cronistas do reino...). Dois por cento da população (que na altura era de 6 milhões)... 

Já eram poucos, os portugueses, ficaram desde então muito mais loucos... De tal maneira que já ninguém se lembra da mortandade que atingiu famílias inteiras, agravada pela cólera e a tuberculose!... 

A loucura tem a vantagem da amnésia... E, ao que parece, também a pobreza.... Já ninguém se lembra: é como a guerra colonial (, embora mais recente, há 60 anos,,,), Como já ninguém se lembra do populista Sidónio Pais, o presidente-rei, como o entronizou  e aclamou o poeta Fernando Pessoa... Nem muito menos das "sopas do Sidónio"...

Agora, com a pandemia do Covid-19, o Sidónio  (, senhor professor de Coimbra, de Cálculo Diferencial e Integral, ) e as suas sopas têm outros nomes... 

Contra a Covid-19 e a pérfida caixinha de Pandora que vem sempre associada às pandemias,  a palavra de ordem é: 

Confinemo-nos, sim, camaradas !... Mas não nos (con)finemos, ámen!

Guiné 61/74 - P21819: (In)citações (178): Até já, José Eduardo!... (Joaquim Mexia Alvez, régulo da Tabanca do Centro)

 

Leiria > Monte Real > V Encontro Nacional da Tabanca Grande > 26 de junho de 2010 > O José Eduardo [1940-2021] e o Joaquim Mexia Alves (, dois dos membros da comissão organizadora, juntamente com Belmiro Sardinha, Carlos Vinhal e Miguel Pessoa)

Foto (e legenda): © Eduardo Magalhães Ribeiro   (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


ATÉ JÁ, JOSÉ EDUARDO!

por Joaquim Mexia Alves

Não vou ouvir mais a frase que sempre te ouvia quando te ligava: "Meu amigo Joaquim!"

Sim, não havia um “alô”, um “está lá”, um “estou”, mas “apenas” uma frase com uma inflexão quase como um canto de alegria: "Meu amigo Joaquim!"

E eu respondia-te: "Meu amigo José Eduardo!"

E falavas de uma história, de um concerto, de uma exposição, do “teu” Mosteiro, da política, da amizade, de tudo enfim, para tudo embrulhares sempre no mesmo convite: "Tens que cá vir, para conversarmos, para matarmos saudades. Tenho tanta coisa para te dizer!"

E eu respondia que sim, que íamos marcar, assim que pudéssemos ambos, e tu respondias que também podias vir aqui, que tínhamos de acertar a data.

E fui tantas vezes e tu vieste tantas também!

Mas passear contigo por Alcobaça era “outra louça”!

Era assim como que um orgulho ir ao teu lado e ver que toda a gente te cumprimentava e que tu tinhas uma palavra para todos e todos te respondiam com um sorriso.

Desde que te conheci, por causa da “nossa” Guiné (*), que percebi de imediato o “homem grande” que tu eras, a bondade que em ti se sentia, a sinceridade das palavras, do coração, a preocupação com os outros e o amor inexprimível à família.

Os almoços da Tabanca do Centro assim o iam confirmando todos os meses e a amizade nasceu naturalmente forte.

Tínhamos tantas coisas que nos identificavam!

Uma noite tive um sonho, literalmente um sonho, meu amigo José Eduardo, que me dizia para te convidar para fazeres o Percurso Alpha connosco na paróquia da Marinha Grande.

Hesitei, pensei e repensei se não estaria a entrar na tua esfera mais íntima, mas decidi fazer o convite, pois um não da tua parte nada significava para a nossa amizade.

Mas não foi assim!

Ouvi um sim decidido, dizendo-me que era o tempo certo para fazer esse caminho.

E depois durante 10 semanas, esperava-te à entrada da Marinha Grande para te indicar o caminho para o local onde nos reuníamos.

E, claro, rapidamente fizeste amigos em todos os que ali estavam, como não podia deixar de ser, porque a tua maneira de ser era assim.

E foi um desencadear de coisas novas que descobriste e me foste ajudando a descobrir, uma ansiedade de paz e tranquilidade que me ias dizendo perceberes em ti.

Não me esqueço, meu amigo José Eduardo, no fim de semana do Espírito Santo, depois de eu ter feito a oração de invocação, o abraço que me vieste dar e como chorámos de paz e alegria nos braços um do outro.

E a tua amizade tão cheia de ternura pelo “nosso” Padre Patrício, como sempre o trataste entre nós, a quem ouviste com atenção e dedicação, “apesar” de ser um jovem perto de nós.

Tantas conversas, tantas confidências, tantas portas que abrimos das nossas memórias, tantos perdões, tanta paz, tantos conselhos recíprocos que trocámos!

Depois veio o ano terrível que “fechou” os nossos almoços, que “proibiu” os nossos abraços, que “escondeu” os nossos sorrisos, que quis “abafar” as nossas conversas.

Gente como tu, (e como eu, também), que vive de afectos e proximidade, sofre mais com estes tempos de distância forçada.

E como não paras, arranjaste maneira de editar um livro e pediste-me para escrever um posfácio, que tentei recusar por não me sentir capaz, mas tu convenceste-me como sempre.

Quando foi a apresentação do livro pediste-me para me sentar também na mesa e depois, com um sorriso desconcertante, disseste-me que eu teria de dizer umas palavras, também!!!

Respondi que não estava preparado para tal, mas a amizade falou mais alto.

Deixei-me levar pelo coração e foi nesse dia que disse publicamente que nunca mais te tratava por “Jero”, mas sim por José Eduardo.

“Jero” era um pseudónimo e a nossa amizade era muito real, pelo que, para mim, “apenas” podias ser José Eduardo.

E acho que a tua Helena gostou!

