Texto do Paulo Raposo:
Os mesmos militares que antes do 25 de Abril nos exigiam os maiores sacrifícios, que à conta disso muitos dos nossos não regressaram, depois do 25 [de Abril] andaram aos abraços com aqueles que eram nossos inimigos.
Ainda vinham dizer com todo despudor que a guerra que faziam era contra o governo e não contra o povo. Ao que eu saiba, o Governo estava no Terreiro do Paço, e nós povo é que estavamos no mato.
Em que ficamos, que raio de homens são estes? Não podem ser a mesma pessoa. Onde está a integridade? Spínola queixou-se amargamente de Fabião quando o tinha como homem de sua confiança.
E bem podem limpar bem as mãos á parede pelo trabalho que fizeram, só falta vender os Açores e a Madeira em talhões.
Mas respeitemos os que já partiram. A verdadeira história far-se-à um dia.
Paulo Lage Raposo
Alf. Mil. Inf.
BCAÇ 2852
CCAÇ 2405
Guiné 68/70
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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