E não me esqueço também que te pedi pelo meu filho Pedro, para procurares um emprego, uma ocupação que ele tanto precisava e nesse mesmo dia já me estavas a responder e passado pouco tempo já o Pedro estava a estagiar em Alcobaça, no “teu” jornal, e tu o tomavas sobre os teus braços e o acompanhavas sempre.

Enchias-me de orgulho quando me dizias que o meu Pedro era um “rapaz” extraordinário e que gostavas imenso de falar com ele.

Marcaste-o com uma forte amizade que ele guarda dentro de si.

E a Dona Catarina, José Eduardo?

Sempre que te referias à minha mulher lá vinha o Dona Catarina e eu dizia-te: "Não digas isso José Eduardo, que ela afina!!!"

Lembro-me tão bem daquele almoço de frango na púcara, (tinha que ser, em Alcobaça), com a tua Helena, a minha Catarina e nós os dois.

E lá conseguimos acertar mais uma data e há cerca de um mês, lá fui com o Pedro ter contigo a Alcobaça para comermos um opíparo almoço que eu, (usando de chantagem), te obriguei a deixares-me pagar.

Nesse dia, meu amigo José Eduardo, quando nos despedimos, mandámos “às malvas” as regras e demos um abraço forte e sentido.

Esse abraço fica comigo, está em mim, e nunca mais deixarei de o sentir.

Repousa agora meu amigo, junto de Deus que ambos “redescobrimos” e que com certeza, (é tão bom ver as coisas assim humanamente), ouve deliciado as tuas histórias, com os Monges de Cister sentados à tua volta pedindo-te notícias do seu Mosteiro.

Não chegavam as resmas todas de papel para escrever sobre ti e sobre a nossa amizade, nem para tal tenho eu “engenho e arte”, mas mais importante do que isso é eu saber que estás nos braços de Deus e que vives no meu coração.

Espero um dia, pela graça de Deus, chegar ao Céu também e ouvir atrás de mim alguém dizer uma frase com uma inflexão quase como um canto de alegria: "Meu amigo Joaquim!"

Até já, José Eduardo! (**)

Marinha Grande 28 de Janeiro de 2021

Joaquim Mexia Alves
______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

5 de julho de  2010 > Guiné 63/74 - P6676: V Convívio da Tabanca Grande (15): Caras Novas (Parte IV ): O JERO, aquele rapaz de Alcobaça e de Binta, lembram-se dele ? (Luís Graça)

(...) O JERO ou José Eduardo Oliveira é um dos mais produtivos membros do nosso blogue (já com mais de 60 referências ou marcadores), para o qual entrou há menos de um ano...

Natural de Alcobaça, bancário reformado, director adjunto do jornal local, ofereceu-se de imediato para organizar o V Encontro Nacional da Tabanca Grande. Acabámos por optar por Monte Real, e associá-lo à Comissão Organizadora (de que fizeram parte, além dele, o Carlos Vinhal, o Joaquim Mexia Alves, o Miguel Pessoa e o Belarmino Sardinha).

O JERO é daqueles camaradas que, uma vez apresentados, se tornam, ao fim de cinco minutos, velhos conhecidos, que a gente se apressa a pôr na lista dos amigos favoritos... Ele é a gentileza em pessoa, uma doçura como os licores e doces da abadia à sombra da qual nasceu e cresceu a sua terra. E tem uma qualidade que é rara entre os primatas: pratica a amizade, é gentil, é prestável, é leal, sem quaisquer pretensões de protagonismo, sem intriga, lisonja ou má-língua...

Cara nova ? Sim, é a primeira vez que ele vem a um Encontro Nacional da Tabanca Grande. Razão por que merece este destaque. (...)

(**) Último poste da série > 12 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21762: (In)citações (177): Contra os canhões marchar, marchar... (António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro)

Guiné 61/74 - P21818: In Memoriam (387): José Eduardo Oliveira (JERO) (1940-2021), que eu conheci em 2010, na Tabanca do Centro, em 27/1/2010... Na formatura do recolher de hoje, respondo "Presente!", com o meu poema "Reencontros" (José Belo, Suécia)


Leiria > Monte Real > 1º Convívio da Tabanca do Centro > 27 de janeiro de 2010 > Chegada do José Belo a terras de Monte Real.  Da esquerda  para a direita: José Teixeira, José Belo, Vasco Ferreira e Manuel Reis.


Leiria > Monte Real > 1º Convívio da Tabanca do Centro > 27 de janeiro de 2010 > Sentados, no topo da da mesa o José Belo e Joaquim Mexia Alves, régulo da Tabanca do Centro; em último plano, de pé, da esquerda para a direita, José Teixeira, Vasco da Gama e Silvério Lobo.


Leiria > Monte Real > 1º Convívio da Tabanca do Centro > 27 de janeiro de 2010 > À mesa, no topo, José Belo e Joaquim Mexia Alves.



Leiria > Monte Real > 1º  Convívio da Tabanca do Centro > 27 de janeiro de 2010 > À mesa, da direita para aesquerda: Miguel Pessoa (a tapar a cara do Luís), Carlos Narciso, Joaquim Mexia Alves, JERO, José Belo e Carlos Santos (de que só vê parte da cabeça) (O relógio da máquina fotográfica estava atrasado um dia.)


Fotos (e legendas): © Joaquim Mexia Alves / Tabanca do Centro (201o). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de José Belo, o nosso camarada que vive na Suécia há 40, tendo voltado à Pátria / Mátria / Fátria só em 2010, depois de 30 anos de autoexílio:

Date: quarta, 27/01/2021 à(s) 22:41
Subject: Reencontros. 

Depois de mais de 30 anos sem por lá passar,  estive no nosso Portugal 24 horas para estar presente num almoço do aniversário da Tabanca do Centro. 

Creio ter sido em 2010 [, em 27 de janeiro, em Monte Real, Leiria] (*)

O JERO, na sua maneira discreta e amiga, chamou-me “de lado” entregando-me uma coletânea de textos meus publicados em vários blogues.

De entre eles escolhera o texto “Reencontros” que separou em folha especial, informando-me ser este o seu favorito.

Até aí não o conhecia pessoalmente, tendo ficado sensibilizado por esta sua atitude, e não menos pela maneira discreta e sincera com que me entregou as cópias dos textos por ele encadernados.

Na triste “formatura do recolher” de hoje,  o meu..."Presente" à chamada...é o tal texto, “Reencontros”

Um abraço do J.Belo
____________

Reencontros

por José Belo


Algures no estuário do Tejo,
a montante,
em enseada perdida na vasa,
ouvem-se madeiras ranger,
bater de cordames,
espadanar de velas.

Algures no estuário do Tejo há vozes abafadas,
ordens secas,
passadas fortes em invisível convés.
Sombras furtivas vigiam da gávea...

Algures no estuário do Tejo,
a montante,
entre bancos de névoa há uma nau ancorada!

Algures, no estuário do Tejo,  marinheiros de outrora...
aguardam!

Sol poente sobre a barra.
Ventos de limo e sal.
Silenciosa armada em regresso...
Naus, caravelas, galeões, vapores, 
e até modernos paquetes
voltam de marés longínquos,
de naufrágios esquecidos,
de viagens de pesadelo...
Os mortos das descobertas, 
das guarnições de Marrocos, 
do Forte da Mina
de Ormuz, de Malaca, de Goa,
da China, das Capitanias
dos bandeirantes da Amazónia,
de Marracuene, Chaimite,
das trincheiras da Flandres,
dos desterrados na ilha maldita do Sal,
de Angola, das picadas dos Dembos,
do Rovuma,
de Gandembel, Madina do Boé e tantas outras guarnições mártires...

Algures no estuário do Tejo,
a montante,
os raios vermelhos do poente reflectem-se em bandeiras esfarrapadas,
armaduras amolgadas, espadas quebradas,
elmos sangrentos de Alcácer Quibir,
nos corpos macilentos dos exilados,
em camuflados empastados com sangue e lama,
em camisolas toscas de pescadores desbotadas pelos ventos gelados da                     
                                                                                                         [Groenlândia,
em fatos de macaco rotos e remendados 
dos emigrantes perdidos na solidão de todos os atalhos do mundo...

Algures no estuário do Tejo,
a montante,
em enseada perdida na vasa,
cobertos de neblinas
estão os que...ficaram!

Os que desesperando..., esperaram!
Mães, noivas, filhos, irmãos, amigos.


ALGURES NO ESTUÁRIO DO TEJO ARDE UMA NAU ANCORADA!


Guiné 61/74 - P21817: Fotos à procura de... uma legenda (140): Trata-se de uma canoa em tempos apreendida ao PAIGC... Os militares tomam banho no cais de Gampará (Virgílio Valente, régulo da Tabanca de Macau, ex-alf mil, CCAÇ 4142/72, Gampará, 1972/74)



Guiné >  Região de Quinara >  Gampará > Mapa de Fulacunda (1956) >  Escala 1/50 mil >  Posição relativa de Porto Gole, Gampará, Ganjauará e  Ponta do Inglês na Foz do Rio Corubal. (O PAIGC em 1972 conttrolava algumas posições no rio Corubal, como era o caso de Ponta do Inglês / Poindom (subsector do Xime).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)



Guiné > Região de Quínara > Jabadá ou Gampará  [?]> 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74) > Canoa apreendida ao PAIGC, em dia de banho, na margem esquerda do Geba [?].

 Foto (e legenda): © José Elias / Carlos Barros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, enviada hoje às 3h49, pelo nosso camarada da Diáspora Lusófona, Virgílio Valente [Wai Tchi Lone, em chinês], que vive e trabalha há mais de 2 décadas, em Macau, região autónoma da China, e que foi alf mil, CCAÇ 4142/72, "Os Herdeiros de Gampará" (Gampará, 1972/74);  é o nosso grã-tabanqueiro nº 709, desde 18 de dezembro de 2015, e régulo da Tabanca de Macau :


Caro Luís e caro Carlos Barros,

Estive em Gampará entre 1972 e 1974. 

A Foto da canoa (*) sugere-me tratar-se da canoa abandonada no cais que servia Gamapará após um grupo do PAIGC, vindo do rio Corubal,  ter colocado uma mina na estrada que ligava Gamapará ao Cais e que foi detectada e levantada. 

Era habitual o pessoal do aquartelamento em Gampará ir ao banho ao Cais. Na verdade, também houve períodos de presença de camaradas de Fulacunda, batalhão de Tite algum tempo em Gampará.

Aparecem caras na foto que me parecem conhecidas.

Mas quem pode dar dicas mais consistentes é o ex-alferes miliciano Eurico Dias, cujo endereço de email fica à disposição dos editores,

Abraços, camaradas

Virgílio Valente, ex-alferes miliciano da CCAÇ 4142, 1972/1974 em Gampará

2. Ficha de unidade > CCAÇ 4142/72

Companhia de Caçadores nº 4142/72
Identificação: CCaç 4142/72
Unidade Mob: RI1 - Amadora
Crndt: Cap Mil Cav Fernando da Costa Duarte
Divisa: -
Partida: Embarque em 16Set72 | Regresso: Embarque em 25Ag074

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 20Set72 a 170ut72 no ClM do Cumeré, seguiu em 180ut72 para Ganjauará, a fim de efectuar o treino operacional e a
sobreposição com a CArt 3417.

Em 15Nov72, assumiu a responsabilidade do subsector de Ganjauará, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 7 e depois do BArt 6562/72, tendo orientado a sua actividade para a redução do esforço inimigo na região e coordenação dos trabalhos de reordenamento das populações.

Em 1Ag074, foi rendida no subsector de Ganjauará pela 2ª Comp/BCaç 4612/72, recolhendo a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações: Tem História da Unidade (Caixa n." 114 - 2ª Div/4ª." Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág.413

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21816: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIV: Memórias de São Domingos, região do Cacheu


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / fev 1969 >  Foto com dois miúdos na praia fluvial na maré baixa. O miúdo branco possivelmente seria o filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração.

 

Foto  nº 9 >  –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >Jan / fev  1969 > Caminho que conduz do centro da Vila e do Comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. 
 


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / feve 1969 > Vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja, a pouco mais de mil metros do nosso quartel. 
  


Foto nº 5 –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Primeiros dias de abril de 1968  > O edifício do meu quarto, partilhado com mais... 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos.   Pode ler-se ainda num bidão, a inscrição da CCAÇ 622 [que esteve em S. Domingos em 1965]. 



Foto nº 4 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Último trimestre de 1968  > Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. 
 

Foto nº 3 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 25 de agosto de 1968 >  Banho no rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil local. 



Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 11 de dezembro de 1968 >  > Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o hipopótamo, já morto.  Ao meu lado,  o meu amigo ‘O Maneta’.
 
 


Foto nº 2 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 15 de dezembro de 1968 >Antiga estrada, agora picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra; depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada.  

 


Foto nº 6  > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >  1 de setembro de 1968 > No  jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente da viatura, ainda com a capota, pois estávamos  na época das chuvas. 



Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Fim de setembro de 1968 > Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto  de  160 referências no nosso blogue. (*)

 
Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 21 do corrente;:

Caro Luís:

(...) Agora, e em resposta ao teu pedido, vou enviar um dos temas do meu álbum fotográfico, que já estavam prontos há mais de um ano, dos quais tenho ainda tantos.   São fotos da minha galeria, tirados ao acaso de centenas delas, não há assunto em especial, apenas 'recordações de São Domingos'.

Se achares de interesse, para intercalar em tantos temas de grande valor, podes meter lá isto, que é aquilo que tenho.

Já vi muita coisa que me passou muito à frente, mas também a maioria são mais recentes, onde já havia tecnologia e pessoas mais interessadas na fotografia, e com olho para a frente, para memória futura, que não era essa a minha perspectiva.

Um abracelo, com desejos de muita saúde para todos, e que se safem desta maldita pandemia, que não vai embora tão cedo!

Virgilio Teixeira


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 
T217 – MEMÓRIAS DE SÃO DOMINGOS  > PARTE VII 


I - Introdução do tema: 

A continuação do Tema – As minhas memórias de São Domingos, uma terra esquecida no fim do mundo onde passei quase 12 meses da minha vida. 

Os Temas começam com os números e títulos de T211, em diante, até acabar. 

As fotos, imagens e considerações vão sair sem qualquer prioridade, selecção ou assunto, será conforme as for encontrando no meu tão grande Álbum Fotográfico, em especial deste período entre Abril/68  e Março/69. 

Espero que sejam apreciadas, como documentos de uma época, e comentadas com criticas, mas sem "juízos de valor" [, como, de resto, mandam as regras do nosso blogue].


II - Legendas das fotos: 


Foto nº 1 – Junto do meu grande amigo, com a mão na cabeça dele, já não me recorda o seu nome, mas que me procurava sempre quando queria alguma ajuda de mim. Chamava-lhe carinhosamente, ‘O Maneta’ porque lhe falta parte do braço. Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o Hipopótamo, já morto. Essas cordas que se vêm, foi para arrastar o ‘bicho’ morto, com um camião para ser sepultado, algures na mata.   Captada em São Domingos, no dia 11 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 2 – Caminho, estrada ou picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra, depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada. Uma foto tipo selfie, com a minha câmara, no tripé e era eu que a tirava.  Captada em São Domingos, no dia 15 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 3 – Banho no Rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil da zona.  Captada em São Domingos, no dia 25 de Agosto do ano de 1968. 

Foto nº 4 – Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. Captada em São Domingos, possivelmente no 3º Trimestre do ano de 1968. 

Foto nº 5 – O edifício do meu quarto, partilhado com mais 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos, depois transformada ou adaptada a dormitório de oficiais onde chegamos a estar no máximo 10 a 12 companheiros. No início era um antro de baratas nojentas, mas eu depois consegui que fossem feitas desinfestações fortes, e quase acabamos com elas. Tinha camas de ferro e colchões de espuma, bem como dois lençóis e uma fronha, depois fomos melhorando aquilo, porque era previsto para muitos meses. 

A titulo de curiosidade, no outro extremo deste edifício, paredes meias com o nosso quarto, ficavam as instalações do agente residente da PIDE.

Por outro lado, pode ler-se ainda num bidão, à direita, a inscrição da CCAÇ 622 [, Binar, São Domingos, Bula, 1964/66].   Foto captada em São Domingos, no dia em que lá cheguei, nos primeiros dias de Abril de 1968. 

Foto nº 6 – No jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente, ainda com a capota, pois estava-se na época das chuvas.  Captada em São Domingos, no dia 1 de Setembro do ano de 1968. 

Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  O local era um abrigo contíguo ao quarto, tinha os bidões de areia e lama para protecção, havia também outros bidões que forneciam água para a casa de banho.  Tinha uma mesa para escrever, e cabides para a roupa, não faltava nada.  Captada em São Domingos, no fim de Setembro de 1968. 

Foto nº 8 – Uma vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja a pouco mais de 1000 metros do nosso quartel. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 9 – Caminho que conduz do centro da vila e do comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 10 –  Foto com dois  miúdos na praia fluvial na maré baixa. Um branco, que possivelmente será filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração. O outro, um menino, um  ‘djubi’, amigo do rapaz branco.  Captada em São Domingos, num dia qualquer dos meses de Janeiro a Fevereiro de 1969. 


Direitos de Autor:  «Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM, Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, 
CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,». 


Acabadas de legendar, em, 2019-03-25  | Texto revisto e modificado, em 2021-01-23 .

Virgílio Teixeira

2. Ficha de unidade > CCAÇ 622

Companhia de Caçadores nº 622
Identificação: CCaç 622
Unidade Mob: RI 16 - Évora
Crndt: Cap Inf José Bento Guimarães Figueiral
Divisa: -
Partida: Embarque em 25Fev64; desembarque em 03Mar64 | Regresso: Embarque em 27Jan66

Síntese da Actividade Operacional

A partir de 8Mar64, substituindo dois pelotões da CCav 567, assumiu a
responsabilidade do subsector de Binar, então criado na zona de acção do
BCaç 507, e depois do BCav 790, com vista a impedir o alastramento da luta de
guerrilha para a região de Bula-Teixeira Pinto.

Em 7Dez64, iniciou a rendição, por troca, com a CCaç 618, no mesmo
sector, começando pelos destacamentos de Varela e Susana e assumindo a
responsabilidade total do subsector de S. Domingos, a partir de 30Jan65,
orientando o seu esforço para o patrulhamento e interdição da zona de fronteira
naquele subsector. 

De 5Dez65 a 15Abr66, por agravamento da situação, a zona de acção do destacamento de Susana passou a subsector temporário, com a instalação da CCav 1485.

Em 18Jan66, foi completada a rendição, por troca, no subsector de S. Domingos pela CCav 1483 e seguiu para Bula, onde assumiu transitoriamente a função de subunidade de reserva do BCav 790.

Em 26Jan66, foi substituída pela CArt 1526 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações: Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 330.

Guiné 61/74 - P21815: Historiografia da presença portuguesa em África (249): Da Senegâmbia à Serra Leoa, pela mão de Suzanne Daveau (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Fevereiro de 2020:

Queridos amigos,
Do marido de Suzanne Daveau, Orlando Ribeiro, ficaram-nos os admiráveis cadernos de campo da sua viagem à Guiné em 1947, foi em missão de geografia, recolheu fotografias espantosas, reveladoras do seu humanismo, da sua capacidade de observação, desde a construção de taludes em arrozais, passando pela diversidade de habitações até imagens da integração do ser humano na paisagem.
Suzanne Daveau, dentro desta coletânea, procede a uma síntese das primeiras descrições geográficas portuguesas, é uma leitura estimulante para um melhor conhecimento da história da geografia tal como a praticaram os portugueses no longo e galvanizante processo de avanço para o Sul, com a importantíssima chegada aos rios Senegal e Gâmbia, abriam-se assim as portas para o comércio um pouco no Interior; as viagens continuavam impetuosas mais para o Sul, a Serra Leoa passou a ser um local de resgate fundamental, a tal ponto que naquele período do século XIX em que ninguém sabia quais as fronteiras e limites da Senegâmbia Portuguesa, se sonhava com a capital em Bolama, pois dali se chegava mais rapidamente à Serra Leoa, é esse um dos temas para estudar que a insigne geógrafa Suzanne Daveau põe à consideração dos investigadores.

Um abraço do
Mário


Da Senegâmbia à Serra Leoa, pela mão de Suzanne Daveau

Mário Beja Santos

A descoberta da África ocidental. Ambiente natural e sociedades, por Suzanne Daveau, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1999, é uma coletânea de escritos de uma geógrafa francesa que viveu na África ocidental e ensinou na Universidade de Dacar. Casada com o geógrafo Orlando Ribeiro, instalou-se em Portugal em 1965, foi professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Deixou obra vastíssima nos domínios da geomorfologia, climatologia e geografia histórica, entre outros. Esta obra recolhe estudos escritos entre 1963 e 1993. Um deles, intitulado “A organização do espaço de Arguim à Serra Leoa na segunda metade do século XV e a sua progressiva descoberta pelos portugueses”, datado de 1989, é uma síntese admirável e lança desafios a temas para estudar, alguns deles que continuam à procura de resposta.

Começa por recordar quais as relevantes descrições geográficas portuguesas do século XV: A Crónica da Guiné, de Zurara (escrita cerca de 1453-60, que cobre as viagens realizadas até 1448 e que já ultrapassava o Cabo Verde); as Viagens de Cá Da Mosto (e de Pedro de Sintra), acabadas de escrever depois de 1463 e outras referentes a viagens que se realizaram até 1462, à Serra Leoa. Há ainda que ter em conta o Manuscrito Valentim Fernandes, o Esmeraldo de Situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira e a Primeira Década da Ásia, de João de Barros, que insere a descrição dos rios Senegal e Gâmbia. A geógrafa recorda que o progressivo conhecimento do Litoral durante muitos anos se conhecia só o litoral baixo e arenoso do deserto do Sara (os Azenegues), que fugiam espavoridos quando as caravelas apareciam no mar. Viajando sempre para o Sul, chegou-se a um litoral coberto de árvores, verdes durante todo o ano, daí a designação do Cabo Verde, os homens mudam, tanto pela cor como pelo comportamento, já não fogem, tomam uma atitude defensiva ou até belicosa. Isto para significar que a África à medida que se torna de aparência mais fértil, vai repelindo com mais força a penetração dos navegadores cristãos. A chegada ao rio Senegal empolga os navegadores, há quem pense que se chegou ao Nilo ou a um braço dele. O rio Senegal, escreve Cá Da Mosto, separa os negros dos pardos, chamados Azenegues; e separa também a terra seca e árida, que é o sobredito deserto, da terra fértil, que é o país dos negros. Duarte Pacheco Pereira pensa que se chegou à Etiópia. E João de Barros revela entusiasmo: “Este rio Senegal pela divisão nossa é o que aparta a terra dos Mouros dos Negros, posto que ao longo de suas águas todos são mestiços, em cor, vida e costumes, por razão da cópula que segundo o costume dos Mouros, toda mulher aceitam. Pero quanto à qualidade da terra, parece que a natureza lançou aquele rio entre ambas, como marco de divisão […]. Por razão do qual rio a terra mais povoada é a que jaz ao longo dele, onde há algumas cidades”. Também o rio Gâmbia ganhara importância para os navegadores, mas unicamente no plano político. Escreve a geógrafa que irá fixar a fronteira entre as terras sujeitas ao Reino Jalofo e as que dependem do império do Mali. Valentim Fernandes dirá que é no rio Gâmbia (ou rio de Cantor) que começa o reino de Mandinga, por este rio entram muitos navios, resgatam-se cavalos, e há grandes diferenças entre os Mandingas e os Jalofos.

A geógrafa discreteia sobre as diferenças dos rios Senegal e Gâmbia e como ambos foram observados pelos primeiros navegadores. A penetração comercial que os portugueses e estrangeiros associados procuravam realizou-se ao longo dos itinerários comerciais então existentes. Mas havia razões fundamentadas para querer navegar para o interior até ao sertão, pretendia-se comercializar o ouro, pensando-se que havia uma ligação oeste-leste do Senegal com o sistema Níger/Nilo. E dá-nos um quadro da organização das redes fluviais.

Passando para os povos, para os seus usos e organização social, a autora não deixa de notar que a visão dos povos africanos que estes relatos inserem é unilateral, a despeito de um enorme esforço para entender as sociedades africanas, vêm ao de cima os preconceitos relativos às capacidades intelectuais dos negros. Estes relatos também falam da superioridade técnica dos europeus e da admiração que os negros sentiam pelas armas, bestas e bombardas, mas nunca se escondendo que os europeus sentiam pavor pelas flechas envenenadas. O reconhecimento do poderoso império do Mali foi-se precisando, sobretudo a partir do momento em que os contatos se estabeleceram através do rio Gâmbia. O Mali que os portugueses irão encontrar terá cada vez menos capacidade de organização comercial se bem que tenha conseguido ainda adaptar-se, em parte, às novas condições de exportação. Dado importante é de que todos estes relatos e a generalidade das relações comerciais se irão estabelecer na região da orla, o conhecimento do sertão ficará vago e pouco seguro. Vários autores irão repetindo a lenda da abundância do ouro, demorará muito tempo a perceber que esta produção artesanal de ouro era dispersa e não muito produtiva.

Veja-se agora o que a autora considerava temas para estudar (em 1989). Em primeiro lugar, reconhece a delicadeza do tema das expedições árabes, a partir do século XI e as do século XIV, mais pormenorizadas, pode-se pôr em dúvida a fiabilidade do traçado da rede hidrográfica, da demarcação da terra dos brancos e dos negros ou mesmo do comércio e do ouro. Há, evidentemente, de ter em conta os relatos dos navegadores europeus quanto às dimensões das embarcações africanas. Em segundo lugar, sabendo-se que no final do século XVI e no século XVII, será a Serra Leoa que irá concentrar as atenções dos portugueses, haverá que estudar qual terá sido a verdadeira dimensão da concorrência de outros europeus no litoral setentrional; em terceiro lugar, há que atender que nas últimas décadas do século XV, quando os portugueses entraram em contato com as riquezas do Oceano Índico, as “velhas navegações da África Ocidental inseriram-se em novos circuitos comerciais, sobretudo apoiados nos portos do litoral norte do golfo da Guiné, importa investigar para saber mais. E finaliza: “O ritmo da descoberta inicial de novas terras pelos europeus está muito longe de ser o único tema digno de interessar os historiadores. O ritmo e as sucessivas modalidades da implantação dos colonizadores nas sociedades locais e das recíprocas influências sofridas são temas que merecem também toda a atenção dos estudiosos”.

Suzanne Daveau e o marido, o geógrafo Orlando Ribeiro

Brasão de armas de Fernão Gomes da Mina, o primeiro arrendatário da Guiné

Mulheres em pirogas no Parque Natural dos Tarrafes no rio Cacheu. Foto retirada de Caderno dos Conhecimentos, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21786: Historiografia da presença portuguesa em África (248): "Senegâmbia Portuguesa ou Notas Descritivas das Diferentes Tribos que Habitam a Senegâmbia Meridional", por Luís Frederico de Barros; Tipografia Editora de Matos Moreira & C.ª, 1878 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21814: In Memoriam (386): José Eduardo Reis Oliveira (JERO) (1940 - 2021), ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Binta, 1964/65), escritor, jornalista, bloguista, grande camarada e amigo do peito (Joaquim Mexia Alves / Luís Graça)

IN MEMORIAM


José Eduardo Reis de  Oliveira (1940-2021)
Foto: Tabanca do Centro (2021)

Era carinhosamente conhecido, pelos seus conterrâneos, amigos e camradas, como "Jero" (,pseudónimo jornalístico que usava desde os 18 anos) e morreu esta noite, aos 80 anos, no hospital de Alcobaça, onde estava internado há alguns dias (*). 

Ía completar os 81 anos em 4/4/2021. Foi  fur mil enf,  CCAÇ 675 (Binta, 1964/65). Deixa obra como escritor, jornalista e  bloguista. Era um homem culto, crente e de uma grande humanidade e afabilidade.

Membro da nossa Tabanca Grande e da Tabanca do Centro, autor da série "Histórias do Jero (José Eduardo Oliveira)" (, desde meados de 2009), era um homem querido por todos, a começar pelas gentes da sua terra que amava como ninguém  e era o seu grande cicerone (, aliás, o título do seu terceiro livro, chama-se simplesmente "Alcobaça, é conigo"... E eu chamava-lhe, na brincadeira, "o último monge de Alcobaça") (**)

Choramos por ele!... A nossa solidariedade na dor por esta grande perda vai, antes de mais, para a viúva, a filha, os netos e a restante família, 


1. Poste acabado de publicar no blogue da Tabanca do Centro, e assinado por Joaquim Mexia Alves:

Quarta-feira, 27 de janeiro de 2021 > P1274: PERDEMOS UM AMIGO DO PEITO

Caríssimos camarigos

Trago-vos, hoje, uma tristíssima notícia.

Faleceu esta noite o nosso amigo José Eduardo Oliveira (JERO), em Alcobaça, a sua amada terra.

O José Eduardo estava doente, recentemente, tendo sido internado no Hospital de Alcobaça, mas nada fazia prever este terrível desfecho que nos deixa em estado de choque.

O José Eduardo era um amigo muito especial para mim, e para todos nós, pois era um homem bom, um contador de histórias, um exímio conversador, sobretudo um amigo do seu amigo, franco, leal e verdadeiro.

Gostava de poder escrever muito mais sobre o José Eduardo, mas neste momento faltam-me as palavras porque o choque é demasiado grande.

Rezo por ele e por toda a sua família, a quem a Tabanca do Centro, com todos os seus membros, acompanha nestes momentos de dor

Abraços fortes para todos.

Que Deus tenha o José Eduardo no seu eterno descanso.
Joaquim Mexia Alves



Alcobaça > Setembro de 2011 > O jornalista, escritor e nosso camarada e amigo JERO (acrónimo de José Eduardo Reis de Oliveira), autor de "Alçobaça é Comigo", o seu terceiro livro.

Foto ( e legenda(: © JERO (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar:Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


2. "Alcobaça, é comigo, camaradas!": um das muitas boas lembranças que tenho do JERO (**)

por Luís Graça

Alguns de nós perguntarão, legitimamente: Mas o que é que este livro tem a ver com a Guiné e a nossa guerra ? E eu, à partida, não sei responder por que não conheço nenhuma das trintas histórias, contatas e recontadas pelo JERO, na tertúlia do barbeiro, entre duas barbas e um cabelo...

É verdade que podia pôr a notícia do lançamento do 3º livro do JERO noutra série, Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres... Mas achei que estava bem aqui, na nossa Agenda Cultural... 

 Por outro lado, quem é que não tem curiosidade em saber as conversas dos homens no momento da tosquia ? Sempre ouvi dizer é que na cara dos pobres que os barbeiros aprendem... A barbearia teve sempre os seus encantos e mistérios. Mesmo na guerra, em tempo de guerra, nos nossos Bu...rakos, também tínhamos o nosso baeta... Em dia de tosquia, baixavam-se as guardas, esbatiam-se as hierarquias, rangiam-se os dentes, dizia-se mal do "patrão", cobiçava-se a mulher ou a laveira do alferes ...

Em especial na província, o sítio onde os homens punham a conversa em dia e, noutros tempos, transpiravam e alguns conspiravam... Nela pontificava uma personagem, popular mas ao mesmo tempo estranha, mágica e poderosa, que era o barbeiro mas também o barbeiro-sangrador, o enfermeiro, o tiradentes, o confidente...

Enfim, estou curioso em ler as histórias do Jero, temperadas com o aço da navalha do seu barbeiro... Tanto mais que ele, além de grande, encantador e sedutor contador de histórias, ele, a sua figura, algo mística, arrancadada das esculturas do mosteiro de Alcobaça, faz-me sempre lembrar um aristocrático e medievo monge cistercense, daqueles a quem devemos quase tudo ou muito do que somos enquanto povo...

No meu caso, falo como português, estremeno, à beira mar plantado... O vinho, a pera rocha, a maçã reineta, os cereais, a doçaria, as bebidas espirituosas... mas também e sobretudo o "imaterial" das nossas sociedades, a que chamamos cultura, ou que é o outro lado da cultura: os livros, a língua, a música, as artes, a arquitetura, o ensino da medicina, e por aí fora...

Não se nasce impunemente em Alcobaça. E por isso o JERO com toda a humildade e autencidade pode vir, a terreiro, dizer, alto e bom som: É, camaradas, Alcobaça é comigo!... E eu estou com ele, meu camarada da Guiné. O lançamento de um livro é sempre um exercício de cultura e memória. Mas também de partilha e comunicação, ou seja, é um ato da aventura humana.

"Escrever um livro, plantar uma árvore e fazer um filho", não foi o Eça de Queirós quem o disse, foram os intelectuais da Alta Idade Média, os monges do Ora et labora (reza e trabalha), os únicos que sabiam ler e escrever, quando o Portugal, hoje milenário, ainda (ou já) era uma criança, o Condado Portucalense...

Um xicoração muito grande para o JERO, antecipado, para o caso de eu não poder estar amanhã em Alcobaça, a tempo e horas, na sua festa, no lançamento do seu livro. Saudações para a família, amigos e camaradas da Guiné que se quiserem e puderem associar a este festivo evento, que é também da nossa Tabanca Grande... LG

PS - Há mais cistercenses em Alcobaça, para além do Jero... Por exemplo, o nosso Amado Juvenal, mesmo que mais laico do que o Jero, mas não menos talentoso contador de histórias... (Isto, este talento, vem-lhes do ADN monacal, ou terá sido cultivado - ou no mínimo temperado - nos rios e bolanhas da Guiné ?)
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3. Informação de última hora, veiculada pelo nosso camarada Joaquim Mexia Alves, dá conta de que amanhã, pelas 17 horas, no cemitério de Alcobaça, depois de cerimónia fúnebre, o nosso amigo José Eduardo será sepultado.
 
Escusado será dizer que qualquer deslocação a Alcobaça será improcedente atendendo às condicionantes impostas pelo COVID. O que o José Eduardo mais quereria neste momento é que os seus amigos continuassem a cuidar de si próprios, protegendo-se o mais possível.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de janeiro de  2021 > Guiné 61/74 : P21809: In Memoriam (385): José Pardete Ferreira (1941 - 2021), ex-alf mil médico, CAOP1, Teixeira Pinto, e HM 241, Bissau, 1971; cirurgião, médico especialista em medicina desportiva, foi diretor clínico do Hospital de São Bernardo, e presidentedo Rotary Club de Setúbal, poeta e escritor (Hélder Sousa / Luís Graça)

Guiné 61/74 - P21813: Fotos à procura de... uma legenda (139): "Canoa turra"?... Apreendida ao PAIGC?... Em que sítio, Jabadá ou Gampará?... (Carlos Barros, ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72, Nova Sintra, 1972/74)

Guiné > Região de Quínara > Jabadá [?] > 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74) > Canoa apreendida ao PAIGC, em dia de banho, na margem esquerda do Geba.

Foto (e legenda): © José Elias / Carlos Barros (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Carlos Barros;

[, (i) ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra"; 

(ii)  foram os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974;

 (iii) mora em Esposende; 

(iv) é professor reformado; 

(v) é autor da série "Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra";

 (vi)  é membro da Tabanca Grande, nº 815;

 (vii) tem cerca de duas dezenas de  referências no nosso blogue]


Data - terça, 1/09/2020, 23:41

Assunto - Canoa apreendida ao PAIGC


Caro amigo,

Junto esta foto, que me enviou o meu amigo José Elias, ex-Furriel Auto, em que os militares, no Rio Geba, divertem-se com uma canoa apreendida ao PAIGC, penso que em 1973. 

"Dia de banho. Encontramos esta canoa dos turras", escreveu ele.  Eu, na altura, estava em Tite.

Um abraço,  CMLB



2. Comentário do editor LG:

Carlos, como a foto vem com uma legenda muita  lacónica, vou pedir-te que, com a ajuda dos leitores, acrescentes algo mais... 

A foto vinha um bocado estragada, com excesso de luz na parte superior esquerda... Teve que ser editada.  Dá para perceber que a canoa estava, provavelmente, escondida no meio do tarrafe, na margem esquerda do rio Geba [, segundo o Elias,].

Se foi "apreendida", não se sabe onde, nem como, nem quando, nem por quem das NT...

Vê-se também que era de boa construção, aguentando uns bons 800 quilos de "banhistas" (12 vezes 70 kg em média, cada um...). Conto 12, incluindo um elemento, sentado na popa,,, 

A informação sobre a localização é vaga, mas tem que ser na margem esquerda do rio Geba (região de Quínara), e neste caso tanto pode ser Jabadá (onde estava aquartelada a 1ª C/BART 6520/72) como Gampará (na foz do rio Corubal)... 

Decididamente não pode ser em Nova Sintra (onde estava o grosso da 2ª C/BART 6520/72), mas também não era Tite (sede do batalhão), onde estava, nessa ocasião, o Carlos Barros... 

O fur mil mec auto  José Elias pertencia à mesma companhia do Carlos Barros, mas pode ter ido tanto a Jabadá como a Gampará, nalguma coluna logística... 

Em contrapartida, em novembro e dezembro   de 1973 , o furriel Barros estava instalado em Gampará, com o 3º Gr Comb.

Jabadá  já tinha sido ocupada pelas NT em 1966... enquanto Gampará só o terá sido em 1972... 

Outra questão: seria mesmo uma "canoa turra" , abandonada ou escondida no tarrafe ?  Em Jabadá, parece-me  menos provável.. Possivelmente seria antes de alguém da população local, não ?

Os locais de  "cambança" do PAIGC eram mais para leste, entre a foz do rio Corubal / Ponta Varela e o Enxalé, quando o rio Geba começava a estreitar... 

Mas Gampará não devia ser, na época (finais de 1973 ?), o melhor sítio "resort" turístico da Guiné, pelo contrário devia ser pouco indicado para a rapaziada tomar  banho  no rio...

Quem tem trágicas memórias de Gampará é  o nosso camarada Victor Tavares e os seus camarasas da CCP 121 / BCP 12 que, um ano e tal anos, em 4/3/1972, sofreram 6 mortos e 12 feridos, no decurso da Op Pato Azul. Deve ser dessa época a "reconquista" da península de Gampará. (****)

 Em que é que ficamos, Carlos Barros ? Arranja lá uma legenda mais completa para a foto com a ajuda do Elias e dos nossos leitores...




Para melhor compreensão da organização e do papel dos "corredores" , mostra-se a imagem supra que define como o PAIGC tinha distribuídas as suas Frentes de Luta. Pertence ao Supintrep  n.º 31, de 13 de fevereiro de 1971.

Infografia:  A. Marques Lopes (2007) / Supintrep nº 31 (1971) (***)



Guiné > Mapa geral da Província (1961) > Escala 1/ 500 mil > Posição relativa de  Tite, Nova Sintra, Fulacunda, Jabadá e Gampará, na região de Quínara

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)
 

Guiné > Região de Quinara > Fulacunda > Mapa de Fulacunda (1956) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Gampará e da Ponta do Inglês na Foz do Rio Corubal

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013)


Guiné > Região de Quínara > Mapa de Tite (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa da Ponta de Jabadá, na margem esquerda do Rio Geba, a meia distância entre Bissau e Porto Gole (situados na maregm direita). Dada a largura do rio, e as patrulhas da Marinha, não era o ponto mais indicado para as "cambanças", em canoa, dos guerrilheiros do PAIGC...

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2021)
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Notas do editor:

(*) Vd. psote de 6 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21694: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (15): Os pobres pelicanos...

(**) Último poste da série > 18 de janeiro de  2021 > Guiné 61/74 - P21778: Fotos à procura de...uma legenda (131): um desertor do PAIGC, uma ave de grande porte e o manual do oficial miliciano, uma raridade (Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)


(****) Vd.poste de 21 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1540: Os pará-quedistas também choram: Operação Pato Azul ou a tragédia de Gampará (Victor Tavares, CCP 121)